Netflix - O Poço 2 (El hoyo 2) (The Plataform 2)

10/05/2024 01:53:00 AM |

Costumo falar que filmes introspectivos e filosóficos jamais podem ter continuações, podem refilmar quantas vezes for, mas nunca continue, principalmente se fez sucesso, pois acaba virando uma bomba tão gigante que sequer conseguimos pensar aonde estavam com a cabeça quando escreveram o roteiro. E comecei o texto de "O Poço 2" dessa forma por dois simples motivos, o primeiro é que felizmente eu não esperava nada dele, então qualquer coisa me agradaria já que gostei muito do primeiro e nem queria uma continuação de algo que ficou quase perfeito, a segunda é o óbvio de se falar que o diretor imaginou muito mais coisas e levou nada a lugar algum, pois até temos todo o lance da barbárie, da culpa e de responder seus atos e pecados por uma lei/mandamento que alguém impôs como sendo correto, mas é uma verdadeira bagunça que não honra todos os prêmios que o primeiro filme levou, muito pelo contrário, quem não entendeu nada do primeiro sairá ainda mais confuso depois de ver esse, e a dona Netflix toda faceira ainda sugere que você reveja o primeiro ao acabar a exibição com o seguinte título: "se você não entendeu esse filme veja 'O Poço' agora", já induzindo ao play como se uma coisa fosse explicar a outra, mas já que sou bonzinho com vocês vou dar uma ajudinha: esse tem o 2 no título, porém é um prequel do original, ou seja, tudo acontece bem antes, e bem próximo ao final seremos apresentados ao tiozinho do "óbvio" e ao rapaz protagonista do primeiro filme, dito isso, todo o restante é puro spoiler, então não vou entrar em detalhes.

A narrativa mergulha novamente na angustiante prisão vertical onde a sobrevivência é uma luta diária e brutal. Com apenas duas pessoas por nível, cada uma lutando por sua porção de comida da única plataforma disponível, o filme explora os limites da solidariedade humana e a natureza desumana das estruturas sociais extremas. Uma figura misteriosa emerge para impor ordem neste caos, desafiando os residentes a questionar a noção de justiça em um ambiente tão cruel. À medida que as novas regras são impostas, surge a dúvida: quem garante que serão cumpridas?

O mais interessante é que realmente o diretor e roteirista Galder Gaztelo-Urrutia passou praticamente cinco anos desenvolvendo a continuação encomendada logo que saiu o longa original e tinha ideias tanto para frente quanto para trás da história que lhe fez famoso, mas claro que primeiro optou para apresentar como tudo virou o que já tínhamos visto lá e derrubado nossos queixos, porém ao mesmo tempo que vemos algo anterior, a trama também parece ser mais para frente, pois já tem grandiosos conflitos ali dentro, porém com mais regras que no original, e assim aqui tudo tem uma fluidez digamos que confusa na tela. Claro que esse estilo escolhido foi proposital para não entregar as coisas de mão beijada para o espectador, afinal se o primeiro já foi difícil, tivemos milhares de vídeos tentando explicar o final, agora então vai ter revisão da revisão com VAR para todo lado, e isso fez o longa explodir nas linhas do tempo do pessoal das redes sociais, e agora não será diferente, mas se tem algo que gostei muito aqui foi o estilo de definição dos bárbaros contra os leais, e a pancadaria comer solta sem dó, que aí sim deu um algo a mais para o filme, porém tirando isso, a questão filosófica foi quase nula.

Quanto das atuações, sendo um prequel o longa chega nos atos finais com Ivan Massagué com seu Goreng que nem ele lembrava de ter feito, já que conseguiu uma tonelada de papeis após ter feito o filme, e Zorion Eguileor fazendo seu Trimagasi bem menos destruído, mas já mostrando bem seu bordão "óbvio". Mas quem manda realmente no filme praticamente todo é Milena Smit com sua Perempuan bem cheia de traquejos expressivos, com uma história de base meio que conflitiva que não conseguimos chegar muito no que ela realmente queria estar fazendo ali, mas que faz atos fortes bem encaixados, e assim acaba agradando. Ainda tivemos Hovik Keuchkerian bem marcante com seu Zamiatin explosivo e intenso, mas que talvez tenha se segurado demais na personalidade segura da trama, já que poderia ter batido mais forte com toda a ideia inicial de sua entrevista. E claro entre os muitos outros personagens que aparecem o destaque ficou para o sempre bem expressivo Óscar Jaenada como o ungido Dagin Babi, que teve de se virar sem poder entregar olhares para as câmeras.

Visualmente não temos praticamente nada de novo, sendo bem a prisão vertical que vimos no primeiro longa, algumas crianças brincando num escorrega pouco iluminado, e claro o elevador de comidas que já tínhamos conhecido, com o pessoal usando bem as barras das camas como armas, e tendo muitas mutilações e sangue para todo lado, respingando até na câmera, ou seja, o gore completo que muitos amam.

Enfim, acabei fazendo um texto até que pequeno, afinal é o famoso filme que não temos muito o que falar, e sim ver, refletir e chegar nas próprias conclusões (por isso sempre falo, fujam dos vídeos do pessoal querendo explicar o que acharam, pois são ideias e ideais que nem sequer passaram pela cabeça do diretor), então não é algo que você vai adorar conferir, mas que poderá ter alguns sentimentos e achar interessante, e se você não viu o primeiro, faça o exercício de ver esse e na sequência engatar o de 2019, pois vai dar algumas nuances melhores e mais explicativas. E é isso meus amigos, na minha humilde opinião não necessitava de um prequel para o longa, mas como bem sei, produtores são gananciosos por dinheiro, então saiu algo mediano que alguns vão adorar e outros vão nem querer passar perto. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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