Mubi - A Besta (La Bête) (The Beast)

1/05/2025 09:21:00 PM |

Demorei um certo tempo para começar a escrever do filme "A Besta", que pode ser conferido dentro da plataforma MUBI, pois diria que fui enganado com muito sucesso pela sinopse interessante do longa, afinal parecia ser algo meio revolucionário, cheio de nuances e dinâmicas, misturando passado, presente e futuro, mas é algo tão lento e confuso que ao acabar a trama fiquei pensando realmente qual era a essência que deveria ter enxergado durante os 146 minutos de exibição. Claro tem toda uma certa crítica social em cima das inteligências artificiais, em cima das gravações falsas com os famosos fundos em chromakey, sobre a falta de sensibilidade nas interações das pessoas com esse modo mais seco, mas ao final fiquei pensando se era necessário algo tão alongado, tão cheio de diálogos sintéticos e tudo mais, para um filme morno e sem explosões ou explicações maiores, e a resposta que me vem é que provavelmente na mente do diretor tinha um algo a mais, só que ao desenvolver acabou se perdendo por completo resultando na coisa morna que vemos na tela.

O longa nos mostra que em um futuro próximo onde as emoções se tornaram uma ameaça, Gabrielle finalmente consegue "purificar" seu DNA em uma máquina que a conecta a vidas passadas, eliminando quaisquer sentimentos fortes. O ano é 2044 e a espécie humana foi substituída por inteligências artificiais que assumiram a maior parte das tarefas e empregos. Durante o processo de purificação, Gabrielle encontra Louis e sente uma conexão poderosa, como se o conhecesse desde sempre. Um melodrama que se desenrola em três períodos distintos, 1910, 2014 e 2044.

O diretor e roteirista Bertrand Bonello até trabalhou seu longa de um modo efetivo interessante de ver, conseguiu criar uma produção mista de época e "futurística" sem precisar ousar, mas como disse acima se perdeu por completo ao desenvolver a história, de modo que ao final você acaba ficando sem saber exatamente o que ele queria mostrar a mais com toda essa loucura. Claro que um ponto também negativo da produção é a lentidão de tudo na tela, pois a trama de quase duas horas e meia parece ser muito maior pelo ritmo quase sem cadência, ao ponto que ficou faltando dar uma densidade mais intensa e chamativa, apresentar mais quais foram os problemas que a garota viveu em 2025 no mundo (para pensarmos no que veremos nesse ano), e tudo mais. Ou seja, é daqueles filmes arrastados que falta mais explicação na tela do que realmente aconteceu, que talvez no roteiro até fique melhor de entender, mas que não sendo mostrado o resultado acaba ficando falso demais para conectar o público, e assim frouxo demais para empolgar.

Quanto das atuações, gosto muito do estilo de Léa Seydoux, e aqui sua Gabrielle foi cheia de estilo e desenvoltura tanto falando em inglês quanto em francês, sendo bem clássica em 1910 e tensa demais em 2044, ao ponto de parecer até duas mulheres completamente diferentes, o que acaba sendo interessante de ver, de tal forma que no que dependesse dela, o longa iria bem longe. Da mesma forma George MacKay trabalhou seu Louis com muita entrega, sendo meio até maníaco de estilo, mas que tendo uma boa personalidade acaba chamando muita atenção na tela, ao ponto que talvez pudessem ter dado para ele melhores diálogos, mas não incomodou com o que fez. Por incrível que pareça, o longa até tem mais personagens, mas ficaram tão em segundo plano que nem se dão ao trabalho de querer aparecer, e assim o resultado foca mesmo só nos dois protagonistas.

Visualmente a equipe de arte gastou bastante, pois trabalhar três épocas bem diferentes fez o orçamento ir lá para a estratosfera, de modo que vemos a classe das festas do passado, com roupas luxuosas e toda uma dinâmica imponente dos ambientes, exposições e tudo mais, no presente vemos o medo de terremotos, casas cheias de câmeras e festas das antigas, e no futuro tudo sendo gravado com paredes verdes de chromakey, banhos de gosma preta e situações bem irreais através claro de realidades virtuais, ou seja, a equipe de arte brincou bastante com tudo, mas ainda que seja uma praga, não consegui enxergar uma besta em um pombo, então ficou meio falso nesse sentido, mesmo tendo a história da morte quando aparece.

Enfim, é um filme que ficou mediano demais, que talvez alguns enxergue algo além nas suas reflexões, mas que não consegui captar isso, e dessa forma acabo nem recomendando muito ele para outras pessoas, pois o resultado é mais estranho do que inteligente, e isso peca na entrega final. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, afinal tem Globo de Ouro mais tarde na TV, então abraços e até logo mais.


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