A sinopse nos conta que Hildegart foi concebida e educada pela sua mãe Aurora para ser a mulher do futuro, tornando-se uma das mentes mais brilhantes de Espanha na década de 1930 e uma das referências europeias sobre a sexualidade feminina. Aos 18 anos, Hildegart começa a vivenciar a liberdade e conhece Abel Velilla, que a ajuda a explorar um novo mundo emocional e a se distanciar do ninho de ferro materno. Aurora teme perder o controle sobre a filha e faz de tudo para evitar que Hildegart se afaste. As duas mulheres se enfrentarão durante uma noite de verão em 1933, pondo fim ao “Projeto Hildegart”.
Diria que a diretora Paula Ortiz foi muito segura na escolha do estilo de seu filme, pois facilmente dava para colocar a trama como um drama mais denso com uma pegada mais solta, porém ao escolher algo mais próximo de um suspense, o resultado ficou ainda mais marcante, pois mesmo sendo uma história real, o longa acabou indo para rumos quase tão ficcionais e intensos que você chega a se envolver mais com as personagens, torcendo para a jovem conseguir dar uma saidinha, e até meio com medo da mãe, de modo que talvez o ato clímax pudesse ter sido melhor desenvolvido, mas ainda assim mostrou ser uma diretora com presença e conhecimento do que desejava entregar, pois a escolha que fez poderia dar muito errado e sua trama acabar ficando absurda, mas com uma leveza pontuada nas nuances acabamos vendo tudo fluir bem e funcionar demais.
Quanto das atuações, sem dúvida alguma o estilo bem marcante e forte de Najwa Nimri com sua Aurora é algo para todas as atrizes de suspense fazerem aula, pois ela trabalhou como uma mulher rígida, determinada e tão cheia de impacto nos diálogos e trejeitos que chega a dar raiva, ou seja, cumpriu seu papel melhor do que o esperado. A jovem Alba Planas também segurou muito bem o estilo de sua Hildegart, criando traquejos e desenvolturas bem acima de sua idade na tela, mas não perdendo o tom juvenil, ao ponto que conseguiu amarrar sabiamente cada detalhe novo e apaixonado com ares gostosos de ver, mas também tensos por saber que a mãe poderia acabar com tudo, ou seja, foi bem no que precisava fazer e agradou. Ainda tivemos ótimos atos com Aixa Villagrán com sua Macarena despojada, cheia de envolvimentos com a garota, e passando bem a síntese da mulher da época que sofria abusos, mas tinha de se manter de pé, pois nada nem ninguém estaria ao seu dispor; e também o jovem Patrick Criado conseguiu mostrar um envolvimento e carisma bem gostoso de observar na relação com as protagonistas, ou seja, tivemos bons coadjuvantes para não deixar que o longa ficasse solto na tela nos demais atos fora do apartamento da família.
Visualmente a trama tem uma boa entrega na tela também, mostrando todo o processo de ensino, de treino, de leituras e datilografias da garotinha desde pequena até sua maioridade, vemos as mudanças de cabelo, o apartamento rico, porém simples, todas as pichações no hall do prédio com palavras e frases fortes contra as mulheres, e as várias reuniões do partido aonde participavam membros imponentes do partido socialista da Espanha, vemos os vários livros publicados pela jovem, um bar dançante, e claro no começo toda a revolução da proclamação da República e o fim da monarquia no país, sendo uma trama emblemática, cheia de símbolos e elementos bem trabalhados na tela, mostrando uns anos 30 bem pautado nas mudanças do país, e assim a equipe de arte foi precisa com a entrega minuciosa que fez.
Enfim, é um filme bem inteligente e diferente dos padrões, aonde a história convence e funciona na tela, não precisando ser algo para pesquisarmos depois, embora a curiosidade bata para ver se realmente muitas coisas ocorreram, e pasmem, aconteceram! Ou seja, é uma boa indicação do estilo, tanto como suspense dramático quanto de biografia, e assim fica sendo a dica para dar play nele na plataforma. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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