Netflix - Batalhão 6888 (The Six Triple Eight)

12/21/2024 01:47:00 PM |

Se tem algo que sempre vou apoiar é tramas históricas contando algo que sequer ouvimos falar alguma vez, mas que trazendo contexto consegue envolver, emocionar e passar na tela algo que certamente valeria ser falado nos livros de História, e hoje ao conferir o longa da Netflix, "Batalhão 6888", vemos como na época da Segunda Guerra Mundial, mulheres negras que se alistavam para o exército eram deixadas de lado até o dia que Roosevelt resolveu mandar elas para a Europa, mas não para combater efetivamente, mas para dar fim em milhões de cartas que não chegavam nem dos soldados para seus parentes, nem dos parentes para os soldados, apenas sendo empilhadas em hangares vazios que logo lotavam de sacos fechados, mas que mesmo com muito preconceito conseguiram ganhar o respeito depois quando o que fizeram passou a motivar os soldados no combate com notícias. Ou seja, vemos o racismo empregado tanto em serem mulheres, quanto mais a serem negras, em posições de liderança que sequer eram lembradas, mas que foram importantes a sua maneira para algo marcante e bem colocado no período. Claro que o filme tem todo esse cunho social imponente, que muitos vão falar que é apenas algo de rótulos, mas conseguiram ir mais além e emocionar com a pegada entregue.

O longa reconstrói a jornada de um grupo de mulheres negras que fizeram a diferença em meio ao cenário devastado e ao espírito exaurido de um país em conflito. Essa inspiradora história se passa no auge da Segunda Guerra Mundial, em 1943, quando as ofensivas de guerra se intensificam e as prioridades governamentais se voltam para as estratégias balísticas. É assim que, durante três anos, milhares e milhares de cartas se acumularam em balcões das forças armadas, esperando serem enviadas para os campos de batalha. Um batalhão inteiramente feminino, então, é convocado para resolver esse problema. O 6888º Batalhão do Diretório Postal Central, com suas mais de 800 oficiais, correm atrás de cumprir sua missão, levando esperança, conforto e lembranças para os soldados no front, apesar das descrenças e dos encorajamentos racistas e machistas da corporação.

O diretor e roteirista Tyler Perry tem um estilo próprio bem marcante de valorizar bem seus protagonistas, e aqui contando uma história praticamente desconhecida, usando como base alguns poucos registros, e claro relatos de algumas sobreviventes ainda do batalhão (a protagonista aparece ao final com seus 100 anos lendo uma carta), conseguiu desenvolver algo bem marcante e forte, principalmente nos atos finais, aonde vemos claro toda a sensação de racismo e machismo incorporado na época que até hoje ainda existe algo do estilo, mas que na época era escancarado, e que sabendo com que partes desenvolver na tela, afinal poderia usar como base a história de qualquer uma, mas optou por dois nomes principais, ele fez uma trama fluida, imponente e bem desenvolvida, aonde a história em si fala muito, mas que a personificação das protagonistas fala muito mais na tela.

Quanto das atuações, sem dúvida alguma o longa começou parecendo que seria de uma forma, mas quando Kerry Washington entrou em cena com sua Major Charrity Adams, o filme se transformou por completo com toda a postura e imposição que a jovem deu para sua personagem, sendo intensa de estilo e marcante com tudo o que sofre frente aos demais soldados homens de mesma patente ou inferior, e seus atos finais então são de arrepiar e aplaudir. Já Ebony Obsidian trabalhou sua Lena com uma pegada mais representativa, afinal é ela quem está viva até hoje e deu detalhes para a equipe de roteiro/direção, mas foi bem sensível e trabalhada nas emoções já que tinha tanto o namorado quanto o futuro marido na guerra, e sem ter recebido as cartas era seu sonho achar alguma direcionada a ela no meio da tonelada, ou seja, foi bem no que fez. Já Dean Norris fez com seu General Halt o auge do machismo e racismo com trejeitos fortes e intensos, e sabendo se portar bem como alguém do estilo para que o personagem ficasse real e o público o odiasse no mesmo estilo que as demais personagens. Gregg Sulkin apareceu pouco com seu Abram David, mas conseguiu passar um carisma e sendo diferente dos demais até conseguiu chamar atenção. Tivemos muitos outros bons personagens, mas só a rápida reunião de Sam Waterston, Susan Sarandon e Oprah Winfrey como o Presidente Roosevelt, sua esposa Eleanor e Mary McLeod Bethune decidindo as ordens para o batalhão foram marcantes e bem colocados na tela, mesmo que de forma bem rápida, porém direta.

Visualmente o longa foi bem representativo, embora tenham economizado com sangue e próteses, pois sabemos de muitos outros filmes de guerra, que as explosões e tiros que aconteceram não eram tão limpinhas como mostra na trama, mas tivemos atos no front simbólicos bem colocados, e também todo o processo de treinamento das garotas para servir no exército, além da montagem do alojamento aonde elas foram jogadas e conseguiram fazer algo mais "humano" para viverem e destrincharem as milhões de cartas e materiais, tivemos a representação também de uma cidade bombardeada com algumas bombas não detonadas, e um cemitério imenso separado por datas para que a família pudesse localizar o túmulo mesmo que representativo, ou seja, uma cenografia bem trabalhada com figurinos, carros e tudo mais da época.

Enfim, é um filme que entrega tudo o que promete na tela, que envolve e emociona, porém poderiam ter feito algo mais imponente para impactar ainda mais durante todo o longa e não apenas nos atos finais, pois ficou muito representativo sem pesar na densidade dramática, e isso pode fazer com que alguns não tão fãs do estilo não se conectem com o longa logo de cara, mas ainda assim vale com toda certeza o play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...