Amazon Prime Video - Sujo

4/10/2025 12:36:00 AM |

Sempre que vemos um filme enrolado, com dramaticidades exageradas e tudo mais do estilo já soltamos que acabou virando uma novela mexicana, porém os dramas do México têm pegada e conseguem se desenvolver também nas telonas sem forçar a barra, e um grande exemplo disso é "Sujo", que estreou na Amazon Prime Video depois de uma grandiosa campanha por festivais, tendo levado inclusive o prêmio do júri em Sundance no ano passado. E ele trabalha tão bem a dinâmica que se passa na cabeça de um jovem, se um dia ele conseguiria mudar quem ele "nasceu" para ser, sem seguir os passos dos pais que viviam no meio conturbado ilegal do país, como no caso os famosos sicários, e o bacana da produção dividida em capítulos pequenos funciona para vivenciarmos os personagens ao redor do garoto, e como ele vai se moldando e se desejando moldar, ao ponto que funciona bem na tela, porém acredito que tenha faltado cravar mais nos espectadores, para que conseguisse emocionar, pois esse mínimo detalhe acabaria elevando a produção para um nível fora dos padrões, mas ainda assim é um grande exemplar de que nem todo drama mexicano é novelesco.

O filme mergulha na vida de Sujo, um jovem que testemunha o assassinato brutal de seu pai, um assassino de aluguel de cartel, aos quatro anos de idade. À medida que Sujo cresce da infância para a vida adulta, ele lida com o legado assustador do passado violento de seu pai, lutando para escapar de suas garras e trilhar seu próprio caminho.

Diria que as diretoras e roteiristas Astrid Rondero e Fernanda Valadez foram bem sucintas com o que entregaram na tela, pois mesmo sendo um filme dividido em capítulos, elas acabaram não abusando de nossa inteligência refazendo os momentos a cada nova interação na tela, ao ponto que o resultado cênico consegue funcionar bem e ser representativo sem ficar batendo tanto na história do garoto, deixando que o momento fosse levado pela tela, e principalmente que o rapaz estivesse mais solto e bem colocado para seus momentos, ou seja, é quase um filme de ator, o que é algo muito raro em produções de baixo orçamento, e o resultado funciona bem demais.

E como já falei acima, a trama teve uma pegada de ator muito forte e bem colocada na tela, de forma que o jovem Juan Jesús Varela conseguiu ter um carisma para o seu papel de Sujo quase tênue no limite da timidez, que não chega a ficar oculto, mas também não se explode na tela, sabendo da sua importância cênica sem soar falso ou errar pecando pelo excesso, e assim acaba agradando bastante na tela, e da mesma forma a sua versão mais criança vivida por Kevin Aguillar acaba sendo bem desenvolto e leve para os atos mais tensos. Diria que faltou explorar um pouco mais a personagem Neme de Yadira Pérez, pois ficou muito refugiada da câmera, com poucos olhares marcantes, e talvez com pouquíssimas entonações mais expressivas faria seu papel importar mais na tela. Alexis Varela e Jairo Hernandez conseguiram fazer com que seus Jai e Jeremy tivessem dramaticidade e desenvoltura para o papel mais fechado do protagonista, ao ponto que o primeiro tem atos mais fortes ao final e o segundo atos mais duros no miolo, mas conseguiram não passar despercebidos e sendo bons coadjuvantes. Mas sem dúvida quem teve atos bem expressivos e representativos nos atos finais foi Sandra Lorenzano com sua Susan, de modo que ela chamou a responsabilidade para si, e mostrou que a educação é a melhor arma para mudar uma pessoa, principalmente se essa pessoa quiser mudar, e a atriz foi simples e direta para que seu papel tivesse a emoção, mas não ficasse forçada na tela.

Visualmente a trama mostra primeiro o mundo de uma pequena vila dominada pelos assassinos e os carteis, aonde os jovens são usados como mulas e tudo é muito intenso e fechado, com casas bem simples contrastando com mansões, a vegetação seca e fechada, e a destruição em si separando tudo, com tudo sem grandes chamarizes, mas bem representativos; já na segunda parte vamos para uma metrópole separada pelo trabalho árduo de descarregador de cargas de alimentos que o jovem acaba trabalhando, uma pequena habitação de apenas quarto com beliche, e os jovens treinando para lutas embaixo de uma ponte, e do outro lado a faculdade, com suas festas tradicionais aonde poucos se conectam, e a casa da professora simples, porém aberta para o mundo novo que o jovem pretende entrar.

Enfim, é um filme simples, mas que funciona muito bem na tela, que facilmente poderia cansar, mas que prende o espectador na tela, e sendo sutil com situações fortes, o resultado mesmo que simbólico acaba funcionando bastante e vale a indicação. Então fica a dica para conferirem, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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