Silvio

9/17/2024 01:19:00 AM |

Muitos vão achar que o maior problema do filme "Silvio" é o fato de Rodrigo Faro ter ficado mais parecido com o Quico do Chaves do que com o verdadeiro Senor Abravanel, mas isso é o menor dos problemas, pois o erro foi não ser uma homenagem ao Silvio (em vida ainda, já que o longa estava pronto antes dele morrer, inclusive conferido sem gostar muito do que viu) nem uma clara representação da vida dele junto com o sequestro duplo que sofreu em menos de 24 horas (da filha e depois preso em casa junto do sequestrador), pois acabou virando uma bagunça tão grande na tela, que cheguei até pensar que ao mostrar no final que a família do sequestrador ganhou uma ação contra o Estado pela omissão da morte do rapaz, esse talvez seria um filme feito para mostrar que o jovem colaborou e foi ajudado por Silvio para que não fosse morto ali na sua casa. Mas isso é uma ideia que passou pela minha cabeça ao ver o letreiro no final, pois praticamente fizeram um longa que teoricamente não foi encomendado pela família, nem que chegou no SBT e falou que faria uma homenagem para a vida dele, então vai saber não é mesmo, mas faltou muito para ser algo emocionante, encheram de cenas de vai e vem temporal, e acabou não mostrando nada na tela que impactasse realmente, sendo cansativo e sem grandes homenagens que davam para funcionar mais.

O longa retrata o sequestro do icônico apresentador Silvio Santos, iniciando 12 horas após o sequestro de sua filha, quando enfrenta uma nova crise: sua casa é invadida e ele é mantido como refém por sete horas. Diante dessa situação de extremo perigo, o apresentador precisa lutar pela sua vida e pela segurança de sua família, enquanto reflete sobre sua trajetória de vida, marcada por desafios e conquistas. As lembranças remontam à sua juventude, quando, aos 14 anos, começou a trabalhar como camelô, dando os primeiros passos em direção ao sucesso. O filme explora o lado humano de Silvio, que, mesmo em uma situação de vulnerabilidade, tenta proteger seu legado. Esse evento dramático marcou o Brasil e se tornou um dos momentos mais desafiadores na vida do apresentador, destacando sua resiliência e força interior.

Já disse outras vezes que gosto muito do estilo de direção de Marcelo Antunez, porém ele tem um grandioso defeito, o de entregar o filme para a edição e falar "façam o que quiser", e isso é notável na maioria das vezes quando o filme tem um conteúdo a mais para contar, pois acaba ficando cheio de recortes, cheios de idas e vindas, se perdendo por completo com o queria dizer na tela, mas se você olhar a fundo vai ver uma história boa, uma trama que tinha seus prós e contras, e que funcionaria se bem editada, mas não podemos fazer mais nada depois que o longa estreia, afinal o produto está ali, e com seu novo longa a bagunça foi tamanha que chega a ser difícil defender qualquer ato que seja, pois foi colocado algumas homenagens a ex-esposa que morreu sem quase ser lembrada, das filhas do primeiro casamento que quase nem aparecem nas menções da família, do grandioso Manoel da Nóbrega que viu nele um filho e o ajudou a crescer, e até mesmo do garoto Senor que com muita visão cresceu em uma família complicada, mas tudo se perde num bagunçado sequestro aonde um vingativo policial quase complica tudo ainda mais. Ou seja, o diretor infelizmente se perdeu no roteiro e/ou na entrega para a edição, pois o material bruto pode até ser que ficaria bom, mas não ficou.

Quanto das atuações, Rodrigo Faro até foi um ator razoável no passado, mas aqui ele virou piada tanto pela maquiagem quanto pelos trejeitos entregues para seu Silvio, de modo que pode ter conseguido falar mais ou menos igual o grande apresentador, mas seu estilo de andar, olhares e tudo mais soou muito falso em cena, de modo que se você fechar os olhos até talvez se convencerá do que está acontecendo ali, mas se olhar vai ver um capítulo de uma novela ruim do próprio SBT ou da Record aonde ele trabalha pela artificialidade que entregou na tela. Já Johnnas Oliva segurou bem demais o papel de Fernando Dutra Pinto, desenvolvendo atos desesperados, botando a mão na consciência algumas vezes, explodindo em outros, e passando muito do que estava o sequestrador nos diversos momentos de tela, de modo que suprimiu por completo a atuação do seu parceiro de cena, e isso foi um plus para o papel. Quanto aos demais, vale dar destaque para o jovem Felipe Castro que fez Silvio adolescente entre 1947 e 1950 com muita personalidade e dinâmica, porém coube a Vinicius Ricci toda a juventude e momentos de mudança na vida do apresentador durante 1954 e 1963, de modo que poderia ter ido mais uns anos para chamar mais atenção, pois o jovem fez bons traquejos e cenas marcantes junto de Marjorie Gerardi com sua Cidinha que praticamente só tossiu em cena. Ainda tivemos uma boa interpretação de Duda Mamberti como Manoel de Nóbrega, mas bem mais em tom de homenagem do que expressivo como poderia ser, e só, pois os demais é melhor nem falar.

Visualmente a trama tem uma pegada simples, se passando no começo dentro de um hotel aonde temos um tiroteio gigantesco (que se rolou dessa forma a polícia foi completamente inconsequente), depois uma fuga maluca, para aí ficar praticamente o longa inteiro dentro de uma cozinha, policiais na sala de estar (quase que uma festa do batalhão com bate papo e discussões mil), família na casa ao lado como se fosse a casa das próprias garotas, e nesse meio tempo vemos um pouco da história do apresentador, passando pelo tempo de camelô bem rapidamente, indo para a Radio Guanabara, e depois em São Paulo no programa de Manoel de Nóbrega, vemos um pouco da pensão que conheceu sua primeira esposa, e também seu jantar de negócios com o presidente na época junta da esposa que lhe deu a concessão da TVS, além de como foi comprar o baú de Manoel também nas negociações mais rápidas e inteligentes da época, ou seja, tudo rápido na tela, sem grandes desenvolturas, mas ao menos sendo simbólico para representar bem cada momento.

Enfim, é um filme que poderia ser magistral, bastava um ator desconhecido com uma maquiagem bem melhor, não precisar de tantas quebras de idas e vindas, e o resultado seria outro, brilhante e que funcionaria como uma homenagem incrível na tela para o maior nome da TV brasileira, mas já erraram na série, erraram agora no filme, então é melhor deixar quieto que ele descanse em paz, e quem tiver com muita, mas muita vontade mesmo pode até ir conferir nos cinemas que tem uma tonelada de sessões, mas mesmo na promoção é meio caro ver o longa, então vá por conta e risco. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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