Nas Terras Perdidas (In The Lost Lands)

4/21/2025 01:43:00 AM |

Todos que me acompanham sabem que reclamo demais quando um diretor resolve enrolar e enfeitar demais o doce para chamar atenção, porém também reclamo demais quando algo que merece ser desenvolvido acaba virando uma correria para entregar 100 minutos na tela (tempo considerado ideal para a maioria dos produtores/exibidores), e com o visual cenográfico impecável criado para o longa "Nas Terras Perdidas", o resultado foi deprimente na tela, pois mesmo sendo um conto curto de George R.R. Martin, a trama merecia desenvolver cada personagem, cada ambiente riquíssimo que tinha, pois pareceu que o diretor criou algo para dois ou três filmes, mas entregou tudo ali cortando partes explicativas, partes emocionais e tudo mais, ficando numa correria tão grande que ao final tudo até é bem sacado que você vê a grande visão da bruxa protagonista, mas pensa "é só isso?" e a resposta do diretor, "é e fique feliz". Ou seja, é um filme que precisaria de no mínimo uns 200 minutos para funcionar, mas que contando com 101 minutos não entrega nem metade do que poderia acontecer, e apenas foi um grande gasto da equipe de arte.

O longa acompanha uma rainha que contrata os serviços de uma temida e poderosa feiticeira chamada Gray Alys com o objetivo de enviá-la para uma terra fantasmagórica chamada Terras Perdidas. Essa perigosa missão consiste em obter um poder mágico capaz de alterar a forma física das pessoas e dos objetos. Gray, porém, carrega um segredo: cada desejo que realiza possui consequências devastadoras. Ao lado de Gray, um misterioso caçador de nome Boyce ajuda a bruxa a navegar e a lutar com as forças sombrias e os inimigos dessa terra amaldiçoada. Apesar de seu jeito reservado e sério, Boyce se tornará um importante e valente aliado enquanto enfrentam criaturas épicas e sombrias e inimigos inimagináveis nas Terras Perdidas.

Tenho para mim que quando o agente do diretor Paul W.S. Anderson começa a procurar diretores de arte, ele não pode falar o nome do diretor, senão todos fogem, pois seu estilo cheio de ação e desenvoltura costuma onerar muito os orçamentos, precisando sempre de muitos elementos cênicos e ambientes gigantescos, e aqui ele conseguiu adaptar bem a história de George R.R. Martin para as telonas, sabendo criar o ambiente hostil, os personagens e tudo mais, porém esqueceu de um detalhe, fazer com que a história ficasse crível na tela do começo ao fim, não sendo apenas algo comum, mas sim um épico como deveria ser. Ou seja, o diretor fez com que a trama ficasse imponente tecnicamente, com algo que facilmente poderia ser memorável como um livro do autor virando uma grande longa e não séries alongadíssimas, mas acabou não brincando com tudo o que poderia resolvendo acelerar na tela algo que não precisava, pois um filme técnico de 180 minutos venderia bem e explodiria na tela como algo criativo e bonito de se ver. Sendo assim, o que acabamos vendo na tela é mais um dos seus grandes gastos que não impactam como poderia, aonde usa sua mulher sempre como protagonista, e não vai arrecadar o tanto para pagar o prejuízo.

E já que joguei no ventilador a esposa do diretor, vamos falar sobre as atuações, diferente do usual quebra quebra que Milla Jovovich costuma fazer junto das suas dublês, aqui sua Gray Alys sendo uma bruxa usou mais o olhar e alguns efeitos dinâmicos para botar banca, e conseguiu chamar atenção, afinal como uma boa protagonista brincou com os elos, mas dava para ir mais além se melhor desenvolvida. Costumo dizer que Dave Bautista é um dos atores mais esforçados de Hollywood, e aqui ele trabalhou uma personalidade forte e também emocional para que seu Boyce fosse bem interessante, e tendo uma boa inversão no final, mas alguns atos acabaram exagerados até demais para ele, e nem por sua culpa, mas sim do roteiro, que o fechamento virou a zona completa na tela. Ainda tivemos outros bons papeis na tela, mas como nenhum foi praticamente desenvolvido, Arly Jover foi que conseguiu aparecer mais com sua Executora cheia de traquejos fortes, mas sem ter algo para impor na tela, e Fraser James foi o inverso com um Patriarca bem imponente, mas pecando por trejeitos forçados, e assim sendo A Rainha e seu amante vividos por Amara Okereke e Simon Lööf conseguiram ficar menos importantes que Deirdre Mullins e Sebastian Stankiewicz como dois personagens numa estação no meio do nada.

Visualmente a trama é incrivelmente cheia de elementos cênicos e ambientes gigantescos, ao ponto que com toda certeza muita coisa é computacional (ou não), mostrando que o diretor de arte botou o orçamento para jogo e fez quase realmente um jogo de RPG amplificado na telona, tendo o mapa aparecendo toda hora na tela, o relógio lunar mudando durante os dias até formar a lua cheia, e claro cada lugar do mapa muito bem representado com torres, montanhas, esqueletos e tudo mais que fosse ser possível imaginar, até um trem gigantesco e uma travessia de um ônibus por uma corda, ou seja, um show visual cheio de bons efeitos e que valeriam ser melhores vistos em algo maior.

Enfim, volto a frisar que não é um longa ruim, mas é tão mal desenvolvido na tela, que dificilmente alguém sairá feliz da sessão, sejam eles fãs de George Martin ou apenas fãs de bons filmes de ação, e isso é um peso muito ruim para algo que poderia ser mais chamativo, então fica a dica de ser apenas um passatempo, aonde muitos irão ignorar o que verão e outros sairão da sessão sem entender nada do que viram, e assim o resultado é algo bem mediano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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