Memórias de um Verão (The Summer Book)

11/18/2025 12:49:00 AM |

Confesso que demorei para começar a escrever do filme que vi hoje, primeiro pois se existe um estilo de trilha que raspa a trave de me fazer dormir é a tal do pianinho tocando do começo ao fim, que acaba alongando uma trama curta (90 minutos) para algo quase interminável, segundo pois mesmo sendo algo bonito de ver na tela, a trama de "Memórias de um Verão", que estreia na próxima quinta 27/11 nos cinemas, poderia ser descrito como quase uma homenagem de alguém que resolveu transformar em vídeo uma experiência simples na tela, e nada mais. Ou seja, é daqueles filmes que você fica se perguntando se entendeu a proposta, se era só isso mesmo, ou então será que eu dormi e perdi algo, sem nem saber por onde começar a escrever, e detesto isso, afinal gosto de sentir a trama e já vir digitar, e aqui não sabia mesmo o que falar, mas o que posso colocar é que é algo emocional, bonito visualmente, mas sem dinâmica alguma, brincando com algumas facetas do luto, do juntar a família após algum desastre, mas que apenas vai tocando nas fagulhas, sem desenvolver algo que impressione realmente, o que é uma pena.

A sinopse é bem simples e nos conta que após uma grande perda, Sophia, de 9 anos, passa o verão em uma pequena ilha da Finlândia com a sua avó. Juntas, vão aprender sobre o luto, a natureza e criar um laço profundo.

Diria que o diretor Charlie McDowell quis homenagear a verdadeira personagem do livro de Tove Jansson, pois até trabalhou olhares com sua câmera, deu alguns tons bem trabalhados na encenação dos atos, mas em momento algum vemos o desenvolvimento maior do ambiente de luto, da desenvoltura em cima da relação dos personagens, ao ponto que no momento que a garotinha pede a Deus que traga uma tempestade ou faça algo acontecer que já está cansada, você responde automaticamente para ela: "eu também!". Ou seja, faltou uma estrutura narrativa que trabalhasse algo a mais, e isso não ocorre, ao ponto que vemos que não basta ser algo bonito na tela, se não tiver uma história que agrade.

Quanto das atuações, sei que Glenn Close está com quase 80 anos, mas deixaram ela com uns 100 no mínimo para o papel da avó no filme, de modo que seu ar sentimental e entrega foram muito bons, e se não fosse isso talvez o longa fosse algo insuportável de conferir, mas suas dinâmicas foram condizentes com cada ato, seus movimentos bem determinados e chamando a responsabilidade para si botou um ar gostoso de acompanhar que agrada bastante na trama. A jovem Emily Matthews entregou bons traquejos para sua Sophia, porém não conseguiu chamar a responsabilidade para si como uma protagonista deveria, de modo que faltou uma segurança maior da direção para que a jovem pudesse se soltar mais na tela, ou seja, fez o que podia e foi até graciosa em alguns momentos, mas sem ir além. O pai vivido por Anders Danielsen Lie ganhou seu cachê por fazer praticamente nada, no modo de dizer, pois o papel é bem jogado, tendo o momento da tempestade como algo mais chamativo para si, mas do restante é mero enfeite cênico.

Visualmente o longa tem todo um cerne bem bonito da ilha, vemos as dinâmicas acontecerem com a senhora tentando estar o máximo presente, mas sem atrapalhar a conexão, escondendo detalhes que poderiam causar gatilhos como o chapéu, vemos o conhecer outros lugares próximos, tudo simples e bem colocado para que a fotografia desse o tom chamativo na tela, com nuances do sol e tudo mais, mas falta aquele algo a mais para chamar realmente atenção.

Enfim, é um longa que dava para ir muito mais além, que tem uma atriz de qualidade imensa, uma locação belíssima, uma fotografia linda demais, mas que leva nada a lugar algum, que talvez algumas pessoas até possam enxergar algo a mais na tela, mas infelizmente eu não consegui, e assim não diria que recomendo como algo comercial, pois talvez em festivais o pessoal até enxergue esses detalhes, mas com o grande público, não vai rolar. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo o pessoal da Synapse Distribution e da Atomica Lab Assessoria pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até lá.


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Netflix - Nos Seus Sonhos (In Your Dreams)

11/17/2025 12:57:00 AM |

Costumo dizer que para uma animação funcionar bem ela precisa cativar os pequenos e encantar os adultos, tendo texturas na medida, mas principalmente que a história envolva e entregue algo mágico sem soar apelativa demais, e quem vem fazendo um trabalho fenomenal nesse sentido é a Netflix Animation Studios, que antes usava bases de outras companhias, mas que ao criar sua própria vem chamando atenção e acredito que logo mais irá brigar pau a pau com as grandes companhias do estilo. E um exemplo bem marcante nesse ano ficará a cargo de "Nos Seus Sonhos", que estreou na última sexta trazendo algo tão bonito, tão cheio de vida e presença, e o melhor, sem soar bobinha ou ingênua demais na tela, fazendo com que o público brinque com o místico Sandman e pense como seria viver em um sonho real. Ou seja, talvez os menorzinhos não peguem tanto a essência do filme, mas o colorido todo acabará entretendo eles, enquanto os mais velhos, e principalmente os adultos, irão sentir toda a dinâmica que ocorre na tela, com a lição bem colocada de não desejar algo impossível.

No longa vemos que uma menina chamada Stevie e seu irmão mais novo Elliot são transportados para o universo encantado e mágico de seus próprios sonhos. Lá, eles embarcam numa jornada para encontrar o misterioso Sandman, que pode lhes conceder o maior desejo dos dois: uma família perfeita. Para isso, porém, os dois precisarão superar seus medos e uma série de obstáculos enquanto navegam pelo caminho até o mágico. Logo, uma girafa de pelúcia, comidas transformadas em mortos vivos e a temida rainha dos pesadelos são alguns dos desafios que os irmãos precisarão encarar.

Tanto Erik Benson quanto Alexander Wood estão estreando nas funções de direção de longas de animação, porém seus nomes já foram muitas vezes vistos nas equipes de arte de grandes animações conhecidas da Disney/Pixar, e provavelmente veremos muitas vezes mais seus nomes após esse belo trabalho que fizeram aqui, ao ponto de vermos texturas funcionais, sem precisar transformar os personagens em algo realista, vemos também uma história comovente e envolvente bem cheia de bons diálogos e situações, e uma composição gráfica lúdica cheia de nuances bacanas que até entrando nas dinâmicas de canções acabam encantando e divertindo a todos, ou seja, um trabalho impecável para funcionar e chamar atenção, o que mais a Netflix quer desse seu novo braço criativo.

Quanto dos personagens, achei bem fofa e bacana a relação dos irmãos Stevie e Elliot, com boas dinâmicas, cheios de personalidades, e tendo um carisma para com o público bem chamativo, além da ótima dublagem de Maria Clara Rosis e Lorenzo Tironi que deram tons bem infantis, mas cheios de nuance nas confusões que vão rolando, e como já falei a textura dos personagens ficaram bem interessantes de ver na tela, brincando bastante com todo o ambiente e assim agradando por completo. Os pais foram dublados por Olavo Cavalheiro e Marina Mafra, e tiveram boas cenas para passar os problemas na tela, e envolveram bem nos atos de fechamento. Tivemos cenas bem divertidas com o personagem PresunTony que Pierre Bittencourt deu a voz, sendo o ponto cômico do longa, e até foi engraçado ver nos créditos que a versão em espanhol foi de Tony Mortadela. E por fim, mas não menos importante tivemos Mauro Ramos fazendo Sandman com muita imponência, que é algo que sabemos que o dublador sempre entrega.

Visualmente o longa tem seu charme, tem traços e formas interessantes, contando com boas cenas de voos da cama, todo o processo do sonho com as areinhas dançantes, o lance da Pesadélia mudar todo o ambiente bonitinho para algo cheio de zumbis e coisas temebrosas, tudo variando bem na tela entre o lúdico e o real em tons bem chamativos que com certeza irão pegar a criançada. Ou seja, é daquelas animações completas que facilmente nos cinemas encantaria com um bom 3D, mas que ainda não era a hora da companhia estourar nas telonas, então caiu bem na telinha também.

Enfim, é daquelas animações que vale o tempo de tela, teve boas canções bem conectadas com a trama, algumas bem dubladas inclusive, que o resultado final fantasia a nossa mente e pode até fazer alguns soltarem algumas lágrimas, então fica a dica para dar o play junto com a família toda. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

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Livros Restantes

11/16/2025 06:54:00 PM |

Muitas vezes na correria levamos um presente para uma festa apenas embrulhado de qualquer forma e são nos detalhes que muitas vezes eles acabam tomando forma, afinal cada momento tem sua vida e espaço na mente. E o bacana do longa "Livros Restantes", que estreia nos cinemas nacionais no dia 11/12, é mostrar toda essa base do rever as dedicatórias dos últimos livros a desapegar antes de mudar de país pela protagonista, e relembrar toda a essência junto da pessoa na despedida, só que reviver coisas do passado pode ser um pouco caótico, e a trama acaba tendo esse elo meio novelesco no miolo, mas o resultado felizmente não se atrapalha já que tendo boa segurança na protagonista, o filme flui e envolve o espectador, passando muito sentimento e reflexão na tela. Ou seja, é um filme denso que tem aquele algo a mais para sentirmos verdade e pensarmos como revemos as pessoas que passaram por nós, mas que no fundo pode ser que apenas foi um presente dado no momento e nem sempre isso é bom!

A sinopse nos conta que cinco livros na estante é o que restou de todas as coisas que Ana Catarina teve que desapegar antes da mudança para Portugal. Com dedicatórias, cheiros e marcas, Ana não consegue doá-los e decide devolvê-los para quem a presenteou. Os reencontros, alguns passados 20 anos, mexem com sua memória, fazendo-a refletir sobre o passado para poder seguir em frente.

Não conheci a cinematografia da diretora e roteirista Marcia Paraiso, mas dando uma rápida olhada em suas obras é notável como ela gosta de trabalhar o sentimental e o envolvimento dos personagens, para que passem bem isso na tela, e aqui temos muito disso, já que uma mudança é algo ao mesmo tempo bom, mas que envolve muitos fatores para se abandonar e deixar para trás, ativando algumas memórias que o tempo apagou por não serem necessárias, mas que podem explodir ao acontecer. Ou seja, é um filme que tem uma densidade tão bem trabalhada pela diretora, que não diria que o papel tenha sido escrito para a Denise Fraga, mas que caiu como uma luva para alguém que sabe como passar esse sentimento na tela, pois talvez em mãos erradas o papel seria fechado demais, e não causaria tudo o que acontece na tela, mostrando um acerto de escolha de papeis, e claro de uma direção certeira também.

Quanto das atuações, já até falei muito da Denise Fraga acima que foi um grande acerto no papel de Ana Catarina, pois a atriz sabe como pegar um papel amplo e trazer aquilo para si, de tal forma que ver ela se despedindo dos livros, de sua casa, de sua praia aonde viveu toda a vida é algo sentimental e intenso, com marcas bem alocadas para chamar a atenção e que contando com trejeitos bem trabalhados passam toda uma sinceridade na tela, ou seja, se o filme não cansa é totalmente pela entrega da atriz, pois tudo é muito calmo, e facilmente teria outro tom, mas ela pegou o papel e o fez como de sua vida. Como é um filme quase que íntimo da protagonista, os demais atores dão apenas as devidas conexões com cada momento, tendo leves destaques para Augusto Madeira como Carlos, o pai de sua filha, com um jeitão mais grosso e que não combina muito com a protagonista, Manuela Campagna como a filha Sofia, Vanderléia Will bem colocada como a mãe Antônia passando grandes lições em suas cenas mais densas, Renato Turnes como o irmão Sergio, e claro Marcinho Gonzaga como Joilton bem emocional em seus momentos com a protagonista.

Visualmente o longa tem uma pegada simples, mostrando a casa da protagonista já completamente vazia, apenas com uma árvore dentro da casa e a estante vazia com apenas os cinco livros, temos alguns atos no restaurante da mãe que ela trabalha, muitos atos nadando no mar de Florianópolis, alguns momentos na orla de Portugal andando e o fechamento no apartamento dela novo com uma estante nova para ser recheada de histórias, tendo no miolo os conflitos sejam em outro restaurante que vai entregar um livro, no carro embaixo de uma chuva imensa, mas tudo sem grandes nuances ou detalhes, refletindo como a vida da protagonista está sendo limpa para recomeçar do zero.

Enfim, é um longa sentimental e bonito de assistir, que muitos irão refletir com tudo o que acaba sendo entregue, enquanto outros apenas irão ver e não sentir nada, afinal não é uma trama ampla que o pessoal comum tanto curte, mas quem se doar para o longa receberá o sentimento de volta, e assim sendo acaba valendo o resultado. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da H2O Films e da Primeiro Plano Assessoria pela cabine de imprensa, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Eddington

11/16/2025 03:12:00 AM |

Hoje foi daqueles dias que vou ao cinema sem saber nada do que veria na tela, pois nem trailer tinha assistido e muito menos lido a sinopse de "Eddington", aliás nem sabia que era do diretor Ari Aster, senão estaria ao menos preparado para a porrada que iria levar, pois sabemos bem que o diretor é daqueles que gosta de chocar e por muitas vezes ir preparando o terreno para que o soco seja bem dado, e meus amigos, que pancada eu levei, saindo do cinema chocado, amarrotado e passado com o que vi na telona, de forma a dizer que esse sem dúvida é o filme mais diferente do diretor, quiçá o melhor dele que já vi, pois é tão insano, mexendo com tantos gatilhos na nossa cabeça, que o resultado vai ficar reverberando um bom tempo na maturação do meu cérebro, pois não é um filme fácil, mas também passa bem longe dos mais difíceis, sabendo brincar com toda a intensidade, e principalmente ser político para mostrar tudo de mais nojento que vimos na política mundial na época da pandemia, e que ainda segue rolando mundo afora. Ou seja, vá preparado para tudo, e se surpreenda com cada minuto, pois vale demais cada impacto que o diretor joga na tela, batendo até nocautear o espectador comum.

O longa se passa em Maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19. Na trama, uma desavença entre o xerife e o prefeito de uma pequena cidade do Novo México chamada Eddington rapidamente transforma o local em caos ao estalar um estopim. Vizinhos são colocados uns contra os outros, deixando para trás a serenidade e tranquilidade que aparentemente predominava na cidade.

O mais interessante de tudo é que mesmo sendo bem maluco, esse é o filme mais "comum" do diretor e roteirista Ari Aster, pois entrega algo digamos possível sem ter tantas coisas de outro mundo, magias e esquisitices, mas sim apenas a pessoa de bem que tanto vive com suas armas e que procurava boicotar com gosto todas as normas dos procedimentos da Covid, ou seja, muitos irão ver e conhecer com toda certeza os personagens do longa, e de um modo crítico, mas sem precisar aliviar para nenhum dos lados, o diretor conseguiu causar com muita intensidade e desenvoltura cada ato, trabalhar dinâmicas marcantes que aconteceram realmente, e simbolizar o incomum como comum, dando claro sua pitada de humor negro junto das nuances claras para que o espectador se envolvesse no longa, que por incrível que pareça mesmo tendo 148 minutos não cansa em momento algum. Ou seja, é daqueles longas que você fica pensando como tudo poderia acabar, afinal são fagulhas tão explosivas que nem dá para imaginar o comum ou como apaziguar toda a confusão criada, mas deram um jeitinho à lá gente com muita grana envolvida.

Quanto das atuações, sabemos a qualidade do ator Joaquin Phoenix, mas sequer imaginava o quanto ele poderia ficar insano em uma produção, e olha que já vimos grandes trabalhos seus, mas aqui seu Joe Cross vai ficando tão marcante, tão intenso, tão cheio de dinâmicas com o que faz, sabendo aonde trabalhar seus olhares e trejeitos que acabamos entrando na sua onda, ficamos bravos e revoltados com algumas atitudes suas, mas por fim o que queremos é aplaudir sua loucura, ou seja, deu show, e certamente valeria ao menos uma indicação para ele nas premiações, mesmo o filme não tendo ido tão bem nos EUA. O mais engraçado é que temos muitos outros bons personagens, mas todos funcionam ao redor do protagonista, de modo que Pedro Pascal como o prefeito Ted Garcia tem bons atos de rixa com ele, a sua mulher vivida por Emma Stone mesmo reclusa e estranha caiu bem quando precisou, Austin Butler trabalhou o missionário ou algo do estilo Vernon bem direto, Deirdre O'Connel fez a sogra do protagonista completamente maluca que acaba tendo uma grande participação no final do longa, os policiais vividos por Micheal Ward e Luke Grimes tiveram atos bem intensos e marcantes, e até mesmo o jovem Cameron Mann deu algumas nuances bem interessantes para seu Brian, de modo que vemos todo o lado da politicagem explosiva nas redes sociais, as opiniões mudadas até mesmo por quem pertence a grupos, vemos o caos que foi a pandemia, e toda a loucura do que uma fagulha instantânea acaba virando com o famoso aproveitar as condições para ir incriminando os outros, que cada personagem vai fazendo dentro de suas habilidades.

Visualmente vemos uma cidadezinha no meio do deserto, com uma grande empresa de tecnologia sendo montada, vemos campanhas políticas malucas, toda a insanidade que a pandemia causou juntamente com os famosos protestos após a morte do homem negro por um policial, vemos muitos depósitos de armas, a nuance de limites de municípios. Ou seja, é um longa bem representativo de tantos problemas e dinâmicas, que o resultado visual impressiona desde o começo mais simples com a confusão causada pelas máscaras da pandemia, dos distanciamentos, das conferências por Zoom e algumas escondidas em bares até chegarmos num grandioso tiroteio digno de muitos filmes de guerra, mas com as nuances de um bangue-bangue com inclusive papel ou folhagens passando ao fundo dos protagonistas, e assim o resultado da equipe de arte deu show.

Enfim, é um filme que merecia um sucesso maior, pois é um tremendo filmaço, com nuances que fazem a cabeça do espectador explodir com tudo o que entrega, mas que muitos não vão enxergar tudo o que ele proporciona, o que é uma pena, pois vale demais a conferida, e irei torcer para ao menos o protagonista ganhar alguma indicação nas premiações. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.


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Sombras No Deserto (The Carpenter's Son)

11/15/2025 03:15:00 AM |

É engraçado o julgamento que fazemos quando vemos os trailers nos cinemas, pois quando vi o do longa "Sombras No Deserto" meio que de relance, falei: "nossa que filme abstrato estranho", bem a cara dos filmes sem base alguma que o Nicolas Cage anda pegando, mas como me interessei pela loucura que apareceu na tela, fui pesquisar depois, e aí a coisa fez um bom tanto de sentido, principalmente por não lembrar de nenhum filme que tenha mostrado a adolescência de Jesus, sempre na maioria das vezes vemos ele bebê fugindo com a família dos romanos, vez ou outra mostrando alguns anos antes da crucificação, e centenas das famosas últimas horas e dias. Mas eis que chegou o dia de assistir, e fui com um medo monstruoso do que iriam entregar na tela, pois o longa foi classificado como gênero de horror, e misturar história bíblica com um estilo desse é perigosíssimo, porém felizmente o longa é bem interessante, mostrando várias tentações e provações que o jovem rapaz com seus 15 anos precisou passar, sendo colocado diversas vezes contra sua família, e se testando com curas de pessoas teoricamente que não deveria se aproximar, tudo com um Satanás bem colocado para sua idade, ou seja, um filme que os religiosos vão achar meio estranho, mas que valeu pela ideia trabalhada em cima de um livro mais antigo.

A sinopse nos conta que no Egito antigo, uma família vive escondida, tentando escapar de um passado que não pode ser revelado. O Carpinteiro, sua esposa e o Menino sobrevivem entre a fé e o medo de serem encontrados. Quando uma presença sombria cruza seu caminho, o Menino começa a questionar tudo o que acredita, despertando forças que nem ele é capaz de compreender. À medida que seu dom cresce, o confronto do sagrado com o desconhecido se inicia.

Diria que o diretor e roteirista Lotfy Nathan se arriscou bastante, primeiro por mexer em um vespeiro gigantesco que é falar de religião, segundo por trabalhar isso em um estilo de terror, e principalmente por ousar adaptar elementos do Evangelho Apócrifo da Infância segundo Pseudo-Tomé, pouquíssimo conhecido do grande público. Ou seja, tinha tudo para dar muito errado, mas que acabou funcionando, ao menos para os não tão religiosos, pois na sessão que estava ao sair o burburinho era que tinham gostado do que viram na tela, e me senti impactado pela entrega do personagem mostrado, afinal pouco sabemos da infância de Jesus, se ele já cresceu formado com sua ideologia, como aconteceram suas tentações, e por aí vai, que o diretor facilmente poderia ter feito um drama mais denso, porém optou por brincar com o terror, com muita maquiagem para os leprosos, feridas, cenas escuras e grandes impactos na concepção dos personagens em atos fortes. Sendo assim, o que posso afirmar é que deu certo na tela, e que funcionou a loucura toda.

Quanto das atuações, é estranho que Nicolas Cage depois de tantos personagens bizarros tem encontrado papeis interessantes para pegar, e aqui o seu Carpinteiro tem pegada, tem um estilão meio bagunçado entre a fé e a dúvida, de tal forma que chama atenção e não fica apenas jogado na tela, ou seja, é mais um dos papeis bons que guardaremos do ator que tanto faz grandes bombas. Noah Jupe trabalhou seu personagem (que fizeram questão de não chamar nem de Jesus nem de Yeshua até momentos antes do final) com um ar curioso, variando bem entre o bem e o mal que ainda não estava tão formado na sua personalidade, e com isso conseguiu chamar a atenção mesmo que um pouco retraído demais, e assim pareceu mais os jovens modernos que vivem mais perdidos que tudo, do que realmente os adolescentes das antigas, mas não decepcionou ao menos. Agora quem botou banca com trejeitos e dinâmicas tão bem chamativas quando bem dialogadas numa interpretação imponente foi a jovem Isla Johnston com sua "A Estranha", chamando para si a responsabilidade de muitas cenas fortes e não deixando que os demais sobrepusessem ela, ou seja, é um nome para ficarmos de olho. Já FKA Twigs não mostrou a que veio com sua Mãe, fazendo algumas expressões fortes no parto, mas depois ficando bem apática e meio que em segundo plano. E finalizando os principais, Souheila Yakoub trabalhou sua Lilith de uma maneira interessante e bem colocada, principalmente nas cenas que precisou estar possuída.

Visualmente o longa foi bem sujo, não sei se era essa a proposta do diretor, mas usando muitos tons marrons para dar a nuance de deserto na locação, com casas bem rudimentares, mas cenas de crucificação e prisões bem marcantes para os diferentes, doentes e impuros, tendo aulas de religião no meio da floresta, e até uma espécie de jaula aonde o jovem vai ficar durante a noite, tivemos muitas cenas com cobras saindo das gargantas das pessoas, e como já disse no começo maquiagens estranhas para dar as feridas dos leprosos e dos machucados pelas correntes também. Só poderiam ter melhorado um pouco os efeitos especiais, que ficaram bem artificiais, mas como é uma produção não tão grandiosa, o resultado não poderia ir muito além também.

Enfim, é um filme que eu não estava esperando nada, muito pelo contrário, estava esperando uma grande bomba, que acabou me surpreendendo e agradando bastante, então mesmo não sendo uma produção em si perfeita, o resultado final acaba sendo algo que valha recomendar, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais. 


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Truque de Mestre: O 3°Ato (Now You See Me: Now You Don't)

11/14/2025 01:17:00 AM |

Meu lema deveria ser: "eu não sigo os meus próprios conselhos", pois quantas vezes já falei aqui para não ir conferir um filme com a expectativa alta? Centenas! E o que eu faço? Vou com toda a expectativa de espera de 10 anos guardada por uma das franquias que mais gosto! E o que aconteceu? Achei apenas bom o novo "Truque de Mestre: O 3º Ato", que ficou parecendo que o novo diretor não teve criatividade e pegou tudo o que apareceu de mágicas nesses últimos 10 anos, colocou na gaveta e deixou lá, pois usou praticamente tudo o que já vimos nos outros dois filmes, deu uma repaginada, e colocou no seu filme, sendo algo bacana para os fãs reverem seus personagens bem colocados ainda com seus estilos, mas faltou aquele ato chamativo explosivo, pois a revelação final é tão ok que nem um "nossa!" conseguiu sair da minha mente, quiçá da minha boca, ou seja, friso que não é um filme ruim, apenas para alguém ansioso que gosta demais de mágicas, que vê e revê milhões de vezes as apresentações de novos mágicos no AGT, e que esperava ver algo tão surpreendente quanto o primeiro filme, ficar apenas bom!

No longa vemos que os quatro cavaleiros retornam para mais uma aventura alucinante. Dessa vez, os ilusionistas serão desafiados em uma jornada que envolve a joia mais valiosa do mundo. Ao lado de uma nova geração de ilusionistas, o quarteto se envolve numa trama repleta de reviravoltas e mágicas. Diante de uma empresa corrupta, que lava dinheiro para diferentes criminosos, os dois grupos se reúnem para derrubar a família que controla a companhia.

O mais interessante é que nenhum dos três filmes foi dirigido pela mesma pessoa, e nem a base do roteiro, ou seja, cada vez reinventaram mais e mais para que a entrega seguisse apenas os personagens e seus estilos, e o restante fosse criado quase que do zero, de modo que aqui Ruben Fleischer soube usar o que já fez em outros filmes seus, mas sem ser criativo o bastante como outrora, se mostrando mais seguro do que pertinente para uma trama envolvendo mágica que poderia ser abusada ao máximo. Claro que o filme tem alguns bons momentos, o bom uso da câmera em alguns ângulos e entregas que chegam a chamar atenção, mas como falei no começo ficou faltando aquele impacto que você quisesse aplaudir ou ao menos buscar seu queixo no chão, o que é uma pena, pois sabemos que o diretor tem estilo, e facilmente poderia ter ido bem longe com o orçamento em suas mãos.

Quanto das atuações me incomodou um pouco o fato de que muitos pareciam estar no automático, inclusive os novos personagens, de modo que os antigos mostraram suas personalidades com convicção máxima parecendo que gravaram o último filme algumas semanas atrás, mas faltou uma junção de os cavaleiros mesmo, para que todos fossem um só como a proposta pedia, e não cada um por si só. Jesse Eisenberg entregou seu J. Daniel Atlas ainda mais egocêntrico, aparecendo quase sempre em primeiríssimo plano, mas sabendo ter a responsabilidade cênica que isso pedia, de modo que até incomoda um pouco, mas nada que fosse diferente do que aconteceu nos outros filmes. Woody Harrelson já vem entregando esse Merritt até em outros filmes, de modo que precisa urgente de uma repaginada total para não soar o mesmo ator de sempre, afinal ele sabe ir além, mas aqui diverte ao menos. Dave Franco mostra que não envelheceu praticamente nada desde o primeiro filme, parecendo que seu Jack dormiu no formol e estando sempre pronto para jogar suas cartas à la Gambit entrega bons atos de correria, mas sem ir muito além. Isla Fisher fez falta no segundo filme por estar grávida, e isso foi bem inserido na trama de sua Henley Reeves, porém pareceu muito deslocada na trama, perdida com os truques, servindo apenas para o desenrolar da armadilha final, mas ficou meio sem eixo. E falando sem eixo, jogaram Lizzy Caplan com sua Lula apenas para não dizer que não a convidaram para aparecer aqui, pois foi mero enfeite cênico. Dito tudo isso dos antigos cavaleiros, vamos aos novos, e Justice Smith tem seu jeitão meio desengonçado, porém seu Charlie acaba sendo bacana e importante na trama, fazendo claro muitas explicações para tudo, mas serviu entretenimento. Já Dominic Sessa tentou ser um "líder" com seu Bosco, chegando a ter até uma leve "briguinha de galo" com Atlas, mas não conseguiu ir muito além, sobrando para Ariana Greenblatt com sua June dar as nuances mais dinâmicas, e chamar atenção na tela com uma boa entrega. Quanto da vilã Veronika Vanderberg que Rosamund Pike entregou, tivemos bons traquejos expressivos, e foi até bem entregue em suas cenas mais densas, mas ainda queria ver ela mais maldosa e imponente na tela. Por fim Morgan Freeman e Mark Ruffalo foram apenas participações, então nem vale falar nada deles, e se Ruffalo recebeu cachê trate de devolver.

 Visualmente, embora eu sempre brigue com a Paris Filmes pelo excesso de longas dublados que coloca no mercado, ela é responsável por pegar filmes que incorporem bem os escritos no idioma dos seus devidos países, e aqui as aparições com os nomes dos países aonde os personagens vão se complementando nas imagens foi algo muito bonito de ver, tendo momentos de deserto, de leilões caros, de shows de mágica em pequenos e grandes ambientes, e uma Abu Dhabi mostrada cada vez mais rica e chamativa, aonde tivemos corrida de carros, tanques de areia, elevadores no meio do nada, e muito mais, além de uma mansão riquíssima de elos mágicos para chamar e brincar com o espectador.

Enfim, fui esperando ver uma nova Ferrari e me entregaram um novo Ônix, que cumpre a proposta de andar pelas ruas, mas não impõe o respeito que deveria, e sendo assim volto a frisar que se você não é fã da proposta nem arrisque a ir, pois não tem nada que vai fazer você saltar os olhos, recomendando mais ver o primeiro e o segundo do que esse para talvez se apaixonar mais, já os fãs da franquia ao menos poderão matar o saudosismo de ver novamente esse mundo nas telonas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até lá.


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Verão Na Sicília (Gioia Mia) (Sweetheart)

11/13/2025 12:59:00 AM |

É interessante como os italianos gostam de trabalhar tramas que flertam com a infância, mostrando as desventuras da mudança e as frustrações dessa fase, de modo que se bem trabalhado costuma emocionar e envolver, ou então acabam virando algo tão monótono que faz dormir com menos de 20 minutos de tela, mas felizmente o longa "Verão Na Sicília", que pode ser conferido no Festival de Cinema Italiano no Brasil, faz parte do primeiro grupo, sendo uma trama leve, rápida e bem colocada de um jovem que vai a contragosto passar as férias com uma tia idosa praticamente na Idade Média, sem wi-fi, sem os amigos tradicionais, tendo costumes e comidas diferentes e tudo mais, e sendo bem alocado dentro da ideia do aprendizado com os mais velhos, vemos também algumas boas lições e dinâmicas, que talvez se tivesse mais dos atos finais, e menos dos iniciais, o resultado acabaria sendo incrível, mas não dá para mudar algo feito, então o envolvimento demora um pouco para acontecer, porém fecha bem demais.

A sinopse nos conta que Nico é um menino inquieto, irreverente e cheio de personalidade, criado em uma família laica, num mundo moderno e hiperconectado. Durante o verão, é enviado à Sicília para passar uma temporada com uma tia solteirona, extremamente religiosa e de temperamento difícil, que vive sozinha em um antigo casarão tomado por lendas e superstições, completamente à margem da tecnologia. Recebido com resistência, Nico é inserido à força em um universo místico dominado por anjos, espíritos e uma fé carregada de magia. O confronto entre o presente veloz e o passado silencioso marca o início de uma convivência turbulenta — mas, pouco a pouco, nasce entre os dois um vínculo profundo que mudará suas vidas.

Claro que talvez essa falta de conhecimento técnico para dimensionar mais uma parte do que a outra será algo que a diretora e roteirista estreante, Margherita Spampinato irá melhorar, mas ela soube usar bem os personagens e criar as dinâmicas talvez pensando na sua própria infância, e conseguir enxergar isso naturalmente na tela é bem bacana de acontecer. Ou seja, o filme é simples, tem algumas nuances bem colocadas, e até dava para ter ido mais além, mas como é um primeiro trabalho se nota o primor de alguns detalhes que quis colocar, e isso dava para eliminar para dar mais dinamicidade para a trama, não que não seja bonito ver uma toalhinha de mesa cheia de detalhes, mas dava para cortar alguns elos, e isso só com um editor livre da direção.

Quanto das atuações, posso afirmar que o garotinho Marco Fiore se seguir na carreira de atuação vai ser daqueles que vão chamar muita atenção, pois é um garoto com trejeitos bonitos, e que mesmo não tendo uma direção tão imponente, conseguiu fazer com que seu Nico não ficasse jogado como um protagonista sem fluxo, de forma que ele tem uma boa dinâmica nos olhares e chama o papel para si, o que acaba agradando bastante. Já a experiência de Aurora Quattrocchi foi bem importante para segurar as cenas do garoto, mas principalmente para dar um ar mais duro para sua Gela, criando alguns atos até mais duros e diretos, mas que envolve de um modo geral e agrada na tela. Ainda vale um leve destaque para Martina Ziami com sua Rosa meio fechada e durona, mas que entregou bons momentos para criar o ambiente com o garotinho.

Visualmente o longa foi interessante pelo prédio/casarão com seus vários apartamentos rústicos e antigos, com detalhes simples, porém marcantes como o excesso de imagens religiosas, o ambiente mais fechado nos apartamentos sem moradores, o pátio comum aonde as crianças brincaram, a praia bem colocada nos atos finais, tudo com muitos elementos cênicos representativos quase como um livro foleado. 

Enfim, é um longa que tem boas alegorias e momentos interessantes na tela, que nas mãos de um diretor mais experiente certamente impactaria muito mais, mas ainda assim é gostoso de acompanhar e funciona dentro da proposta, então fica a dica para dar play nele no Festival. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com um dos filmes que mais estava esperando nesse ano, então abraços e até logo mais.


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A Última Rodada (Le Città di Pianura) (The Last One for the Road)

11/11/2025 01:32:00 AM |

Vou ser bem sucinto para falar do longa "A Última Rodada", que pode ser conferido dentro do Festival de Cinema Italiano no Brasil, pois é um filme que talvez muitos já tivessem imaginado a situação e criado o roteiro em suas mentes, principalmente os amigos da faculdade de cinema, afinal sair andando de bar em bar, sempre procurando a próxima saideira até esperar algum horário que tenha de buscar alguém, no caso do filme ninguém vai preso, e nem causa nenhum estrago, mas no Brasil sabemos bem o que poderia rolar, e durante essas andanças ir pensando na vida e conversando com os demais nos bares, ou seja, bem básico que por ventura pode ser que saia algo mais filosófico ou até alguma conversa sobre algum assunto mais profundo, como no caso aqui ao pegarem um jovem estudante de arquitetura, falar sobre um cemitério, mas nada que chegue a impressionar realmente. Aliás, não sei o que chamou tanta atenção para ser selecionado em Cannes, pois não tem nada realmente que impacte o público com o estilo entregue.

A sinopse nos conta que Carlobianchi e Doriano, dois cinquentões à deriva, compartilham uma obsessão: tomar a última “a saideira”. Numa noite qualquer, enquanto vagam de carro de um bar a outro pela imensa planície do Vêneto, cruzam o caminho de Giulio, um jovem e tímido estudante de arquitetura. Esse encontro inusitado com dois mentores improváveis transforma radicalmente a visão de Giulio sobre o amor, a vida e o futuro. Um road movie nostálgico que viaja na velocidade da sobriedade.

Diria que o diretor e roteirista Francesco Sossai desejava trabalhar um road movie simples que funcionasse na tela e não precisasse ir muito além, e ele conseguiu essa entrega, afinal seu filme não é daqueles que você precise pensar mais que 5 minutos, e isso não é ruim, mas ficou faltando conteúdo para que o longa tivesse um algo a mais, e assim sendo pareceu como disse acima um projeto de escola, aonde talvez alguém até veja algo diferenciado na entrega dos personagens, mas não consegue ser convincente o suficiente como filme mesmo.

Quanto das atuações, Sergio Romano e Pierpaolo Capovilla foram bem diretos com seus Carlo e Dori, entregando trejeitos bem de bêbados (será que o diretor deu bebidas reais para eles?) e com olhares e traquejos bem propícios para toda situação, não sendo personagens chatos de acompanhar, mas que talvez com diálogos que fossem um pouco além acabariam resultando em uma trama bem melhor. Ainda tivemos Filippo Scotti com seu Giulio entrando bem na onda dos demais protagonistas, demorando um pouco para engrenar, mas depois se jogando e trabalhando bem os elos da história em conjunto.

Visualmente a trama fica dentro do carro dos protagonistas, passa por diversos tipos de bares, desde os mais tradicionais italianos até alguns que já parecem dominados pelos EUA (tendo até uma boa sacada de um alemão falando que a Itália foi dominada antes que eles), tivemos uma cena mais ampla junto de um grupo de amigos de faculdade, e também o cemitério aonde o jovem arquiteto irá explicar mais coisas para os protagonistas. Além disso tiveram algumas cenas do passado deles mostrando como ganharam dinheiro, mas sem grandes floreios para ir bem além na trama.

Enfim, estava bem curioso pela proposta do longa e acabei não conseguindo enxergar o "algo" a mais que o longa talvez tenha conquistado a curadoria de Cannes, ou até mesmo do Festival Italiano para que entrasse nas exibições, pois é básico e sem grandes feitios, mas que vale como uma ideia para os futuros diretores verem aonde podem explorar com algo bem barato e fácil de se fazer. E é isso meus amigos, volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Irmãos (La Vita da Grandi) (Siblings)

11/10/2025 12:25:00 AM |

Não tinha parado para analisar a fundo, mas não apenas o cinema italiano, como todo o mundo do cinema em si, tem feito muitos longas envolvendo autismo, tanto que nesses últimos meses acho que já conferi uns dois ou três longas envolvendo o tema, e hoje foi a vez de dar play em "Irmãos", que pode ser conferido dentro do Festival Italiano de Cinema no Brasil, aonde vemos a história de uma jovem que precisa voltar para sua cidade natal para cuidar do irmão mais velho autista, e lá tentará colocar ele como adulto com lições que nem ela mais sabe se também já virou. É um filme bacana, que toca na situação sem apelar em demasia, que talvez pudesse ser até mais denso para impactar mais, porém ainda assim consegue funcionar bem na proposta, sendo interessante e cheio de nuances, mesmo sendo baseado em uma história real.

O longa nos conta que Irene vive em Roma quando recebe um chamado inesperado: deve voltar para Rimini para cuidar do irmão Omar, adulto e autista, que foi excessivamente protegido e não consegue ser independente. Omar, no entanto, tem sonhos claros — quer se tornar um cantor de rap, casar e ter três filhos — e pede a Irene que lhe ensine a “ser adulto” de verdade. Neste lar carregado de memórias, os dois embarcam num curso intensivo de crescimento mútuo, descobrindo que, para amadurecer, às vezes é preciso estar em sintonia em dois corações.

Posso dizer que a estreia da atriz Greta Scarano como diretora e roteirista de longas foi bem trabalhada em cima da história real, e que sem criar grandes vértices expressivos na tela acabou brincando com as facetas e desenvolvendo tudo sem grandes floreios, ou seja, é aquele filme que sabemos do seu potencial, ficamos esperando acontecer, ele vem com tudo, mas sem explodir, o que é muito comum em tramas de diretores iniciantes, porém esse "erro" acaba sendo suprimido pela boa interpretação do protagonista, e assim sendo o resultado funciona bem na tela, e claro acabou sendo premiado tanto com o protagonista quanto com a diretora, o que é um grande acerto. Ou seja, faltou talvez uma firmeza maior na dramaticidade para que a trama impactasse mais, mas usando de artifícios cômicos leves, a força cênica funciona.

E já que entrei no mérito do protagonista, fui pesquisar se Yuri Tuci era realmente autista, e a resposta foi que sim, tanto que já vinha entregando sua personalidade e problemas no teatro, e aqui apenas deu mais nuances para que seu Omar tivesse essa imponência na tela, chamando tudo para si, e fazendo com que seu personagem dominasse o ambiente com boa técnica e entonação, ou seja, se jogou e agradou muito com o que fez. Já Matilda de Angelis fez sua Irene com uma personalidade bacana de entregas, mas pareceu meio que deprimida demais em alguns atos, o que não é legal de ver nesse estilo de trama, porém foi bem dinâmica e soube segurar bem alguns atos, sem precisar explodir mais em cena. Os demais atores todos foram bem conectores para que o filme fluísse, não tendo grandes momentos, mas também não ficando apagados demais em cena.

No conceito visual tivemos algumas cenas bem bacanas na casa bagunçada da família, bem tradicional italiana, com todos falando pelos quatro cantos, bicicletas levando o público para passear pela orla da praia, uma fábrica de garrafas, um clube de talentos de autistas, além do programa "Yes You Can" na versão italiana, sendo algo bem simples toda a essência do longa, mas funcionando em cada momento da sua forma singela e bem cheia de nuances.

Enfim, é um filme bem simples, mas bem feito com a entrega da trama, tendo o principal defeito a falta de emoção, pois é o tradicional estilo que pede fazer o público se emocionar com o que acontece na tela, e isso acabou sem fluir, ou seja, é daqueles que funciona e agrada, mas que dava para ir muito mais além para que não ficasse apenas como um bom passatempo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Frankenstein

11/09/2025 02:57:00 AM |

O mais interessante do cinema de Guillermo del Toro é que ele pega histórias que já foram tão batidas e consegue deixar sua marca, ao ponto que esperava ver um filme interessante na proposta do novo "Frankenstein" da Netflix, só não imaginava que seria algo tão diferente, tão ousado e cheio das nuances, aonde o conceito de vida e morte ganha novas fronteiras, e principalmente a essência do monstro ser quem cria e não a criatura. Claro que temos alguns fatores exagerados na tela, como por exemplo o monstro aprender a ler com um cego, o elemento de cura instantânea e outras dinâmicas que poderiam ser melhores desenvolvidas para não ficarem apenas jogadas na tela, mas o resultado acaba sendo bem marcante e facilmente muitos irão gostar do lado mais violento da trama.

O longa acompanha o brilhante, mas egocêntrico cientista Victor Frankenstein que resolve se aventurar em experimentos audaciosos e criar do zero uma criatura com vida. O que essas tentativas e estudos desencadeiam é uma tragédia tanto para o criador quanto para sua criação monstruosa. Brincar de Deus levou Frankenstein a concretizar suas maiores ambições científicas, mas colocou-o na mira da raiva de sua própria criatura, que, agora, busca por vingança após se ver descartada pelo professor.

Costumo falar que o diretor e roteirista Guillermo del Toro é o doido controlado, aqueles que tomam remédio tarja preta para ficarem bem nos momentos que precisam estar bem e que chega alguns dias nas gravações sem tomar nada e sai tanta loucura que nem dá para imaginar, e isso não é ruim, muito pelo contrário, se o longa não for baseado em algo real, quanto mais sair da caixa o resultado mais empolgará o espectador, claro que tendo as devidas ressalvas para que não fique algo que não dê para entender ou então que não seja suficientemente explicado para não ser apenas algo jogado na tela. Ou seja, o diretor brincou bastante com o clássico de Mary Shelley, deu sua roupagem, trabalhou com uma forma capitular interessante (talvez desnecessária), e o resultado funcionou bem na tela, porém acredito que dava para ter ido ainda mais além, criando alguns vértices mais malucos do que violentos, pois alguns excessos de sangue soaram apenas para mostrar a força da criatura, e talvez com uma essência mais psicológica chamaria uma densidade mais sombria do que potente.

Quanto das atuações, posso dizer que Oscar Isaac foi bem intenso com seu Victor Frankenstein trabalhando olhares e nuances diretas, com imposições marcantes, e principalmente mostrando o lado mais doido da medicina, quando alguns médicos viram monstros e querem criar vida contra a ordem natural das coisas, sendo chamativo e conseguindo com que o olhar do público o focasse sempre que estivesse em cena. Jacob Elordi ficou bem diferente do que estamos acostumados a ver com sua Criatura, pois o tradicional galã dos filmes românticos da Netflix, aqui apareceu todo desfigurado, com traquejos bem de monstros, e com uma força brutal para as cenas mais de impacto, ou seja, não trabalhou tanto expressões, mas soube ser determinado nas cenas e chamando bem todas para seu papel. Outro que não reconheci na tela foi Christoph Waltz, pois com seu Harlander acabou ficando pouco tempo na tela, e não fez o que costuma tanto fazer, que é ficar em evidencia, de modo que seu personagem até tem alguns momentos marcantes, mas não impacta como deveria. Da mesma forma os papeis de Mia Goth e Felix Kammerer com seus Elizabeth e William tiveram algumas nuances chamativas, mas sem causar grandes impactos cênicos ficaram bem singelos nas devidas entregas. Vale ainda leves destaques para Christian Covery como o jovem Victor pelo estilo do rapaz bem chamativo e Charles Dance bem imponente como o pai dos garotos.

Visualmente quando vi o estilo do longa fiquei preocupado de ser daqueles filmes tão escuros que não veria nada na minha tela, mas souberam usar a fotografia de forma tão satisfatória que o tom acaba ficando belíssimo de assistir, tendo dinâmicas de época, cenas bem sanguinolentas, e claro botando muita maquiagem e robótica para jogo, pois o diretor é daquele que prefere efeitos práticos ao invés de computação em excesso, ou seja, o resultado ficou bem imponente na tela, funcionando como deveria desde um barco gigantesco no meio do gelo até um castelo indo pelos ares com uma grande explosão.

Enfim, é um filme grandioso que me entregou justamente o que esperava dele, que era o de ser uma superprodução, com a cara de Del Toro, ou seja, totalmente maluca, mas centrada em um bom foco, que dava para ir por diversos caminhos, dava para ser menos ou mais violenta do que foi, mas que principalmente foi diferente de todas as que já vimos sobre o médico e o monstro de Mary Shelley, e assim sendo acaba valendo o play na plataforma, com um bom detalhe a ser contado que é a duração de quase 150 minutos, que felizmente não chegam a cansar "tanto". E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Quando o Céu se Engana (Good Fortune)

11/08/2025 03:05:00 AM |

Como ainda não recebo pix das distribuidoras para falar bem dos filmes, já vou começar descendo a lenha na Paris Filmes, pois além de não enviar cabine para a conferida da forma que qualquer filme sem ser animação deva ser conferido, que é legendado, mandou apenas cópias dubladas para o interior (e nem adianta falar que são as exibidoras que escolhem, que eles falam as mesmas frases que é a distribuidora que exige!), então cá fui conferir o longa "Quando o Céu se Engana" dublado mesmo, e a história é muito boa, as sacadas com o proletariado que somos nós (não sei se algum grande investidor lê o site, mas se tiver afim, só mandar mensagem!), porém a dublagem de todos os personagens ficou muito ruim, não apenas nas piadas sem graça que acabaram colocando, mas principalmente nas vozes que não combinaram em nada com os papeis, ou seja, acabou desandando de tal forma que as risadas do público foram mais pelas situações em si, do que pelo texto, e tenho total certeza que no original foi completamente diferente. Claro que isso foi um fator que darei uma nota aqui que não condiz com o longa, pois volto a falar, a ideia da proposta junto com as situações são muito bem colocadas e divertidas, mas a todo momento parecia que estava vendo algo diferente do que era mostrado, com Seth Rogen com uma voz de um monstrão de academia e Keanu Reeves como um adolescente de 17 anos que a voz está ainda mudando, o que é broxante.

No longa acompanhamos um trabalhador precarizado chamado Arj que vive de inúmeros bicos como autônomo para sobreviver e se sustentar. Depois de perder o emprego, Arj começa a morar no próprio carro, fazendo jus ao seu título de azarado. Seu amigo rico Jeff continuamente o chama para fazer diversos serviços em sua casa em Hollywood. Um dia, um anjo bem-intencionado, mas levemente incompetente e desajeitado, chamado Gabriel obriga os dois a trocarem de vida para mostrar para o trabalhador que nem sempre o dinheiro é a solução para tudo. Assim, enquanto Arj vive o luxuoso estilo de vida do colega, Jeff herda a vida árdua e financeiramente difícil do amigo. Os dois encaram uma série de situações cômicas e caóticas enquanto uma figura celestial mais experiente chamada Martha tenta impedir que a decisão precipitada de Gabriel ultrapasse os limites cósmicos.

Diria que foi uma bela estreia do ator Aziz Ansari como diretor e roteirista de longas, pois ele soube brincar com toda a nuance dos trabalhadores de aplicativo, e claro da classe CLT que ao pagar todos os impostos e tudo mais (essa cena do anjo vendo quanto ganhou descontando tudo é genial - mesmo dublada!) não sobra praticamente nada para viver, quanto mais para se divertir e comer algo gostoso, e mesmo sendo o protagonista, ele não se perdeu na dupla função, o que é muito casual. Ou seja, ele soube aproveitar de uma ideia que já vimos em alguns documentários e programas jornalísticos de trocar pessoas pobres e ricas por um ou mais dias para que cada um visse os prós e contras de cada classe, mas aqui com a sacada de ser um anjo inexperiente que depois vai precisar da boa vontade do pobre de querer voltar a vida sofrida, e assim a bagunça acontece da melhor forma possível que diverte na tela.

E já que comecei falando que o diretor não falhou na atuação também, Aziz Ansari trabalhou seu Arj com uma simplicidade de entrega que nos convence, e principalmente nos conecta com o sentimento dele, afinal trabalhar feito um maluco apenas para conseguir sobreviver (comer e morar razoavelmente) é algo sofrível, e o ator conseguiu passar muitos sentimentos comuns na tela que acabam divertindo e dando as nuances, principalmente quando assume a boa vida também. Seth Rogen trabalhou seu Jeff com as tradicionais nuances de pessoas ricas que nem sabem quanto ganham, gastam e como vivem sem esbanjar, mas que ver um gasto que não foi seu na fatura já dá chilique, e quando vai para a personalidade que precisa trabalhar mesmo acaba sendo engraçado por achar que tudo será fácil e acaba não sendo, tendo algumas boas entregas que até poderiam ter piorado mais para ficar ainda mais real e sofrível. Já Keanu Reeves entrega para seu anjo Gabriel um ar meio depressivo demais, que chega a ser até estranho de ver na tela, parecendo que o ator não estava gostando do que estava fazendo em cena, porém suas cenas trabalhando, aprendendo a comer e saborear e até fazer outras coisas humanas foram bem divertidas de ver. Os demais atores que fizeram papeis de outros anjos foram praticamente enfeites em uma única cena, com um leve destaque para Sandra Oh como a gerente dos anjos Martha, mas sem grandes nuances, e quanto aos demais humanos vale dar o destaque para Keke Palmer com sua Elena bem engajada nas causas sociais, querendo fazer sindicatos e melhorias para os demais além de si.

Visualmente o longa mostrou um pouco do mundo dos aplicativos, com o protagonista trabalhando de tudo quanto é coisa para conseguir ganhar a vida, desde enfrentar filas para as pessoas até arrumar garagens, tendo alguns atos em uma loja de materiais de materiais de construção, e do outro lado vemos uma mansão glamorosa, toda cheia de vidros, o closet com roupas chiques, algumas nem usadas, muitos relógios, do lado de fora vemos a sauna e o banho de gelo, uma festa de aniversário bem rica, e também nos é mostrado alguns restaurantes aonde o anjo vai trabalhar e um bar dançante, ou seja, tudo bem completo, porém simples de chamarizes na tela.

Enfim é um filme bem bacana, com boas sacadas e que funciona demais pela história e pelas dinâmicas, que infelizmente só não darei uma nota melhor pela péssima dublagem que estragou quase tudo fazendo com que o filme nem ficasse tão engraçado quanto poderia, pois as vozes volto a afirmar que não combinaram com os personagens (aí alguns vão falar que são os dubladores que sempre fazem os atores, mas não combinou com a personalidade, aí é um erro gravíssimo, que afirmo sempre que atores se entregam para os papéis, e dar outras vozes acaba com essa entonação!). E é isso meus amigos, deixo a dica para quem conseguir ver a cópia legendada voltar aqui e dar a opinião nos comentários, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Predador - Terras Selvagens em 3D (Predator: Badlands)

11/07/2025 02:01:00 AM |

Quando vejo franquias que já deram o que tinha que dar sendo refeitas ou dando algum tipo de continuidade meus cabelos que são poucos já começam a arrepiar, mas ao menos estreou, que já não aguentava mais ver o trailer de "Predador - Terras Selvagens" antes de todos os filmes que ia conferir, ao ponto de já até saber algumas falas, mas aí começaram a pipocar as críticas do mundo todo quando tiveram as benditas cabines de imprensa, e o tiroteio começou até mais forte que o próprio bichão, principalmente pela humanização de um monstrengo "assassino", mas eis que como não confio em nada antes de realmente tirar as minhas conclusões, cá fui eu na estreia do longa. E o que posso adiantar é que tudo o que você conhece sobre o personagem pode praticamente esquecer, pois aqui vemos a famosa base de um jovem predador que o pai desejava que fosse morto logo por ser o menor e mais fraco do clã, mas que para provar que ele estava errado vai para o planeta mais mortal atrás de um bichão que nunca ninguém conseguiu capturar, só que lá ele vai encontrar seu próprio clã com seres bem diferentes dele, ou seja, uma humanização solidária, que até diverte e tem bons momentos, mas que é bem estranha de ver, principalmente depois de anos conferindo os outros filmes da franquia, que aqui praticamente recomeçou tudo de outra forma. Agora se os produtores irão sobreviver para fazer continuações, já é outra história.

O longa se passa num planeta remoto no futuro no qual um jovem predador foi rejeitado por seu clã. Com sua raça sendo caçada, dessa vez ele não será um simples vilão, encontrando uma aliada inesperada em Thia. Cooperando com a ciborgue, os dois terão que aperfeiçoar suas habilidades para se proteger e salvar as próprias vidas em meio a uma terra perigosa na qual todos os habitantes estão a postos para matá-los. Diante de uma importante missão, a dupla embarca numa jornada que confrontará o maior dos inimigos e poderá restabelecer o respeito de um povo.

O que acho interessante no estilo do diretor Dan Trachtenberg é que ele se propõe como fã da saga "Predador", tanto que esse já é o seu terceiro filme envolvendo o famoso bichão (sendo o anterior a esse uma animação que acabei nem vendo, mas que alguns amigos até falaram bem), ou seja, ele já tem afinidade com o estilo, sabe brincar com a essência, e já nem liga mais se vão falar bem ou mal, ele quer apenas ir mais a fundo nas caçadas, quer mostrar ainda mais o passado do famoso alienígena, e aqui ele até mostrou que não é algo que surgiu do nada, tendo pais na história, irmãos, e até alguns conflitos familiares para desenvolver da melhor forma possível (na pancadaria ou matança no caso!). Claro que o diretor e roteirista já começou a abusar demais da boa vontade dos fãs criando uma mitologia que talvez nem exista, e até apelando um pouco ao mudar vértices que conhecemos bem, porém numa continuação pode ser que ocorra algo e mude tudo para chegar no ponto dos filmes antigos, e assim sendo talvez tudo funcionaria melhor, mas por enquanto ficou estranho imaginar um mundo de predadores e suas imponentes missões para se provarem machões e serem alfas.

Quanto das atuações, diria que os protagonistas sofreram um bom tanto com suas roupas e idiomas para filmarem, pois Dimitrius Schuster-Koloamatangi teve de ficar com a cara estranha do bichão, aprender a falar uma língua estranha e claro ter muita ajuda de dublês para as cenas de lutas mais intensas, pulando de um lado para o outro e tudo mais, mas se saiu bem, embora não vejamos seu rosto real na tela. Enquanto Elle Fanning provavelmente usou uma calça verde para tirarem sua parte inferior, afinal sua sintética perdeu as pernas, aliás nas lutas finais tivemos o inverso, só as pernas lutando, mas também ganhou por 3, um salário para as pernas, outro para a parte superior de sua Thia, e outra para sua Tessa, que trabalhou um lado mais sombrio e imponente da personagem, enquanto a outra era mais falante e cômica, ou seja, foi bem de três maneiras diferentes.

Visualmente o longa é computacional em nível máximo, de forma que se gravaram meia dúzia de cena em locações reais foi muito, mas ambos os planetas ficaram interessantes, a nave do protagonista foi bem usada, a colônia dos sintéticos da Terra ficou bem característica de explorações, e claro todos os seres lutando e entregando violência e caos para contra o protagonista foi bem legal de ver, tendo lutas intensas, armas fortes e boas desenvolturas num ambiente maior. Quanto do 3D, usaram alguns elementos como armas e pedras saindo para fora da tela, porém não ousaram muito na profundidade de campo, parecendo tudo bem seco, além de cenas muito escuras para uma trama com a tecnologia, e assim acaba sendo não tão valorizado.

Enfim, é um longa bacana que até poderia ser bem pior, mas que saiu do eixo tradicional do personagem, e isso vai incomodar muita gente, afinal a maioria conhece os longas do passado, e que sendo uma grande mistura de outras tramas para uma origem diferenciada pode não agradar tanto. Diria que é algo mediano para bom, que quem for conferir como um bom passatempo até irá se divertir, mas sem esperar qualquer algo a mais, e assim acabo dando essa dica para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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As Provadoras de Hitler (Le Assaggiatrici) (Die Vorkosterinnen) (The Tasters)

11/05/2025 01:56:00 AM |

Já teve uma época que me apelidaram de devorador de filmes da Segunda Guerra, que só postava dicas de tramas do estilo, versões de diversos países, tramas do antes, do depois e tudo mais, mas em nenhuma cheguei a ouvir sobre "As Provadoras de Hitler", que eram mulheres alemãs selecionadas na Itália para provarem a comida do Fuhrer enquanto estava escondido numa pequena cidade em seu bunker, para que não chegasse comida envenenada para ele, e ao final nos é contado que existiu realmente, e não é de se duvidar, afinal tinham os alemães obcecados pela ideia ariana, mas também tinham aqueles que eram completamente contrários, e do jeito que ele era, tinha de duvidar de todo mundo. Ou seja, é uma trama interessante que envolve pelas dinâmicas que as jovens inicialmente pareciam se odiar, mas foram aprendendo a se conviver, vemos outras situações intensas rolando, mas que poderia ser mais direta sem precisar de tantas quebras para se desenvolver melhor na tela, o que acaba sendo uma nota crítica de alguém que gosta de fluidez, mas não é nada que atrapalhe a conferida comum, e assim sendo o longa funciona bem para quem quiser dar play no longa dentro do Festival de Cinema Italiano no Brasil.

O longa nos conta que uma jovem de 26 anos chamada Rosa foge de uma Berlim bombardeada e busca refúgio na casa dos sogros enquanto seu marido está na linha de frente do combate. Ela chega, então, num pequeno e isolado vilarejo perto da fronteira oriental alemã, um local tranquilo e pacífico, mas que, logo, Rosa vai descobrir, esconde um segredo. Na floresta que ronda a vila está localizada a Toca do Lobo, um dos principais quartéis-generais nazistas. Uma manhã, Rosa é escolhida e obrigada pela SS para servir como "provadora". Isto é, junto com outras mulheres, Rosa passa a provar as refeições feitas para o ditador nazista com o intuito de testar se a comida está envenenada. Entre o medo de morrer e a fome, o grupo de mulheres formará alianças, amizades e pactos segredos entre si na tentativa de sobreviver as circunstâncias adversas de sua nova ocupação e da realidade militarizada em que vivem. Em meio ao absurdo da guerra, um laço de solidariedade e resistência silenciosa cresce entre elas.

É interessante observar que o estilo do diretor Silvio Soldini foi de brincar com as facetas menos diretas da Segunda Guerra, pois o ambiente que ele procurou mostrar foi das pessoas que sabiam do que estava rolando, mas ainda assim torcia para a Alemanha ganhar a guerra, algumas até sendo fanáticas pelo ditador, querendo saber mais detalhes da sua vida, ou seja, o diretor fez com que seu filme tivesse um tom até cômico em alguns momentos, e dramatizando alguns outros bons elementos em cena, sendo em suma um filme simples e alegórico, que baseando em um livro ficou até bem criativo na tela, sendo dinâmico e com uma entrega de época satisfatória, que talvez até poderia ser mais intensa, mas sairia da proposta.

Quanto das atuações, o longa tem muitos personagens interessantes, porém o foco maior ficou para Elisa Schlott com sua Rosa bem trabalhada no estilo da capital, meio que destoando bastante das demais mulheres da vila, tendo olhares ressabiados, mas depois da carta que recebeu mudou completamente na tela e deu outra nuance para a personagem, o que foi bacana de ver acontecer. Alma Hasun trabalhou sua Elfriede com olhares bem densos e com uma proposta tão diferenciada para o papel, que não entrega de cara tudo o que tinha nas mangas, sendo uma boa surpresa na essência da trama, e que fazendo uma boa amizade com a protagonista acabou agradando bastante. Ainda tivemos Max Riemelt bem colocado com seu Tenente Albert Ziegler que em entregou algumas dinâmicas intensas com todas as mulheres, e tendo sua virada com a protagonista de uma forma até bem marcante, afinal não dá para entrar na cabeça de uma mulher, mas ela foi ingênua demais. Dentre as demais mulheres vale apenas um leve destaque para Emma Falck com sua Leni, por ser a mais jovem e despreparada ali no meio, mas conquistando um carisma de certo modo com sua entrega.

Visualmente a trama mostrou uma vila bem simples, com a casa dos sogros bem tradicional da época com as dinâmicas ocorrendo na mesa, no rádio com as notícias e claro no celeiro, também tivemos a sala de jantar do bunker aonde as mulheres provaram vários pratos chamativos (sem carne, afinal o longa nos conta que Hitler havia adotado uma dieta vegetariana, e é explicado o motivo), mas tudo bem simples, com soldados trajando suas fardas tradicionais, as jovens com roupas mais desgastadas, e a protagonista por ser de Berlim tendo até um vestuário um pouco mais rebuscado.

Enfim, é um filme simples, bem feito e com uma proposta diferente de todos os demais filmes que já tinha visto envolvendo a Segunda Guerra Mundial, então só por isso já faz valer o play nele dentro do Festival, então aproveitem enquanto está de graça. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma boa dica, então abraços e até logo mais.


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Enterre Seus Mortos

11/04/2025 01:51:00 AM |

O principal problema do longa "Enterre Seus Mortos" é fazer com que o público se envolva com a trama confusa meio que jogada na tela, pois a maioria está acostumado com tramas que vão sendo lapidadas e entregues durante toda a dinâmica, enquanto aqui temos tudo acontecendo e sem grandes aberturas, com um tema em pauta pesado e fora de muita conexão, ou seja, a grande parte dos espectadores vai achar tudo absurdo e bizarro, mas se adaptarmos na mente algumas dessas abstrações, o resultado acaba sendo incrível, e é provavelmente essa a loucura que o diretor quis passar! Claro que não é um filme fácil, e para "amenizar" foi colocado algumas pontadas meio que humorísticas, e isso balança um pouco a trama, mas não é nada que durante a sessão canse ou atrapalhe o resultado final.

O longa acompanha a rotina de um removedor de animais mortos chamado Edgar Wilson. Edgar trabalha pelas rodovias perigosas de uma peculiar e pequena cidade fictícia conhecida pelo nome de Abalurdes. A morte já faz parte do cotidiano de Edgar e de seu colega de trabalho Tomás, um ex-padre excomungado. Nete (Marjorie Estiano), chefe dos dois e namorada de Edgar, é quem passa as ocorrências de bichos atropelados pelas estradas. Tudo parece seguir seu curso normal, até que, um dia Edgar é forçado a violar as regras do seu trabalho, e o caos passa a imperar em sua vida e na cidade. Rumos inesperados tomam conta da vida do taciturno removedor quando sinais do apocalipse se mostram cada vez mais presentes.

Se o primeiro filme que vi do diretor e roteirista Marco Dutra me fez o odiar, com seus últimos trabalhos que conferi passei a gostar muito de seu estilo, afinal ele consegue fazer um terror sem usar os clichês óbvios do estilo, brincando com facetas pouco exploradas ou então dando vértices malucos e tão abstratos para tudo que o resultado acaba sendo diferenciado demais, e esse seu novo longa é bem nessa segunda opção, pois temos muitas coisas abstratas para mostrar um fim do mundo tradicionalmente brasileiro, com uma pegada maluca aonde tudo pode acontecer, e por mais doido que possa parecer, o resultado faz algum sentido, então funciona na tela, e mostra mais uma vez que o diretor é um dos grandes nomes do país nesse estilo fora da casinha.

Quanto das atuações, tem alguns filmes que Selton Mello me irrita e fica parecendo o mesmo personagem de sempre, mas quando ele quer realmente atuar, sai debaixo, pois ele se joga, e aqui seu Edgar Wilson é imponente, cheio de presença, estranho como deve ser, e nos atos finais ainda mostra uma personalidade tão irreverente e marcante que certamente entrará para a lista de seus personagens favoritos, ou seja, deu seu show fazendo bem feito. Danilo Grangheia entregou para seu Tomás um misto entre matador de filmes de velho oeste com um padre, de modo que teve nessa mistura boas nuances junto do protagonista e conseguiu chamar atenção em atos mais fechados, porém dava para ter trabalhado mais cenas dele, o que talvez mudaria um pouco o roteiro, mas fez bem o que tinha de fazer. Já Marjorie Estiano e Betty Faria trabalharam suas Nete e Tia Helena com personalidades ao mesmo tempo diferenciadas, mas conflitivas, tanto que a jovem tem toda uma paixão pelo protagonista, mas está tentada a entrar na religião pela tia, e a tia não curtindo muito o namorado da moça faz entregas estranhas na tela, ou seja, juntas foram bem, mas sem ir muito além. Quanto aos demais, diria que Vittória Seixas entregou sua Mariana interessante na tela, mas apenas como uma criança que aparenta ser a guru da nova seita, sem grandes nuances que impactasse realmente na tela.

Visualmente a trama tem um clima árido, uma cidadezinha bem estranha, chuvas de pedras gigantes bem de forma apocalíptica, algumas caminhonetes antigas, o moedor de animais encontrados, alguns acidentes bem intensos, a casa dos protagonistas mostrando mais os quartos do que outros ambientes, e claro o culto passando na TV com suas ideologias, as bebidas estranhas, alguns corpos empalhados, alguns casulos estranhos pingando a água dos chás, e claro algumas armas interessantes, tendo situações bem colocadas em momentos fortes, mostrando que a equipe de arte trabalhou bastante, mas também sem causar muito no público, tirando claro o monstro estranho que aparece em uma cena.

Enfim, é um filme diferenciado dos padrões que muitos estão acostumados a ver, que funciona na tela e tem uma boa pegada, valendo a indicação para mostrar formas diferentes de terror que o cinema nacional também pode entregar, então fica a dica para irem conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Balada De Um Jogador (Ballad Of a Small Player)

11/02/2025 10:59:00 PM |

É engraçado como o cinema oriental anda invadindo o mundo afora, que até conseguindo usar os grandes nomes do cinema ocidental já estão colocando nas suas telas, e claro que a Netflix que tem pego muitas obras deles não iria deixar de colocar seu nome nesse "Balada de um Jogador" que tem uma boa pegada entre o vício de jogos e apostas e junto disso colocar a pegada do misticismo da morte oriental, aonde você pode ser apenas uma alma rondando o mundo parecendo estar vivo, mas sendo apenas um fantasma faminto. Ou seja, é um longa inicialmente lento demais, mas que tem uma proposta bem colocada na tela, aonde tudo funciona dentro da proposta como um passatempo bem trabalhado, com um trio principal bem marcante e que sabe brincar com as facetas do roteiro, não sendo algo expressivo demais, mas que agrada para uma tarde chuvosa.

O longa acompanha um apostador inglês que vê seu passado aterrorizante nos jogos voltar a lhe assombrar e, por isso, ele precisa se esconder em Macau. Vivendo de forma simples e como um desconhecido, o homem desaparece nas ruas no lugar. No entanto, ao longo de sua nova trajetória, uma mulher aparece para mudar o seu destino, como uma alma gêmea, ela vira a chave para a sua salvação.

O diretor Edward Berger foi extremamente injustiçado no Oscar desse ano que merecia ter levado a premiação por "Conclave", mas infelizmente não aconteceu, e aqui acredito que ele fez tudo simples e corrido demais, sem grandes nuances que chamassem atenção, e brincando principalmente com o protagonista, pois o tanto que ele comeu, bebeu e jogou com toda certeza saiu das gravações explodindo e bem cansado, mas a grande sacada do diretor foi fazer uma trama lenta que não cansasse o espectador, pois seu filme tem um vértice de perdas e ganhos muito seletiva, então quem não entrar de cabeça na ideia é capaz de mais se incomodar do que gostar do que verá, e assim sendo ficou bem abaixo dos últimos trabalhos do diretor.

Quanto das atuações, Colin Farrell trabalhou do seu jeitão tradicional que já até acostumamos a ver, meio que jogado, mas cheio de caras e bocas, de modo que seu Lorde Doyle até tem boas sacadas e dinâmicas, e entrega personalidade do começo ao fim, sendo que sua história mesmo não é tão contada, mas consegue suprir esse detalhe com tudo o que faz. Fala Chen trabalhou sua Dao Ming com uma presença tão grandiosa no cassino, que seus momentos fora dali pareceram simples e nem sendo a mesma pessoa, o que é interessante para a proposta da trama, ao ponto que a jovem soube ser intensa e sutil com a mesma personagem. Sinceramente achei uma pena utilizarem tão pouco Tilda Swinton com sua Blithe, pois sabemos do potencial da atriz, e ela foi meio que um enfeite rápido para alguns momentos da trama, que claro foram bem bons, mas dava para ousar mais com ela.

Visualmente a trama inteira filmada em Macau mostrou vários cassinos, um apartamento de luxo, algumas casas simples na beira do mar, e algumas dinâmicas em restaurantes requintados, não sendo um filme com tantas criações de ambientes, mas mostrando bem do jogo e do vício do protagonista, entregando momentos interessantes e cheios de dinâmicas dentro das locações escolhidas.

Enfim, é um longa simples, um pouco lento, que serve como passatempo sem esperar muito dele, aonde o diretor não mostrou seu potencial, e os atores acabaram mal aproveitados, o que acaba sendo um pouco decepcionante para falar a verdade. Então fica sendo assim a dica, e volto amanhã com mais outros filmes, então abraços e até logo mais.


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