A história segue o pequeno George, um garoto de 9 anos, cujos dias pacíficos em Londres são interrompidos pelo caos do Blitz. Para proteger o filho, sua mãe Rita o envia para o campo inglês em busca de segurança. Determinado a retornar para Londres e reunir-se com sua mãe e seu avô Gerald, George embarca em uma perigosa jornada pelo interior da Inglaterra. Enquanto isso, Rita enfrenta o desespero e a angústia de buscar seu filho desaparecido entre os escombros da cidade bombardeada.
O diretor e roteirista Steve McQueen é daqueles que tem personalidade e sabe o que deseja entregar para seu público, porém aqui acredito que ele focou em tantas ideias que quando viu tudo filmado não soube bem os rumos que poderia seguir, afinal sua trama tem a pegada densa da questão racial, tem toda a dinâmica desesperada de uma mãe atrás de um filho, tem o contexto fabril armamentista, e claro ainda tem toda a guerra rolando com uma Londres sendo destruída, e com dinâmicas quebradas na primeira metade do longa ficamos olhando pra tela pensando aonde tudo isso vai nos levar (e o pior, ele ainda vai voltando em algumas situações anteriores a tudo o que está acontecendo, ficando ainda mais confuso de ver a necessidade daquilo tudo). Ou seja, acabamos não sentindo a presença da mão do diretor nem no roteiro, nem na direção propriamente dita para encabeçar o projeto e chamar atenção, mas como a produção é gigantesca, e toda a alegoria cênica compensa os erros do diretor, o resultado brilha na tela, e talvez consiga levar o longa para algumas indicações nas premiações.
Quanto das atuações, o jovem Elliott Heffernan se jogou literalmente na ideia de uma jornada de seu personagem George, pois o garoto saltou de um trem, correu para pegar outro trem em movimento, subiu no teto do trem, andou nos escombros de uma festa com mortos, precisou roubar uma joalheria com tudo caindo aos pedaços, sofreu com enchente no túnel do metrô, e ainda andou no meio da rua com bombas caindo e tacando fogo em tudo, isso tudo ainda tendo um olhar carismático e bem encaixado, ou seja, deu show com o que fez em sua estreia. Saoirse Ronan segurou até que bem demais a barra de sua Rita, tendo alguns atos bem colocados cantando mesmo melancólica com a partida do filho, foi dramática com a perca do marido, e ainda teve de sair a caça do filho quando soube que não tinha chego ao destino, trabalhando vários trejeitos bem direcionados, mas sem explodir como poderia, e como já fez em outros papeis. Ainda tivemos outros personagens marcantes, mas sem grandes chamarizes, valendo leves destaques para Benjamin Clémentine com seu Ife bem carismático com o garotinho, e Harris Dickinson tentando ser um policial bem afeiçoado à família, mas mais perdido que o diretor no meio do tiroteio, e claro as demais crianças do trem de volta que tiveram boas expressividades.
Agora se tem algo que vale tirar o chapéu é a direção de arte do longa, tendo cenas imponentes em trens cheio de detalhes tanto no exterior quanto no interior, paisagens bem amplas, bombardeios com devastações e muitos prédios destruídos, uma inundação no metrô violentíssima fazendo todo mundo boiar ao estilo "Titanic", escombros sendo revirados por ladrões, uma festa gigantesca aonde as pessoas morreram com os pulmões estourados e estão estáticas para serem roubadas, bailes, uma fábricas de armamentos imponente cheia de funcionários com uma transmissão ao vivo da rádio do país, ou seja, algo riquíssimo de peças para que quem visse o filme não tivesse o que reclamar nesse conceito.
Enfim, é um filme honesto de guerra, aonde poderiam ter ido muito mais além, mas que ficou tão bagunçado que muitos irão acabar de assistir e ficar sem entender muito o que viram, porém acompanhado da sempre boa trilha sonora de Hans Zimmer, e frisando novamente a ótima direção de arte, o resultado completo acaba sendo interessante de ver, valendo a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...