O longa nos conta que nuvens de uma chuva ácida devastadora estão desabando sobre a França. Enquanto isso, Selma, de quinze anos, cresce entre seus dois pais separados, Michal e Élise. Em um mundo que está prestes a afundar, esta família fragmentada terá que se unir para enfrentar esta catástrofe climática e tentar escapar dela.
Se reclamei da falta de experiência do diretor e roteirista Just Philippot no seu longa de estreia, "A Nuvem", agora posso falar que em breve vamos ficar ouvindo muito o seu nome se ele seguir essa linha de longas, pois claro que se lá ele não teve um grande orçamento, aqui o que ele conseguiu foi necessário e certeiro, pois não criou uma trama cara, embora tenha muitos efeitos especiais, mas soube utilizar os ambientes mais reclusos, muita fumaça para dar as nuances de queimadas pelo ácido, e a cada cena ele vai incorporando detalhes para deixar o público aflito, e também com raiva da garota protagonista, pois como em todo filme-catástrofe, se a pessoa segue a linha certinha sobrevive bem e não atrapalha ninguém, mas como tem de ocorrer isso senão os créditos já sobem com 10 minutos de tela, aqui a jovem incomoda com seus "chiliques". Ou seja, o jovem diretor que já tinha entregue uma versão curta desse filme em 2018, aproveitou para ampliar muito o horizonte, brincar com cada elo de forma mais forte, e conseguiu dar dinâmica para que seu filme não ficasse arrastado, de modo que embora seja uma jornada até onde desejam chegar, cada momento acaba sendo importante.
Quanto das atuações, já estamos bem familiarizados com o estilo de Guillaume Canet, afinal é quase sempre figurinha presente nos longas que chegam do país aqui em festivais, e aqui seu Michal é algo completamente diferente do que já trabalhou, sendo mais impulsivo, explosivo e com trejeitos mais densos, ao ponto que o filme começa de uma forma que até achei que não era o longa que queria assistir, mas depois tudo faz bastante sentido pela maneira que o ator acaba entregando seu personagem e o resultado acaba chamando bastante atenção. A jovem Patience Munchenbach aparentou estar um pouco insegura com sua Selma, mas ao mesmo tempo como já falei acima ficou extremamente irritante com as atitudes de sua personagem, não precisando nem falar muito com os demais, mas passando suas intenções e tensões nos olhares que fez, ou seja, acabou fazendo o que precisava e conseguiu acertar errando. Ainda tivemos alguns atos bem trabalhados de Laetitia Dosch com sua Élise, tendo algumas desenvolturas meio que desesperadas, mas também acertando o que a personagem necessitaria, e a pobre Suliane Brahim fazendo uma participação quase que de enfeite com sua Karin, além de Marie Jung trabalhando uma Deborah inicialmente fechada, depois sendo mais receptiva por ser ajudada, e voltando para uma finalização bonita no meio do caos.
Visualmente a equipe soube brincar com ambientes aonde pudesse fazer uma grande destruição sem precisar gastar muito, e assim foi para o interior com uma ponte desabando, um pântano que vira um lamaçal ácido, uma floresta aonde os personagens vão correr bastante e alguns animais aparecendo machucados, e assim tudo ficou bem representado na tela, não sendo daqueles filmes catástrofe que temos prédios desabando, buracos abrindo no meio da estrada, tendo apenas uma cena mais forte aonde várias pessoas e carros ficam presos, mas isso também numa área afastada aonde apenas a equipe de maquiagem trabalhou bastante, além de claro desgastar a pintura dos carros e muita fumaça do contato da água ácida com metais, terra e tudo mais. Ou seja, fizeram o básico muito bem feito e acabou funcionando, tanto que concorreu ao Cesar de Melhor Efeitos Especiais, só perdendo para um filme inteiro diferente dos padrões.
Enfim, é daqueles filmes que não apenas passam lições ambientais, e trabalham destruições sem sentido algum, sendo algo que pode ser que algum dia ocorra, mas que também funciona bem como uma ficção bem encaixada, aonde alguns atos você até ri sabendo que é falho (por exemplo da garota se segurando no metal de um trator que passou dias na chuva ácida sem acontecer nada já de cara), mas que no resultado completo acaba sendo bem interessante de ver e se envolver. Então com toda certeza recomendo a conferida dele dentro do canal Adrenalina Pura, que pode ser acessado tanto pela Amazon Prime Video, quanto pela ClaroTV+ e a AppleTV+, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria que se empenhou para que eu conseguisse conferir o longa, muito obrigado mesmo pessoal, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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