Prisão Nos Andes (Penal Cordillera) (Prision in the Andes)

9/08/2024 06:31:00 PM |

É engraçado ver alguns filmes que você desconhece a história real, pois você vai vendo os tantos de absurdos e pensa: "genial essa loucura toda que o roteirista criou, como será que ele pensou nisso?", aí acaba o filme e você vai pesquisar um pouco antes de escrever, e pronto, muita coisa ali era real e você fica de queixo caído. E foi exatamente dessa forma que meu queixo desabou ao saber que realmente alguns torturadores chilenos de Pinochet viviam em uma prisão que mais parecia um condomínio de luxo, aonde os soldados trabalhavam praticamente como empregados deles e não o inverso, e com essa pegada em mente o longa "Prisão Nos Andes", que estreia no próximo dia 19/09 nos cinemas, trouxe personagens fortes e cheios de marra, trabalhando num delírio coletivo intenso e marcante, aonde vamos vendo tudo acontecer e só pensando em qual motivo de não matarem logo esses caras, mas como também somos um país que não teve grandes punições para os torturadores da ditadura, então entendemos a revolta do povo chileno.

O filme retrata a vida de cinco dos mais cruéis torturadores da ditadura de Pinochet, que cumprem penas longas em uma prisão luxuosa localizada aos pés da Cordilheira dos Andes. Apesar das condenações que somam séculos, os ex-militares vivem em um ambiente privilegiado, com piscina, jardins e aviários, sob a vigilância de guardas que mais parecem empregados. A tranquilidade do local é perturbada quando uma equipe de televisão entrevista um dos internos, cujas declarações provocam repercussões inesperadas. Diante da possibilidade de serem transferidos para um presídio comum, os militares condenados se veem dispostos a tudo para manter seus privilégios. Essa tensão crescente desencadeia uma onda de delírio e violência, transformando o ambiente bucólico em um cenário de caos.

Diria que a estreia na direção e no roteiro de longas de Felipe Carmona foi bem interessante e com boas nuances, de forma que soube segurar a tensão do começo ao fim, brincando mais com a loucura nos atos finais e com a imposição dos torturadores no começo da trama, sendo também bem criativo na desenvoltura que desejava atingir, de modo que o filme tem uma estrutura gigante em cima de cada momento, não ficando apenas em ambientes simples como quartos bem arrumados cheios de detalhe, floreando a loucura pela floresta, o carrinho quebrado andando pelos mais diversos locais, e claro as tensões sendo notadas entre todos, desde os presos surtando com quase tudo, até os guardas que vão perdendo suas estribeiras. Ou seja, como já disse outras vezes a melhor forma de se estrear no cinema são com dramas amplos, pois não precisa criar mensagens subjetivas nem causar medo ou diversão no público, e foi exatamente isso que o jovem fez, sabendo aonde apontar a câmera para que o público pegue a sua ideia e vá além, brincando com ideias de privilégios e também de revolta, o que faz seu filme fluir e ficar interessante de ser conferido.

Quanto das atuações diria que os "detentos" entregaram personalidades duras, mas bem ditadas com estilos e hobbies, de forma que cada um fazia seus pedidos e era atendido de diferentes formas, valendo claro mostrar toda a habilidade de Hugo Medina com seu Contreras, Bástian Bodenhöffer bem colocado com seu Krassnoff, Mauricio Pesutic como Moren Brito, Óscar Hernández todo imponente com seu Espinoza e Alejandro Trejo fazendo um Mena perfeito, de modo que optei por não entrar mais em detalhes com nenhum deles, pois todos fizera velhinhos até que boa pinta, que se fosse um filme mudo como temos em determinado momento da produção, e sem os dizeres, acharíamos todos bem simpáticos e agradáveis, mas ouvindo as entonações de ordem e as insanidades pensadas de cada um, principalmente nos atos finais, aí o ranço vem. Quanto dos guardas, em certo momento todos parecem ser muito semelhantes, mas vamos vendo as desenvolturas de cada um, tendo um maior destaque para Andrew Bargstead com seu Navarrete que acaba fazendo algumas loucuras mais imponentes consigo e com outros na tela, muito bem expressivo por sinal.

No conceito visual tiveram uma boa sacada de trabalhar ângulos mais fechados para não precisar criar grandes ambientes, e com isso tivemos os quartos arrumados e bem envolventes dos "detentos" parecendo quartos de casas de repouso com poucos móveis, porém simbólicos, tivemos algumas cenas em uma sala de estar aonde alguns montam quebra-cabeças outros jogam baralho, algumas cenas num campo aonde um dos detentos treina os guardas da prisão em lutas de combate e sobrevivência, e alguns atos espalhados pela floresta aonde há também um aviário que um dos detentos cuida, e vemos também o quarto dos guardas, que aí sim parece uma prisão com várias beliches grudadas, ainda tendo um ato também mostrando a atração de parques no estilo de Monga a mulher que vira macaco que achei abstrato demais, mas foi bem feito ao menos.

Enfim, é um filme que se olharmos a fundo veremos até simples de execução, mas que conseguiram trabalhar de uma maneira tão interessante as ideias que nos convence que tudo aquilo aconteceu daquela forma, e é o que deixa mais com raiva, afinal ninguém quer que torturadores tenham uma boa vida após serem condenados, então diria que vale bastante a conferida do longa nos cinemas quando ele estrear, e claro irei esperar as próximas colocações do diretor, pois se na estreia mostrou serviço, com um pouco mais de investimento em cima dele certamente vai trazer muita coisa boa para a telona. E é isso pessoal, fico por aqui hoje mais uma vez agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e também a Retrato Filmes pela cabine de imprensa, então abraços e até mais pessoal.


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