O Menino e o Mestre (Kensuke's Kingdom)

9/14/2024 05:01:00 PM |

Quando vi o trailer do longa "O Menino e o Mestre" imaginei que fosse um filme oriental, pela pegada do desenho e também pelos traços bem desenhados no modo mais tradicional das animações, mas para minha surpresa é uma colaboração entre Reino Unido, Luxemburgo e França, ou seja, algo com uma pegada europeia tradicional que acabou dando muito certo. O mais bacana da trama que além de muito bem desenhada em 2D juntando com alguns elos computacionais, o filme permite em alguns momentos mais do que uma percepção da história, sendo simbólica sem precisar forçar o espectador, e emocional sem transformar os personagens em algo bobo na tela, e assim comove e passa sua mensagem de preservação. Claro que é uma animação que vale ser indicada para toda família, mas como a densidade dramática é mais pesada no emocional de adultos, diria que algumas crianças não vão pegar tanto as referências que os diretores quiseram passar, e assim talvez precise um pouco mais de experiência para sentir tudo o que o longa entrega.

O longa vai conta a história emocionante de Michael, um garoto de 11 anos, que embarca com seus pais em uma viagem de barco ao redor do mundo. Após uma tempestade devastadora, Michael e sua cachorra, Stella, são lançados ao mar e acabam em uma ilha deserta no Pacífico. Lutando pela sobrevivência, eles encontram ajuda inesperada na figura de Kensuké, um ex-soldado japonês que vive isolado na ilha com seus amigos orangotangos, desde a Segunda Guerra Mundial. Enquanto Michael e Kensuké desenvolvem uma amizade profunda, superando barreiras de linguagem e idade, a paz da ilha é ameaçada por traficantes de macacos que desejam explorar o paraíso. Juntos, eles enfrentarão os invasores e lutarão para proteger o reino idílico que Kensuké construiu com tanto carinho. Em meio a desafios e perigos, Michael aprende o verdadeiro valor da coragem e da colaboração.

Conhecidos por trabalharem em diversas animações na equipe de desenhos, os diretores Neil Boyle e Kirk Hendry arriscaram muito em sua estreia no comando da câmera,  ao adaptarem com uma sensibilidade incrível o livro de Michael Mopurgo (aliás pelo garotinho se chamar Michael será que o livro foi uma experiência própria?), pois o estilo da história pode ser interpretada de mais que uma forma pelo que ocorre com o garoto, levando o público a pensar talvez por uma possibilidade imaginativa bem além do que é mostrado na tela, e isso para dar errado em uma estreia é fácil demais, de modo que pode ocorrer de não entenderem sua visão e mais reclamarem do que gostarem do trabalho deles, porém aqui as duas sínteses que consegui pensar funcionam, então o acerto acabou sendo maior do que o risco, e assim mostra que ainda veremos outros bons projetos deles.

Quanto dos personagens, diria que os diretores trabalharam um garotinho de 11 anos até que responsável demais, pois mesmo fazendo algumas artes no barco ao ponto de cair na água, e levar a sua cachorra que não deveria estar lá, quando Michael está na ilha ele acaba seguindo bem as tradições do velho, não sai atrapalhando e causando, e mesmo nas brincadeiras assume sua responsabilidade para com tudo, até cuidando do senhorzinho quando necessário, ou seja, bem empossado o personagem e talvez sirva de modelo para as crianças que forem conferir. O estilo oriental não poderia ter sido melhor para um senhor que já está numa ilha aperfeiçoando ela desde a Segunda Guerra Mundial, de modo que Kensuké passa uma serenidade nos olhares, domina o ambiente com seus desenhos e interações, de tal forma que acaba sendo mais do que apenas um mestre para o garotinho, mas sim um símbolo a ser seguido e representado. A família do garoto (pai, mãe e irmã) foram entregues meio que sem responsabilidades na tela, e até meio que secos demais, mas foi um sentimento mais meu do que o passado na tela, enquanto a cachorra Stella mostrou atos bem bonitos de companheirismo para com o garotinho.

Visualmente como já disse no começo, os traços tradicionais em 2D deram uma sensibilidade artística tão bonita para o filme, que juntamente de uma ilha tão recheada de detalhes como a casa que o senhorzinho construiu com bambus e escadas, chuveiro e água corrente, toda a oferenda para os ancestrais orangotangos, e até mesmo os atos no barco forma bem planejados para ter muito movimento e representação gráfica, que funciona e agradeça demais, além claro dos momentos mais tensos das ondas e dos traficantes de animais caçando e machucando com muito impacto cênico na tela.

Enfim, é daquelas tramas que envolvem bastante, que tem simbologias e sensações bem colocadas, que para a perfeição faltou apenas uma trilha sonora mais emotiva, que aí seria algo mágico de ver na tela, mas isso não é algo que atrapalhe a experiência, então vale a recomendação do longa para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje estou em ritmo de Festival, então volto mais tarde com outros dois textos, fiquem com meus abraços por enquanto, e até logo mais.



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