Quando Eu Me Encontrar

9/15/2024 05:28:00 PM |

Alguns filmes entregam boas sínteses na tela, porém não conseguem ir muito além para entregar e comover o público, de modo que você até tenta entrar na introspecção dos personagens, mas quando vê o resultado final acaba não impactando. E a ideia do longa "Quando Eu Me Encontrar" até é bonita de vermos as mudanças e sentimentos que ocorrem nas pessoas (namorado, mãe, irmã, amiga) ao redor de uma garota que vai embora de casa, mas ficou faltando a essência em si acontecer na tela sendo por forma conflitiva ou reflexiva, de forma que vemos o modo que cada um age, mas que não permitem pensarmos ou sofrermos junto com eles. Ou seja, é daqueles filmes que você vai conhecer alguém assim, talvez irá se conectar com o que vê na tela, mas que vai ficar esperando algo acontecer para preencher as lacunas, e as diretoras nesse sentido preferiram deixar aberto, que é algo que eu particularmente não gosto, pois sempre digo que o diretor precisa imprimir na tela a sua opinião, mas como tem quem goste, já fica como dica para ver a trama com outros olhos a partir da próxima quinta, 19/09, nos cinemas.

A sinopse nos conta que a partida de Dayane se desenrola na vida daqueles que ela deixou para trás. Sua mãe, Marluce, faz de tudo para não demonstrar o choque que a partida da filha lhe causou. A irmã mais nova de Dayane, Mariana, enfrenta alguns problemas na nova escola onde está estudando. Antônio, noivo de Dayane, se vê num vazio diante da partida dela e busca obsessivamente por respostas.

Diria que as diretoras e roteiristas estreantes em longas-metragens, Michelline Helena e Amanda Pontes, até propuseram boas reflexões na tela com seu filme, porém faltou desenvolver elas de uma forma melhor para que tivesse um clímax no miolo ou até mesmo no final, pois temos um início pesado pela notícia da garota que foi embora deixando apenas uma carta, temos os desenrolares de como cada um demonstrou esse evento, e temos um fechamento aonde a vida deles parece seguir após entenderem que a garota não vai voltar tão já, mas tudo numa linearidade sem grandes efeitos na tela e/ou no público, e isso acaba pesando, pois a pessoa acaba apenas assistindo ao filme, talvez refletindo uns 10 minutos sobre o que acabou de ver, e pronto, não lembrará nem mais dos artistas ou personagens que passaram na tela, e por isso acabou faltando opinião própria das diretoras para que o impacto fosse realmente sentido, e não apenas sentar e comer ou beber após tudo que está ok.

Quanto das atuações, já diria que conheço o estilo Luciana Souza, pois a atriz tem feito bons filmes e bons papeis no cinema nacional, e sempre chama a responsabilidade cênica toda para si, de modo que aqui sua Marluce se fecha para não demonstrar uma preocupação maior com a ida da filha embora, mas também não vive igual antes, estando meio que insegura e precisando de ajuda até de quem não queria ver mais, e assim seu ar introspectivo até cria uma boa presença na tela, mas dava para ter ido mais além, e sabemos do potencial dela para não ficar apenas no ok como acabou ficando. A jovem Pipa que entregou personalidade para enfrentar o abusador da amiga, fez de sua Mariana alguém que está enfrentando mudanças demais, mas que seguiu sua vida de forma normal, quase como se a irmã não importasse já tanto com o que está acontecendo com ela, se expressando bem, mas segurando um pouco demais nos traquejos e desenvolturas. Já Davi Santos foi quem mais se jogou com o problema, afinal seu Antônio era apaixonado pela noiva, já tinha planos para o casório, colchão novinho guardado e tudo mais, e entra em conflito existencial, indo para o bar aonde a amiga da noiva cantava, fazendo ares desesperados e pensativos, mostrando muita personalidade cênica e agradando bastante. E ainda tivemos a amiga, que Di Ferreira entregou cantando e se soltando no bar que trabalha, não mudando em nada sua vida, afinal precisa trabalhar e ganhar o seu sustento.

Visualmente a trama mostra uma casa simples, a branquinha de comida da protagonista, um pouco da escola da garota e o bar aonde a amiga canta, além da casa da avó, mas tudo muito rapidamente e quase sem nenhum elemento cênico que fizesse parte para chamar atenção, sem ser a carta que nem acaba sendo mostrada efetivamente, ou seja, a equipe de arte entregou algo tradicional de filmes sem orçamento.

Enfim, é o famoso filme introspectivo que alguns amam ver e outros odeiam fervorosamente, que talvez poderia ter ido muito mais além, e que assim digo que recomendo com essas ressalvas. E é isso pessoal, fico por aqui agora agradecendo os amigos da Sinny Assessoria e da Embaúba Filmes pela cabine de imprensa, e volto mais tarde com outras dicas, então abraços e até breve.


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