Meu Casulo de Drywall

9/08/2024 02:19:00 AM |

Costumo dizer que a juventude hoje se perdeu por completo, pois por fora são lindos, atléticos, alguns bem ricos, cheios de amigos que curtem suas fotos e postagens, porém por dentro são vazios, não tendo muito o que entregar, e que por vezes acabam se matando com drogas, sem sequer pensarem no que uma quebra pode causar ao seu redor, e filmes que andam trabalhando esse contexto por vezes acabam ficando introspectivos demais, afinal não dá para entrar na cabeça de alguém vazio e entender, mas seus atos acabam dizendo muito na tela, o que acabam dando fluidez para as histórias. Comecei o texto do longa "Meu Casulo de Drywall", que estreia na próxima quinta 12/09, dessa forma para tentar entender também um pouco as opções que a diretora tinha para seu filme, e aonde ela desejava chegar com toda essa essência, pois seu filme dava para ir por dois caminhos bem opostos, um mais denso e policial que tentaria entender motivos e dramas dos jovens como "culpados", e o outro que foi o escolhido desses dramas virarem introspecções dramáticas sobre as vidas vazias e situações que uma determinada classe fechada em seu mundinho vigiado por câmeras imagina sobre suas culpas morais e do que aconteceu. Ou seja, é um filme amplo de ideias, num espaço pequeno que é um condomínio de classe alta, mas que representa um pouco da vida como um todo, e como atos falhos desencadeiam muito mais do que apenas uma morte, mas sim a reviravolta na vida de todos ao seu redor.

A sinopse nos conta que Virgínia comemora os seus 17 anos com uma festa em sua cobertura. Apesar de tudo aparentemente perfeito, Virginia não consegue ignorar a ferida que cresce com o correr das horas. O dia seguinte nasce como uma tragédia que abala o condomínio. Virgínia está morta. Patrícia, sua mãe, vive o luto quase a ponto de enlouquecer. Luana se questiona se é culpada pelo destino da melhor amiga. Nicollas tenta ignorar a morte da namorada refugiando-se em sexo casual com funcionários. E Gabriel carrega o peso de um segredo e de uma arma.

Diria que a diretora e roteirista Caroline Fioratti foi bem ousada no tema, e principalmente na montagem, pois fazendo várias quebras de ritmo mostrando a família e os amigos despedaçados, e intercalando com uma festa inicialmente bonita, mas com tantos atos conflitivos que fica claro que a jovem não tinha uma boa base para se segurar, e num momento de explosão acabou optando pelo pior, e algo bem interessante foi ver que mesmo tendo vários personagens, várias quebras de ritmo e várias subtramas, a diretora não acabou transformando seu filme em uma novela, pois os atos soltos são importantes para a análise dos personagens no devido momento que tudo está acontecendo, e não apenas atos jogados. Ou seja, ela soube segurar seu filme de um modo que facilmente poderia dar muito errado, mas que foi compensado pelos atores que se jogaram por completo nos devidos momentos, e embora seja algo que possa causar alguns gatilhos em quem for conferir, vale pela mensagem da diretora de ter uma base segura em qualquer ato de explosão.

Quanto das atuações, quem dá um show expressivo na tela é Maria Luísa Mendonça com sua Patrícia, uma mãe aparentemente protetora, mas que cede ao desejo da filha de ter uma festa sozinha em casa, de modo que os atos da personagem são tão à beira da loucura que consegue prender o espectador em cada momento seu, e contando com tantos atos simbólicos, acaba transformando a trama quase que toda sua. Também tivemos bons momentos da jovem Mari Oliveira que fez de sua Luana, uma amiga bem próxima, mas que acaba levando a coisa errada para o lugar errado, e sua culpa pesa nos atos que acaba entregando durante o filme, mostrando presença e atitude da jovem. Do mesmo modo tivemos o namorado Nicollas, que parece uma coisa, mas que no fim das contas é outra, e o ator Michel Joelsas soube trabalhar as intensidades do personagem com dinâmicas fortes e bem colocadas na tela. E ainda teve o jovem Daniel Botelho sabendo dominar a presença de seu Gabriel em momentos-chaves da trama, dosando a emoção e a desenvoltura para que o filme focasse aonde era preciso, que mesmo estando com trejeitos meio que jogados, acaba chamando atenção. E claro tivemos a aniversariante, que Bella Piero entregou muito bem na tela sua Virginia, de modo que poderia ser até mais influente em seus atos para chamar o protagonismo para si, mas como o filme é mais sobre os "culpados", a entrega dela acaba soando leve para fluir e forte nos momentos de maior tensão, o que acaba funcionando demais.

Visualmente o longa tem dois momentos bem opostos, a festa com cores, luzes e tudo mais, bem preparada na cobertura da família, tendo dinâmicas na sala, numa banheira e no quarto dos pais, e no segundo os ambientes do condomínio de prédios, os apartamentos dos demais jovens, e suas interações com o momento, até o grande ato da piscina aonde a mãe já louca por completo andando com um bolo inteiro sai oferecendo e sentindo a presença, ou seja, a equipe foi sucinta com poucos elementos chaves como as pílulas, a arma, e os devidos presentes, mas sabendo aonde usar para marcar bem.

Enfim, não é um longa que muitos vão entrar por completo na onda da história, alguns vão se irritar com as coisas que acontecem e que os personagens fazem, mas o resultado final consegue ser interessante e agradar, então acaba sendo algo válido de conferir e indicar para quem curte algo mais introspectivo e que fala com um público mais fechado. Então fica a dica para a data de estreia já na próxima quinta 12/09 nos cinemas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Gullane+ pela cabine de imprensa, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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