A sinopse nos conta que na cinzenta cidade de Sarajevo, um jornalista francês exilado e uma jovem aspirante a artista dão seus primeiros passos em uma existência marginal. Eles deixam a cidade com os bolsos cheios de dinheiro de um assalto a banco e procuram no interior da Bósnia ou no mar da Croácia a chave para a independência e uma vida criativa, sem saber se terão sucesso, se perderão tudo, se ficarão juntos, se separarão...
Diria que a estreia da diretora e roteirista Emina Kujundžić foi interessante pela ideologia de trabalhar o abstrato de uma forma bem colocada na tela, porém precisaria desenvolver melhor sua trama para que ela tivesse conexões mais funcionais, que a metanarrativa se bem usada até causa sensações bacanas no público, mas para isso tem de fazer sentido a proposta, e não apenas algo bonito jogado. Claro que se focarmos só nos dois personagens principais, o longa até mostra uma perspectiva de um casal em fuga, tentando se encontrar, mas a fuga deles parece tão calma quanto alguém que sacou um dinheiro no banco e foi para o shopping tomar uma casquinha, e sabemos que não existe ninguém tão frio a esse ponto no meio dos roubos. Ou seja, talvez analisaria a história como sendo a diretora-personagem apenas imaginando e contando para o amigo/namorado como funciona sua ideia sem estar filmando, apenas citando ideias e ideais, e o rapaz imaginando tudo, mas pra imaginar bem toda essa estrutura diria que dava para ficar mais elucidativo e funcional.
Quanto das atuações, diria que Victor Bessière e Amina Dizdarevic até tiveram uma boa química nos seus atos, mas seus personagens são vagos assim como não possuem nomes, apenas uma paixão inicial avassaladora que vai se diluindo entre festas e encontros, que vai mudando as perspectivas e entregas, para que ao final entreguem como um amor vai perdendo o brilho, mas ainda assim tem de chegar ao fim, de modo que seus olhares mudam durante todo o longa, seus traquejos e assim apenas acabam entregando algo bem feito dentro do que o longa pedia, mas sem florescer algo chamativo para que o filme funcione melhor. Quanto aos demais personagens, todos foram bem jogados na tela, não tendo nem propostas de desenvolvimento, nem algo que chamasse atenção para eles, o que resulta em enigmáticas conexões de uma trama.
Visualmente a trama é bem bonita, tendo passagens por uma cidade toda esfumaçada, com um trânsito infernal, cenas numa montanha cheia de neve, cenas em um rio bem bonito, casas mais antigas, e muitas estradas por onde o casal passa, tendo algumas fronteiras cruzadas com personagens meio que aleatórios discutindo lei e analisando a beleza do carro dos protagonistas, em algo que até tem um bom floreio, mas que serve apenas para encher os olhos.
Enfim, é um longa simples aonde a diretora até teve muitas ideias, porém não soube como conectar bem elas, entregando algo solto demais para empolgar. Ou seja, recomendo ele apenas para aqueles que quiserem filosofar um pouco dentro do conceito, que talvez até cheguem em algum lugar mais além do que eu cheguei, mas do contrário muitos apenas verão algo mediano demais dentro de um conceito abstrato demais. E é isso meus amigos, fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria pela cabine de imprensa, e volto mais tarde após conferir mais um filme.
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