Até Que a Música Pare

9/27/2024 09:40:00 PM |

Costumo dizer que nosso país é tão gigante que sequer conseguimos conhecer todas as culturas dos diversos estados e cidades, de modo que o que agrada no Sul pode ser estranho demais para os outros estados, ainda mais quando falamos de filosofia religiosa. E comecei o texto de "Até Que a Música Pare" dessa forma pelo simples fator de que o longa tem uma pegada filosófica interessante de ver, mas que não posso falar que a trama mesmo tendo uma pegada bonita, meio que puxada para o lado budista de mantermos a consciência por vidas em outros formatos versus a ideologia tradicional cristã, de não fazer coisas erradas e tudo mais, tenha conseguido me cativar, emocionar ou ter qualquer sentimento que me conectasse com a entrega na tela, pois foi bacana conhecer essa língua que nem sabia que era falada por aqui e antigamente na Itália, mas faltou um algo a mais que me pegasse, porém certamente para o pessoal da região, o resultado vai emocionar e até dizer algo a mais do que apenas uma trama de uma senhora que não quer que seu marido faça coisas erradas nas suas vendas e se reconecte ao filho morto.

A trama acompanha o casal Alfredo e Chiara, que, após o filho sair de casa para morar sozinho, começam a viajar juntos nos trajetos que Hugo faz a trabalho, como vendedor em bares da serra. Porém, quando Chiara conhece a vida que o marido leva em suas viagens, uma descoberta inquietante vem à tona para a abalar o relacionamento da dupla.

Diria que a diretora e roteirista Cristiane Oliveira trabalhou muito bem os personagens e o pequeno mundo a parte que é o sul do nosso país, aonde temos pessoas de muitas culturas europeias e situações que só eles mesmo têm, de modo que quando visitamos achamos lindo por um momento e ao mesmo tempo tão diferente que não conseguimos pensar em viver daquela forma, mas além disso ela deu um belo exemplo de como ocorrem as pequenas vendas de mascates que tem seu meio de venda, nem sempre muito legalizado, e ao discutir isso junto de política trouxe para a trama algo meio que diferente e reflexivo para o que vemos muito ocorrendo na TV e por vezes não aceitamos, mas fazemos, e não obstante disso, a diretora quis trabalhar a filosofia religiosa do budismo para sentir a presença de outra pessoa ou animal carregando a consciência e o karma do passado, estando ali vendo a coisa errada. E essa sacada acabou trabalhando também outro vértice que é o cunho religioso, afinal temos muito a base cristã presente no país, principalmente no Sul, e falar coisas de outras religiões por vezes assusta. Ou seja, foram dois temas difíceis de representar presentes na tela para uma única discussão artística, e dessa forma o filme funciona, porém não vai muito além, ficando meio que preso em quase um road-movie pela serra gaúcha que ficou sem grandes rumos.

Quanto das atuações, foram dois atores que particularmente não conhecia, acredito que talvez não tenham tantos trabalhos por aqui, mas se entregaram muito bem no que fizeram, de modo que Cibele Tedesco entrou por completo na personalidade de sua Chiara, foi doce e indignada nas mesmas proporções, soube questionar tudo com presença de traquejos e se manteve forte em todas as cenas que dependeram de sua entrega, agradando bastante com tudo o que faz, ou seja, segurou o filme com seu tom de voz calmo e direto, e não deixou que o filme se perdesse do seu redor, o que é um feitio de grandes atores. Já Hugo Lorensatti também fez bem os atos que precisava com seu Alfredo, sendo mais turrão e direto, mas deu boas entregas cênicas para a protagonista e não desapontou no que precisava fazer. O longa tem muitos outros personagens secundários que praticamente funcionaram quase que de forma de figuração, então nem vale destacar muitos, só valendo claro a base do ator italiano Nicolas Vaporidis ao dar a base do budismo na tela com seu Hugo, mas aparecendo pouco para ir mais além junto da namorada que é interpretada pela sempre bela Elisa Volpatto .

Visualmente a trama teve muitos atos em bares e pequenas vendas da serra gaúcha, teve uma casa simples, mas bem arrumada, alguns atos numa outra casa mais rica com uma festa um pouco mais requintada, e muitos atos dentro do Del Rey do protagonista, tendo claro o destaque para a tartaruguinha dentro de uma bacia, ou seja, uma trama econômica, mas bem alocada dentro de tudo o que o filme tinha para entregar.

Enfim, é um filme que tem sua proposta bem entregue, mas que acaba não indo muito além na tela, faltando um pouco mais de emoção para que o público se envolva com os personagens e com toda a ideia. Sendo assim, diria que recomendo a conferida nele a partir do dia 03/10 nos cinemas apenas para conhecer um pouco mais da cultura do sul, ouvindo uma língua que nem sabia que era falada por aqui, o talian, e fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Pandora Filmes pela cabine de imprensa, mas volto mais tarde para falar de outro filme, então abraços e até logo mais.


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