Mega Cena (Heureux Gagnants) (Lucky Winners)

11/07/2024 01:03:00 AM |

Desconheço quem nunca tenha jogado na loteria ou ao menos comprado uma raspadinha ou talvez uma rifa de um amigo para ajudar, mas claro torcendo para ter a sorte grande, e se aqui temos alguns prêmios milionários que já deixam muitos surtando, quando vemos as boladas que as loterias lá fora sorteiam é de cair o queixo e querer arriscar, aliás é algo bem engraçado que vemos nos filmes (afinal nunca viajei para fora para comprovar que é assim mesmo!) que o pessoal compra bilhetes dessas grandes loterias em bares, mercados e tudo mais, então é mais fácil do nada pegar e fazer uma fezinha. Dito isso, o longa escolhido para a abertura do Festival Varilux de Cinema Francês de 2024 foi "Mega Cena", e posso dizer que fazia tempo que um longa não me fazia rir e ao mesmo tempo surtar com as situações da trama, pois sei que existem pessoas azaradas, mas desconhecia quem fica milionário num dia e cai em umas maldições tão imponentes como foram as 4 histórias que o longa trabalha, de tal forma que estou até com medo de comprar um bilhete, que vai que ganho e acontece tudo o que rolou com os protagonistas do filme. De certa forma tudo é tão bem sacado que não vemos artificialidade, e por incrível que pareça, mesmo sendo quatro histórias isoladas, a fluidez é bem dinâmica, fácil e não fica jogado na tela, e claro que o humor francês é bem diferenciado, mas aqui brilha demais na tela.

Uma chance em 19 milhões. É mais provável ser atingido por um meteorito do que ganhar na loteria. Para os nossos sortudos ganhadores, o sonho rapidamente vira pesadelo, e suas vidas se despedaçam em um espetacular festival de humor ácido e fortes emoções.

Costumo dizer que acertar de cara em uma primeira direção também é algo com pouquíssimas chances, ainda mais com uma comédia, porém a dupla Romain Choay em seu primeiro trabalho e Maxime Govare que já veio em outro Varilux com uma comédia bem gostosa também, conseguiram esse feito, pois usaram o com muito cinismo e desarranjos típicos bem impossíveis algo que cada história tivesse uma peculiaridade ímpar para segurar o espectador e ver do que as pessoas são capazes para conseguir ficar muito ricas, e claro também os aproveitadores do momento, que unindo as duas facetas acabam explodindo tudo na tela, e fazendo rir do começo ao fim. Aí vem a famosa frase: "mas Coelho, é um filme que força o riso", e sim, é algo que costumo reclamar bastante também, mas a comédia do absurdo como costumo classificar muitas comédias francesas que se colocam para essa função, é dessa forma, e o acerto acontece sem que precise apelar na tela. Ou seja, é um filme com sacadas que você vai achar que o diretor surtou em criar aquilo, mas dentro de cada uma das quatro histórias (1ª - família que encontra um bilhete premiado antigo dentro do carro e precisa chegar no local para pegar o prêmio num tempo recorde por já estar no prazo final; 2ª - moça que ganha o prêmio e acaba arrumando um encontro com um galã no meio da rua, e a amiga fala para desconfiar de um golpe; 3ª - jovem homem bomba compra um bilhete para despistar a compra de chips e ao estar com o aparato pronto para explodir descobre que ficou rico; 4ª - o senhor de um asilo morre ao ganhar um prêmio e os cuidadores que ficam com o bilhete se veem entrar numa onda de azar gigante por pegarem o prêmio dele; e ao final voltam na primeira história para fechar ela melhor), o resultado acontece e faz valer o tempo de tela. 

Quanto das atuações, a trama nos coloca um elenco bem grande com vários personagens, tendo na primeira história os destaques de Fabrice Eboué com seu Paul surtado por completo, e a esposa interesseira Louise vivida pela sempre bem expressiva Audrey Lami. Na segunda história Pauline Clément fez uma Julie bem simples de traquejos, mas que entrega bastante no que faz, e Victor Meutelet com um Thomas bem galanteador e sedutor, com uma sacada incrível de reviravolta em seu personagem. Na terceira história o trio vivido por Sami Outalbali, Mathieu Lourdel e Illyès Salah trabalharam com uma conexão bem prática de situações que seus trejeitos se sustentam bem quando a situação aperta, e o fechamento é literalmente explosivo. E na quarta história, o grande destaque é Anouk Grinberg com sua Sandra inicialmente não querendo o prêmio e fazendo as situações mais irritantes com os amigos, mas depois que o dinheiro a muda, fica alguém tão rica e necessitada do dinheiro que faz coisas que qualquer um duvidaria e entrega demais na expressividade.

Visualmente por serem tramas curtas e bem fechadas, tivemos na primeira trama praticamente todas as cenas dentro do carro em uma corrida completamente insana pelas ruas de Marselha; no segundo filme tivemos um restaurante bem chique e uma mansão imponentíssima cheia de boas sacadas no final; na terceira história vemos um mercadinho pequeno, um apartamento simples, toda a preparação de um homem-bomba, e depois vamos para as cenas dentro do trem, numa estação e depois no banco, tudo bem representado; na quarta história vemos um asilo de idosos com seus médicos e cuidadores, o sorteio do grande prêmio na TV, e depois algumas festas seja de comemoração ou de velórios bem elaborados, cada um com seu detalhe; e voltando para a primeira história tivemos um presídio simples, mas bem representado pela cabine de conversa e a cela do protagonista, além de uma saída em grande estilo com muita comemoração.

Enfim, é o famoso filme de vários outros filmes, mas que se completa pelas situações em si, de tal forma que tudo funciona muito bem e acaba agradando, divertindo e surpreendendo em cada ato, fazendo com que o público ria, converse com os personagens, e claro, surte com todos os resultados finais. Ou seja, pode ir na sessão dele do Festival Varilux que vai valer demais o ingresso, então veja os horários na sua cidade e não perca. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas nos próximos 15 dias falarei de muitos filmes sejam do Festival ou das estreias dos cinemas também, então abraços e até logo mais.


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