Muitos estavam apreensivos por esse ser o primeiro longa do diretor e roteirista Pedro Almodóvar inteiro em inglês, mas com duas talentosíssimas atrizes dialogando sobre a morte, sobre o passado e tudo mais, ele conseguiu fazer com que os temas fortes ficassem leves e bem colocados, ao ponto que facilmente seu filme poderia virar uma peça teatral daqui alguns anos sem perder uma gota da qualidade que fosse, pois o ambiente em si é bonito, o barulho dos pássaros, mas a base mesmo é o diálogo e o roteiro bem encaixado dentro da ideia completa, afinal uma correspondente de guerra perdendo para a principal guerra da vida, e uma romancista que tem medo da morte acompanhando a amiga em algo que vai causar uma morte tinha tudo para dar conflito, mas brilha demais pelo estilo bem colocado na tela.
Sem dúvida alguma a escolha das protagonistas definiu o acerto do longa, pois Tilda Swinton tem toda a personificação visual de uma mulher que está brigando com o câncer, e seus trejeitos amplos chamaram completamente a discussão de sua Martha para cada ato entregue na tela, de tal forma que o filme funciona totalmente ao seu favor, e a atriz acaba dando show com suas ideologias e entregas, fora que aparece ao final com sua versão mais rejuvenescida como a filha. Não por menos Julianne Moore se jogou para uma Ingrid cheia de nuances, totalmente interessada na amiga, disposta a ir fazer o seu maior medo que é a morte e trabalhando bem os trejeitos emocionais e dinâmicas bem de amigas mesmo conseguiu segurar seus atos com uma precisão incrível na tela. Ainda tivemos alguns momentos com John Turturro com seu Damian, ex-namorado de ambas as mulheres no passado, e Alessandro Nivolla como um policial religioso e reclamão, mas sem grandes atos, afinal o longa é das mulheres.
Visualmente como já disse o longa poderia se passar em um teatro bem facilmente, pois o valor da trama está nas protagonistas e nos diálogos, mas vemos um quarto de hospital bem arrumado, um apartamento simples e um outro apartamento bem bagunçado que a escritora ainda está arrumando, mas depois quando as duas vão para a casa que alugou no campo, aí o luxo visual é algo muito bonito, em meio a natureza, com pássaros e diversos momentos numa espreguiçadeira, além de vários filmes antigos na TV, com destaque usado para o fechamento do longa como uma reinvenção da famosa frase de neve do ganhador do Nobel Jon Fosse.
Enfim, é um filme de Almodóvar, então não tinha como dar errado, sendo daqueles que quem gosta vai amar, e quem não gosta é até capaz de curtir toda a essência reflexiva, então acaba valendo a dica para ir conferir nos cinemas (ou quando sair para locação!). E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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