O Conde de Monte Cristo (Le Comte de Monte-Cristo) (El Conde de Montecristo)

11/10/2024 02:37:00 AM |

Todos que me acompanham sabem o tanto que reclamo de filmes com estilo novelesco, que contam uma história interminável, cheio de alegorias e detalhes que fazem o público quase que conhecer a vida de tudo e de todos ao redor, porém quando a novela é boa, aí a conversa muda, pois bem antigamente era daqueles que gostava de acompanhar algumas boas tramas das nove, só que tudo piorou e hoje não dá nem para ver as que passam na TV, quanto mais séries e filmes com ares de novela ruim. E claro que comecei dessa forma o texto da versão francesa de "O Conde De Monte Cristo" por termos aqui uma novelona completa de quase 3 horas, aonde tudo acontece não ficando nada sem mostrar, nem nada para ser mostrado futuramente, só que é algo muito bom de acompanhar, que não cansa em momento algum, e que cheio de desenvolturas imponentes e uma cenografia de época tão primorosa acabamos espantados com técnicas e tudo mais que nos é entregue, ao ponto de nem lembrar quase nada da versão americana de lá dos saudosos 2002, ou seja, é um filmaço que vale a conferida, que só não diria que foi mais perfeito por alguns exageros que davam facilmente para mudar na tela, como alguns atos desnecessários como máscaras tão perfeitas para a época e alguns diálogos meio que artificiais demais, mas que se relevar dá para seguir bem com tudo.

O filme acompanha Edmond Dantès, um jovem marinheiro que sofre uma trágica injustiça no dia de seu casamento: ele é preso devido a uma enorme conspiração contra ele organizada pelos seus supostos amigos. Se passam 14 anos desde esse fatídico dia, Edmond recebe a ajuda de um outro prisioneiro para fugir do sinistro Château d'If após o mesmo dizer a localização exata de um tesouro perdido. Edmond, então, consegue achar esse tesouro que o torna enriquecido, mas desiludido. Dantès reaparece na sociedade parisiense como o misterioso e magnífico Conde de Monte Cristo com um único objetivo: vingar-se daqueles que destruíram a sua vida.

Diria que os diretores e roteiristas Alexandre De La Patellière e Matthieu Delaporte que roteirizaram os últimos "Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan" e "Os Três Mosqueteiros: Milady" já mostraram que podem virar os novos reis da França ao refazer todos os filmes de época que continham histórias francesas, mas que foram feitos em outros países, pois andam conseguindo orçamentos multimilionários e bons atores para os papeis, sendo que a maioria já trabalharam com eles, então já sabem o ritmo. E aqui conseguiram locações incríveis, uma produção com apenas 50 milhões de euros, e botaram tudo para jogo em algo que garanto que faltou uma vírgula no roteiro para não inventarem de fazer dois filmes em cima da história de Alexandre Dumas, pois ao deixar com quase 3 horas de duração, puderam contar tudo na tela com boas dinâmicas, envolveram toda a  história do protagonista com muita técnica e direção, porém aceleraram um pouquinho nos atos da vingança, de modo que no contexto geral o resultado acabou agradando, porém ao cometerem alguns excessos de liberdade criativa, acabaram incomodando um pouco, mas na opinião desse que vos digita, dá para relevar e ignorar de forma fácil, pois a dinâmica em si tem pegada, e cria uma história completa com começo, meio e fim, que muitas vezes não nos é entregue, e assim vemos um bom fechamento na tela, mostrando que os diretores tem potencial para ir ainda mais além, então veremos .

Quanto das atuações, já estamos tão acostumados com Pierre Niney no Festival Varilux, que praticamente já sabemos os estilos de trejeitos que vai fazer com seus personagens, e aqui seu Edmond Dantès tem estilo, tem boas sacadas, dinâmicas com presença e ainda botou o corpo para jogo ficando mais magro do que já era para o papel, de tal forma que segurou o filme nas mãos como um bom protagonista deve fazer, e conseguiu chamar para si quase todos os atos, ou seja, não errou em momento algum no que precisava fazer e agradou bastante. Anaïs Demoustier trabalhou sua Mercédès Herrera com um carisma marcante, e transpareceu bem nos atos que o protagonista volta que já reconheceu ele, e isso foi bacana de ter segurado para a presença cênica ser marcante, mas como não era o alvo da vingança, acabou ficando em segundo plano na maior parte do filme. Já Bastien Bouillonm trabalhou bem seu Fernand de Morcef, sendo inicialmente um bom amigo, mas que muda de lado fácil demais, e na segunda parte da trama ficou meio que travado demais, para que a luta final tivesse uma imponência como entregou. Anamaria Vartolomei trouxe uma graciosidade bem colocada para sua Haydée, de forma que sua voz doce e serena encantaria qualquer um, como acabou acontecendo com o Albert de Vassili Schneider bem portado na tela também. Laurent Lafitte fez um Gérard de Villefort bem seco como todo bom procurador deve ser, mas se borrou nas calças quando o rapaz Julien de Saint Jean botou a voz para falar do que aconteceu com seu André. Ainda tivemos bons atos com Patrick Mille com seu Danglars cheio de jogadas de traição, bem mudado da fase um para a fase dois do longa, e Pierfrancesco Favino com seu Abade Faria também bem sutil nos atos da prisão.

Visualmente como já disse no começo a equipe contou com um orçamento gigantesco (o maior da França nesse ano!) e pode criar ambientes de época marcantes como prisões, festas, casarões, lutas de espada, e grandes navios, tudo bem ambientado com velas e tudo mais, caçadas com cavalos e cachorros, fora figurinos riquíssimos e bem elaborados, tendo apenas errado no conceito de máscaras que para a época não existiriam com tanta tecnologia para que não ficasse artificial, mas como disse, preferi relevar isso, pois senão acabaria não entrando na onda do longa, e tirando isso a equipe de arte trabalhou com o que tinha de mais luxuoso para que o filme ficasse imponente e marcante na telona.

Enfim, é literalmente um filmão, com uma história completa de traição e vingança, com uma pegada de aventura e visual de época, que funciona dentro do que se propõe, não cansa mesmo sendo longo, e que quem gosta do estilo e relevar alguns momentos acabará bem feliz com o resultado completo na tela, então fica a dica de recomendação para quem quiser ver no Festival Varilux (nas cidades que ainda tiver exibição dele, já que aqui em Ribeirão Preto foi apenas a sessão de hoje), mas por ser de uma distribuidora famosa, a Paris Filmes deve com certeza lançar ele comercialmente no dia 05/12. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com muitos outros filmes, então abraços e até breve.


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