Netflix - Balada De Um Jogador (Ballad Of a Small Player)

11/02/2025 10:59:00 PM |

É engraçado como o cinema oriental anda invadindo o mundo afora, que até conseguindo usar os grandes nomes do cinema ocidental já estão colocando nas suas telas, e claro que a Netflix que tem pego muitas obras deles não iria deixar de colocar seu nome nesse "Balada de um Jogador" que tem uma boa pegada entre o vício de jogos e apostas e junto disso colocar a pegada do misticismo da morte oriental, aonde você pode ser apenas uma alma rondando o mundo parecendo estar vivo, mas sendo apenas um fantasma faminto. Ou seja, é um longa inicialmente lento demais, mas que tem uma proposta bem colocada na tela, aonde tudo funciona dentro da proposta como um passatempo bem trabalhado, com um trio principal bem marcante e que sabe brincar com as facetas do roteiro, não sendo algo expressivo demais, mas que agrada para uma tarde chuvosa.

O longa acompanha um apostador inglês que vê seu passado aterrorizante nos jogos voltar a lhe assombrar e, por isso, ele precisa se esconder em Macau. Vivendo de forma simples e como um desconhecido, o homem desaparece nas ruas no lugar. No entanto, ao longo de sua nova trajetória, uma mulher aparece para mudar o seu destino, como uma alma gêmea, ela vira a chave para a sua salvação.

O diretor Edward Berger foi extremamente injustiçado no Oscar desse ano que merecia ter levado a premiação por "Conclave", mas infelizmente não aconteceu, e aqui acredito que ele fez tudo simples e corrido demais, sem grandes nuances que chamassem atenção, e brincando principalmente com o protagonista, pois o tanto que ele comeu, bebeu e jogou com toda certeza saiu das gravações explodindo e bem cansado, mas a grande sacada do diretor foi fazer uma trama lenta que não cansasse o espectador, pois seu filme tem um vértice de perdas e ganhos muito seletiva, então quem não entrar de cabeça na ideia é capaz de mais se incomodar do que gostar do que verá, e assim sendo ficou bem abaixo dos últimos trabalhos do diretor.

Quanto das atuações, Colin Farrell trabalhou do seu jeitão tradicional que já até acostumamos a ver, meio que jogado, mas cheio de caras e bocas, de modo que seu Lorde Doyle até tem boas sacadas e dinâmicas, e entrega personalidade do começo ao fim, sendo que sua história mesmo não é tão contada, mas consegue suprir esse detalhe com tudo o que faz. Fala Chen trabalhou sua Dao Ming com uma presença tão grandiosa no cassino, que seus momentos fora dali pareceram simples e nem sendo a mesma pessoa, o que é interessante para a proposta da trama, ao ponto que a jovem soube ser intensa e sutil com a mesma personagem. Sinceramente achei uma pena utilizarem tão pouco Tilda Swinton com sua Blithe, pois sabemos do potencial da atriz, e ela foi meio que um enfeite rápido para alguns momentos da trama, que claro foram bem bons, mas dava para ousar mais com ela.

Visualmente a trama inteira filmada em Macau mostrou vários cassinos, um apartamento de luxo, algumas casas simples na beira do mar, e algumas dinâmicas em restaurantes requintados, não sendo um filme com tantas criações de ambientes, mas mostrando bem do jogo e do vício do protagonista, entregando momentos interessantes e cheios de dinâmicas dentro das locações escolhidas.

Enfim, é um longa simples, um pouco lento, que serve como passatempo sem esperar muito dele, aonde o diretor não mostrou seu potencial, e os atores acabaram mal aproveitados, o que acaba sendo um pouco decepcionante para falar a verdade. Então fica sendo assim a dica, e volto amanhã com mais outros filmes, então abraços e até logo mais.


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Bom Menino (Good Boy)

11/02/2025 02:56:00 AM |

Realmente esse ano o Halloween veio com tudo nos cinemas, tanto que já estou até perdido com o tanto de filmes de terror que vi nos últimos dias, mas todos medianos e que não fizeram o principal comigo: me assustar, isso até agora, pois "Bom Menino" tem muitas falhas, as principais teriam sido resolvidas com uma simples função bem antiga que é o continuísta, que veria os erros de chuva e cão molhado, mas isso é irrelevante, afinal o longa nos assusta com situações esperadas, pois você vê o cachorro olhando para o nada, fica esperando a aparição do espírito, ele demora a aparecer, e pega você desprevenido na hora que relaxa, ou seja, os famosos sustos gratuitos que são bacanas, e que claro o diretor e roteirista pegou fundo em algo que praticamente todo mundo já pensou que é o que nossos cães ficam olhando para o nada vez ou outra, e isso por si só já é algo para causar um terror em quem tem animais em casa, mas dava para ter ido um pouco além na história, pois sendo bem rapidinho (apenas 72 minutos) poderiam ter trabalhado mais a doença do protagonista, a casa do avô e as mortes que ocorreram ali, pois tudo acaba sendo meio que jogado, e o resultado acaba pecando pela falta de colocação.

A sinopse é bem simples e nos conta que um cão leal se muda para uma casa rural com seu dono, Todd, apenas para descobrir forças sobrenaturais à espreita nas sombras. Enquanto entidades sombrias ameaçam seu companheiro humano, o corajoso cãozinho precisa lutar para proteger aquele que ele mais ama.

Bem rapidamente já descubro o motivo principal das falhas, afinal é a estreia do diretor e roteirista Ben Leonberg em longas-metragens, mas posso afirmar que ele foi bem corajoso, pois trabalhar com um animal real em uma trama desse porte, gravando por mais de 400 dias é algo que tem de ser aplaudido pela insistência, e o resultado como disse funciona para assustar, mas precisava de alguns retoques a mais para que a história em si ficasse mais intensa e convincente, pois são tantos detalhes soltos que parece que só as dinâmicas com o cachorro faria tudo funcionar, e não é bem assim que funciona o cinema. Ou seja, temos um bom resultado visual e dinâmicas interessantes com o protagonista canino, mas faltou aquele algo a mais que faria a trama ir além e se tornar memorável.

Quanto das atuações, o cãozinho Indy foi muito bem em cena, trabalhando bastante, tendo olhares e emoções bem chamativas, e seu adestrador soube usar muito bem cada forma de trazer cheiros, petiscos e tudo mais para que o animal convencesse o público de que ele estava vendo algo ali, que sentisse a presença e impactasse bastante em cada cena, ou seja, esse ano a premiação animal do Oscar vai ser mais concorrida que tudo, pois temos ótimos exemplares na corrida. Quanto os demais atores humanos, Shane Jensen até tentou ter algumas cenas interessantes com seu Todd, mas o personagem é fraco demais, e não consegue convencer com nada, sendo que o cachorro bate de 10 na atuação, e a culpa aqui é do roteiro e não do ator.

Visualmente a casa abandonada com muitos elementos em caixas, e tudo muito bagunçado acaba dando um ar de desleixo num primeiro momento, mas funciona para criar as dinâmicas tensas sem saber de onde viriam as sombras e formas que atacam, além de um porão que felizmente quando vemos o que tem ali, acabaram imaginando algo meio fora da casinha por completo, mas estamos falando de um terror, então se aceita, e nas cenas na floresta o medo que temos é do cachorrinho cair em alguma das armadilhas de raposa do vizinho em suas corridas, e claro que vem uma raiva quando o protagonista põe o cachorro para morar numa casinha na chuva, pois ali, a torcida foi para que a entidade matasse o humano logo.

Enfim, esperava um pouco mais do longa com o tanto que estava falado na internet desde quando saiu o trailer, com toda uma aprovação de críticos mundiais e tudo mais, mas faltou muita coisa que com bem pouco impactaria demais e chamaria ainda mais atenção, porém quem tem animais em casa depois de conferir o longa vai ficar com um certo medinho, então nesse sentido o longa funciona e acaba sendo uma dica interessante de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, pois ainda tenho muita coisa para conferir, então abraços e até breve.


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A Própria Carne

11/01/2025 10:23:00 PM |

Ando bem feliz que o cinema nacional anda saindo bastante do estilo tradicional e entrando para variados gêneros mais amplos, e um que o pessoal anda investindo bastante, principalmente pelo custo de produção, é o de terror! E o mais interessante é o surgimento de novas produtoras que antes faziam apenas coberturas e/ou distribuição dos filmes nascendo com isso, de modo que o longa "A Própria Carne" é a estreia do Jovem Nerd nesse mundo de longas para o cinema, e conseguiram trabalhar bem o estilo, pois é um filme com uma temática de época, com uma pegada densa e misteriosa, aonde o terror psicológico até funciona bem, e ainda colocaram alguns elos de trash para dar um ar violento. Claro que a trama tem alguns defeitos que poderiam melhorar a experiência do espectador, a principal é o exagero da escuridão, que ao optar por velas para dar as nuances do ambiente, o resultado funciona por um lado para criar tensão, mas deixa tudo o que pensaram de visual inútil na tela, mas tirando esse detalhe, e o fator de deixar para uma continuação a parte mais intensa mesmo, o resultado geral acaba sendo bem interessante de conferir, e até tinha um bom movimento para um sábado a tarde em um filme desse estilo.

A sinopse nos conta que durante a Guerra do Paraguai, três soldados desertores encontram uma casa isolada na fronteira, habitada apenas por um fazendeiro e uma moça. No entanto, o que parecia ser um refúgio seguro se revela um verdadeiro pesadelo quando o trio descobre que o local esconde segredos macabros.

O diretor Ian Sbf fez um dos meus filmes preferidos do cinema nacional. "Entre Abelhas", e aqui vemos um estilo completamente diferente do seu casual que é o cômico puxado para o lado dramático, e não diria que acertou tanto nessa primeira e ousada mudança de estilo, pois o filme tem uma boa pegada densa, mas certamente nas mãos de um diretor experiente em terrores e suspenses a trama impactaria muito mais na tela. Claro que ele brincou com várias facetas que já viu em outros filmes, teve a disposição uma boa equipe de maquiagem para as cenas mais tensas, e soube criar o ambiente, porém como disse no começo, mascarou demais toda a essência da tela com cenas escuras demais, e isso não é legal de acontecer, mas ainda assim o resultado funciona para os fãs do estilo.

Quanto das atuações diria que Pierre Baitelli foi bem cheio das dinâmicas expressivas para que seu Gabriel ficasse com trejeitos irritadiços e chamasse atenção na tela, porém faltou um pouco mais de entrega nos seus atos mais fortes para que ficasse mais imponente. Quem teve cenas bem intensas foi Jorge Guerreiro com seu Gustavo trabalhando bem os elos do preconceito junto da intensidade nos atos de precisar cortar sua perna e na retirada da bala também, sendo chamativo e fechando bem. O jovem George Sauma trabalhou seu Anselmo com a pegada clássica dos ricos, tentando comprar todos, mas tendo de pagar caro nas cenas que andou sozinho. Agora sem dúvida alguma o astro do longa é Luiz Carlos Persy como o Fazendeiro meio excêntrico, tendo atos e trejeitos marcantes e sabendo aonde pontuar e causar fez com quem os soldados borrassem bem as calças. E ainda tivemos Jade Mascarenhas fazendo uma garota estranha que vive na fazenda, mas que não foi muito além quando precisou.

Visualmente a equipe de arte foi muito esperta pois se passando numa guerra, precisariam trabalhar mais cenas de tiros e batalhas, mas deixou isso apenas para a sonografia, e colocou apenas as roupas antigas no começo e depois ficando só na fazenda estranha focou em galpões sem mostrar mesmo tudo, sendo bem escuro e com muitas correntes, armas antigas e tudo mais deixando apenas para criar a ambientação, tendo como disse usado mais as velas e alguns elementos para compor o ambiente, não indo muito além.

Enfim, é um filme simples, porém ousado dentro da proposta, que conseguiu chamar atenção principalmente pela boa dinâmica de distribuição e pelo chamariz que o canal tem, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais para que o filme não ficasse tão solto, e impactasse mais, que aí sim faria o público fã de terrores do estilo vibrar com toda a ideia. Sendo assim, fica a recomendação com ressalvas, e eu fico por aqui agora, afinal essa semana ainda tenho muitas estreias para conferir, então abraços e até daqui a pouco com mais um texto.


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Terror em Shelby Oaks (Shelby Oaks)

11/01/2025 03:30:00 AM |

Se tem uma coisa que me irrita muito em filmes de terror é o diretor achar que o público é tão burro quanto os personagens que vão se enfiar no mato sozinhos a procura de alguém desaparecido, nada contra procurarem as pessoas, mas vá durante o dia, vá com várias pessoas, e principalmente vá com a polícia especializada, afinal você também pode desaparecer! E claro que se os personagens não fossem burros, não teríamos filmes de terror, então vida que segue. Dito isso, o longa "Terror em Shelby Oaks" mistura dois nichos que costumam vender bastante, que é o de found footage (o famoso descoberta de fitas ou câmeras com materiais dos desaparecidos) com incrivelmente rituais demoníacos que fazia tempo que não utilizavam, e claro que para mixar bem esses dois estilos que não se trombam muito, o diretor brincou com a faceta de um documentário jornalístico parecendo que tudo fosse bem real, misturando com as cenas fictícias da protagonista indo em busca da irmã desaparecida, e claro que usando das dinâmicas de tentar assustar o público com cenas repentinas, trabalhando alguns elos de presença e obviamente tendo muitas cenas escuras, ou seja, o básico do estilo que funciona sempre, não sendo algo tão perturbador quanto poderia, mas agradando bem de certa forma pela essência passada na tela, que talvez até desenvolvam fácil em alguma continuação.

O longa acompanha uma mulher chamada Mia em um momento trágico de sua vida: a busca desesperada pela irmã caçula desaparecida. Riley era uma youtuber famosa que sumiu sem dar nenhuma pista sobre seu paradeiro. Com o passar dos anos, Mia foi perdendo as esperanças de encontrar a irmã perdida. Até que, de repente, ela recebe uma misteriosa fita com fortes indícios de que Riley pode estar viva. Todo o cenário muda e Mia entra numa procura obstinada e intensa pela irmã novamente. Essa investigação, porém, colocará a jovem no centro de eventos estranhos e sombrios que revelarão informações perturbadoras.

Diria que a estreia em longas do diretor e roteirista Chris Stuckmann foi no melhor estilo que poderia, afinal o terror de buscas é o mais fácil de se trabalhar, e se bem alocado com uma boa produção o resultado acaba surpreendendo, e aqui ele teve o acobertamento do produtor Mike Flanagan, que vem sendo responsável da maioria das séries de terror dos streamings, ou seja, foi preparado um bom terreno para que ele estreasse bem, e volto a frisar que ele não falhou em técnicas, tendo todos os clichês possíveis do estilo, e brincando com algo que andava meio parado nesse mundo do terror, ou seja, soube usar bem os brinquedos que lhe deram. Claro que dava para inovar um pouco mais no estilo, causar um pouco mais de terror no público, mas aí eu já estaria exigindo demais, e o jeito vai ser esperar ver se dará resultados para o bolso do produtor para vir uma continuação e aí sim ousar mais, ou se o padrinho lhe der mais brinquedos para testar.

Quanto das atuações, diria que Camille Sullivan acabou exagerando no nível de coragem de sua Mia, pois inicialmente parecia uma pessoa mais centrada, mas quando vê a cena que rola na sua frente, e fica ensanguentada por mais bons minutos de tela assistindo a fita, vira quase o Rambo indo para o meio do nada em uma investigação sem limites, e assim seu resultado até mostra alguns bons olhares, mas não ficou crível o suficiente. Vemos mais Sarah Durn nos vídeos do que atuando realmente para se impor, de modo que ao final até está apática demais, claro devido aos acontecimentos com sua Riley era esperado não estar muito normal, mas dava para não ficar tão seca na tela. Quanto aos demais, Brendan Sexton III até tentou aparecer um pouco com seu Robert, mas não foi muito além, sobrando para destacar somente Robin Bartlet com sua Norma bem estranha e com olhares e dinâmicas bem tradicionais do estilo.

Visualmente o longa foi bacana em alguns sentidos com uma floresta densa, a casa da velhinha com um porão bem tenso, a casa da protagonista só trabalhando escuro, e claro uns personagens bem mal encarados, além de uma prisão bem abandonada e aterrorizante, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para os "três" filmes funcionarem, afinal tivemos o documentário, os vídeos dos caçadores paranormais e a história real acontecendo que deu todo o tom.

Enfim, não é o melhor do estilo que já vi, mas também passa longe de ser o pior, valendo o tempo de tela e a dinâmica em si, principalmente por ser um estreante, então vamos ver o que rola futuramente tanto com o diretor, quanto com a história, afinal tem potencial para sequência. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Sonhos (Dreams)

10/31/2025 08:38:00 PM |

Costumo dizer que alguns agentes gostam de fazer seus agenciados sofrerem, pois só isso vem na minha mente quando penso que alguém do porte de Jessica Chastain aceitaria um filme do estilo de "Sonhos", com um roteiro raso, diálogos fraquíssimos, cenas totalmente clichês e que leva nada a lugar algum, apenas para dar uns pegas num rapaz em algumas cenas mais quentes. Claro que o longa trabalha a essência de algumas fundações de ricos, mostra que a maioria são apenas para rebater impostos e tudo mais, mas nada além disso, da chantagem emocional e o famoso chumbo trocado, não tendo impacto nem grandes virtudes para chamar atenção.

A sinopse nos conta que Jennifer é uma influente socialite de São Francisco. Sua vida cuidadosamente construída entra em risco quando ela se envolve com Fernando, um jovem bailarino mexicano que sonha em atuar numa grande escola de balé. Impulsionado pelo amor e pela esperança de um recomeço, ele atravessa a fronteira para estar ao lado dela, uma decisão que ameaça desestabilizar o mundo que Jennifer tanto lutou para preservar. Determinada a manter seu império intacto, ela será capaz de tudo, mesmo que isso revele o lado mais obscuro desse romance.

Não vi nenhum dos outros filmes do diretor e roteirista Michel Franco, mas se forem tudo nesse estilo (pelo menos os pôsteres se parecem muito), vai ser daqueles diretores que já saberei o que esperar quando for conferir um longa novo (sorte a dele que minha memória é péssima), pois posso falar com propriedade que faltou tudo na trama, e mesmo as cenas de pegação que poderiam chamar um pouco mais de atenção pareceram atropeladas e sem intensidade, valendo talvez um pouco as cenas de balé aonde vemos o jovem bailarino em seu primeiro trabalho se jogando bem nos movimentos, mas só isso, pois até mesmo a protagonista pareceu estar atuando sem vontade em alguns atos.

Bom, já falei até muito das atuações, mas ao menos o diretor foi esperto em escalar o bailarino Isaac Hernández para o papel de Fernando Rodríguez, pois o que salva um pouco do filme são suas cenas de dança, e claro a oportunidade que ele teve de ter cenas quentes com uma grande artista, mas nos atos que precisou dialogar e interpretar mais, aí o resultado desandou um bom tanto, pois não teve tanto a manha para chamar atenção, nem desenvolver mais o papel, que acabou ficando meio frouxo no final. Já Jessica Chastain conseguiu ser mais branca do que eu, de tal forma que sua Jennifer McCarthy em alguns momentos até parece uma vampira, e aqui como disse no parágrafo anterior, pareceu estar sem vontade, do tipo que aceitou o papel meio contra a vontade, e tentando ter algumas posturas de classe pelo menos foi requintada nos atos mais elaborados, mas não conseguiu fazer com que o roteiro tivesse bons diálogos para que ela fosse além. Quanto aos demais, temos umas três ou quatro cenas com Rupert Friend com seu Jake e Marshall Bell com seu Michael McCarthy, mas basicamente aparições, sem nada que valesse chamar atenção.

Visualmente a trama se concentra na casa da protagonista em São Francisco e também em uma que tem na Cidade do México, ambas montadas para ter um certo requinte, mas sem grandes chamarizes, além de alguns momentos em teatros de balé e também em academias de balé, aonde o jovem treina com uma grande companhia, e dá aulas para os pequenos, e também alguns momentos na fundação da família McCarthy aonde nem tiveram o trabalho de desenvolver algo a mais.

Enfim, sorte a minha que escrevi bem rápido o texto, pois daqui a pouco nem devo mais lembrar que assisti isso, o que também é um risco de dar play enganado algum dia no streaming, mas como venho olhar sempre se já não vi, estarei livre desse carma. Então ajudando vocês, esse é daqueles filmes que dá para economizar e pular a conferida, pois não tem nada que vai agregar nem entreter quem for assistir. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou tentar a sorte com outro filme hoje ainda, então abraços e até mais tarde.


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Springsteen: Salve-me do Desconhecido (Springsteen: Deliver Me From Nowhere)

10/31/2025 12:12:00 AM |

Já vi diretores que conseguem passar o sentimento do personagem principal para seus filmes, mas hoje passaram do limite do aceitável, pois no começo dos anos 80 foi a pior fase da depressão de Bruce Springsteen, e o longa "Springsteen: Salve-me do Desconhecido" ficou tão depressivo que quase que o filme se mata sozinho, e isso não é ruim, claro que beirou o ponto de ficar insuportável, mas o resultado impressiona pelo acerto tanto do protagonista quanto da direção em passar esse sentimento complexo na tela, fazendo com que o público entendesse tudo o que se passava na cabeça do cantor quando compôs o álbum mais fora da curva de sua carreira, e que usando uma cenografia densa junto com a essência da infância em preto e branco para representar um período complexo da sua vida, o contraste do ambiente foi marcante junto com tudo o que ocorreu antes de sua explosão completa. Ou seja, é um filme de muitas camadas, que pode ser sentido pelo espectador, e que se você não se deixar levar pela essência e entender o que está se passando o resultado pode ser meio conflitivo, mas do contrário é uma tremenda de uma experiência na telona.

A trama segue a jornada criativa do compositor Bruce Springsteen em torno da criação de seu sexto álbum de estúdio, o aclamado Nebraska de 1982. Considerada uma das obras mais sinceras e pessoais de Springsteen, Nebraska foi gravado em um gravador cassete de 4 faixas no quarto da casa do artista em Nova Jersey. É durante o processo de concepção e produção do álbum que Springsteen luta entre as pressões do sucesso e os fantasmas do seu passado. Na época, o jovem cantor e compositor vivia o auge do estrelato global e Nebraska se tornou um ponto de virada fundamental em sua carreira, considerado um dos álbuns mais crus e reflexivos do artista.

Diria que o diretor e roteirista Scott Cooper com toda certeza é um grande fã do cantor Bruce Springsteen e soube usar todas as dinâmicas presentes no álbum Nebraska para compor a trama que tinha em mãos, pois sendo uma adaptação do livro de Warren Zanes que explodiu logo que foi lançado, ele não podia inventar tanto na tela, mas aí é que ele viu a possibilidade e deu o pulo para que o longa não fosse apenas uma reinterpretação do livro, mas que conseguisse passar sentimento na tela, e isso é algo dificílimo em dramas, ainda mais passar a sensação de depressão sem que o filme ficasse desanimador, e ele acertou em cheio, pois quem não se sentir deprimido junto com o protagonista não entendeu a essência da trama. Ou seja, se você estiver num dia não muito bom, nem recomendo ir conferir o longa, pois o alvo do diretor foi tão centrado que mesmo nos atos mais "felizes", o filme te puxa para baixo, e por incrível que pareça, isso não é ruim, já que faz parte da escolha do diretor, e essa sensação refletida consegue brilhar na tela, e fazer com que tudo funcionasse perfeitamente.

Quanto das atuações, Jeremy Allen White já ganhou tantas premiações com séries que com muita certeza quem for fã de séries talvez nem o veja como o cantor Bruce Springsteen aqui, mas felizmente como conheci ele apenas no seu último trabalho nos cinemas como lutador, e lembrava um pouco do visual jovem do cantor, diria que ele se entregou bastante para o papel, conseguiu passar um ar depressivo em nível máximo, foi irritante quando precisou ser no estúdio e com a namorada, mas também soube envolver, e isso deu um tom muito bacana para suas cenas, só uma pena que nas canções não usou sua voz, mas foi bem na interpretação e isso é o que vale. Agora quem deu show mesmo sem cantar um refrão que fosse foi Jeremy Strong com seu Jon Landau, pois mais do que apenas empresário e produtor do cantor, ele foi um grande amigo e conselheiro nos momentos mais tensos da vida do cantor, e o ator soube ser exatamente essa pessoa que segura a onda, que envolve, e que usando olhares bem encaixados e um tom de voz sereno e bem pontuado acabou fluindo demais na tela para agradar do começo ao fim. Quanto aos demais, tivemos bons personagens e atuações bem encaixadas, valendo leves destaques para Paul Walter Hauser com seu Mike Batlan meio que engraçado sem ser engraçado, Stephen Graham fazendo boas cenas tensas como o pai do protagonista, sempre com a cara de bêbado mesmo depois de velho, o garotinho Matthew Anthony Pellicano Jr. fazendo bem o protagonista criança, mas sem dúvida quem teve mais tempo de tela entre os secundários e conseguiu ter boas dinâmicas com o protagonista foi Odessa Young com sua Faye Romano, bem direta e chamativa nas cenas que teve.

Visualmente temos quase que dois filmes, um em preto e branco que mostra a infância do personagem, indo em bares chamar seu pai, ouvindo as brigas do pai com a mãe, apanhando e também tendo uma relação complicada de amor e ódio com o pai, tendo foco a casa deles que ele volta várias vezes como adulto para ver ela já deteriorada e abandona, e o outro filme já colorido em tons mais fortes nos seus shows ou no bar aonde toca com outros amigos e também em um parque de diversões, e em tons mais pasteis e fechado nas dinâmicas na sua casa aonde grava suas canções em um aparelho mais simples, e também na gravadora aonde vemos até como é a produção de um vinil, sendo um trabalho completo bem pensado na fotografia e nos elementos mostrados.

Enfim, é um longa que flui bem na tela, e que como disse chega a deprimir o espectador para que ele sinta a sensação do protagonista, que contando também com as ótimas canções de Bruce durante o tempo inteiro acaba envolvendo e mostrando como a mente de um cantor funciona. Então fica a dica para ir conferir, preferencialmente sem estar depressivo, senão pode dar muito ruim a combinação, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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De Nápoles à Nova York (Napoli-New York)

10/30/2025 01:08:00 AM |

Um festival que já era antigo, mas que virou tradição durante a pandemia e vem seguindo com muitos frutos é o Festival de Cinema Italiano no Brasil, que tem colocado a disposição do público em diversas cidades, e felizmente também online todo o acervo para quem não mora nas cidades escolhidas, e nesse ano começa hoje dia 29/10 e vai até o dia 29/11 para nos deleitarmos nos longas atuais e premiados do país, além de filmes clássicos antigos para aqueles que gostam de rever ou ver grandes nomes do cinema italiano, então tentarei mais um ano ver todos e ir colocando aqui os textos para ajudar nas escolhas. Feito essa apresentação, como não estou na capital para conferir a abertura que foi no Auditório Ibirapuera, também escolhi ver o mesmo filme que o pessoal de lá, "De Nápoles à Nova York", que por incrível que pareça é uma história de Federico Fellini que ainda não havia sido adaptada para as telonas, e que de um modo ao mesmo tempo sutil e também forte trabalha temas em pauta tanto nos anos do pós-guerra quanto agora, como a imigração, mortes em guerra, a pena de morte para alguns tipos de crimes, adoções de crianças, e claro os meios para tudo isso, mas mesmo assustando com todo esse peso dramático, o longa acaba sendo bonito e gostoso de acompanhar, com uma fotografia lindíssima e dinâmicas bem rápidas para envolver todos.

O longa nos conta que no imediato pós-guerra, entre as ruínas de uma Nápoles devastada pela miséria, os pequenos Carmine e Celestina tentam sobreviver como podem, sempre se ajudando mutuamente. Numa noite, embarcam como clandestinos em um navio rumo a Nova York, com o sonho de viver com a irmã de Celestina, que emigrara anos antes. Ao lado de tantos outros italianos em busca de uma vida melhor, os dois chegam a uma metrópole estranha, que após muitos desafios e descobertas, aprenderão a chamar de lar.

Diria que o diretor e roteirista Gabriele Salvatores foi primoroso ao trabalhar a história das duas lendas italianas que já nos deixaram, Federico Fellini e Tulio Pinelli, pois os temas trabalhados são bem abrangentes e atemporais, com dinâmicas que facilmente ainda vemos muito nos dias de hoje, e que dá para ser trabalhado tanto de uma forma dura e imponente como sabiamente ele acabou fazendo aqui, afinal o olhar jovial sempre consegue ser tenro e diversificado, ao ponto que nos atos mais fortes acabou brincando com uma ou outra faceta, pontuando com firmeza, mas sem causar uma explosão cênica, e isso acabou sendo tão bem visto na tela que brilha os olhos do público e também brilha a entrega dos protagonistas, afinal a escolha foi muito boa para envolver com os ótimos planos escolhidos, mas que sem boas peças ficaria apenas algo solto.

E já que comecei a falar das atuações, os jovens Dea Lanzaro e Antonio Guerra entregaram tanta personalidade para os seus Celestina e Carmine que em vários momentos você praticamente esquece de todos ao redor, tendo a garota olhares tristes, porém esperançosos, enquanto o rapaz mais trabalhado nas dinâmicas de rua, com uma certa experiência de fugas e tudo mais, vão se alocando, trabalhando nos diálogos com os demais, e sendo realmente protagonistas com todas as letras possíveis. Já os adultos, tivemos boas facetas de Pierfrancesco Favino com seu Garofalo cheio de dinâmicas bem clássicas dos italianos que conhecemos e Omar Benson Miller como um astuto cozinheiro do navio que acaba conseguindo trazer um carisma para que seu George fosse chamativo. 

Visualmente sabemos que muita coisa foi feita através de computação gráfica para representar bem os EUA e a Itália dos anos 40, e tudo ficou tão crível e bonito de ver que o longa já ganhou vários prêmios importantes na categoria, ou seja, a equipe de arte soube utilizar figurinos, carros, e muitos elementos cênicos interessantes de navios e das casas, cidades, feiras e tudo mais que acabou ficando tão representativo e realista que junto de uma fotografia incrível, colorida com boas nuances e tons fortes mesmo nos atos dos mais pobres, que o resultado impressiona e faz valer ainda mais o conteúdo da tela.

Outro ponto bem bacana que também tem sido muito premiado é a trilha sonora do longa, que contando com várias canções clássicas italianas, junto de uma batida bem pautada para as dinâmicas do longa, tendo também um pouco do blues nos EUA, o resultado flui e acaba dando um ritmo bem interessante para a trama.

Enfim, posso dizer que foi um belo começo para esses 12 filmes inéditos que irei conferir do Festival de Cinema Italiano no Brasil, pois me envolveu, me fez rir e até me emocionou em algumas dinâmicas, valendo bastante a recomendação para todos darem o play, e claro quem estiver nas cidades que o Festival está rolando presencialmente ir prestigiar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal a semana está recheada de estreias nos cinemas, e também do Festival, então abraços e até logo mais.


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A Memória do Cheiro das Coisas

10/29/2025 01:16:00 AM |

É interessante o quão pouco chega aqui longas portugueses, vindo somente os que entram em mostras ou festivais, o que é estranho, pois praticamente sem a necessidade de legendar (embora o nosso português seja bem diferente do formal de lá!) daria para chegar mais obras, mas tem um detalhe bem diferente que talvez seja o motivo: o alongamento das cenas sem alongar a duração do filme, pois praticamente todos que cheguei a ver tem essa mesma entrega, o que por vezes cansa, mas depende também da entrega dos personagens. E o longa que estreia nessa quinta (30/10) em alguns cinemas selecionados, "A Memória do Cheiro das Coisas", tem exatos 96 minutos com os créditos, mas parece que assisti a uma maratona dos três filmes da saga "O Senhor dos Anéis", e claro que citei uma franquia boa, pois o longa português é bem bacana, e mostra bem a essência da senilidade, aonde não somos mais donos de nós mesmos, mas ainda temos tormentos do passado na nossa cabeça, temos preconceitos e somente lembrando de coisas boas para dar um mínimo de alento no meio do caos que vem com todos os problemas de saúde.

A sinopse nos conta que diante da vulnerabilidade da velhice, Arménio é obrigado a encarar os fantasmas do passado, enquanto uma amizade inesperada floresce entre ele e Hermínia. Este filme é um retrato poético e intimista de um idoso em um asilo, explorando a fragilidade da condição humana, a inevitabilidade da morte e a busca por redenção. Aborda questões urgentes da nossa sociedade, como o envelhecimento da população e o racismo estrutural.

Claro que o diretor e roteirista António Ferreira já foi no ponto mais longe da curva para falar de senilidade e racismo estrutural dentro de um senhor que foi do exército colonialista em Angola, ou seja, sofreu bons bocados e na velhice essas memórias voltam a tona, e com um carisma próprio, mesmo sendo rude e mais fechado, souberam compor bem o protagonista para que o filme ficasse bem ao redor dele, tendo situações mais fortes e dinâmicas mais colocadas dentro da desenvoltura do ambiente, sem precisar ficar fazendo flashbacks ou apelos de memória, mas sim indo na conexão com a cuidadora, e claro nos sonhos pesados do senhorzinho. Ou seja, o diretor pode brincar com as facetas sem precisar inventar muito, dando todas as dinâmicas no cenário do quarto do protagonista, e tendo leves dinâmicas numa sala coletiva de jantar, podendo assim dosar mais o roteiro nos diálogos e/ou na falta dele para que os olhares acontecessem e marcassem dentro da ideia completa.

Quanto das atuações, José Martins chamou o filme para si, e fez com que seu Arménio fosse fechado, porém extremamente expressivo, de modo que suas cenas caíram perfeitas dentro da personalidade criada, e conforme a desenvoltura vai acontecendo acabamos criando uma boa conexão com ele, entendendo seus sentimentos, mas também não passando pano para seus atos mais rudes, e assim o resultado funciona até mais do que parece. Outra que foi muito bem em cena foi Mina Andala com sua Hermínia inicialmente mais fechada de sentimentos, mas conseguindo conquistar o protagonista da forma mais emblemática possível, sem precisar apelar para sentimentalismo ou dramas menos amplos, chamando atenção demais na simplicidade e nos olhares que acabam conquistando todos. Os demais foram o tradicional de mais velhinhos e médicos, sem grandes nuances ou chamarizes, valendo um leve destaque para o brasileiro Robson Lemos que fez o enfermeiro Jefferson no começo do longa conquistando o protagonista rapidamente, mas depois saindo de cena.

Visualmente o longa não foi muito amplo, pois ficou somente dentro da casa de repouso, mostrando bem tudo que já vimos em outros filmes do estilo, com um quarto bem simples, porém bem recheado com elementos cênicos que o senhor gostava de arrumar, muitas meias velhas que ele opta por guardar, mesmo praticamente morrendo sem ar, usando bombinha e até oxigênio de galão, ainda fumando, tivemos alguns atos em um banheiro simples tradicional dessas casas, e uma sala de jantar coletiva, tendo algumas passeatas do lado de fora, e o mais bacana claro, as cenas dos sonhos do senhorzinho sendo refeitas ali dentro mesmo com os elementos tinham por ali.

Enfim, é um filme que volto a frisar que parece ser bem mais longo do que a duração real, mas que envolve bastante e tem atuações incríveis muito bem alocadas no tema, e que não cansa o espectador, valendo com toda certeza a conferida aonde estrear. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo os amigos da Sinny Assessoria e da Bretz Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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#SalveRosa

10/28/2025 12:34:00 AM |

Acho interessante o tanto que vou aos cinemas, entro antes em todas as sessões para ver os trailers por lá, e não tinha visto nem ouvido nada sobre o longa "#SalveRosa", apenas um amigo tinha me falado que lembrava um pouco o filme da Netflix, "Fuja", mas como minha memória também não é essa maravilha, só fui lembrar do filme a hora que vi a primeira aplicação na protagonista, que aí a ligação a cobrar foi completada. E sim, mesmo lembrando em muitos atos, enquanto lá se não me engano a mãe apenas não queria que a filha a abandonasse, aqui o drama é um pouco maior, afinal temos muito disso no mundo atual de mães que lucram em cima dos filhos na TV, no esporte, e principalmente hoje no submundo da internet como influenciadores, e sério, assim que alguém ver o filme e souber de algum caso, denuncie, pois é algo muito errado. Dito isso, o longa tem uma pegada forte, porém muito bem feita para não termos algo jogado apenas na tela, e o melhor é que tudo é muito convincente na tela, fora a maquiagem digital ou não da protagonista que realmente aparentou a idade que a personagem aparenta ter, e sabemos que ela não tem mais essa carinha de tão nova, ou seja, o filme ficou perfeito dentro das sacadas, e mais perfeito ainda pelo desenvolvimento cênico, valendo bastante a conferida.

O longa nos mostra que uma jovem chamada Rosa é uma influenciadora de 13 anos que produz conteúdo infantil para uma rede de mais de 2 milhões de seguidores. Por trás dos posts e das câmeras, a vida da jovem é exaustiva, num ritmo de trabalho fora do comum controlado por sua mãe superprotetora Dora. Obsessiva e onipresente, Dora gerencia todos os passos da filha, desde a dieta até a presença digital da adolescente, revelando uma relação sombria e sufocante marcada por mistérios. Depois de sofrer um desmaio na escola, Rosa investigar seu passado, que parece esconder segredos estranhos. A descoberta acaba colocando não apenas a relação com sua mãe em risco, como a própria vida da adolescente.

Não conhecia o trabalho da diretora Susanna Lira, mas posso dizer que o que fez aqui com o texto de Ângela Hirata Fabri foi de um nível bem superior, pois transformou uma história que poderia ser básica, mas que ao conter situações que sabemos que existem aos montes no Brasil e no mundo, já dava para ficar com uma pulga atrás da orelha, mas a dinâmica em si e como isso é feito na trama usando drogas e praticamente aprisionando a garota, o resultado foi muito além, ficando intenso e marcante. Claro que também temos alguns exageros que davam para minimizar fazendo um pouco menos, como a vida sexual da protagonista, suas baladas e tudo mais, porém na cena de fechamento isso fica bem claro o motivo, então o resultado completo funciona, e mostra que a dupla de direção e roteiro encontrou aonde poderia pontuar e fazer o máximo.

Quanto das atuações, já falei o quão assustador de bom ficou a maquiagem de Klara Castanho com sua Rosa, pois sabemos que seu rosto é bem jovem e ela até engana não aparentando seus 25 anos, mas ficou muito com cara de 13 que é a idade do aniversário ao menos mostrado no longa, sendo muito infantil de entrega, trejeitos e com um ar mais tímido e fechado até nem parece a influenciadora do canal que faz sucesso, ou seja, a atriz brincou com as possibilidades do papel, trabalhou expressividade e conseguiu ser totalmente impactante com o que fez, não sendo explosiva, nem fechada totalmente, mas pontual na medida certa para agradar com tudo. O mais interessante de ver na personalidade que Karine Teles encontrou para sua Dora é que você não fica com raiva logo de cara dela, pois muitas mães tem um estilo mais super-protetor, e principalmente nesse meio digital a maioria dos jovens acabam sendo agenciados pela própria família, mas depois ela vai mudando conforme tudo vai se desenvolvendo, e aí o nível de surto é grande, ao ponto que a atriz chega até nos assustar com sua entrega, ou seja, foi muito bem também em cena. Quanto aos demais, a jovem Alana Cabral segurou bem sua Luana, um pouco forçada demais no nível de amizade com a influenciadora; Indira Nascimento forçou também um pouco o nível de invasão que uma presidente de associação tem nas casas de um condomínio; sobrando para Ricardo Teodoro ter as cenas mais quentes com seu Beto, numa entrega até fácil demais de um pai de família, mas sabemos que ocorrem muitos casos assim.

Visualmente a equipe de arte encontrou um condomínio bem rico para se filmar, tendo a casa dos personagens toda uma imponente entrada, o quarto da garota com uma cenografia bem lúdica para o canal de jogos, a festa bem chamativa, mas com sacadas bem colocadas para não onerar o orçamento, e falando em não onerar o orçamento, a reunião numa mesa de bilhar com a desculpa do salão não estar pronto foi genial, mas bem falso para um condomínio do porte mostrado, além disso tivemos cenas numa escola e numa feira, mas nada que fosse muito chamativo, tirando o fator do exame de sangue.

Enfim, é mais um exemplar de como o cinema nacional tem crescido sem precisar ficar batendo nas mesmas teclas, e sendo imponente na medida certa consegue impressionar pela simplicidade cênica muito bem usada para impactar também, com uma história fictícia não sendo baseada em nenhum personagem real, mas que sabemos que existem aos montes espalhados mundo afora. Então fica a dica para a conferida, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Frankie e os Monstros (Stitch Head)

10/27/2025 12:45:00 AM |

Um estilo que gosto muito de assistir são as animações, de modo que é o único estilo que não ligo de ver dublado, uma pelos dubladores profissionais sempre mandarem muito bem, outra que é um personagem, então qualquer ator pode dar a sua voz para ele, diferente de um ator que tem sua própria voz, estilo e tudo mais, porém uma coisa que já falei várias e várias vezes é que se o diretor não souber escolher o público alvo, achando que vai agradar todo mundo com seu filme, ele vai errar feio, e o resultado acaba sendo algo que não entretém os adultos que vão levar as crianças ou aqueles que gostam apenas de uma boa animação, e vai fazer o cinema virar um caos com a criançada pedindo para ir embora, sair andando pela sala e tudo mais, pois não prende a atenção delas. E comecei a falar assim do longa "Frankie e os Monstros" por ser uma trama até que bonitinha, com canções bacanas e uma história até engraçadinha, mas que não conectou em nada com a garotada que já na metade do filme estava perguntando para as mães se o filme já tinha acabado a cada fade black que tem entre as cenas (meio desnecessário, mas quiseram usar aos montes), e mais próximo ao fim mesmo todas começaram a querer ir comer, ou seja, não conectou em nada com os pequenos, e os adultos também não viram muita coisa emocional ou divertida ali para rir ou chorar com algo, sendo algo básico que errou em não reimaginar tudo o que poderia.

O longa acompanha um Professor Maluco que dá vida (ou tenta) a diferentes criaturas monstruosas. Em seu laboratório no topo do castelo Grotesco, o louco cientista faz testes para criar o seu mais novo monstro. Sempre na espreita, olhando e se escondendo nas sombras, está Frankie, sua primeira e esquecida criação, um pequeno sujeito de aparência estranha e cabeça careca feito de pedaços e partes humanas. Frankie obedece a todas as ordens de seu mestre, mas é sempre rejeitado e pouco reconhecido, nunca recebendo carinho. O jovem divide seu tempo entre cuidar e manter o castelo seguro e deixar os outros monstros escondidos. Amedrontado com a menor possibilidade dos moradores da cidade ficarem sabendo da existência das criaturas, Frankie faz seu trabalha com muito cuidado e precisão. Tudo muda, porém, quando um Show de Horrores chega à cidade, desesperado por novas atrações. Quando o dono do espetáculo conhece o honesto e humilde Frankie, acredita ter encontrado sua próxima estrela e promete ao rapaz tudo o que ele sempre sonhou: amor e fama.

Diria que o diretor e roteirista Steve Hudson fez bem nas escolhas de personagens, pois todos ali possuíram um carisma bem encontrado que deu um tom gostoso para a trama, porém faltou o detalhe máximo de uma boa animação que era a definição de público, pois se trabalhou como uma trama voltada para o Halloween com uma pegada de terror leve para a criançada, funcionaria ir mais além e não tão musical, mas se quisesse ir para o rumo de desenvolver algo realmente para os pequenos, deveria ter fantasiado mais tudo e jogado para algo mais cômico, que aí sim valeriam as músicas, os personagens ficarem mais bobinhos e tudo mais. Mas entre o saldo dessa não escolha, posso dizer que o tom funcionou, e as dinâmicas ficaram interessantes, de modo que passa bem o tempo de tela, principalmente no ato final, então acaba sendo ao menos um trabalho simples e com boas formatações na tela.

Um ponto que achei bem bacana foram as texturas e como já disse os personagens carismáticos, de modo que desde o protagonista Frankie, passando pelo monstrão Criação e a garotinha Arabela todos brincaram bem com as facetas, e tiveram seus momentos, além da trama ser bem colorida, cheia de nuances entre o escuro da vila e do castelo com todo o misticismo do circo diferenciado, tendo um tom mais puxado para o vermelho para criar o caos, fora as dinâmicas bem cheias de velocidade na invasão e toda a brincadeira das cenografia das apresentações do circo com o protagonista.

Enfim, é um filme bem simples, que até poderia ir mais além, mas que tem uma proposta bacana que apenas foi mal desenvolvida para tentar atingir todos os públicos e acabou não acertando ninguém, então diria que recomendo ele com tantas ressalvas que pode até parecer contraditório, mas vale como algo mediano bem feitinho. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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O Agente Secreto

10/26/2025 03:44:00 AM |

Todo filme que venho escrever aqui eu digo para ir conferir com baixas expectativas, e eu mesmo não ouço meus conselhos, pois confesso que desde que levou Melhor Direção, Melhor Ator e o Prêmio da Crítica em Cannes, fora outras premiações mundo afora, estava quase maluco atormentando a vida da distribuidora por uma cabine que fosse de "O Agente Secreto", mas dessa vez só iriam fazer exibições em Festivais, Mostras e claro pré-estreias pagas adiantando para os mais curiosos, então eis que hoje mudei todos os meus planos e fui conferir com as expectativas na estratosfera para economizar a altura que estava, e posso falar que gostei do que vi, afinal é uma produção gigantesca digna de trama hollywoodiana, tanto que nem parece uma trama nacional, com figurinos, carros e locações de época tão bem colocadas e cheias de figurantes que chega a impressionar, porém acredito que eu queria um algo a mais, uma resolução menos simples, que impactasse e chamasse a responsabilidade que tantos aplaudiram. Ou seja, é um filmão, isso sem dúvida alguma, mas senti a falta daquele detalhe que você vê e pensa: "já ganhou tudo!", o que acaba não ocorrendo.

O longa se passa no Brasil de 1977 onde Marcelo (Wagner Moura), um homem de 40 anos que trabalha como professor especializado em tecnologia, sai da movimentada São Paulo e vai para Recife. Ele tenta fugir do seu passado violento e misterioso, com a intenção de começar uma nova vida. Ali, ele chega na semana do Carnaval, então logo a paz e a calmaria da cidade vai se esvaindo, e com o decorrer do tempo percebe que atraiu para si o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, além de Marcelo estar sendo espionado pelo seus vizinhos, vê que a cidade que achou que o acolheria ficou muito longe de ser o seu refúgio.

O bacana e ao mesmo tempo irritante do diretor e roteirista Kleber Mendonça Filho é que seus filmes já são moldados pronto para chocar com algo, tendo alguma nudez descarada ou algum personagem bonachão demais ou até mesmo uma cena de uma tonelada de minutos que você fica sem entender nada, e o mais engraçado é que você já vai esperando acontecer, e aqui sem dúvida é a da perna atacando as pessoas da rua da prostituição, que possivelmente muitos irão enxergar algo filosófico ou algo diferenciado em cima da ideia, mas que se não tivesse, não seria um filme do diretor. Porém, aqui eu vi muito menos o Kleber que conhecemos, pois suas produções geralmente são mais baratas, sem tantos detalhes ou impactos, e o que ele nos entregou hoje é uma produção de nível gigantesco, com tantos personagens, detalhes cênicos, ambientes de época, toda uma personificação e referências, que acaba sendo muito bonito de ver uma qualidade dessa, e jamais você me verá reclamando disso, afinal minha formação é em cima de produção, o que acabou me surpreendendo demais, mas dava para ainda ter usado mais de tudo o que conseguiu e ficar só no passado, pois é até bem colocada a junção de identidade do presente com o passado, o tanto que apagamos coisas ruins e pessoas da nossa vida, mas senti a falta principalmente de terem conseguido pegar o protagonista, e assim mostrar realmente a nossa identidade na tela.

Quanto das atuações, a primeira pergunta que vem na mente da maioria é se Wagner Moura mereceu o prêmio de Melhor Ator em Cannes, e a resposta é um bem rápido sim, pois seu Marcelo/Armando além de um outro papel que não vou colocar para não dar spoiler, são personagens simples, porém complexos de interpretação, usando parte do tradicional jeitinho calmo do recifense com também o sangue fervente das pessoas de lá, sabendo segurar a tensão sem explosão, passando carisma, mas também o medo frente ao perigo, e que sem sair do prumo conseguiu marcar presença no longa inteiro, ou seja, segurou como um bom protagonista deve fazer. O mais engraçado é que mesmo o filme tendo uma tonelada de bons personagens, o diretor manteve o foco praticamente todo em Wagner, sobrando espaço para que poucos se destacassem na tela como Maria Fernanda Cândido com sua Elza, Gabriel Leone com seu Bobbi, Roney Villela com seu Augusto e Robério Diógenes com seu Delegado Euclides, fazendo com que cada um tivesse bons traquejos, desenvolvessem suas cenas, mas jogando sempre a bola para Wagner chutar, e quem fez gol sem bola foi dona Tânia Maria com sua Sebastiana carismática e totalmente solta com as fofocas que lhe contam, entregando tudo e fazendo o público rir, mesmo no meio da tensão.

Visualmente já falei e volto a repetir que o longa é uma superprodução de nível marcante aonde vemos uma composição de época tão perfeita, que mesmo quem não viveu os anos 70 consegue se sentir por lá, começando já de cara com um posto de estrada tão comum e simples que chega a ser bonito de ver, depois vemos diversos carros espalhados pelas ruas de Recife, as brincadeiras de crianças com seus jatos de cano, fantasias simples e chamativas, os famosos blocos de frevo, os carrões da polícia que assustavam só de passar perto, figurinos chamativos e curtos como muitos usavam, os famosos prédios de identificação com seus milhares de arquivos e fichas, o hotel da senhorinha com as mantas e simplicidades, e para brincar ainda mais com a identidade que é o foco do longa temos até um gatinho com duas caras, fora as cenas de mortes violentas e marcantes, um necrotério corrupto e tudo mais. Ou seja, a equipe de arte foi simplesmente fantástica.

Enfim, é um filme que consegue chamar muita atenção, que tem todo o formato hollywoodiano que conhecemos bem, que funciona bastante pela personalidade dos personagens, pela ideia da falta de identidade e pela busca dela, mas que não impacta como poderia, claro que friso isso com um peso de ter ido esperando algo ainda maior dentro da história em si, e não tanto pela superprodução, então quem for com menos expectativas provavelmente irá gostar mais. Agora é esperar se iremos ganhar prêmios nas premiações mais chamativas do começo do ano que vem, pois ser indicado em algumas categorias ao menos é certeza, e quem não quiser esperar até 06/11 para conferir o longa, no próximo sábado 01/11 haverá mais sessões de pré-estreia nos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Novembro (Noviembre)

10/25/2025 08:04:00 PM |

Costumo dizer que sabemos praticamente nada da História mundial, afinal vemos bem o básico na escola envolvendo as principais guerras e colonizações, e um pouco do que rolou aqui no Brasil, mas quando falamos dos acontecidos ao redor de países menores quase sempre quem nos ajuda são os filmes! E um exemplar bem interessante é "Novembro", que estreia nos cinemas na próxima quinta 30/10 sendo uma produção internacional envolvendo Brasil (Vulcana), México (Piano), Noruega (Tordenfilm) e claro Colômbia (Burning), para mostrar a tomada do Palácio da Justiça da Colômbia em 06/11/1985 pelo grupo M-19, tentando conseguir que fossem ouvidos e que julgassem o presidente, mas acabaram encurralados pelo exército que também estava sendo julgado ali pelos juízes da casa. Ou seja, é daqueles filmes tensos e marcantes, porém se olharmos a fundo fáceis e baratos de se desenvolver, afinal se passa completamente dentro de um banheiro com vários atores, alguns com um pouco mais de fala, outros apenas compondo o ambiente, rezando e criando o caos, além de imagens de arquivo das emissoras jornalísticas que acompanharam o caos do lado de fora, mas que foram ocultadas as notícias passando jogos de futebol, afinal todos ali não estavam com boas intenções.

A sinopse nos conta que presos em um banheiro por mais de 27 horas durante a tomada do Palácio da Justiça, guerrilheiros, juízes e cidadãos civis encaram algo mais violento do que balas: suas próprias convicções — ou o colapso delas. Fora, o caos. Dentro, uma nação à beira do precipício.

Diria que a estreia em longas do diretor e roteirista Tomás Corredor foi bem intensa, pois ao trabalhar em um ambiente pequeno, fechado e com várias pessoas, a chance de dar muito errado cada tomada é altíssima, mas ele foi seguro com sua câmera focando nas principais pessoas dali, usou muitos efeitos de sujeira e explosões, sabendo criar tensão entre os personagens e por incrível que pareça com boas dinâmicas nesse espaço pequeno, além claro de escolher ótimas imagens de arquivo para que tudo se conectasse com o que era falado lá dentro. Claro que para isso ele não fez uma trama muito alongada, e tendo apenas 76 minutos, o longa se fecha bem para que nada saísse do eixo nem ficasse apenas de enfeite nos diálogos, ou seja, é o famoso rápido tiro para que o público entenda tudo.

Quanto das atuações, Natalia Reyes foi a mais trabalhada na tela com sua Mona, talvez dando um leve spoiler, por ser uma das únicas sobreviventes do conflito, e a atriz teve boa personalidade para manter os olhares, se deixar ajudada pelos reféns para tentar salvar os amigos, e fez boas expressões para que seus atos chamassem atenção. Santiago Alarcon também trabalhou bem as dinâmicas de seu Magistrado Gaona, tremendo bem para que parecesse estar com medo de morrer, mas imponente para assumir a frente no momento mais tenso do conflito. Juan Prada soube ser marcante também com seu Comandante Almarales, mas sem muito o que chamar a atenção, e quase que ficou entre os demais, que apenas fez figuração de luxo na tela.

Bom, é meio difícil falar sobre o conceito visual do longa, afinal tivemos apenas um banheiro, sem água, com as cabines vazias ou com mortos sendo colocados ali, muito sangue e alguns vazamentos, alguns personagens com roupas de guerra, outros mais chiques por serem funcionários de alto escalão, e mas na confusão todos foram iguais, tiveram alguns bons efeitos caindo pedaços do teto, fumaça e tudo mais com as explosões, mas sendo simples e funcional apenas.

Enfim, é um filme que vale pelo conteúdo histórico, para conhecermos um pouco de nossos vizinhos de país, e que funciona bem na tela, mesmo sendo simples, para quem curte entender um pouco do momento de alguns países, então fica a dica para conferir nos cinemas que estrearem na próxima semana. E eu fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e também da Vulcana Filmes pela cabine de imprensa, e até mais tarde, pois hoje ainda tenho uma pré para conferir também, então abraços e até logo mais.


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Pai do Ano (Goodrich)

10/25/2025 02:47:00 AM |

Costumo dizer que Hollywood falha demais em dramas motivacionais e/ou cômicos, pois acabam deixando tudo leve demais, bonitinho demais, calminho demais, faltando por vezes algo que choque o espectador ou pelo menos seja um ponto de virada que faça o público se emocionar, pois senão acaba sendo algo normal demais de conferir na telona. E até acredito que o longa "Pai do Ano" consiga emocionar alguns pais ou até mesmo alguns filhos que possuam algo semelhante ao que acontece no longa, mas para os demais ficou parecendo faltar algo, sem realmente estar faltando, pois tudo está presente, mas ser bonitinho, certinho e mais uma pancada de "inhos" é algo que atualmente não chama atenção, e pior, acaba sendo esquecível tão rápido quanto a duração da trama.

O longa nos conta que Andy Goodrich é surpreendido pela decisão da esposa Naomi de se internar numa clínica de reabilitação por 90 dias, deixando-o sozinho com a responsabilidade de cuidar dos gêmeos de nove anos do casal. Sem nenhum tato para a paternidade, a vida de Goodrich vira de cabeça para baixo, tendo que lidar ainda com uma dívida pendente em sua galeria de arte. No meio dessa bagunça, Andy recorre à sua primogênita Grace, fruto de seu primeiro casamento, para ajudá-lo com os desafios de cuidar de duas crianças. O que ele não imaginava era que antigas mágoas e velhos ressentimentos de Grace voltariam à tona, revelando para Andy o quanto ele foi ausente em sua infância. Na companhia um do outro, pai e filha vão descobrir uma maneira de ultrapassar barreiras do passado e reconstruir uma relação repleta de arestas não resolvidas.

Vou adiantar algo para vocês, que lendo a sinopse você assistiu ao filme inteiro, mas o que posso falar mais sobre ele é que a diretora Hallie Meyers-Shyer continuou bebendo na fonte da sua mãe Nancy Meyers como já havia dito no seu longa de estreia "De Volta Para Casa", ou seja seu estilo será esse, e sempre que seu nome estiver estampado no cartaz já saberemos o que iremos conferir, claro que isso não é algo ruim, muito pelo contrário, tem dias que o que mais queremos é um filme levinho sem nada para precisar pensar ou refletir, porém por vezes mesmo nos levinhos precisamos nos emocionar e envolver para que o longa ficasse marcado, pois se não tivesse escrito sobre o seu longa de estreia nem lembraria tanto do que vi, e digo até mais, é capaz de que no seu próximo filme eu lembre mais do primeiro do que desse, pois embora tenha uma lição bonita em cima da vida acelerada que temos que acabamos nem dando valor para alguns entes queridos e que precisamos desacelerar, o resultado acabou ficando morno demais, o que é uma pena, pois dava para ir mais além.

Quanto das atuações, posso dizer que Michael Keaton fez um papel bem colocado com seu Andy, não sendo nada surpreendente, mas demonstrando conhecimento de traquejos para lidar tanto com o desespero com o conhecimento dos filhos menores, do surto pela mulher ir embora se tratar de algo que ele desconhecia, e até mesmo do conflitivo caos que está sua galeria, a paixão de sua vida, e claro os problemas passados que sua filha mais velha já teve com sua falta quando menor, ou seja, ele precisou ter química com muitos personagens e sabendo passar bem essa sensação calma, o que acabou sendo fácil de ver, mas sem nada que o marcasse realmente. É engraçado ver como Mila Kunis parou no tempo parecendo ser ainda a mesma garota que vimos anos atrás em outros filmes, mas ainda fazendo papeis que fluem fácil, de modo que sua Grace é o retrato de muitas mulheres que precisam ajudar quem nunca lhe ajudou, que busca um sentimento a mais ali, mas que guarda muito para si, tendo claro sua cena maior na explosão literal na frente da clínica, mas também tendo belos olhares na cena da galeria, ou seja, foi bem no que fez. Ainda vale leves destaques para as crianças Vivien Lyra Blair e Jacob Kopera pelos inteligentes e sinceros Billie e Mose, que demonstraram uma mentalidade até mais velha do que 9 anos, mas foram bem demais no que fizeram, e só.

Visualmente a trama oscilou pela casa gigantesca e rica do protagonista, mostrando ser bem requintado, mas também preso ao valor das antiguidades que tem, não deixando os filhos tocar em nada, a galeria antiga, sem um grande chamariz moderno que precisaria para a época, a casa de Grace, e alguns bares e restaurantes, além do hospital e visita a lojas de Halloween, mas tudo simples e sem grandes marcas para a trama, parecendo um trabalho de baixíssimo orçamento.

Enfim, é um filme bacana, bem simples, com diálogos bem colocados, mas que leva nada a lugar algum, tudo muito certinho e bonitinho de ver, que talvez emocione mais quem já passou pelas experiências, mas nada que fosse realmente marcante. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Casa de Dinamite (A House of Dynamite)

10/24/2025 11:07:00 PM |

Já adianto que hoje não vou falar do elenco do longa da Netflix, "Casa de Dinamite", pois é impossível a quantidade de bons atores que a diretora Kathryn Bigelow conseguiu colocar em um único filme, parecendo que deu a missão pro diretor de elenco da empresa de ligar para todos que estivessem disponíveis e fossem para o set filmar. Dito isso, o longa é muito interessante, e acredito que meio que quase rolou algo do estilo quando as torres gêmeas foram atacadas lá no famoso 11/09/2001 que a diretora já usou como base em seu outro premiado filme, e aqui imaginando que um míssil nuclear tenha sido disparado rumo aos EUA, como seria a ação dos principais chefes de cada departamento durante as ações do que fazer, de como executar ou dar as ordens, e claro também pensar nas famílias e tudo mais. Ou seja, vemos um único filme em uma ação de duração em tempo real de 15-20 minutos, sob a ótica de cada um dos membros principais, com tudo acontecendo e as dinâmicas rolando, que pode até parecer repetitivo, mas funciona bem na tela.

O longa acompanha as investigações norte-americanas perante a um atentado. Atingidos por um míssil não identificado, os Estados Unidos precisam correr para descobrir quem foi e determinar os responsáveis para garantir um ataque eficaz e ao mesmo nível.

O mais bacana que a diretora Kathryn Bigelow fez com o roteiro de Noah Oppenheim foi transformar a trama em algo de tempo corrido, que mesmo tendo os cortes e não sendo um plano-sequência atrás do outro, brilha por fazer o espectador parte daquilo que está entregando, então no começo estamos junto dos soldados que disparam as tentativas de desativar o míssil, depois estamos junto da central de crise americana, depois para o vice-diretor de defesa, na sequência vamos para perto do general de ofensiva, depois para junto do secretário de defesa no Pentágono, e por fim acompanhamos um presidente americano recém empossado que nunca achou que precisaria ver o "menu" de ataques, ou seja, são os mesmos 15-20 minutos para cada um se desenvolver da melhor forma possível, com a mesma história acontecendo, tanto que ouvimos os demais pela tela de video-chamada, mas a diretora soube passar o impacto de uma forma tão presente para eles, que o resultado impacta e chama muita atenção, causando desconforto para o público, e claro para pensarmos o que faríamos no lugar de cada um, e isso mostra um tremendo acerto da parte da diretora pela técnica escolhida.

Não vou entrar em detalhes das atuações, pois como falei no começo é um elenco de respeito em todas as posições, e cada um entregou muita personalidade, emoção e sinceridade para com seus momentos, desde Idris Elba com seu presidente mais focado nas pessoas e menos tático, passando por Rebecca Ferguson como uma capitã precisando pensar na família, mas apta a resolver tudo rapidamente, indo para Gabriel Basso tendo de assumir sua função de forma desesperada pelo titular não estar disponível, tendo um Jared Harris imponente como secretário de defesa, mas sem estruturas, tendo um Tracy Letts rígido e querendo atacar a qualquer custo como um general deve ser, até chegarmos num major simples que brigou com a família, e acaba brigando com todos ao seu redor que Anthony Ramos fez muito bem. Isso que só citei os principais, pois tivemos muitos outros abaixo que foram imponentes nas suas cenas e fizeram tudo funcionar muito bem na tela. 

Visualmente embora tenha cenas de aviões, bases militares, helicópteros e até carros presidenciais andando pelas ruas, a trama é muito mais focada dentro dos ambientes, e isso sem dúvida alguma facilitou demais para a equipe de arte, tendo o centro de crises com muitos computadores e telas, o centro de operações de mísseis também com muitos computadores, uma cúpula do exército praticamente igual mudando apenas alguns ambientes, e claro a Casa Branca com a sala presidenciável e uma quadra de basquete aonde ele vai prestigiar algumas crianças, ou seja tudo bem básico e funcional na tela, que não incomoda, mas também não vai muito além, afinal nem precisaria.

Enfim, acredito que o filme poderia ter mostrado um pouco mais do pós-conflito, para vermos que decisões foram tomadas, se é que conseguiram tomar alguma, mas a essência é forte e as atuações foram convincentes, então o resultado acaba sendo um filmão para quem curte o estilo pensar, e assim quem sabe até garantir alguns nomes nas premiações, então fica a dica para a conferida, e eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Mauricio de Sousa - O Filme

10/24/2025 01:32:00 AM |

Quando falei no começo do ano que a Academia Brasileira de Cinema iria começar a ter muita dificuldade nas indicações para festivais e premiações, várias pessoas riram e falaram que eu estava maluco, e só comecei a citar alguns filmes interessantes que iria aparecer e os olhos já mudaram, e se tem algo que muita gente fica em dúvida de fazer ou não são as biografias, pois acabam virando grandes novelas ou acabam ficando como homenagens exageradas, parecendo que a pessoa foi boazinha a vida inteira, e para piorar, muitos gostam de fazer somente depois que o homenageado morra, ou seja, aquele vazio apenas para os familiares ficarem chorando. E como bem sabemos, nosso país tem muitas personalidades que sabemos pouquíssimo ou quase nada, apenas pelo que pegamos nos famosos sites de busca, mas quem não quer buscar e quer conhecer um pouco de como foi a vida do jovem que fez praticamente a infância de todo mundo melhor lendo bons quadrinhos a dica do momento é "Mauricio de Sousa - O Filme", que conta como um garotinho que aprendeu a ler com um gibi se transformou num rapaz sonhador e que sem desistir conseguiu viver dos seus desenhos e ir muito além com tudo o que criou. Claro que por ser algo feito pela família do criador, e também ele estar vivo, a trama não joga coisas ruins, mata algumas épocas obscuras do país, e enche de narrações como se ele estivesse nos contando, mas é bem gostoso, rápido mesmo sendo alongado, e tem um último ato incrível misturando desenhos com os atores, e ali acredito que deveriam ter valorizado um pouco mais, mas ainda assim é um tremendo filmão que vale a pena conferir.

O longa reconta a vida do quadrinista mais importante do Brasil, desde sua infância, a relação com os pais e os primeiros passos e momentos marcantes que tornaram realidade o seu sonho de se tornar desenhista. Criador de Turma da Mônica e outros personagens famosos da cultura brasileira, a trama traz um olhar pessoal e sensível para a vida de um artista e das referências que o formaram, como sua avó Dita e família, figuras essenciais para a criação da Turma da Mônica. Da descoberta e paixão pelos quadrinhos à construção de uma carreira considerada impossível na época, o longa mostra a coragem de Mauricio de Sousa em sustentar suas ideias, histórias e personagens.

É bem interessante observar que os longas anteriores do diretor e roteirista Pedro Vasconcelos foram tramas com pegadas novelescas, séries e novelas, tendo um ou outro longa aonde fugiu um pouco de seu estilo tradicional, e aqui como falei acima, ele provou que dá para fazer uma biografia bem ampla sem precisar recorrer ao principal estilo nacional que é o drama/comédia novelesco, focando no protagonista, e deixando somente para os demais darem as devidas conexões, e isso acabou sendo bem legal de acompanhar, pois vemos o protagonista desde o começo bem inventivo e sonhador, fazendo suas devidas ousadias, sempre bem participativo em tudo, e o principal, tendo coragem de se arriscar, que da mesma forma acabou acontecendo com o diretor, pois ao se arriscar conseguiu brilhar. Claro que volto a pontuar que sou extremamente contra longas narrados, pois acaba sendo uma muleta para que o protagonista não tenha que atuar, afinal você fica falando para o espectador tudo o que está ocorrendo, vai ocorrer ou está pensando para ocorrer, e considero uma falha digna de um roteiro frouxo, porém isso é uma opinião bem pessoal, pois tem quem goste, mas dava para estruturar melhor o filme sem ser "contando" uma história para o público.

Quanto das atuações, posso dizer que foi bem bacana colocar o filho de Maurício, Mauro Sousa, como o protagonista na vida adulta, pois o ator é muito semelhante ao pai na juventude, tirando claro os traços orientais da mãe, porém acabou sendo mais uma homenagem dele ao pai, do que realmente uma interpretação cênica dos momentos, tanto que para a trama se desenvolver bem foi necessário muita narração, mas teve momentos bem expressivos e se doou bastante ao personagem, e isso já mostra que ele pode caminhar mais nesse mundo futuramente. A versão criança de Maurício foi muito carismática pela desenvoltura de Diego Laumar, e isso deu um tom gostoso e bem lúdico para seus momentos com a mãe vivida por Natália Lage, com o pai vivido por Emílio Orciollo Neto e com a vó vivida por Elizabeth Savala, sabendo desenvolver bem tudo para passar a bola para que Mauro usasse depois. Quanto aos demais, a maioria deu apenas as devidas conexões para as histórias, valendo claro todas as crianças que não vou citar, mas que mostraram de onde veio a maioria dos personagens da turminha dos gibis, e claro, Thathi Lopes como a primeira esposa de Maurício, que sem usar seu lado cômico tradicional, pareceu um pouco engessada, mas fez bem o que tinha de fazer.

Visualmente a trama teve uma boa pegada de época para mostrar os 50-60, mas sem recair tanto no climão pesado que rolava no país, depois já pulando mais para frente, mas souberam dosar bem as cenas em Mogi das Cruzes, São Paulo e Rio de Janeiro, passando pelos concursos musicais nas rádios, a barbearia do pai, a casa da avó, e os jornais aonde o jovem trabalhou e ia para vender seus quadrinhos, tendo alguns passeios de trem, e claro usando também causos e boas dinâmicas nas casas para criar os devidos personagens, mas volto a citar os atos finais do longa aonde misturaram desenhos com o protagonista, saindo dos papeis e brilhando nas nuances, que acabou ficando muito bonito na tela.

Enfim, diria que é uma produção com a cara nacional, muito envolvente e emocional que funciona na telona para conhecermos mais do Mauricio e como ele se tornou quem é hoje, que talvez pudesse ter ido mais além (ou quem sabe irão fazer uma continuação - nunca se sabe!), mas que encanta junto com boas canções e transporta a trama por épocas e pensamentos da nossa infância, afinal desconheço quem até hoje não tenha lido um bom gibi feito pelo protagonista. Então fica a dica para a conferida, espero que dê um bom público, afinal também tenho amigos na produção daqui da cidade, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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