O longa reconstitui os últimos meses antes de Patrice Lumumba, primeiro presidente eleito democraticamente do Congo, ser assassinado em 1961. Em protesto, os músicos Abbey Lincoln e Max Roach invadem o Conselho de Segurança da ONU. Ao mesmo tempo, Louis Armstrong é enviado para o país como uma cortina de fumaça dos planos norte-americanos de depor Patrice. É a partir desse episódio, um bom representante das conexões entre imperialismo, capitalismo e jazz, que o diretor Johan Grimonprez traz o panorama das artimanhas políticas que incendiaram o contexto internacional da época. Marcado pela Guerra Fria, pelo movimento de independência pan-africanista, pelas mudanças no quadro de poder das Nações Unidas e pelas lutas por direitos civis nos EUA, o século XX e suas revoluções são o mote para um documentário ávido em entender os dilemas de uma história em disputa.
Diria que o trabalho do diretor, roteirista e editor Johan Grimonprez foi impecável, tanto que não bastando a indicação de seu trabalho ao Oscar, tem ganhado e sido indicado à várias outras premiações, inclusive no Critics voltado para documentários estará presente em 4 categorias, e se com 150 minutos ele conseguiu compor algo tão imponente, fiquei imaginando a quantidade de material que ele tinha em suas mãos, aonde foi buscar tudo e como isso veio em sua mente, pois não é um tema muito falado, e num momento tão bagunçado no mundo atual vir falar de golpe de estado, lembrar de uma época caótica no Congo, e ainda usando o jazz como pano de fundo, foi sem dúvida algo brilhante de se fazer. Claro o trabalho dele é notável demais na tela, porém friso que não é algo fácil de digerir, afinal ele nos entrega nessa duração muita informação, sendo daqueles filmes que você chega até se perder em detalhes, e o ritmo não é daqueles que te prendem, mas sim daqueles que faz viajar nas canções, e assim o resultado funciona, mas se a pessoa realmente se interessar pelo tema, senão a chance de sair de órbita com o jazz gostoso de fundo é bem alta.
Como é um documentário usando materiais de arquivos nem tenho como falar de atuações, entonações e do ambiente em si, mas sim apenas pontuar mesmo o quanto ele conseguiu criar uma narrativa precisa com momentos de shows, gravações das revoltas no país, da invasão e das reuniões da ONU e muitos depoimentos que cada um foi dando de acordo com a intensidade nos diversos momentos que foram ocorrendo, tudo isso claro com canções icônicas da época do jazz, e muitas que foram feitas em cima de tudo que rolou, num trabalho de encontros certeiros e bem colocados dentro da edição precisa e direta.
Enfim, ainda preciso ver os outros candidatos ao Oscar de Melhor Documentário, mas certamente no atual momento, esse é um grande candidato não só pelo trabalho de montagem, mas por tudo que vem ocorrendo mundo afora, então acredito que os votantes vão levar muito isso em consideração. Então fica a dica para conferir ele nos cinemas do país a partir do dia 30/01, e eu fico por aqui hoje agradecendo os amigos da Sinny Assessoria e da Pandora Filmes pela cabine de imprensa, então abraços e até amanhã com mais textos.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...