A sinopse nos conta que Lucas, de 17 anos, está no último ano de internato quando a morte súbita de seu pai destrói tudo o que ele tinha como garantido. Cheio de raiva e desespero, ele visita seu irmão mais velho em Paris para buscar consolo na nova cidade.
Diria que o diretor e roteirista Christophe Honoré teve uma sensibilidade bem trabalhada na tela com sua obra, de modo que o filme não chega a ser cansativo, e ainda consegue se desenvolver bem na tela. Claro que ele poderia ter usado um pouco mais do rapaz em outros ambientes, ter aumentado os passeios dele pela cidade, e criado mais complicações na tela ao invés de exagerar na narração do garoto dos seus dias, pois é legal você observar ele falando tudo, mas a trama ficou tão presa nesse estilo que perto do final você já está sem vontade de ver tudo acontecendo com a falação em off, mas como bem sabemos criar cenas é bem mais caro do que uma narração, e passa a ideia meio que de alguém contando algo para outra pessoa, o que dá um aconchego mais marcado, mas isso funciona melhor em filmes com dinâmicas mais abertas, e não tanto em longas introspectivos, o que acabou dando uma densidade meio que enrolada para o que foi mostrado na tela. Ou seja, não ficou ruim a direção, porém precisava de algo a mais para funcionar melhor.
Como falei no começo o longa foi premiado no ano passado pela atuação do jovem Paul Kircher com seu Lucas, e isso com toda certeza foi o mais correto, afinal o longa é do rapaz, da entrega cênica dele, dos seus olhares e desenvolturas, tanto que mesmo com outros grandes nomes franceses na produção você acaba quase nem reparando no que fazem em cena, ou seja, o rapaz soube dominar seus momentos e entregar muito na tela. Vincent Lacoste está tão diferente em cena com seu Quentin que fiquei pensando quem era o ator que estava fazendo o personagem, e olha que já fazem alguns anos que quase todos seus filmes tem aparecido aqui no país, porém tirando momentos mais explosivos do personagem, ele acabou não fluindo como poderia, ficando um irmão que tem momentos tenros, mas que também não entende tanto o mais jovem. É quase um crime termos um filme com Juliette Binoche no elenco, e ela ficar tão em segundo plano como aconteceu aqui com sua Isabelle, pois sendo um filme mais sobre o filho de sua personagem, ela como mãe apenas teve atos emocionais no desenrolar fúnebre, mas depois praticamente desaparece de cena, e dessa forma a atriz não pode entregar tanto como costumeiramente faz, o que é uma pena. Ainda tivemos alguns outros atores dando conexões ao protagonista, sem grandes chamarizes, tendo um leve destaque para Erwan Kepoa Falé com seu Lilio, mas sem ir muito além.
Visualmente a trama também foi bem contida de ambientes, de modo que vemos bem pouco realmente da Paris que tanto passa nos filmes, ficando mais dentro de um internato em outra cidade, a casa da família no interior, e o apartamento do irmão na cidade, de modo que até a mãe e o irmão falam de lugares para o jovem visitar nos diálogos, mas praticamente não quiseram fazer boas cenas externas, e assim acabou faltando mais dinâmica no resultado da equipe de arte.
Enfim, costumo dizer que gosto muito mais das comédias dramáticas francesas do que dos dramas que o país costuma entregar, justamente por segurarem demais tudo na tela ao invés de fluir e emocionar, e assim sendo o longa ficou exageradamente seco na tela, o que acaba não impactando como poderia. Claro que passa bem longe de ser algo ruim de ver, mas diria que o filme vai ser mais chamativo passando por festivais do que comercialmente nas salas do país, mas quem gosta do estilo mais preso até vale a conferida nos cinemas brasileiros a partir da próxima quinta 10/10. E é isso pessoal, fico por aqui agora, claro agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Pandora Filmes pela cabine de imprensa, e volto logo mais com outras dicas, então abraços e até breve.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...