A sinopse é bem simples e nos conta que a vida do professor aposentado Vítor Falcão estava dentro da normalidade até o dia em que abriu a porta para o surpreendente Arthur, vítima de um terrível trauma familiar.
O último longa do diretor e roteirista Alberto Araujo foi há mais de 10 anos, e provavelmente tenha passado por algo do que representa na tela nesse período, afinal sabemos bem como alguém que se fecha por situações trágicas precisam de um bom tempo de maturação da ideia para expor para outros tudo o que viveu, e assim como o protagonista mais velho diz para o mais novo, ao invés de pular de um parapeito para resolver uma dor trágica de uma forma que nada vai se resolver, é sempre bom passar para um papel, escrever um livro, um diário, ou até mesmo um filme para refletir sobre tudo. E é bem essa a sensação que senti ao ver o longa, de alguém querendo passar seus sentimentos e que um amigo lhe ouvisse e passasse conselhos e carinhos para que essa tragédia virasse algo melhor para outras pessoas, e claro para ela também. Ou seja, é um filme íntimo e bonito de se ver, que pessoas com uma mente mais reflexiva que estiverem sentimentais ao conferir, até entrarão na mesma onda do diretor, mas que como um cinema comercial, talvez tenha faltado um algo a mais para ir além para aqueles outros que forem conferir sem estar nessa mesma onda,
Quanto das atuações, a escolha de Othon Bastos como um conselheiro foi a melhor sacada possível da equipe, pois ele tem bem essa personalidade fechada, mas que sabe passar bons ensinamentos, e seu Vitor entrega muita sensibilidade na tela sem passar a mão na cabeça, criando um bom vínculo com seu parceiro cênico, e desenvolvendo bons atos para se refletir também como um grande amigo que escuta, e fala o que se deve falar. Do outro lado Emílio Orciollo Netto não tão denso quanto seu Arthur precisaria ser, ao ponto que sentimos a sua dor mental, mas não sofremos por ele, e esse talvez tenha sido um pouco a falha do longa, pois ele é a pessoa para qual o filme precisava chamar o público, e isso não ocorre, e não digo que a falha tenha sido do ator, mas sim do personagem precisar ir mais além para que emocionasse realmente e fizesse o público grudar nele. Quanto aos demais, diria que acabaram ficando meio que jogados demais na tela, com Cida Mendes sendo a descontração cômica da trama como a empregada Dora, e Dani Marques muito explosiva sem desenvolver a personagem Karina como ela precisava, de tal forma que não valem destacar muitos pontos ficando realmente como secundários mesmos.
Visualmente a trama se prende bastante no apartamento do protagonista, sendo bem decorado, e com saídas para um passeio pela serra goiana, mostrando uma vinícola, e tendo também algumas festas de aniversários bem comemoradas, além de um hospital, um restaurante e um laboratório, mas tudo usado meio como formas de venda de patrocínios do longa, não tendo muito um uso dramático para a trama, o que mostra que a equipe de arte trabalhou pouco.
Enfim, é um filme como disse bonito de se ver, com bons diálogos, poemas e filosofias, que alguns até acabarão se aprofundando mais se conseguirem se conectar com algo que ocorreu de forma semelhante, do contrário sairá da sessão apenas contente de ver uma trama bonita que não vai lhe agregar muito espiritualmente. Sendo assim, deixo a recomendação de conferida mais para os amigos que estiverem bem introspectivos na próxima semana, e fico por aqui agradecendo os amigos da Sinny Assessoria e da Califórnia Filmes pela cabine de imprensa, então abraços e até logo mais com outros textos.
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