A trama apresenta o jovem Bruno de 15 anos, que mora em um bairro humilde e deve superar as adversidades de uma doença degenerativa que, um dia, o fará ficar cego. Com todas as incertezas da adolescência, amplificadas pela cegueira iminente, o filme converte o destino trágico do seu protagonista em um relato de aprendizagem coletiva. Agora, Bruno tem que aprender com as diferenças a enxergar a vida com outros olhos.
O diretor e roteirista Haroldo Borges foi bem coeso no desenvolvimento de seu filme, de modo que a trama é simples e direta no que desejava mostrar, e brinca bem com a ideia da cegueira em suas várias nuances, mas mais do que isso ele soube escolher bem os jovens atores na seleção para que tivessem carisma, personalidade e conseguissem segurar o filme dentro de sua proposta, porém ao deixar os jovens estreantes bem soltos, o filme acabou se enrolando demais no começo, de forma que parece não fluir tanto quanto acontece nos momentos finais. Ou seja, se fossem atores profissionais talvez a trama teria uma pegada estranha, mas ao escolher garotos novos para protagonizarem o diretor precisaria ser mais enfático para que o ritmo tivesse uma cadência melhor, pois não estou reclamando que o resultado final tenha ficado ruim, muito pelo contrário, é incrível o nível crítico da trama, mas ele segurou demais o filme no começo para depois precisar acelerar no final, e isso é um peso muito grande para jovens atores.
E falando dos jovens, Bruno Jeferson se desejar seguir no ramo da atuação já mostrou muita personalidade, assumiu o protagonismo do longa e teve uma sensibilidade no olhar que demonstra trejeitos profissionais, ou seja, tem futuro na área, e olha que em filmes de pessoas cegas o que mais fazemos é ficar olhando para o movimento do olhar, e ele soube ser preciso no que tinha para fazer. O jovem Ronnaldy Gomes deu muita segurança como um irmão parceiro para todas as horas, apoiando quando precisou, e seguindo para todos os rumos e brincadeiras, e o ato do jogo de futebol após o irmão ficar cego é belíssimo de ver. As jovens Angela Maria e Terena França deram boas dinâmicas na tela, mas embora a trama desenvolva a síntese delas, acabaram não florescendo o tanto que precisavam para pontuar mais na tela, de modo que a amizade de Angela com o protagonista ficou mais bem encaixada e poderia ter tido até mais cenas nesse sentido. Ainda tivemos bons momentos com a mãe vivida por Wilma Macêdo e com o professor de braile que Vinicius Bustani fez bem na tela, mas sem grandes atos.
Visualmente o ambiente simples do sertão com alguns atos na escola, muitas festas em casas e bares, e também muitas brincadeiras entre os jovens deu um ar para a trama sem grandes chamarizes, de modo que a beleza das rochas no poço figuraram muito bem para mostrar que o jovem conhecia ali até de olhos fechados, e com isso a representatividade do ambiente acabou agradando mais do que o normal em uma cena tensa, mas muito bem feita, além disso a beleza cênica da mãe fazendo os lápis de cores de acordo com materiais e sentimentos foi brilhante.
Enfim, é um filme que representa bem a ideia, passa a mensagem e agrada pelo contexto completo, porém a sensação de ritmo lento demais no começo e corrido demais no fim não permite que a trama desenvolva algo a mais no público, então quem for conferir sem saber o que o diretor queria realmente mostrar talvez saia da sessão meio perdido, mas pra quem pegar a essência o resultado vai acabar sendo bem inteligente, então fica a dica para conferida nos cinemas a partir do dia 19 de setembro, lembrando que o longa está entre os 12 selecionados pelo Brasil para ser o indicado do país no Oscar, então é claro que vale a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo a M2 Comunicação e a Cajuina Audiovisual pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.
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