Sing Sing

2/15/2025 01:16:00 AM |

Muitas vezes alguns longas trazem ares marcantes dentro de uma proposta, e se o diretor souber desenvolver os personagens para que saiam do básico e emocionem, o resultado costuma fluir tão bem que algo singelo se transforma em algo brilhante. E a base do longa "Sing Sing" brinca com essa história real de um preso que injustamente encarcerado entra para o programa de reabilitação pelas artes da cadeia enquanto tenta provar sua inocência nos tribunais, dando voz e noção para outros presos conseguirem também esses benefícios lá dentro, e o que marca o longa é que o diretor não quis colocar diversos atores conhecidos na tela, tendo apenas três atores famosos, e todo o restante como os verdadeiros presos que passaram pelo sistema teatral da cadeia e alguns que ainda até estão por lá, tendo muito mais presença e envolvimento, e mais do que isso, remunerando todos por igual, ou seja, reabilitando realmente pessoas que já cumpriram suas sentenças. Claro que a base principal por cair nas mãos de um grande ator deu uma fluidez bem imponente para a trama, mas o resultado sensível foi tão bem arquitetado que acabamos nos envolvendo com tudo na tela, e a síntese acaba funcionando do começo ao fim.

No longa acompanhamos Divine G, um homem preso injustamente que encontra um novo propósito ao se unir a um grupo de teatro na prisão. Ao lado de outros detentos, ele embarca em um projeto artístico que vai além das grades, descobrindo na arte uma poderosa ferramenta de transformação e resiliência. A chegada de um novo integrante, cauteloso e desconfiado, desafia o grupo a superar suas próprias barreiras emocionais e a explorar a comédia como meio de expressão. Juntos, os homens decidem encenar sua primeira peça cômica, e o processo criativo se torna um caminho para reconciliação consigo mesmos e com suas histórias.

O diretor e roteirista Greg Kwedar descobriu o programa de atores da prisão por mero acaso ao ajudar um amigo em um curta-metragem dentro de um centro prisional e ficando bem interessado soube escolher bem as dinâmicas e conversas com os atores do projeto para o que poderia ampliar a ideia, e sabiamente conseguiu moldar tudo para que o filme tivesse um conteúdo extra tela, usando claro os testes dos atores para a peça e por consequência para o filme, e fazendo com que a história do rapaz fosse aquele algo diferenciado, afinal estar preso inocentemente por anos é algo que pesa na cabeça de uma pessoa, e o diretor soube brincar com o longa de um modo bem sutil, pois dava para até ter ousado mais, criado maiores conflitos, mas ao optar pela leveza conseguiu ser simbólico e emocional na medida certa, o que acabou chamando muita atenção mundial.

Quanto das atuações, gosto muito do estilo de Colman Domingo atuar, mas aqui ele brilhou incorporando Divine G, aonde trabalhou leveza e sinceridade no olhar, na forma de conduzir a voz e até mesmo se expressando como um ator dentro de sua atuação, fora tudo o que pode ensinar para os jovens atores não profissionais com quem trabalhou em cena, dando conselhos que não ficaram apenas nos bastidores, mas em cena com a profundidade, com personificação, ao ponto de que mostrou muito mais do que apenas um simples papel, acertando em cheio em uma de suas melhores interpretações, tanto que vem sendo indicado aos montes em várias premiações, e ganhando algumas também. Quanto aos demais, diria que todos se entregaram bem aos seus papeis reais e desenvolveram na tela quase que a preparação para a real peça, mas se conectando com o protagonista e também com Paul Raci que faz o diretor da programa Brent, mas evidentemente o destaque fica para Clarence Maclin com seu Divine Eye e Sean San Jose com seu Mike Mike trabalhando dinâmicas e se envolvendo bem mais com o personagem principal, que aliás, o verdadeiro Divine G aparece pedindo autógrafo para o protagonista na tela, ou seja, tudo foi muito bem conectado na tela.

Visualmente o longa também é bem simples, se passando na maior parte numa grande sala de ensaios, tendo também o palco e alguns atos no refeitório da prisão e nas minúsculas celas individuais, além de alguns atos no pátio, mas tudo de maneira bem subjetiva para não precisar complicar a trama, deixando que o texto em si falasse bem sozinho, ou seja, vemos claro todas as devidas alegorias, mas a grande base é o foco da peça sendo montada nos ensaios, e claro o simbolismo que tudo traz em seguir o processo da vida, da prisão, da técnica de atuar e tudo mais.

Enfim, é um filme que muitos podem até não se conectar, mas que vale pela mensagem, vale pela ideia de mostrar como é esse processo de ressocialização dos presos através da arte, e claro vale pelas ótimas atuações, fazendo com que o simples fosse muito mais além na tela, então fica a dica, e embora o nome seja "Sing Sing" não é musical, sendo o nome do presídio apenas, então podem ir tranquilamente. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

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