Se o filme anterior do diretor David Schurmann sobre sua família ("Pequeno Segredo") ele conseguiu desenhar algo tão bem colocado e sutil na tela, aqui usando também uma história real, ele se deixou levar demais pelos produtores internacionais, afinal é uma produção mista Brasil/EUA, pois dava para fazer um filme com uma pegada própria nacional mesmo e ainda colocar a qualidade internacional, mas não ocorreu, e dessa forma o filme pareceu levemente engessado no miolo, tendo um começo até que impactante pela tragédia e um clímax forte com o que acontece com pinguim, mas ficou faltando fazer o público lavar a sala do cinema, e isso pesou até que bastante. Claro que o diretor empregou técnica aos montes, mostrando planos subjetivos do animal (meio estranho de falar isso, mas acontece alguns momentos aonde temos o olhar do pinguim), muitas filmagens na terra e no mar, e claro todo o trabalho imenso de gravar com os atores animais (foram 12 usados para representar Dindim), e também a postura de ser rodado o longa no Brasil, mas ainda assim senti a falta do carisma dos nossos atores, que talvez dariam uma ginga a mais para a trama.
Como já repeti algumas vezes, com toda certeza preferiria ver atores brasileiros fazendo os papeis principais, mas já que não posso escolher isso, Jean Reno sempre cai bem nos papeis que faz, e aqui seu João tem o tradicional estilo de um senhorzinho, tem uma boa química com os personagens animais e conseguiu dar os devidos trejeitos mais fechados que o papel pedia de alguém mais retraído pelo passado, ou seja, fez bem o que precisava fazer. Adriana Barraza também fez bem a sua Maria, tanto que por não lembrar dela em outros filmes que já vi, cheguei a achar que era alguma atriz brasileira apenas falando inglês, mas passou bem o ar da tradicional senhorinha de praia, cozinhando muito e vivendo sua vida. Quanto aos demais, tivemos bons 12 pinguins no papel de Dindim que o diretor falou que cada um tinha uma personalidade diferente, então foi usado para cada tipo de cena um, tivemos alguns bons atos com os pesquisadores na Patagônia, com Alexia Moyano tendo maior destaque com trejeitos e emoções bem colocadas na tela, e o começo com Pedro Urizzi e o garotinho Juan José Garnica foram bem fortes de emoção, que acabou tendo um bom gracejo na tela. E apenas uma colocação o quanto o ator Ravel Cabral é parecido com o diretor, tanto que achei que era o próprio diretor que interpretou Paulo, o repórter que vai conversar com João.
Visualmente o maior acerto da produção foi ter trazido todos os atores para filmar onde realmente tudo aconteceu, em Ubatuba, Ilha Grande e Paraty, pois conseguiram retratar bem a vila de pescadores, toda a essência dos barcos sendo preparados para as saídas (além da busca final com um nevoeiro bem interessante), com a casinha simples e bem característica do protagonista para dar as devidas nuances, e claro as cenas na Patagônia mostrando algo quase que documental da migração dos pinguins, de seus ninhos, uma cabana isolada de pesquisa e tudo mais, além de algumas cenas de mergulho para dar a visão do pinguim, o que acabou mostrando que a equipe de arte trabalhou bem com o orçamento.
Enfim, não é um filme ruim, mas faltou emocionar mais como poderia e assim o resultado ficou apenas uma boa representação de uma história nossa, que me desculpe o diretor, mas foi feita por americanos, e assim o resultado acaba sendo gracioso para talvez as crianças curtirem as cenas com o pinguim. E é isso pessoal, até recomendo o filme para principalmente quem não viu a reportagem e vai se envolver com a história, mas não espere muito dele. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...