Netflix - A Libertação (The Deliverance)

9/01/2024 11:52:00 PM |

O gênero de terror permite tantas misturas quanto forem possíveis, de modo que você acaba vendo sempre um pouco de cada coisa presente nas tramas, aonde os diretores acabam brincando e desenvolvendo as devidas loucuras e nuances, e se tem algo que mais ferve nesse mundo é o de tramas baseadas em fatos reais de possessões demoníacas que alguns acreditam e outros apenas se divertem com as contorções estranhas que alguns fazem. A estreia dessa semana da Netflix, "A Libertação", traz uma pegada densa de uma família que ao se mudar para uma casa passa a conviver com algo que domina os filhos, e a mãe que tem problemas com bebida acaba sendo acusada de maus tratos pela assistente social, e a forma desenvolvida pelo diretor acaba trazendo um pouco de religião, mas deixando a grande base para os abusos e seus surtos, ou seja, um cunho social interessante que acaba funcionando na proposta, e que se encaixa bem na tela. Claro que é o famoso estilo que você de cara fala: "meu tá saindo moscas da porta, tá tudo fora do normal, sai daí logo!", mas que se a pessoa sair não tem história e já sobem os créditos, então tem quem goste bastante, mas dava para não ficar tão alegórico.

Na trama, a mãe solo Ebony Jackson, muda-se com sua família para uma casa em Indiana a fim de um recomeço em sua vida. Mas assim que chegam no local, ela percebe que uma energia sinistra já vive ali e as ocorrências estranhas e demoníacas que convencem a eles e à comunidade de que a casa é um portal para o inferno. Agora, com a ajuda da apóstola Bernice James, Ebony enfrenta essa energia maligna para salvar a alma de seus filhos.

O diretor Lee Daniels tem um estilo muito bom para dramas, tanto que estourou com "Preciosa: Uma História de Esperança", depois foi bem com "Obsessão" e "O Mordomo da Casa Branca", e por fim acertou brilhantemente com "Estados Unidos vs. Billy Holiday", no qual trabalhou com a protagonista de lá aqui também, mas em seu primeiro terror diria que trabalhou bem a tensão e colocou alguns atos de sustos em dinâmicas mais fechadas, de modo que não chega a impactar tanto, mas por brincar com a ideia de uma mãe que pode perder a guarda dos filhos a ideia fluiu até que de forma interessante na tela. Ou seja, talvez o mesmo filme nas mãos de um diretor de terror realmente veríamos algo insano na tela, e se ele tivesse puxado a história para algo mais dramatizado talvez também ficaria mais chamativo, então como costumo dizer, se você é bom em um gênero, siga ele, pois inventar as vezes não dá muito certo.

Quanto das atuações, aí não tenho o que falar mal, pois Andra Day se jogou por completo para sua Ebony, trabalhando trejeitos fortes tanto pela bebida quanto pelos atos mais fechados que precisou jogar diálogos em cima de diálogos e marcar com intensidade olhares e tudo mais, fora a cena final aonde incorpora duas personagens ao mesmo tempo e dá show. Não é bem o estilo de filme que você pensaria em encontrar um Glenn Close, mas como bem sabemos a atriz topa quase tudo, e aqui sua Alberta tem personalidade e força, além de incorporar trejeitos fortes para as cenas mais estranhas possíveis do filme, ou seja, se jogou também para tudo o que podia fazer de bom na tela. Aunjanue Ellis-Taylor entrou mais próxima ao fim realmente em cena com sua apóstola Bernice e conseguiu passar atos marcantes para sua briga com o demônio. E claro entre os jovens todos tiveram atos bem intensos no final com Caleb McLaughlin trabalhando um Nate mais sério e fechado, a jovem Demi Singleton sendo marcante com sua Shante, e claro o garotinho Anthony B. Jenkins ficando assustador com o demônio no corpo, trabalhando tons de vozes e olhares com muita precisão.

Visualmente a base toda ficou na casa de três andares, tendo a maioria das cenas na cozinha e na sala, com alguns atos mostrando o quarto das crianças sempre com o armário aberto de forma estranha e no térreo mostrando sempre a porta do porão infestada de moscas (o que me incomodou bastante pensando como a mulher não dava um jeito nisso!) e claro o porão aonde só entrou o rapaz para tirar o gato morto, tivemos alguns atos intensos de personagens voando, cruzes pegando fogo e toda a síntese secundária da avó fazendo tratamento de câncer, o que não encaixou muito na história, mas que dá para relevar. Ou seja, a direção de arte foi básica, mas bem colocada no que precisava fazer com os elementos cênicos, fora as boas próteses para os cortes e inchaços da equipe de maquiagem.

Enfim, é um filme interessante, mas que poderia causar bem mais impacto se tivessem desenvolvido algo a mais na tela, mas de certa forma tem algumas impressões bem estranhas e sendo algo baseado em fatos reais o público acaba ficando mais com medo, vendendo bem na plataforma de streaming do final de semana. Então fica a dica para quem gosta do estilo, mas sem esperar muito também, pois não chega a grandes ápices como poderia. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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