quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Mega Cena (Heureux Gagnants) (Lucky Winners)

Desconheço quem nunca tenha jogado na loteria ou ao menos comprado uma raspadinha ou talvez uma rifa de um amigo para ajudar, mas claro torcendo para ter a sorte grande, e se aqui temos alguns prêmios milionários que já deixam muitos surtando, quando vemos as boladas que as loterias lá fora sorteiam é de cair o queixo e querer arriscar, aliás é algo bem engraçado que vemos nos filmes (afinal nunca viajei para fora para comprovar que é assim mesmo!) que o pessoal compra bilhetes dessas grandes loterias em bares, mercados e tudo mais, então é mais fácil do nada pegar e fazer uma fezinha. Dito isso, o longa escolhido para a abertura do Festival Varilux de Cinema Francês de 2024 foi "Mega Cena", e posso dizer que fazia tempo que um longa não me fazia rir e ao mesmo tempo surtar com as situações da trama, pois sei que existem pessoas azaradas, mas desconhecia quem fica milionário num dia e cai em umas maldições tão imponentes como foram as 4 histórias que o longa trabalha, de tal forma que estou até com medo de comprar um bilhete, que vai que ganho e acontece tudo o que rolou com os protagonistas do filme. De certa forma tudo é tão bem sacado que não vemos artificialidade, e por incrível que pareça, mesmo sendo quatro histórias isoladas, a fluidez é bem dinâmica, fácil e não fica jogado na tela, e claro que o humor francês é bem diferenciado, mas aqui brilha demais na tela.

Uma chance em 19 milhões. É mais provável ser atingido por um meteorito do que ganhar na loteria. Para os nossos sortudos ganhadores, o sonho rapidamente vira pesadelo, e suas vidas se despedaçam em um espetacular festival de humor ácido e fortes emoções.

Costumo dizer que acertar de cara em uma primeira direção também é algo com pouquíssimas chances, ainda mais com uma comédia, porém a dupla Romain Choay em seu primeiro trabalho e Maxime Govare que já veio em outro Varilux com uma comédia bem gostosa também, conseguiram esse feito, pois usaram o com muito cinismo e desarranjos típicos bem impossíveis algo que cada história tivesse uma peculiaridade ímpar para segurar o espectador e ver do que as pessoas são capazes para conseguir ficar muito ricas, e claro também os aproveitadores do momento, que unindo as duas facetas acabam explodindo tudo na tela, e fazendo rir do começo ao fim. Aí vem a famosa frase: "mas Coelho, é um filme que força o riso", e sim, é algo que costumo reclamar bastante também, mas a comédia do absurdo como costumo classificar muitas comédias francesas que se colocam para essa função, é dessa forma, e o acerto acontece sem que precise apelar na tela. Ou seja, é um filme com sacadas que você vai achar que o diretor surtou em criar aquilo, mas dentro de cada uma das quatro histórias (1ª - família que encontra um bilhete premiado antigo dentro do carro e precisa chegar no local para pegar o prêmio num tempo recorde por já estar no prazo final; 2ª - moça que ganha o prêmio e acaba arrumando um encontro com um galã no meio da rua, e a amiga fala para desconfiar de um golpe; 3ª - jovem homem bomba compra um bilhete para despistar a compra de chips e ao estar com o aparato pronto para explodir descobre que ficou rico; 4ª - o senhor de um asilo morre ao ganhar um prêmio e os cuidadores que ficam com o bilhete se veem entrar numa onda de azar gigante por pegarem o prêmio dele; e ao final voltam na primeira história para fechar ela melhor), o resultado acontece e faz valer o tempo de tela. 

Quanto das atuações, a trama nos coloca um elenco bem grande com vários personagens, tendo na primeira história os destaques de Fabrice Eboué com seu Paul surtado por completo, e a esposa interesseira Louise vivida pela sempre bem expressiva Audrey Lami. Na segunda história Pauline Clément fez uma Julie bem simples de traquejos, mas que entrega bastante no que faz, e Victor Meutelet com um Thomas bem galanteador e sedutor, com uma sacada incrível de reviravolta em seu personagem. Na terceira história o trio vivido por Sami Outalbali, Mathieu Lourdel e Illyès Salah trabalharam com uma conexão bem prática de situações que seus trejeitos se sustentam bem quando a situação aperta, e o fechamento é literalmente explosivo. E na quarta história, o grande destaque é Anouk Grinberg com sua Sandra inicialmente não querendo o prêmio e fazendo as situações mais irritantes com os amigos, mas depois que o dinheiro a muda, fica alguém tão rica e necessitada do dinheiro que faz coisas que qualquer um duvidaria e entrega demais na expressividade.

Visualmente por serem tramas curtas e bem fechadas, tivemos na primeira trama praticamente todas as cenas dentro do carro em uma corrida completamente insana pelas ruas de Marselha; no segundo filme tivemos um restaurante bem chique e uma mansão imponentíssima cheia de boas sacadas no final; na terceira história vemos um mercadinho pequeno, um apartamento simples, toda a preparação de um homem-bomba, e depois vamos para as cenas dentro do trem, numa estação e depois no banco, tudo bem representado; na quarta história vemos um asilo de idosos com seus médicos e cuidadores, o sorteio do grande prêmio na TV, e depois algumas festas seja de comemoração ou de velórios bem elaborados, cada um com seu detalhe; e voltando para a primeira história tivemos um presídio simples, mas bem representado pela cabine de conversa e a cela do protagonista, além de uma saída em grande estilo com muita comemoração.

Enfim, é o famoso filme de vários outros filmes, mas que se completa pelas situações em si, de tal forma que tudo funciona muito bem e acaba agradando, divertindo e surpreendendo em cada ato, fazendo com que o público ria, converse com os personagens, e claro, surte com todos os resultados finais. Ou seja, pode ir na sessão dele do Festival Varilux que vai valer demais o ingresso, então veja os horários na sua cidade e não perca. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas nos próximos 15 dias falarei de muitos filmes sejam do Festival ou das estreias dos cinemas também, então abraços e até logo mais.


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