Fé Para o Impossível

2/25/2025 12:44:00 AM |

Já falei várias vezes que o gênero religioso se quiser dominar as telas de um país basta não forçar a barra para o seu lado, mas sim usar e abusar de fé, pois em qualquer uma das religiões do mundo a fé fala mais alto sempre, e se bem trabalhada funciona na tela como a melhor dinâmica emotiva de um drama gigantesco. E com toda sinceridade não lembrava nada do ocorrido em 2012 quando uma pastora foi agredida a pancadas por um morador de rua, e todas as dinâmicas que foram noticiadas por diversos jornais do país, de forma que mesmo sabendo que o longa "Fé Para o Impossível" é totalmente baseado nos acontecimentos, assisti ele como uma boa ficção, pois mesmo sendo comovente e envolvente, tem muitas coisas inaceitáveis na tela, como por exemplo em um CTI entrar a família inteira, uma enfermeira resolver cantar um hino no meio da família, e claro o excesso de otimismo do personagem principal, que chega a forçar os filhos para não chorarem, ou seja, dava para colocar toda a emoção sem precisar de tanto apelo, porém é o estilo, então posso dizer que ao menos foi sincero com a entrega na tela, embora não tão verossímil.

O longa retrata um fato na vida de Renee Murdoch, uma pastora norte-americana, que vive no Rio de Janeiro e foi brutalmente atacada por um morador de rua que a atingiu com um pedaço de madeira na cabeça em uma corrida em setembro de 2012, no bairro da Barra da Tijuca. Internada em estado gravíssimo e com baixas perspectivas de cura sob o diagnóstico de traumatismo craniano, Renee contou com a ajuda de seu marido, Philip, e com o apoio de sua família que compartilharam a luta da pastora com o mundo a fim de reunir o máximo de pessoas para uma poderosa corrente de oração pela sua recuperação, tal ato que foi concedido pelo divino.

Diria que o diretor Ernani Nunes até trabalhou bem a essência da trama, afinal usando como base o roteiro feito em cima do livro dos verdadeiros Philip e Renee Murdoch não poderia inventar muita coisa para a tela, e que claro seguindo bem a dinâmica milagrosa dos pastores ele não iria querer dar outro vértice para a trama. E a grande sacada do diretor foi fechar as portas para que seu longa tivesse personagens e histórias secundárias, de modo que os avós foram quase que cortados por inteiro da trama, os demais membros do hospital e da igreja também, ficando bem focado somente na família, pois lembro que no trailer tinha alguns atos até a mais que acabaram não indo para o corte final, e isso ficou ótimo, pois as crianças seguraram a barra demais, e o protagonista também teve muito para passar, e claro a médica neurologista que usou tudo dentro do conceito. Ou seja, é aquele filme redondo para funcionar, aonde algumas coisas incomodarão mais quem for olhando técnica (como é o meu caso), mas que quem for disposto a se emocionar vai cair uns cisquinhos no olho.

Quanto das atuações posso afirmar que Dan Stulbach incorporou o otimismo máximo de Philip Murdoch, pois tirando o sotaque na voz, o ator trabalhou muitos trejeitos que vemos nos vídeos reais do pastor, e soube ser comovente no tom passado das conversas com os filhos, que por vezes queremos bater nele, mas que soube se entregar e chamar muito para si. Os dois filhos mais velhos vividos por Júlia Gomes e Theo Medon deram muito o tom que a maioria dos jovens sentem quando confrontados com o estilo de dinâmica que o longa trabalhou, vindo ódio, descrença, medo, mas também tristeza e emoção, passando bem todos os sentidos na tela, e agradando com estilo. Agora quem pesquisou bem para entregar uma boa médica foi Juliana Alves, que fez cenas bem imponentes, soube mostrar técnica e trejeitos, e assim acabou chamando muita atenção com o que fez, sendo marcante. Vanessa Giácomo ficou a maior parte do tempo deitada, mas a equipe de maquiagem fez boas marcas nela, e a atriz teve também alguns atos explosivos bem chamativos, porém poderia ter entregue uma corrida melhor, pois em quase 1 minuto de tela nem chegou a ficar longe dos rapazes com a prancha atrás, e assim ficou algo bem falso de ver.

Visualmente o longa teve a maioria das cenas dentro de um hospital, mas como falei no começo abusaram um pouco nas cenas da CTI aonde sabemos bem que mais ou menos liberam para um parente, quanto mais para entrar a família inteira, logo depois de uma cirurgia e uma transferência, fora outros detalhes inconsistentes, na praia a mulher correu como se tivesse em uma esteira, e a igreja até ficou bem representada na tela, sendo simples e direta, tendo também a casa dos protagonistas bem decorada e representativa ao ponto de funcionar. 

Enfim, é um longa que tem algumas falhas grandes, mas que também tem muita emoção e envolvimento na tela, funcionando principalmente para o público alvo religioso, mas que quem curte o estilo drama sentimental vai acabar curtindo tudo também, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...