Sol de Inverno (ぼくのお日さま) (Boku No Ohisama) (My Sunshine)

1/11/2025 01:46:00 AM |

O mais interessante dos longas japoneses é que mesmo o mais simples trará mensagens interessantes para reflexão junto de um desenvolvimento bem colocado seja explosivamente ou na maior tranquilidade possível. E um dos filmes que comoveram os frequentadores do Festival de Cannes foi justamente "Sol de Inverno" que traz de um modo simples e bonito todo o envolvimento de um garotinho gago que se apaixona pela patinação, uma jovem patinadora em ascensão, e um antigo atleta do esporte que hoje é treinador em uma pequena ilha japonesa, mas como bem sabemos quanto menor o lugar, menor a mentalidade da população, e assim o filme que também trabalha um pouco como muitos são nesse esporte, o preconceito acaba atrapalhando tudo o que estava lindo até descobrirem um algo a mais. Ou seja, é daqueles filmes simples, que aparentemente você não dá nada para ele, mas que acaba ficando tão bonito de ver pela essência em si que agrada bastante, só diria que gostaria de um final mais impactante ou marcante melhor do que apenas a forma simples também colocada na tela, pois valeria um algo a mais.

A sinopse nos conta que numa pacata ilha japonesa, a vida gira em torno da mudança das estações. O inverno é época de hóquei no gelo na escola, mas o jovem e introspectivo Takuya não está muito entusiasmado com isso. Seu verdadeiro interesse está em Sakura, estrela em ascensão da patinação artística. O técnico da jovem, o ex-campeão no esporte Arakawa, vê potencial no garoto e o convida para formar uma dupla com ela para uma próxima competição. À medida que o inverno persiste, os sentimentos aumentam e as duas crianças formam um vínculo profundo e harmonioso. Mas mesmo a primeira neve eventualmente derrete.

O diretor e roteirista Hiroshi Okuyama usou até que bem a canção da dupla folk Humbert Humbert para desenvolver sua trama, de modo que ao final quando toca ela e a legenda mostra a letra da canção vamos relembrando cada momento desenvolvido na tela e a essência que ele desejava passar, de tal forma que o longa entrega sentimentos e envolvimentos de uma maneira sutil e bem encaixada, cheio de nuances bem trabalhadas, aonde vemos claro a beleza do esporte, mas também vemos o quanto muitos enxergam as pessoas de formas bem diferentes, e que claro cheio de pré-conceitos acabam com a alegria de outros. Ou seja, não é um filme com uma pegada difícil de compreender, nem daqueles que você vai se apaixonar por tudo, pois o começo é lento e o final é fraco em cima de tudo o que foi mostrado, mas o miolo é daqueles que você acaba se apaixonando por tudo como o diretor fez.

Quanto das atuações diria que o garotinho Keitatsu Koshiyama soube trazer um brilho no olhar para seu Takuya que num primeiro momento parecia apenas um apaixonado por tudo ao seu redor, mas depois vemos que é da essência do ator, e ele acaba até brincando com isso em cena, o que acaba resultando em um charme divertido de ver. Sôsuke Ikematsu trabalhou seu Arakawa com uma personalidade bem densa e fechada, ao ponto que começou bem sério, com um treinamento mais seco, mas ao se apaixonar pela garra do garotinho, e até se ver nele, vemos sua alegria voltar e até mesmo seu namorado sentir que ele está voltando a ser alguém maior, sendo bonito de ver suas facetas e treinamentos na tela. Já Kiara Takanashi fez de sua Sakura uma jovem ambiciosa, mas fechada demais e com um ciúme exagerado, ao ponto que é notável isso em todos os seus atos, tendo um ou outro ato mais solto na tela, e a atriz soube dosar muito bem isso no estilo da personagem.

Visualmente o longa é lindíssimo, tendo neve para todo lado, os jovens brincando ao seu modo, e claro mostrando bem os dois ringues tanto de patinação quanto de hockey, bem como no calor o ambiente perfeito para o beisebol, ou seja, é um filme com uma pegada esportiva aonde vemos técnicas e movimentos bem colocados na tela, um lago congelado bem bonito e as casas dos personagens de duas linhas bem diferentes, uma mais abastada e preconceituosa e a outra mais pobre e envolvente, que o diretor soube brincar nos ambientes, além do material antigo do treinador quando era atleta, com fotos e tudo mais.

Enfim, é um filme bem gostoso e bonito de ver, que talvez com um fechamento mais amplo do que apenas simbólico agradaria mais, mas ainda assim é bem trabalhado e envolvente de conferir. Então fica a dica para conferir ele nos cinemas a partir do dia 16/01, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Michiko Filmes, então abraços e até logo mais.


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