A sinopse é bem simples ao nos situar em 1975, na França, quando ocorre o julgamento de Pierre Goldman, judeu e ativista da extrema esquerda, acusado de cometer uma série de assaltos e ser o responsável pelo assassinato de duas mulheres.
Diria que o estilo do diretor e roteirista Cédric Kahn é meio fora da caixinha, afinal já vi outros filmes dele e sei que gosta de polemizar com pontuações mais diretas na tela, porém aqui faltou para ele um pouco mais de atitude e desenvoltura, pois ele segurou tudo para no texto inicial e final, e deixou que o julgamento fosse auto-explicativo, o que para quem não for da área acabará ficando meio que jogado demais. Ou seja, o estilo do julgamento ficou bem intenso, e acredito que lá pros anos 70 não foi tudo tão explosivo como mostrado na tela, mas como ficção o resultado funcionou e ficou interessante pela perspectiva entregue pelo diretor, ao colocar o réu quase como um quarto advogado, e isso chama bem a atenção.
Quanto das atuações, Arieh Worthalter soube trabalhar seu Pierre Goldman com muita expressividade, não ficando quieto quase que em nenhum momento no banco dos réus, entregando atos explosivos e bem marcantes, ao ponto de conseguir ter uma opinião forte e chamativa, ou seja, se entregou por completo. O juiz vivido por Stéphan Guérrin-Tillié até teve bons traquejos na tela, mas se deixou levar demais pelo réu, ao ponto que ficou submisso no meio de toda a confusão, sem conseguir manter a ordem, algo bem incomum de ver em um tribunal real, então faltou expressividade para o ator chamar mais para si. Os advogados de defesa também ficaram bem em segundo plano, tendo claro alguns atos bem chamativos, com a famosa teatralidade comum de se ver em tribunais, aonde Arthur Harari até conseguiu botar uma certa presença para intimidar as testemunhas, mas talvez pudesse ter ido mais além na tela. Do outro lado, o promotor de acusação que Nicolas Briançon fez foi bem cheio de artimanhas e sacadas, sendo mais sucinto nos ataques, mas foi presente de olhares e gestuais que marcassem seus momentos.
Visualmente o longa é mais básico que uma peça teatral, sendo um tribunal bem tradicional, com a famosa mesa na frente aonde fica os juízes, o júri tudo junto, e de cada lado acusação e defesa, essa tendo atrás um pequeno recinto para o réu, e na frente o público que vai assistir e o púlpito para as testemunhas, tendo no começo muitos fotógrafos por ser um caso bem chamativo, e nada mais, além de figurinos claro clássicos dos anos 70, ou seja, o básico do básico que se gastaram muito vão ter de provar o orçamento.
Enfim, é um filme que parecia ser bem melhor, aonde talvez o texto pudesse ir mais além, as atuações trabalhassem algo mais realista, e como disse uma reconstrução do crime na tela conseguiria dar uma visão mais ampla para o público, mas não era essa a intenção, então ficamos apenas com esse básico para quem curte longas de julgamento como recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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