O longa nos situa em Nova York, aonde a carreira e a vida pessoal de um psiquiatra começam a desmoronar após ele se recusar a testemunhar a favor de um ex-paciente violento e instável, responsável pela morte de várias pessoas. A identidade LGBT do jovem paciente, a fé judaica do médico, a fome de notícias da imprensa e o julgamento severo da lei, agravados por um erro de impressão no editorial de um jornal, desencadeiam uma reação em cadeia explosiva. A perseguição midiática e a pressão do sistema judiciário se somam ao dilema moral do psiquiatra, que se apoia no juramento de Hipócrates para se defender das acusações, pressões e traições de todos os lados em busca da verdade. Quem é, afinal, o verdadeiro monstro? O rapaz? O médico? A imprensa? A justiça? Quem pode realmente ser considerado inocente?
Não consigo imaginar aonde o diretor Luca Barbareschi queria chegar com o roteiro de David Mamet, pois ele conseguiu amarrar tanto seu filme que ficou parecendo estarmos numa sessão de psicanálise gigantesca aonde você pergunta algo para o terapeuta, e ele te devolve com a mesma pergunta invertida, e para dar a resposta da pergunta dele você voltava com a mesma pergunta apenas adicionando algo, e assim sucessivamente como se o roteiro infelizmente tivesse sido escrito por uma inteligência artificial e as atuações entregues também fosse feitas da mesma forma, o que no meio jurídico diríamos como alguém se defendendo acusando o outro para que ninguém tivesse culpa. Ou seja, é daqueles filmes extremamente monótonos que o olho chega a piscar diversas vezes, mas que dá para tirar algumas reflexões, então acaba não sendo uma bomba gigante, mesmo que o diretor tentasse isso dirigindo ou atuando, já que também é o protagonista.
E já que comecei a falar das atuações, o diretor Luca Barbareschi até deu um tom clássico de estilo para seu Carlo, trabalhando suas dinâmicas com muita personalidade, bem trabalhado no estilo de médicos psiquiatras, aonde você não sabe quem é o maluco, se o médico ou o paciente, e dessa forma ele também acabou alongando um pouco demais o resultado para poder se dirigir, de tal maneira que daria fácil para cortar uns 30 minutos no mínimo do longa, e o resultado seria ainda mais expressivo de sua direção e de sua atuação também. Catherine McCormack até deu algumas boas nuances com sua Kath, mas para uma mulher de um psiquiatra aparentou ter mais problemas psicológicos do que qualquer um dos seus pacientes, estando em constante conflito na discussão, fazendo trejeitos meio que duplos, até termos uma revelação mais sucinta no ato final, mas aí já era tarde para reflexões. Se no filme que vi de tarde elogiei por completo a advogada, falando que era o estilo que procuraria se um dia precisasse, o perfil entregue aqui por Adam James como advogado do protagonista eu certamente passaria longe, pois ele entregou traquejos que deixaram o cliente mais confuso do que já era, e dando algumas opções controversas pareceu mais um poste sem expressões do que alguém que estava ali para ajudar, ou seja, falhou no que precisava entregar. Ainda tivemos Adrian Lester como um promotor ou procurador da justiça trabalhando da mesma forma que os demais, com trejeitos fortes, mas jogando seus diálogos para o protagonista e recebendo de volta perguntas e acusações, de tal forma que leva nada a lugar algum, ou seja, poderia ter sido mais incisivo para chamar mais atenção.
Visualmente como já disse o longa poderia ser uma peça teatral sem precisar de ajuste algum no roteiro, mas ainda assim a equipe de arte conseguiu um apartamento clássico bem requintado, mostrando um padrão de vida chique da família, alguns diálogos numa praia, outros num hotel/escritório/bar do advogado também com um requinte bem marcante, e uma sala de depoimento que parecia a de reunião de uma grande empresa, além de um hospital para fechar tudo, tendo ainda uma multidão cheia de placas e muitas TVs aparecendo o conflitivo discurso de quem é a culpa do médico ou do assassino, ou seja, tudo bem colocado na tela para dar mais representatividade cênica, mas sem grandes necessidades.
Enfim, é daqueles filmes que você acaba comprando pela sinopse, mas que quando vai conferir não entrega o que promete, não sendo algo ruim de ver, mas que facilmente dava para cortar uns 30-40 minutos, e ainda fizeram uma grande arte, pois o longa foi filmado em inglês e depois dublado para italiano, ou seja, ficou estranho pela movimentação das bocas. Para quem curte tramas de discussão advocatícia misturada com medicina psiquiátrica pode até dar o play durante o período do Festival de Cinema Italiano no Brasil de 07/11 a 08/12 que irá gostar do que verá, já os demais é melhor dar play em qualquer outro. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...