sábado, 9 de novembro de 2024

A Fanfarra (En Fanfare) (The Marching Band)

Se tem algo que gosto no cinema francês é que mesmo ele repetindo o estilo consegue comover como se fosse algo totalmente novo, e que você indo conferir um longa classificado como comédia, quando menos se espera está lá lavando a sala do cinema. Claro que conheço uma tonelada de pessoas que não irá curtir o estilo do filme "A Fanfarra", mas como está em cartaz dentro de um Festival diria que as pessoas que irão conferir vão todas se emocionar com o ato final, que por incrível que pareça até estava esperando algo do tipo, mas que quando aconteceu, a emoção bateu. Outro ponto bem bacana do filme é que ele trabalha alguns temas pesados como adoção de irmãos em famílias de classes bem diferentes, transplantes, doenças, protestos e fábricas fechando com funcionários sendo mandados embora, enquanto desenvolve toda uma musicalidade, o ouvido puro de notas e música clássica, ou seja, dois pontos bem opostos que acabam fluindo naturalmente de uma maneira bem gostosa e sem pesar na mão.

O longa nos conta que Thibaut é um maestro de renome internacional que viaja pelo mundo. Ao descobrir que foi adotado, ele encontra um irmão, Jimmy, que trabalha em uma cantina escolar e toca trombone em uma fanfarra. À primeira vista, tudo os separa, exceto o amor pela música. Percebendo as capacidades musicais excepcionais de seu irmão, Thibaut decide reparar a injustiça do destino.

O diretor e roteirista Emmanuel Courcol ("A Noite do Triunfo") já mostrou que tem estilo com outro filme que já foi reproduzido em diversos outros idiomas, e não duvidaria de ver esse seu novo trabalho sendo reinventado em outras línguas, pois a essência passada é algo universal e cheio de personalidade funcional, de tal maneira que mesmo trabalhando temas pesados, a sutileza acaba envolvendo o público e tudo acaba transparecendo de uma forma fácil na tela. Ou seja, ele conseguiu pegar toda a densidade e sentimento que um bom maestro tem com sua orquestra e passar isso para algo sentimental como a vida de irmãos separados, mas com uma tendência musical precisa e marcante, que não amarra seu filme em momento algum, fluindo fácil os 103 minutos na tela.

Quanto das atuações, diria que Benjamin Lavernhe soube entregar muito estilo para que seu Thibaut Desormeaux fosse um maestro reconhecido, cheio de personalidade, mas também com uma disposição de viver os momentos que a trama pedia, sendo simples com o irmão, vivendo alguns bons dias e conhecendo mais da vida simples que o outro teve, e principalmente passando o olhar entre irmãos de reconhecimento, que é a coisa mais bonita de ver quando funciona numa trama, pois qualquer estilo diferente acaba sendo falso, e aqui em todas as cenas dele vemos essa atitude presente. Da mesma forma, Pierre Lottin trabalhou seu Jimmy Lecocq, com um pouco mais de atitude, já que não teve uma vida tão requintada, mas criando personalidade de estilo musical, sendo bem simbólico com os envolvimentos de carinho para com seus próximos, e também se jogando demais como um bom irmão faria, sem falar na devolução de olhares, que até de maneira mais explosiva consegue passar um bom carisma. Quanto aos demais, cada um da banda passou uma sintonia diferente para seus personagens, tendo praticamente todos um bom carisma, mas acaba valendo claro o destaque para Sarah Suco com sua Sabrina imponente e cheia de atitude, e claro para Anne Loiret com sua Claire bem dimensionada e direta quanto ao assunto da adoção.

Visualmente o longa teve dois lados, um bem luxuoso com Thibaut em grandiosos teatros, ensaios requintados com instrumentos bem alocados e um apartamento bem chamativo, enquanto do outro lado tivemos uma casa mais simples, porém com um quartinho da música recheado de discos, pôsteres, instrumentos e tudo mais, além de um amontoado para ensaios da banda em um prédio da prefeitura, e claro a fábrica abandonada com as máquinas indo embora e os trabalhadores à frente tentando manter, e claro um hospital aonde vemos um pouco de como é um transplante de medula. Um ponto bacana foi do longa ir para o interior da França em lugares que não aparecem tanto nos filmes, usar o trombone como instrumento principal que também é pouco utilizado em longas, e brincar com todo o simbolismo de uma banda, uma orquestra e uma fanfarra, dando uma visão maior para o ambiente musical. 

Enfim, é um filme bem simples, porém forte e gracioso na mesma proporção, com um fechamento bem marcante e emocional para toda a conexão dar a liga que precisava, ou seja, é daqueles filmes que alguns vão chorar muito, mas quem não se emocionar ao menos um pouco com o final não devem ter mais coração. Assim sendo recomendo com certeza o longa para todos conferirem dentro do Festival Varilux de Cinema Francês, pois olhem a honraria de estarmos vendo antes mesmo que os próprios franceses, pois tirando as exibições no Festival de Cannes, ele só estreia lá no final do mês de Novembro. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas de filmes, então abraços e até logo mais.


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