Mia

11/05/2024 12:42:00 AM |

Esse ano acredito que o curador do Festival de Cinema Italiano no Brasil estava com alguns probleminhas, pois o nível de discussão que ele montou na programação é pro pessoal sair ao final da programação direto para a terapia, só não pode ser com o médico do filme de ontem, senão não vai dar certo! Brincadeiras à parte, hoje conferi mais um filmão da programação, "Mia", que na base já vimos pelo menos uns 10 filmes do mesmo jeitinho, da garotinha do papai que acaba se envolvendo com algum marmanjo galanteador, depois temos o famoso abuso, o abandono, e o caos se instaura, alguns indo para uns vértices mais abertos, outros indo para algo mais denso e forte, e aqui já lhes adianto que vai para o lado mais denso. Claro que sempre são tramas muito parecidas, mas que cada diretor brinca com a ideia de uma forma para que o público não se incomode de ver novamente toda essa prática, e claro que se discuta muito isso, afinal já era algo muito comum no passado com pessoas "teoricamente" mais fortes, imagina hoje que se uma mosca pousa no braço de um já é motivo para explosão. E dessa forma o longa tem uma boa pegada, não é cansativo, não é daqueles que você fica irritado com os personagens, só sabendo mesmo o rumo do final que é quase sempre o mesmo, mas que funciona sempre também.

A história de uma família simples e feliz é violentamente interrompida pela chegada de um rapaz manipulador, que transforma a vida de uma maravilhosa adolescente de quinze anos em um verdadeiro pesadelo. Quando a garota, com a ajuda do pai, consegue se afastar e recomeçar a viver, o rapaz decide destruí-la. Ao pai resta apenas uma coisa: a vingança.

O diretor e roteirista Ivano de Matteo é daqueles que gosta de trabalhar temas polêmicos, e aqui ele soube dar uma boa nuance para não apenas um tema que já é batido, mas sim juntar quatro ao mesmo tempo que é: a destruição familiar, relacionamentos tóxicos, suicídio e vingança, ou seja, ele quis botar tudo em um único filme e o melhor é que conseguiu, pois o longa funciona bem, e mesmo parecendo que já vimos outras várias vezes, e sabendo o rumo que o final vai tomar, ainda conseguiu prender a atenção nossa na tela e dar um bom viés. Claro que por termos visto muitas vezes esse estilo de trama, ficamos já mais apreensivos, esperando tudo acontecer, mas a formatação escolhida pelo diretor foi bem sintética e direta, então o resultado vem, e claro alguns gatilhos também para quem já teve algum desses problemas, então balanceie antes de conferir.

Quanto das atuações, Edoardo Leo foi completamente perfeito como um pai apreensivo, direto e bem colocado, fazendo com seu Sergio tudo o que a maioria dos pais faria em situações do estilo, trabalhando olhares e tensões marcantes do começo ao fim, dando um show de performance. Não por menos Milena Mancini emocionou com seus atos de uma mãe presente nos momentos mais difíceis, tendo suas cenas no hospital marcantes e incríveis de ver. A jovem Greta Gasbarri teve uma estreia com muita personalidade, fazendo com que sua Mia tivesse momentos tão diferentes e precisos na tela, que chega a ser até uma grande surpresa expressiva, pois segurou atos duros e também felizes com classe e presença, ou seja, tem futuro se seguir essa linha de trabalho cênico. Riccardo Mandolini também segurou bem os trejeitos para que seu Oscar fosse bem manipulador com a garota e abusado para com o pai dela, em situações que muitos teriam dificuldade de enfrentar um ator premiado como Edoardo Leo, e não se diminuiu fazendo tudo o que tinha para que odiássemos ele. 

Visualmente a trama foi bem densa, pois o apartamento dos protagonistas é pequeno, então temos atos sufocantes acompanhando os momentos dos pais no quarto, na sala e na cozinha (aonde temos o jantar do climão bem quebrado por uma piada boba), além do quarto da garota, tudo bem representado com fotos e vídeos dela quando pequenina que o pai faz questão de ver no celular a todo momento, tivemos alguns atos na escola, na quadra de vôlei que a jovem joga, em alguns barzinhos e claro na casa do rapaz aonde acontece o ato, ou seja, tudo bem representativo, porém simples para que não onerasse tanto o orçamento da produção.

Enfim, é um filme simples, com situações que já vimos muitas outras vezes, mas que funciona e tem uma dinâmica que não cansa, de forma que vale então a conferida dentro do Festival Italiano de Cinema no Brasil, de 07/11 a 08/12 online e gratuitamente pelo site deles, então não perca essa chance de ver ótimos filmes lá. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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