Síndrome da Apatia (Quiet Life)

4/27/2025 09:06:00 PM |

Pensar como fica a cabeça de uma criança que vivencia uma guerra ou um trauma de um conflito é algo bem difícil de se imaginar, e o longa "Síndrome da Apatia" trabalha com essa essência dramática bem pautada na tela, aonde tudo flui de uma forma dura, silenciosa e densa, aonde os pais tentam primeiramente não usar as crianças para conseguir asilo, mas depois o desenrolar se verte para algo inimaginável de se pensar na separação familiar e tudo o que pode acontecer a partir daí. Diria que o filme poderia ter uma pegada mais forte e densa, mas ainda assim o filme choca e consegue funcionar.

O longa nos conta que Sergei e Natalia são refugiados políticos que imigraram para a Suécia com suas duas filhas, Katja e Alina, em busca de uma nova vida. Suas esperanças são destruídas quando o pedido de asilo deles é rejeitado. Sua filha Katja, traumatizada por esse episódio, desmaia e subitamente entra em um "coma", desenvolvendo uma condição conhecida como Síndrome de Resignação ou Apatia, explicada como uma autoproteção contra o sentimento de medo. Sergei e Natalia, então, tentarão de tudo para conseguir o asilo e criar a atmosfera segura que sua filha precisa para despertar. Nos últimos anos, mais de 700 crianças foram diagnosticadas com a síndrome na Suécia e suas causas continuam um mistério.

Diria que o diretor e roteirista grego Alexandros Avranas ("Crimes Obscuros") soube aproveitar bem o momento, das guerras e traumas de vários tipos, das desenvolturas e tudo mais para criar o seu próprio estilo, e a trama usa bem a essência para mostrar a entrega de uma família que sente o peso de não poder morar e vivenciar aquilo. Ou seja, é um filme que facilmente veremos e ouviremos muito sobre essa doença de se desligar da realidade, mas o diretor ao mesmo tempo que pesou na tela, também não trabalhou tanto quanto poderia a densidade dramática do momento em si.

Quanto das atuações, diria que a expressividade de Chulpan Khamatova com sua Natalia foi algo até estranho de se pensar como mãe, mas a atriz segurou bem o momento na tela e agradou com o que fez.  Dá mesma forma, Grigory Dobrygin desenvolveu seu Sergei com uma personalidade séria demais, quase como um desânimo apático e inexpressivo, mas que funciona dentro da proposta, ou seja, não foi muito além, mas cumpriu com a premissa. Agora sem dúvida as garotinhas, Naomi Lamp com sua Alina e Miroslava Pashutina com sua Katja conseguiram segurar muito bem toda a tensão na tela, ficando imóveis em diversos atos e sem ir além conseguindo marcar. Ainda tivemos Eleni Roussinou com sua Adriana sendo ao menos gentil com os personagens, enquanto as demais atendentes apenas ignoravam eles.

Visualmente o longa nos mostra um pouco do processo num centro de imigração da Suécia, o formato de entrevista quase que seco de cadeiras e um telefone, vemos a casa modelo aonde os protagonistas moram com coisas de vidro quase como algo para observação, a escola com o coral da menorzinha e a piscina de mergulho da garota maior, além de uma clínica muito estranha, e por fim o porão aonde vão morar nos atos finais, sendo tudo bem básico.

Enfim, é um filme seco de entregas, mas com emoções diretas que podem ser bem estranhas de ver, mas que funciona dentro da proposta toda, e chama atenção com o que o diretor tinha para mostrar. Então fica a recomendação para quando estrear comercialmente conferirem ele, e eu fico por aqui agora, mas volto mais tarde com outro texto, então abraços e até logo mais.


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