O longa se passa em 1947, quando o arquiteto visionário húngaro László Toth e sua esposa Erzsébet fogem da Europa devastada pela guerra em busca de um novo começo na América. Em sua jornada para reconstruir seu legado e testemunhar o surgimento da América moderna, eles se deparam com uma oportunidade que pode mudar suas vidas para sempre. O industrial rico e carismático Harrison Van Buren oferece a László um sonho americano em bandeja de prata: a chance de projetar um grandioso monumento modernista que moldará a paisagem do país que agora chamam de lar. Este projeto ambicioso representa o auge da carreira de László, prometendo levar ele e Erzsébet a novas alturas de sucesso e reconhecimento. No entanto, o caminho para a realização de seus sonhos é repleto de desafios e reveses inesperados, que os levarão a enfrentar tanto triunfos quanto tragédias ao longo de quase três décadas.
Grandioso e corajoso, certamente esses serão os adjetivos que Brady Corbet irá ouvir durante um bom tempo sobre o que ele e Mona Fastvold escreveram para que ele dirigisse, pois o que vemos na tela é algo imponente que muitos jamais tentariam se arriscar, afinal qualquer outro diretor colocaria o filme como uma mini-série de uns 5 capítulos, venderia para uma grande emissora e sairia rindo, mas ao ousar em transformar em um longa de mais de 3 horas para um drama, algo que casualmente só longas de ação e fantasia conseguem funcionar nos cinemas, foi de uma loucura sem tamanhos para um diretor novíssimo (apenas 37 anos!). Ou seja, você sente a mão do diretor, você reflete sobre a ideia no tempo em que se passa, e mais do que isso, enxerga o mundo atual ali na tela, de forma que volto a frisar, dava para cortar muita coisa da tela, o que resultaria talvez nuns 30 minutos a menos ou mais se o cara resolver restringir muita coisa, mas não impactaria da mesma forma, e esse que é o brilho do momento. Então muitos irão ver o filme pela loucura em si, outros fugirão de ver, mas inegavelmente já iremos esperar mais coisas vindo dele, e aí sim ele mostrará a ousadia ou não.
Quanto das atuações, Adrien Brody com menos da metade da primeira parte já dá seu nome ao personagem László Toth, entregando uma atuação tão cheia de expressões, tão cheia de facetas e dinâmicas marcantes, que já pode facilmente aumentar as prateleiras de sua casa para tantos prêmios, pois ganhou vários com "O Pianista", já está levando vários outros com o que fez aqui e já deve ter até preparado o discurso do Oscar, pois inegavelmente é dele com toda a personalidade que conseguiu construir durante todo o filme, não sendo aquele que ganha algum prêmio por determinado momento, mas sim pelo todo que é incrível. Outro que deu um tremendo show na tela é Guy Pearce com seu Harrison Van Buren, ao ponto do personagem ser daqueles antagonistas que chegamos a ter raiva com o que faz num primeiro momento, depois a raiva vira um ranço, e depois do que ocorre na Itália você só pensa em como o protagonista poderia matar ele lentamente, ou seja, conseguiu um trabalho tão cheio de traquejos e intensidades que acaba sendo marcante com o que faz, e ainda vai além. O papel de Felicity Jones só surge realmente na segunda parte, mas sua Erzsébet tem atos bem diretos e impactantes, e seu fechamento é primoroso, ao ponto que a atriz nas mãos de muitos diretores acabaria praticamente cortada a meia dúzia de cenas no máximo, mas aqui teve tudo e mais um pouco para se destacar e conseguiu. Ainda tivemos muitos outros bons atores e personagens na tela, mas a base ficou com o trio e foi muito bem, valendo um leve destaque para Joe Alwyn com seu Harry, mas mais pelo personagem em si do que pela atuação.
Não consigo imaginar o visual do longa sendo construído 100% real, mas pareceu muito ser tudo real ao invés de maquetes e jogos de câmeras, mas independente disso a equipe de arte conseguiu criar a época na tela com figurinos, elementos cênicos e impregnar na tela cada momento com símbolos em perfeitos detalhes, de modo que o orçamento certamente estourou mais do que a construção do longa, e vale observar cada mínimo elo na tela, pois impacta, mostra bem o mundo complexo da arquitetura, e ainda joga com o espectador, pois dava para ser mais minimalista, e não quiseram. E quanto da fotografia belíssima, temos tons mais fechados e densos para simbolizar bem o olhar da riqueza e dos demais para com os imigrantes, vemos nuances de luzes representativas de tempo e de sintonia, e cada ângulo por mais maluco que pareça faz sentido na tela, que como disse no começo vale ser visto na maior tela possível.
Outro ponto gigantesco e incrível é a trilha sonora de Daniel Blumberg, que também é novíssimo no meio, mas conseguiu compor algo com uma presença tão grandiosa que segura o público na tensão máxima que o longa pede, e que colocando sons dinâmicos no meio de tudo impacta e marca com sua assinatura. Não sei se o que toca no intervalo também foi feito por ele, mas ficou com uma presença tão bem encaixada que pareceu ter sido feito para o momento.
Enfim, é um longa que está levando muitas premiações e está indicado a 10 categorias no Oscar (Filme, Direção, Roteiro Original, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Trilha Sonora, Fotografia, Edição e Design de Produção), e que como frisei em alguns pontos daria para tirar um pouco da nota dele, mas como iniciei o texto tudo o que estava preparado para reclamar me encantou, e assim sendo vou dar a nota máxima para o filme, recomendando que quem goste de um bom drama veja, do contrário pode ser que não se apaixone tanto, mas ainda assim vale a conferida para ver um bom filme na telona. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas amanhã volto com muitos outros textos, então abraços e até logo mais.
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