segunda-feira, 11 de novembro de 2024

A Favorita do Rei (Jeanne du Barry)

Filmes envolvendo a realeza são quase sempre muito semelhantes entre si, tendo todo um figurino rebuscado, as diversas regras e condutas frente aos monarcas, muitas amantes e condecorações que nunca entendemos bem como são concedidas, mas geralmente não nos cansam e acabam sendo interessantes de ver. Ou seja, o que torna mais chamativo o longa "A Favorita do Rei" é que ele sendo biográfico de uma das principais amantes do rei Luís XV acaba mostrando uma mulher que tinha casa própria do rei, tinha seu quarto, que se casou com seu cafetão para ter um título a mando do rei, mas que era extremamente rechaçada pelas filhas dele, ao ponto que fizeram a cabeça até de Maria Antonieta que seria a noiva do filho do rei para que nem falasse com a mulher, e assim a entrega na tela foi bem marcante, só tendo algumas falhas de idades, pois a protagonista muda de jovem para o rosto até o final quase que de imediato, e isso ficou um pouco estranho de ver, mas de resto é tudo luxuosíssimo e muito bem trabalhado na tela.

A sinopse nos conta que Jeanne Vaubernier, uma jovem de origem humilde, está determinada a sair da sua condição, usando seus encantos. Seu amante, o conde Du Barry, que se beneficia muito dos relacionamentos lucrativos de Jeanne, decide apresentá-la ao Rei. Com a ajuda do influente duque de Richelieu, ele organiza o encontro. Contra todas as expectativas, Luís XV e Jeanne se apaixonam intensamente. Com a companhia da cortesã, o Rei redescobre o prazer de viver, a tal ponto que não consegue mais ficar sem ela e decide torná-la sua favorita oficial. Isso causa um escândalo, pois ninguém quer uma garota “da rua” na Corte.

A diretora e roteirista Maïwenn é outra que sempre está com algum filme no Festival Varilux, e seu estilo é interessante por ser sempre bem direto, não ficar de muitos enfeites, e aqui no longa que foi o filme de abertura de Cannes ela permeou bons traços da vida da protagonista, e todos os escândalos que causou no palácio ao não seguir muitas regras da monarquia, só tendo um erro crucial que ao menos me incomoda demais que é o excesso de narrações, pois acaba fazendo com que o filme fique amarrado demais, e isso não traz muita desenvoltura. Porém tirando isso, a trama tem toda uma riqueza visual, figurinos de primeira linha, e atuações bem marcantes e divertidas de ver (os passinhos para trás de toda a corte é algo bizarro de ver!). Ou seja, a diretora trouxe o básico bem feito em longas do estilo, que talvez até pudesse ter ido mais além, mas para isso precisaria aumentar a duração do filme, então antes ficarmos com narrações, do que virar uma mini-série.

Quanto das atuações, a diretora tem esse "defeito" de sempre querer se colocar como a protagonista em seus filmes, e dessa forma como falei no começo, a passagem da juventude para digamos a meia idade da personagem principal acabou sendo um pulo grande demais (com Emma Kaboré Dufour fazendo a personagem criança e Marianne Basler como ela adolescente), mas ao menos vemos uma Maïwenn bem empossada e disposta para com sua Jeanne du Barry, de modo que convence pelos olhares e dinâmicas, o que é interessante de se ver. Não entendi muito o convite da diretora para que Johnny Depp fizesse Luís XV, pois não é um personagem com muito seu estilo, mas ao menos soube segurar bem os trejeitos estranhos que costuma fazer, e o resultado final acabou sendo bacana de ver. Quanto aos demais, vale um ótimo destaque para Benjamin Lavernhe com seu La Borde simpático, envolvente e que tratou a personagem principal com tudo o que ela merecia, também tivemos bons atos de Melvil Poupaud como o Conde de Du Barry, mas quem acaba sendo irritante pela entrega da personagem foi India Hair com sua Adélaïde, de modo que se destaque muito e isso foi quase um risco para o resultado do longa.

Visualmente a equipe soube trabalhar bem o palácio de Versalhes, mostrando vários atos com muitos personagens e figurinos pomposos, num luxo grandioso e chamativo do começo ao fim, mostrando muitas comidas, festas, e claro algumas orgias e situações estranhas pela qual as mulheres do rei tinham de passar para deitar com ele, ou seja, tudo foi muito simbólico e chamativo, mostrando que a diretora teve um orçamento até que bem recheado para mostrar o que desejava na tela, e assim funcionou bem o trabalho da equipe de arte que ainda teve atos de caça e tudo mais para representar.

Enfim, é um longa que funciona dentro da proposta, mas que dá uma leve cansadinha no miolo com o excesso narrativo que já falei até demais, mas que mostrou que a diretora pode ir bem além se lhe derem orçamentos, saindo de filmes mais simples e voando alto sem ter medo de errar, e isso é algo que poucos conseguem, então fica sendo uma boa indicação de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.


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