Netflix - A Batalha do Biscoito Pop-Tart (Unfrosted)

5/04/2024 08:05:00 PM |

Ainda vou tentar entender a baixa criatividade que os roteiristas andam no mundo inteiro, querendo contar histórias de coisas que basicamente ninguém estava querendo saber, que assim como falei quando saiu o longa das pelúcias está virando os anos dos produtos no cinema, tivemos já filme de tênis, de salgadinho picante, de pelúcias filhotinhas, e agora eis que entra a briga das empresas de cereais pelo domínio do paladar açucarado no café da manhã! Claro que diferente dos demais que foram histórias baseadas em fatos reais com uma síntese bem mais séria e cheias de nuances, no longa da Netflix, "A Batalha do Biscoito Pop-Tart", a mente criativa de Jerry Seinfeld brinca com a disputa entre as empresas de cereais, todo o domínio da Kelloggs contra sua rival Post nos anos 60, a ideia de algo novo para o café da manhã, os conflitos com os leiteiros, uma guerra entre os americanos e os russos influenciando quem vai ficar com todo o açúcar cubano, e por aí vai, que nem dá para considerar como uma biografia, mas tendo alguma base real bem lá no fundinho, a trama acabou sendo quase um episódio especial do Saturday Night Live, afinal colocaram praticamente todos os humoristas do país na trama para brincar com as loucuras, e assim sendo é uma comédia formatada que até diverte, mas que entrega um humor tradicional que só os americanos gostam e entendem, não sendo algo que você vai rir aos montes de toda a loucura.

O longa se passa em 1963, uma época em que o leite e o cereal dominavam os cafés da manhã. Os Kellogg's e Post são rivais empresarias que competem para criar um bolo que poderia mudar o café da manhã para sempre, mostrando a batalha por trás da criação de um docinho revolucionário.

Se passaram 17 anos desde que Jerry Seinfeld criou o roteiro de "Bee Movie" e desde então não tinha voltado a fazer roteiros de filmes, mas eis que agora não só criou o roteiro como também se aventurou na direção, e claro no protagonismo, aonde ele conseguiu mostrar a criação de um biscoito só que de uma maneira maluca demais, que talvez num estilo mais fantasioso como "Wonka" faria mais sentido, mas ainda assim o resultado da trama tem uma certa intensidade cômica que agrada, porém com tudo tão forçado o resultado acaba não fluindo como deveria em um filme. Claro que não é ruim, afinal o elenco de peso sabe ser engraçado e tirar onda com tudo na tela, mas certamente dava para ter ido um pouco mais além, talvez nas mãos de um diretor com mais pegada e estilo.

Quanto das atuações, fazia anos que não via Jerry Seinfeld, e pelo que vi ele mesmo não se entregou muito depois de seu seriado, e aqui seu Bob tem boas ideias, mas parece maluco demais ao ponto de não conseguir entregar toda sua criatividade, bem como fazia lá nos anos 80/90 quando jogava suas sátiras, e o resultado aqui dependeu mais da química dele com os demais do que dele próprio, mas ainda tem tino para criar rapidamente e chamar atenção na tela. E falando em química, a parceria do diretor com Melissa McCarthy é algo que facilmente numa apresentação de premiações daria muito certo, pois aqui sua Donna Stankowski tem uma mente brilhante, faz parecer a loucura toda com muita vez, e encaixa essa síntese na pegada da trama. Embora tenha aparecido pouco, Peter Dinklage entregou a cena que mais me fez rir como presidente dos leiteiros, fazendo o protagonista passar por um "corredor polonês" que nem em sonho muitos gostariam, além de trabalhar com seu famoso olhar denso e imponente. Ainda tivemos toda a briga entre os donos das marcas bem encaixados com Amy Schumer fazendo uma Marjorie Post bem imponente e direta, e do outro lado Jim Gaffigan trabalhando um excêntrico Edsel Kellogg III, mas quem conseguiu ter um destaque mais chamativo foi Hugh Grant com seu Thurl, ator que dominou a roupa do tigre famoso e ainda organizou todo um grupo de mascotes contra a ideia de fazer algo sem um mascote. 

Visualmente a trama é bem colorida, mostrando desde crianças revirando lixeiras atrás de comida até protótipos de espaçonaves da NASA, brincando com o fato dos leiteiros, com a produção dos cereais, e até mesmo a junção de vários gênios de áreas nada correlacionadas a comidas para criação de algo inovador para a companhia, brincando bem com tudo com sacadas até mesmo para uma massa mutante, ou seja, o famoso apelo cômico que as vezes funciona, outrora fica estranho demais até mesmo para quem gosta.

Enfim, é um filme que serve como um passatempo interessante para quem curte comédias bagunçadas, mas para quem for conferir esperando algo que trabalhasse uma história realmente de como foi criado os biscoitos irá se decepcionar um pouco com o resultado meio audacioso do diretor e sua turma, então fica a recomendação com ressalvas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas hoje ainda vou conferir mais um longa, então abraços e até logo mais.


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Love Lies Bleeding - O Amor Sangra

5/04/2024 02:26:00 AM |

Costumo dizer que dentro de uma ficção você pode inventar o que quiser, afinal tudo é permissivo desde que você não tente levar para o lado mais realista, pois aí você pode usar todas as figuras de linguagem possíveis, mas sem sair de uma base sólida, e infelizmente ao meu ver (pois sei que muitos irão por outro caminho) essa foi a maior falha de "Love Lies Bleeding - O Amor Sangra", que estava indo numa lógica de filme policial interessante, com os famosos e conflitivos romances, as reviravoltas de defender o seu amor enfrentando tudo e todos, crises de ciúmes e tudo mais, e dava para ir para rumos finais intensos e bem colocados, porém a diretora resolveu sair de sua cadeira e inventar moda numa alegoria fantasiosa tão fora de si, que a sala inteira do cinema se descambou a rir que o longa que era um drama/policial virou uma comédia do absurdo de nível gigantesco com a escolha das cenas finais. Claro tem simbologia, dá para interpretar de diversas maneiras, mas é o tipo de coisa que você não faz em um filme que está com uma proposta séria, ou então você faz e coloca seu longa apenas em festivais alternativos, pois comercialmente garanto que a maioria irá rir, alguns vão desistir de ver o restante querendo ir embora do cinema (mesmo sendo uma das últimas cenas), e confesso que mesmo eu que costumo ver muita coisa estranha em festivais não esperava de forma alguma acontecer o que aconteceu, de tal maneira que só me vi balançando a cabeça sem acreditar no que estava aparecendo na tela. Ou seja, diria que é um filme 90% excelente e interessante, que numa analogia de comida o preparo estava delicioso, e com a mesa pronta e todos sentados para degustar, alguém vai lá e joga gasolina no fogão.

O longa é um romance ambientado na década de 1980 que acompanha a vida da reclusa gerente de academia Lou, que acaba se apaixonando por Jackie, uma ambiciosa fisiculturista que viaja da cidade até Las Vegas em busca de seu sonho. Mas essa história de amor fulminante entre elas desencadeia a violência, puxando-as profundamente para a teia da família criminosa de Lou, resultando em um romance cheio de ego, desejos, sangue e vingança.

Volto a frisar que é totalmente possível de entender a analogia que a diretora e roteirista Rose Glass quis passar com a mulher gigantesca no melhor estilo Hulk possível no ato final, delas se sentirem grandiosas em conseguirem seus objetivos e salvar uma a outra e tudo mais, porém isso dava para ser feito sem precisar transformar seu longa em uma comédia, porém são escolhas, e facilmente o longa dela tem uma aura mais de Festival, tem uma pegada de longa mais antigo mesmo, que até sai do padrão normativo que muitos andam seguindo, porém se desde a primeira cena ela tivesse entregue tudo como uma grandiosa fantasia, sem tentar recair para algo mais sério, aí eu sairia aplaudindo, rindo e vibrando com tudo. Ou seja, a diretora tinha duas possibilidades, a de fazer um filme irreverente sobre o mundo incorreto das drogas, apelando para algo escrachado que ainda assim poderia ser forte, ou então trabalhar tudo como um drama policial sério e fechar seu filme de uma forma séria (talvez algo meio "Thelma & Louise"), mas juntar dois estilos opostos ao meu olhar é errar e me fez pensar o quão fora da casinha ela estaria para criar esse final.

Quanto das atuações, já vi Kristen Stewart fazendo alguns papeis bem melhores do que o que entrega aqui para sua Lou, pois a jovem personagem até tem um ar meio depressivo funcional da época, mas a atriz não tentou explodir ela para algo que chamasse atenção realmente, sendo uma boa ocultadora de provas, mas faltou atitude para empolgar realmente. Já Katy M. O'Brian trabalhou bem sua Jackie como uma boa fisiculturista, talvez um pouco viciada demais nas drogas, mas por já ter sido do esporte antes de virar atriz, conseguiu personificar bastante seus momentos e chamar atenção (diria até demais no último ato!). De cara já dava para saber os atos da personagem Daisy que Anna Baryshnikov fez, e chega a ser irritante sua personificação ao ponto de querermos que suma logo de cena, e como já disse isso em outros textos, isso não é algo ruim, muito pelo contrário, mostra que determinado ator/atriz conseguiu mudar seu personagem para rumos que incomodam e funcionam, ou seja, mesmo aparecendo pouco foi muito bem em cena. Quanto dos demais, diria que Dave Franco apareceu pouco com seu JJ, mas deu motivos para tudo o que ocorre com ele, Jena Malone fez de sua Beth a tradicional mulher que quase morre de apanhar, mas ainda assim fica triste com a morte do agressor, mas sem dúvida todos os olhares se focam no cabelo de Ed Harris como o pai de Lou, sendo um personagem bizarro, estranho e tudo mais, mas que entrega muito em seus atos.

Visualmente a trama trabalhou bem o clima oitentista, brincou com nuances em tons diferentes para quebras de clima, e mostrou um pouco desse mundo esportivo competitivo, misturando com drogas, excesso de academia e mais drogas, armas, violência e tudo mais, não recaindo tanto para o lado do fisiculturismo, mas tendo elementos para criar o ambiente criminoso da família e tudo mais, mostrando que a equipe de arte teve o cuidado em preservar bem a essência da época.

Enfim, como já repeti muitas vezes, eu gostei do filme, da ideia em si, mas achei a pior finalização do mundo, de tal forma que achei algo imperdoável, pois eu esperava qualquer coisa da trama, sei que a A24 gosta de filmes diferentes, com uma proposta mais cult e artística, mas saíram demais da casinha. Ou seja, não é um filme que posso dizer que recomendo, pois muitos que não forem para esse estilo mais de festival irão querer me xingar depois, então digo apenas que vejam um bom filme, se preparando para o pior final que já viram na vida, que aí talvez o longa fique mais atrativo. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Férias Trocadas

5/03/2024 01:23:00 AM |

Quem olhou a programação dos cinemas que soltei ontem tinha a total certeza de que esse não seria o primeiro filme que veria na semana, claro depois das pré-estreias de ontem e terça, mas os astros  cinematográficos alinharam os horários para que eu fosse conferir "Férias Trocadas" com um medo imenso de ser "mais uma" das comédias sem graça que o cinema nacional costuma entregar, pois no meio de umas 30 que são lançadas por ano dá para salvar umas 8 a 10 no máximo que fazem rir sem precisar virar uma novela das sete forçada, e por incrível que pareça, posso incluir esse longa de hoje nesse seleto grupo que se salva, pois é divertida, bem produzida, e mesmo que apele para tentar o riso, não chega nem perto do formato novelesco, e isso já é algo que ganha muitos pontos na minha avaliação, fora que a sacada foi bem colocada, afinal o que mais temos no país é pessoas com nomes semelhantes, quiçá iguais, só pontuaria um erro que ficou falho que em qualquer hotel que seja do mundo, a primeira coisa que o atendente pede é um documento e/ou o cartão de crédito para cruzar as informações de reserva, mas vou relevar isso, senão não aconteceria o filme. Então ver um pobre se sentindo rico por uns dias, enfartando vendo os preços das coisas só tacando na "tarjeta" que não é sua, e ver o rico tendo que se virar no meio da natureza com sabugo e sem ar condicionado, acabou sendo gostoso e divertido de ver, mesmo que tendo alguns momentos exagerados, mas que não incomodam.

A sinopse nos conta que José Eduardo, o Zé, é dono de uma escolinha de futebol e ganha numa rifa uma viagem com a mulher e a filha blogueira para Cartagena. Já José Eduardo, o Edu, é um empresário bem-sucedido que vai sair de férias com a esposa e o filho tiktoker. A confusão começa quando, por engano, Zé se hospeda no hotel de luxo de Edu, que, por sua vez, acaba na pousada simples de Zé. Essa troca proporciona experiências que as duas famílias não estavam acostumadas, mas que acaba as unindo ainda mais.

O mais engraçado de olhar para a filmografia do diretor Bruno Barreto é que você vai olhar desde "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976 - uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro), passando por "O Que É Isso Companheiro" (1997 - outra obra que fervilhou os cinemas), até "Flores Raras" (2013 - completamente injustiçado de não poder ser nossa indicação certeira ao Oscar por ter mais do que o percentual falado em inglês) e no meio do caminho ainda ver um "Crô - O Filme" (que foi uma das maiores bombas novelescas do nosso cinema), entre muitos outros, ou seja, é um diretor que está no mercado há muito tempo e que não hesita de pegar desde grandes obras até filmes bomba, e aqui diria que ele conseguiu pegar um roteiro simples, porém cheio de nuances que davam para ser desenvolvidas e conseguiu brincar com ele, entregando atos tradicionais que facilmente aconteceriam com pessoas de duas classes bem opostas entrando em lugares que teoricamente não pertencem a eles, e ir além com essa pegada. Ou seja, ele fez de um limão uma limonada sem precisar encher de açúcar ou enfeites, e o principal, foi para Cartagena na Colômbia gravar, ficando com o elenco por um mês em um resort, não inventando de gravar no Brasil parecendo estar em outro lugar, e com isso acabou criando um bom timing com os artistas e o resultado da química entre todos fica claro nas cenas.

Quanto das atuações, gostei que Edmilson Filho foi explorado mais do que apenas seus personagens casuais, pois ao precisar fazer dois papeis completamente diferentes em Zé ele jogou o tradicional personagem mais escrachado, porém bem sacado e que sempre faz bem, enquanto com Edu ele já se verteu para uma pessoa mais fechada, com tiques e intensidades diferenciadas, mas que caiu bem para o que o personagem pedia, e que mesmo forçando um pouco com ambas as personalidades conseguiu agradar e criar uma boa química com os demais personagens em cena. E falando dos demais personagens, tivemos de um lado Aline Campos como uma cabelereira bem simples com sua Suellen, mas que se deslumbra ao máximo com tudo no hotel chique, e se joga bastante nas coisas boas que o luxo entrega, e do outro lado tivemos Carol Castro com sua Renata, uma arquiteta cansada das coisas metódicas do marido e que se deslumbra com o simples e rústico da pousada ecológica, brincando bem com todas as facetas para reatar o amor ao marido no meio do matagal, e ambas entregaram muita conexão com as personalidades do protagonista. Dos jovens, tanto Klara Castanho com sua Rô quanto Matheus Costa com seu João entregaram a base do momento de influencers, tiktokers e afins que tentam documentar ao máximo suas vidas, mas que para a base do filme acabaram apenas bem encaixados nas nuances familiares, não indo muito além na tela. E quanto aos empregados dos hotéis, tivemos de um lado Gustavo Mendes forçando um maître multilíngue, mas que diverte, enquanto do outro lado tivemos Flávia Garrafa como a dona da pousada zen demais da conta, então sobrou para Luciana Paes apelar para uma massagista tântrica maluca que valeria ter trabalhado um pouco mais para outras cenas, pois ela daria história.

Visualmente o ambiente tem alguns meros minutos num aeroporto, depois uma animação mostrando alguns perrengues do voo, para já chegar em Cartagena e acontecer a troca de hotéis, e consequentemente de carros, tendo um lado uma van luxuosa, um resort paradisíaco e quartos e restaurantes que é o sonho de qualquer viajante com muito dinheiro, enquanto do outro lado temos uma pousada no meio do nada, redes, sem conexão com nada sem ser a natureza, sabugos no banheiro, e claro muitos perrengues, ficando no meio uma pequena vila com um bar e um concurso de dança. Ou seja, a equipe de arte brincou bastante em todos os ambientes e conseguiu passar muita verdade com a produção em um todo.

Enfim, como disse no começo estava com muito medo de ser uma das muitas comédias forçadas que chegam nos cinemas durante o ano, mas acabou sendo algo ao menos divertido de curtir, com uma sacada que funcionou (não lembro de algum filme exatamente com essa proposta, mas sei de alguns que já tiveram essa pegada de trocas), e que quem gosta do estilo certamente sairá bem feliz da sessão, então diria que recomendo o filme. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Garfield: Fora de Casa em 3D (The Garfield Movie)

5/01/2024 08:31:00 PM |

Confesso que logo que vi o primeiro trailer de "Garfield: Fora de Casa" fiquei bem curioso para conferir por gostar bastante do personagem, porém estava com muito receio de ser algo bobinho demais, com história quase nula, mas felizmente fui surpreendido com sucesso, afinal a trama entrega uma aventura mesmo do gato preguiçoso em uma missão junto de seu pai, tendo muitas desenvolturas, objetivos e sacadas que fazem o público curtir cada momento do começo ao fim, mostrando desde quando era apenas um filhotinho que adotou o humano Jon após ser "abandonado" pelo pai Vic, passando pelas suas comilanças e claro por todo o conflitivo sequestro que passou para embarcar numa aventura completa, com andanças de trem, toda uma espionagem dentro de uma fábrica de laticínios e muito mais. Ou seja, entregaram algo tão completo que não tem como não se divertir, sendo bacana tanto para os pequenos curtirem o gatinho irônico quanto para os adultos que já gostam das suas historinhas entrar numa nova e interessante trama, não sendo nem básico demais para cansar, nem imponente para virar uma obra prima, mas que funciona demais.

A sinopse nos conta que após um reencontro inesperado de Garfield com o pai há muito perdido, o maltrapilho gato de rua Vic, ele e o amigo canino Odie são forçados a sair de suas vidas perfeitamente mimadas para se juntarem a Vic em um arriscado assalto.

Ao pesquisar sobre o diretor Mark Dindal vi que ficou cheio de projetos não concluídos desde que saiu da Disney em 2006 logo após dirigir "O Galinho Chicken Little", entrando em alguns projetos apenas para ajudar, começando outros sem acabar, até chegarmos agora com esse novo filme, ou seja, segurou toda sua criatividade por quase 20 anos (que alguém da Disney deve ter jogado alguma praga nele!) e agora mostrou tudo o que sabe fazer, com personagens com boas texturas sem ficar realista demais (ainda mantendo o estilo de animação) e claro brincando com um personagem amado que também não daria para inventar tanto, de tal forma que acabou brilhando sob a supervisão de Jim Davis, criador dos quadrinhos, para que tudo fosse o mais próximo do que realmente imaginaria para seu gato preguiçoso e comilão. E o que posso dizer é que ele acertou em cheio, pois muitos diretores acabariam inventando moda, distorcendo tudo o que gostamos do personagem, mas ainda assim colocou sua técnica e personificação para algo que tivesse uma aventura bacana, pois facilmente outros acabariam também segurando demais o personagem, e não era isso o que deveria acontecer. Ou seja, diria que foi uma volta triunfal para um bom diretor de animações, e agora espero que não demore mais 20 anos para fazer outros filmes, afinal ele sabe trabalhar muito bem para ficar na geladeira dos diretores.

Quanto dos personagens e suas dublagens, já ouvimos tantas vozes diferentes para o gato laranja, mas algumas foram mais marcantes com um tom mais forte, e aqui nessa Raphael Rossato que é o dublador oficial de Chris Pratt no país, emprestou também sua voz para o gato, afinal no original é Chris quem faz o tom dele, e é meio impossível falar de Garfield com sua entrega, afinal já conhecemos o bichano há muitos anos, e embora saibamos que é muito preguiçoso, entregou boas dinâmicas nas cenas mais ágeis, e claro com sua ironia divertiu bastante na tela. Vic foi dublado no original por Samuel L. Jackson, e aqui quem ficou a cargo da voz foi Ricardo Rossato que trouxe ainda mais personalidade para o gato gigante faceiro e cheio de traquejos, que se mete em muitas roubadas, mas que entrega também um ar paternal bacana nos atos que precisou disso. Ainda tivemos o cachorro Odie, que aparentemente parecia mais bobão nos quadrinhos, mas aqui demonstrou uma inteligência e perspicácia que chega a impressionar com tudo o que faz, e embora só lata e faça alguns barulhos, foi dublado por Marcus Eni que sempre brilha também no que faz. Quanto dos vilões, tivemos cenas mais cômicas com os cachorros Roland e Nolan, mas quem impressiona mesmo nas maldades e loucuras foram a gata Jinx que aqui foi dublada por Taryn Szpilman e a segurança Marge bem imponente que Angélica Borges deu a voz. Ainda tivemos bons momentos com o touro Otto divertidíssimo com seus planos e pausas dramáticas e claro com Jon desesperado tentando falar no telefone. 

Visualmente a trama tem uma pegada colorida bem encaixada, mostrando claro muita comida na casa de Jon e na pizzaria, um shopping meio abandonado como esconderijo de Jinx, uma fábrica de laticínios bem tecnológica, e muitas aventuras em um trem, aliás fazendo muitas referências aos filmes de Tom Cruise em dois atos no trem. Ou seja, tudo muito bem desenhado dando o formato, texturas e sombras interessantes para os personagens, mas sem sair da base tradicional que gostamos de ver nele. Quanto ao 3D, infelizmente não usaram praticamente nada da tecnologia para brincar com o pessoal, servindo bem pouco para dar uma profundidade de campo de visão, mas nada que impressionasse.

Enfim, é daquelas animações gostosas de curtir, que quem for não irá se decepcionar com a entrega, e confesso que me surpreendi dela ter prendido bem a atenção dos pequenos, pois tendo mais histórias e dinâmicas achei que a molecada iria desistir fácil da tela, o que não aconteceu, então pode pegar a família toda e ir conferir que vale o resultado, e eu recomendo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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O Dublê em Imax (The Fall Guy)

5/01/2024 02:50:00 AM |

Confesso que quando vi pela primeira vez o trailer do longa "O Dublê" pensei que seria algo tão idiota que iria mais reclamar do que gostar do que veria, e quando começou a trama e dá a passada temporal de 18 meses, indo para a gravação de um filme de romance com ficção científica entre um cowboy e uma alienígena pensei sinceramente aonde isso vai me levar, mas tudo acaba se desenvolvendo de uma forma tão divertida, tão cheia de nuances, e principalmente tão bem produzida com cenas de ação gigantescas, que acabei entrando tanto no clima que acabei adorando tudo do começo ao fim (inclusive com uma cena pós-créditos e várias durante os créditos mostrando os verdadeiros dublês em ação!). Ou seja, é o famoso blockbuster escondido que ninguém imaginaria ficar tão bom que mesmo contendo um romance no meio não fica açucarado, mas sim gostoso de curtir pelas ideias colocadas, canções e tudo mais que funciona no meio da completa loucura que é tudo na tela.

A história acompanha Colt Seavers, um dublê de Hollywood que precisou abandonar a vida de acrobacias perigosas após sofrer um acidente. Porém, um tempo depois, ele é chamado de volta para trabalhar em um filme dirigido por sua ex, Jody Moreno, realizando as cenas mais intensas de ação de Tom Ryder, protagonista do longa. Mas o convite envolve um grande mistério: Tom está desaparecido e, enquanto grava suas sequências, Colt descobre que pode ter se envolvido em algo muito maior do que um simples trabalho como dublê.

O mais engraçado é que esse filme poderia facilmente ser colocado como uma auto-biografia do diretor David Leich, afinal antes de estourar como um famoso diretor em 2017, antes era apenas diretor de dublês e trabalhou muito pulando de prédios, motos, se tacando fogo e tudo mais que fosse preciso desde 1995, ou seja, conhece como uma luva cada cantinho por onde passa um dublê, sabe o quanto é divertido e perigoso a profissão, e claro também já deve ter dado alguns pegas com algumas diretoras  de fotografia (ou nem tanto já que anteriormente o cinema era bem mais machista e não tinham tantas mulheres assim como é hoje), e aqui ele que gosta de fazer filmes com muitas cenas pegadas de ação, com desenvolturas imponentes e tudo mais, pode brincar com a ideia tanto em segundo plano como em primeiríssimo, já que a trama brinca com o fazer um filme de ação romântico, e essa duplicidade do roteiro junto com todo o envolvimento que ele soube colocar, fez com que seu filme tivesse aquele algo a mais que tanto gostamos de ver na telona, pois é explosão, é risada, é romance, é ficção científica, é policial, tudo misturado e que funciona agradando quem gosta de todos esses estilos, juntos!

Quanto das atuações, Ryan Gosling e seus quatro dublês (Logan Holladay, Justin Eaton, Ben Jenkin e Troy Lindsay Brown) se desafiaram bastante, brincaram com as cenas mais perigosas e claro que o ator sem se arriscar fez todas as boas sacadas que sabe entregar, sendo um Colt astuto e bem encaixado, e que principalmente soube segurar a trama para si, não fazendo com que o filme perdesse o foco nele, agradando bastante e mostrando que sabe escolher bem as produções para se destacar, pois depois de um Ken, ele se jogou para chamar muita atenção e não ficar marcado. Emily Blunt também se divertiu bastante com sua Jody, não recaindo para uma personagem melosa, e principalmente sabendo dar o espaço para que o protagonista brilhasse, sendo claro uma diretora em ação, criando atos envolventes, mas deixando o longa fluir. Aaron Taylor Johnson tem estilo, mas seu Tom Ryder merecia um desenvolvimento melhor, pois ficou apenas como um astro metido e com o ego inflamado demais, que poderia ter ido além, afinal o diretor gosta dele em seus filmes, mas ficou bem em segundo plano. E quem talvez ficasse em segundo plano na trama seria o Dan que Winston Duke entrega na tela, mas como um coordenador de dublês soube entrar em cena exatamente aonde precisariam dele, e acabou agradando bastante. Por fim ainda tivemos cenas demais de Hannah Waddingham com sua Gail, de modo que como uma produtora talvez seria melhor ficar mais em segundo plano na trama, mas como está envolvida na confusão, acabaram usando ela demais, e não convenceu como deveria. Ainda tivemos atos espalhados com Stephanie Hsu, Teresa Palmer, Ben Knight e até uma homenagem ao final com os dois atores da série na qual o longa é baseado, que é "Duro na Queda" de 1981, com Lee Majors e Heather Thomas fazendo uma pontinha no final.

Visualmente o longa tem boas cenas de perseguição na rua, boas lutas dentro de um apartamento bem cheio de detalhes de filmes, um set de gravação beira-mar com muita areia (lembrando até um pouco "Duna" até mesmo na trilha-sonora), aliens estranhos, porém bem colocados em cena, muitos atos com carros capotando, voando, trombando e tudo mais, e claro muitas explosões e pirotecnia no melhor estilo possível que um bom filme de ação deve ter, claro que contando com muitos detalhes cênicos como armas de munição cenográfica, espadas falsas, capacetes, além das armas estranhas do filme que está sendo gravado com boas referências para brincarem com esse mundo.

O filme conta com uma trilha sonora incrível, com canções bem encaixadas nos diversos momentos, mas sem dúvida os destaques ficam para "All Too Well" da Taylor Swift e "Against The Odds" de Phil Collins usadas no ponto máximo que um romance deveria ser usado. Não achei o link oficial, mas esse tem boa parte das canções usadas para curtirem depois. 

Enfim, é um filme que beira a perfeição por conseguir encaixar vários estilos em uma trama só, e isso é algo bem raro de acontecer e dar certo, mas que poderia ser um pouco mais curto, afinal no miolo acabaram enrolando demais em situações desnecessárias, porém é algo que não atrapalha já que o filme tem ritmo. Então com toda certeza recomendo ele para todos, talvez funcione melhor vendo no cinema mesmo pelas muitas cenas de ação (ou seja, em casa alguns não vão ficar tão contentes com o resultado), e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Netflix - A Grande Entrevista (Scoop)

4/30/2024 12:45:00 AM |

Muitas vezes vemos grandes entrevistas, programas na TV imponentes, toda semana um grande artista ou personalidade falando na telinha e apenas aplaudimos a pessoa que está ali entrevistando ou fazendo as honras do programa conversando com tal pessoa, mas o que muitas vezes ninguém repara é todo o trabalho que foi para conseguir que aquela pessoa importante aparecesse ali, desse o furo da reportagem de algum evento ou somente contou a vida dela para o entrevistador, que no caso são os produtores audiovisuais, jornalísticos ou de conteúdo apenas como alguns são chamados, e digo até mais, que muitos irão conferir o longa da Netflix, "A Grande Entrevista", e acharão que o grande impacto é a entrevista forte do Príncipe Andrew sobre seu envolvimento com Jeffrey Epstein por abuso e tráfico infantil, quando na verdade o grande show é da produtora Sam McAlister por ter conseguido convencer a equipe real para que ele desse a entrevista. Ou seja, se falei que "Guerra Civil" foi uma grande homenagem aos jornalistas, principalmente os de guerra, que se enfiam no meio do caos para conseguir mostrar para o mundo tudo o que está acontecendo, aqui temos uma grande homenagem aos produtores que possuem conhecimento, bons contatos e sabem exatamente o que e onde ir para conseguir que o programa/jornal aonde trabalham exploda com alguma grande entrevista/matéria, e aí sim entrou a entrevistadora crucial para botar o filho da rainha no bolso com boas perguntas sobre o que fez no passado.

Baseado em um caso real, o longa mostra os bastidores por trás da entrevista bombástica que a BBC obteve com o Príncipe Andrew em 2019. Na polêmica conversa conduzida pela jornalista Emily Maitlis, Andrew falou sobre sua amizade com o criminoso sexual condenado, Jeffrey Epstein. Uma hora de TV pode mudar tudo. Mas como ESTA entrevista foi possível?

O diretor Philip Martin ficou muito mais conhecido pelos sete episódios de "The Crown" que dirigiu do que qualquer outro filme que tenha feito (aliás nem lembro de ter visto nenhum deles), porém mostrou muita segurança na forma que entregou a dinâmica toda, trabalhando bem as vertentes da produtora em buscar bem as fontes antes de fazer qualquer loucura, e conseguiu mostrar como as pessoas não olham para aqueles menores dentro de um bastidor, isso claro sem falar a forma como ele conseguiu contar usando claro o livro da própria Samantha McAlister como base para o roteiro, e dando as devidas nuances para que a entrevista ficasse bem realista, como realmente aconteceu, chocando claro todo o interior da realeza e também os múltiplos moradores que ficaram chocados com toda a "ingenuidade" do príncipe. Ou seja, é o famoso filme aonde os atos falam mais do que a execução e as atuações, mas ainda assim funcionou bem graças a um bom roteiro e direção também.

Quanto das atuações, diria que a personagem Sam McAlister entregou alguns atos bem marcantes, mas a atriz Billie Piper ficou tímida demais para alguém que conseguiu contatos tão bons e convenceu a assessora do príncipe a liberar a entrevista, pois com toda certeza a verdadeira Samantha tem mais pegada e impulso para chamar tudo para si, mas isso não chega a ser um erro do filme. Em compensação, Rufus Sewell ficou tão semelhante ao verdadeiro Príncipe Andrew que em alguns momentos cheguei a pensar que tinham utilizado as imagens da verdadeira entrevista na tela, pois o ator incorporou trejeitos e nuances tão bem colocadas que chegam a impactar na tela. Ainda tivemos outros bons atos perfeitos de Gillian Anderson com uma Emily toda cheia de personalidade, impactando demais com os tons da entrevista, e Romola Garai também sendo bem certeira nos poucos atos de sua Esme, mas sem dúvida quem acabou trazendo toda a intensidade emocional para seus atos foi Keeley Hawes com sua Amanda, a assessora pessoal do príncipe.

Visualmente a trama foi bem básica, tendo alguns atos dentro do palácio (que claro como o diretor já filmou "The Crown" teve fácil acesso aos cenários já utilizados na série), tivemos claro todo o interior do programa Newsnight da BBC, com toda a produção da editoria jornalística, salas de reuniões e tudo mais, além da casa da produtora contando ainda com sua intenção de mostrar pro filho como entender as mulheres, ou seja, algo simples, porém bem efetivo visualmente, ainda tendo um leve flerte rápido no começo mostrando a vida de um paparazzi em busca de fotos contundentes.

Enfim, é um filme que dava para ter ido um pouco mais além, para ter uma pegada mais ampla e forte, mas como foi baseado em algo que já aconteceu e que foi multi-noticiado mundo afora não daria para inventar tanto, então diria que o resultado funciona mais como disse sendo uma boa homenagem, e talvez a personagem de Sam poderia ter sido ainda mais chamativa na tela. Ou seja, vale o play sem esperar muito que acaba sendo bacana de ver. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas já que essa semana tem feriado, já começo amanhã com os filmes da outra semana, então abraços e até logo mais.

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Aumenta Que é Rock'n Roll

4/29/2024 12:50:00 AM |

Já disse algumas vezes que o nosso país possui tantas histórias boas para serem contadas que se quiserem não precisam inventar mais nenhuma comédia novelesca jogada para tentar fazer rir, basta algum roteirista brilhante conseguir os direitos dos diversos livros e procurar bons atores para que tudo seja bem elaborado para divertir e contar como algo inusitado aconteceu para o bem ou não de algo que viveu determinada época fazendo a cabeça das pessoas. E um longa que acompanho, ou melhor que esperava o lançamento, já tem quase dois anos é "Aumenta Que É Rock 'n Roll", que consegue trabalhar bem a história da Fluminense FM, a Maldita, rádio que lançou grandes bandas de Rock no país, que tinha uma pegada alternativa muito maior de programação do que de arrecadação e anunciantes, e que pelo gosto musical dos ouvintes acabou desenvolvendo o setlist do primeiro Rock In Rio, mesmo como a rádio não oficial do evento. Ou seja, é daquelas obras que aparentemente não entregam uma história de cinema, mas que conseguiram ao trabalhar bem toda a identidade e envolvimento de Luiz Antonio Mello com seus amigos e com sua ideologia de algo novo e autêntico que acaba sendo gostoso seguir e sentir toda a ideia completa da trama, como algo que vai até além de um simples filme.

A sinopse nos conta que no fervilhante ano de 1982, quando o Brasil respirava os ares de redemocratização, Luiz Antonio, um jornalista insatisfeito com a caretice das rádios, e o repórter Samuca apostam tudo em um sonho. Eles desafiam todos os padrões e criam a Fluminense FM, que entrou para a história como “A Maldita”, a primeira estação inteiramente dedicada ao rock. Através de estratégias inovadoras, como locução exclusivamente feminina e uma programação autêntica e democrática, a primeira rádio brasileira dedicada ao rock lança gigantes como Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, entre outros. A história acompanha o grupo de amigos que levantou a rádio, movida pela paixão e pelo desejo de transformar o mundo. O filme revela também os bastidores do icônico Rock in Rio de 1985, onde o destino de Luiz Antônio e de sua amada Alice, locutora na rádio, é selado ao som triunfante de Cazuza, à frente do Barão Vermelho.

Já falei outras vezes que não sou seguidor aficionado por nenhum grande diretor nem roteirista, mas tem uma dupla que gosto demais de praticamente tudo o que fazem no cinema nacional que é Tomas Portella e L.G. Bayão, de tal forma que eles conseguem desenvolver histórias bem encaixadas, com pegada e sem precisar forçar a ideia toda, sendo filmes por vezes simples que funcionam bastante, e aqui usando o livro "Onda Maldita" do próprio Luiz Antonio Mello conseguiram passar bem a essência dos anos 80, todo o saudosismo de telefonar usando fichas, muitas fitas K7 e vinis, toda a busca por autenticidade das bandas nacionais explodindo junto com grandes nomes do rock mundial e tudo mais numa desenvoltura única e cheia de nuances, mostrando que tanto o roteirista L.G. Bayão conseguiu trabalhar seu texto com tudo o que lhe foi fornecido, quanto o diretor Tomas Portella conseguiu envolver cada momento da trama, cada elo bem encaixado de uma produção grandiosa de época, cheia de estilos e tudo mais, aonde cada momento representa a força de vontade do jornalista quanto a da equipe de ir além de uma rádio comum, e assim o resultado funcionou bem na tela mostrando técnica e presença cênica com muita classe, saudosismo e funcionalidade.

Quanto das atuações, Johnny Massaro é daqueles atores que se transformam dentro de um papel, de tal forma que você não vê o ator ali na tela, mas sim uma representação de um cara que podemos chamar de Luiz Antonio, e que ele nos convence disso, pois pessoalmente quase ninguém viu fotos reais do verdadeiro na época, e ele se entregou com a vontade no olhar, com a imposição cênica bem encaixada em cada momento seu, e claro também com uma paixão não correspondida pela amada, tendo apenas algumas labaredas durante todo o filme, ou seja, souberam dar muito mais voz para a rádio do que para o relacionamento, e isso foi muito genial de ver tanto da técnica quanto da atuação. Marina Provenzzano trouxe muita espontaneidade e intensidade para sua Alice, conseguindo criar nuances e chamar para si a responsabilidade de muitas cenas, e o resultado acaba funcionando como um algo a mais para a história da rádio. E ainda tivemos muitos outros bons momentos e personagens, cada um tendo destaque em atos diversos, mas sem dúvida vale destacar Orã Figueiredo como um Superintendente meio que preocupado com a falta de anúncios, mas bem colocado para seus momentos e direções com o jovem diretor, tivemos alguns atos emocionais bem encaixados com George Sauma como o grande amigo Samuca, e sem dúvida a representação de Charles Fricks como Roberto Medina foi bem bacana de ver na tela, lembrando bem suas primeiras entrevistas.

Visualmente a trama entregou uma rádio caindo aos pedaços, aonde depois de um grande esforço da equipe ficou hábil a entregar uma boa programação com muitos discos e fitas, vemos alguns shows com bandas que ficaram muito conhecidas após passar pela rádio em lugares simples, mas bem marcantes, tivemos muito dos anos 80 como carros, orelhões de telefone com fichas, fliperamas, e claro muito figurino da época, com camisas da rádio, de promoções das bandas, e claro também o Festival Rock In Rio que optaram por não adaptar os shows e colocar imagens da época na tela, ou seja, tudo muito bem pesquisado e representativo.

Quanto da trilha sonora nem vou entrar em detalhes, pois tem de tudo um pouco, com clássicos e boas escolhas representativas de uma geração toda, e que felizmente uma boa parte resolveram compartilhar no link, então fica a dica para curtir.

Enfim, é um filme honesto sobre a época, que conta bem a história da rádio e suas desenvolturas, conseguindo funcionar realmente como uma trama cinematográfica deve acontecer, que claro não vai empolgar muitas pessoas que não forem fãs de rock, pois estão acostumadas com coisas mais "normais", porém vale a conferida para ver que uma trama nacional tem potencial para ir além de comédias e dramas novelescos. Então fica a dica e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Ursinho Pooh - Sangue e Mel 2 (Winnie-the-Pooh: Blood and Honey 2)

4/28/2024 01:42:00 AM |

Costumo dizer que o estilo slasher do terror é algo que quem ama gosta demais, e quem não gosta dificilmente conseguirá se encantar com algo que é entregue na telona, pois é matança atrás de matança, sem muito sentido, e que por vezes acaba sendo até bizarro de ver. Dito isso, confesso que hesitei em ir conferir "Ursinho Pooh - Sangue e Mel 2", pois o primeiro foi bem ruim, não tendo praticamente história alguma e sendo estranho demais para conseguir curtir a entrega, mas como não rejeito nada que saia nos cinemas eis que fui para a sessão, e posso dizer que melhorou muito em relação ao que vimos ano passado, tendo agora um pouco mais de história, tentando dar uma conexão para que os personagens fossem da forma entregue, que acabou sendo jogado do nada lá atrás, e assim sendo o resultado acaba sendo interessante, embora ainda bem bizarro com toda a matança entregue, pois se no primeiro só morriam quem chegava perto da toca deles, aqui é literalmente uma festa de sangue para todo lado.

A sinopse nos conta que em uma cidade assombrada por um passado sangrento, Christopher Robin luta para superar os traumas deixados pelos terríveis assassinatos na floresta. Enquanto a cidade o culpa pelas mortes, Ursinho Pooh e seus aliados tramam uma vingança terrível, desencadeando uma nova onda de crimes brutais. Agora, para proteger sua família e salvar a cidade do caos, Christopher deve confrontar seus maiores medos antes que o terror se espalhe e os pesadelos do passado retornem com força total.

Diria que o diretor e roteirista Rhys Frake-Waterfield sabia exatamente aonde desejava chegar quando inventou de trabalhar toda essa loucura com um personagem querido pelas crianças e desenvolver algo não assustador, mas bizarro de certa forma como um plano bem maior, pois em breve ele entregará outras histórias macabras com outros personagens da infância de muitos, que ainda se encontrarão juntos num futuro completo, ou seja, a ideia em si já estava bem montada na mente dele, e agora acredito que começou a por em prática algumas explicações para que tudo começasse a ficar ao menos conectado, para não ser apenas uma história de matança jogada, e assim sendo, ele ao menos trabalhou o personagem aqui e foi criativo, mas poderia ter brincado um pouco mais com os demais personagens monstruosos, pois ficou parecendo que estavam ali apenas por estar, sem ter grandes anseios ou resultados, já que tudo ficou mesmo entre Christopher e Pooh.

Não é um filme que você vai ver esperando atuações chamativas, pois a maioria ou está gritando e correndo ou é um urso gigante com uma serra elétrica pegando fogo, e com isso sobra apenas para Scott Chambers trabalhar um pouco seus olhares e nuances de Christopher Robin, tentando entender seu passado com terapia, vivendo com a família aonde tenta entender o que aconteceu quando era criança, e claro tendo algumas conexões com uma amiga e também com sua irmãzinha, ou seja, o básico que acabou funcionando na tela, mas que não vai lhe dar nenhuma premiação, pois não foi muito além. Vale meras colocações para os personagens que deram seu tom mais violento possível nos trejeitos, tentando soar malvadões e imponentes, então Ryan Oliva com seu Pooh, Lewis Santer com seu Tigrão e Marcus Massey com seu Corujão até tentaram, mas ficaram estranhos do que interessantes de ver.

Visualmente a trama circunda bem a floresta, tendo alguns atos imponentes de violência por ali, mas sem dúvida o grande massacre ficou para uma boate estranha num ambiente com fornalhas e tudo mais, aonde os bichos saem fazendo seus picadinhos, e claro a casa de Christopher, aonde acabam ocorrendo alguns atos intensos também, mostrando claro que a equipe de arte junto da equipe de maquiagem gastou muito sangue cenográfico, próteses e tudo mais que pudesse para que o filme ficasse marcante.

Enfim, volto a frisar que ainda está bem longe de ser uma obra que eu vá sair recomendando igual um maluco por ser algo incrível de ver, mas comparado com o primeiro filme, o resultado aqui acaba sendo algo muito melhor e que ao menos funciona na tela, não sendo apenas matanças jogadas, então fica a dica para quem gosta do estilo. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Contra o Mundo (Boy Kills World)

4/27/2024 02:41:00 AM |

Já fizeram vários filmes no estilo de jogos de luta de videogames e a essência é quase sempre a mesma, de vingança por algum ato do passado, muito treinamento, e claro ir enfrentando vilões de todos os tipos até conseguir chegar nos chefes de níveis e ir passando de fase até chegar no mais difícil de todos, e claro tudo recheado de muita violência, sangue, decepações e tudo mais que possa impactar visualmente, e que claro os fãs do gênero gostam de ver. E o longa "Contra o Mundo" tem toda essa essência bem colocada na tela, funciona bastante dentro da proposta, e ainda conta com uma reviravolta funcional e interessante no fechamento, que claro acaba sendo o famoso forçar para que não ficasse algo sem uma história convincente, porém dava como cinema (e não como um videogame) para trabalhar mais esse elo e ir um pouco mais além para criar um algo a mais na tela, mas seria um extra para o longa que tem atos fortes, porém bem divertidos, e que quem não liga de ver sangue voando para todos os lados irá assistir e querer até mais, principalmente pela voz de jogo de videogame do começo ao fim que deram para o protagonista.

O longa acompanha "Garoto", que jura vingança depois que sua família é assassinada por Hilda Van Der Koy, a matriarca de uma dinastia pós-apocalíptica que deixou o menino órfão, surdo e sem voz. Guiado por sua voz interior, que ele pegou emprestado de seu videogame favorito, Garoto foge para a selva e é treinado por um misterioso xamã, que o ajuda a reprimir sua imaginação infantil e se transformar em uma máquina de morte. Quando ele instaura um caos sangrento nas artes marciais, resultando em uma carnificina, ele se junta a um grupo de resistência para manter seu plano de pé.

Diria que diretor e roteirista Moritz Mohr fez uma estreia até bem trabalhada em seu primeiro longa-metragem, de modo que cometeu os erros tradicionais que todos tem em seu primeiro filme que é a afobação de entregar tudo o que quer sem pensar em possíveis atos duplicados e excessivos, mas como aqui o longa é um excesso completo de treinamentos e lutas, isso acaba nem sendo algo que estrague o resultado final, ou seja, quem jogou muito videogame de lutas na infância vai entrar no clima e curtir cada ato bem entregue, que claro merecia um pouco mais de requinte na história, mas que conhecendo o público-alvo da trama, se enfeitasse demais a história, contando um pouco mais da família, e a desenvoltura dos atos, acabaria cansando e reclamando de tudo o que aparece na tela, então posso afirmar que o diretor fez bem em entregar só o quebra-pau mesmo, e um ou outro diálogo cheio de sacadas bem divertidas que deram um charme a mais para a trama.

Quanto das atuações, Bill Skarsgård tem crescido demais com seus personagens, entregando atos marcantes e chamando sempre o filme para si com muito mais expressão facial do que com diálogos, e aqui seu Garoto não fala, tendo a voz de seus pensamentos feita por H. Jon Benjamin, ou seja, se joga nas lutas, demonstra personalidade com o olhar e com os trejeitos bem empregados, e assim o resultado fica imponente demais, não ligando para cortes e maquiagens bem sangrentas para que tudo ficasse na tela realmente. As versões jovens do personagem também foram muito bem feitas por Nicholas e Cameron Crovetti, se jogando bastante no treinamento e se impondo nos atos que precisaram fazer, de modo a mostrar dinâmica e não falhar em nada. Agora quem não falhou em momento algum foi Quinn Copeland com sua Mina com um gracejo tão impactante e sacadas tão precisas que você entra na onda dela e torce até por mais cenas da garotinha, sendo algo que chama atenção e não fica jogado na tela. Yayan Ruhian botou bastante banca com seu Xamã, lutou com coreografias imponentes, e se deixou levar pelas loucuras do personagem, meio que numa onda meio que drogada e tudo mais, ou seja, um lutador bem malucão que funciona também. Jessica Rothe ficou meio que robotizada com sua June27, mas fez atos bons de luta também, e conseguiu se expressar sem grandes anseios nos atos finais que precisou se doar um pouco mais, diria que poderia ter se esforçado um pouco mais, mas foi bem no que fez. Quanto da família Van Der Koy, diria que como vilões principais da trama ficaram subjetivos demais em segundo plano, e isso é uma das maiores falhas do filme, de modo que praticamente esquecemos de Famke Janssen com sua Hilda meio que surtada, Michelle Dockery com sua Melanie toda diretora de um show, Brett Gelman com seu Gideon cheio de sacadas, mas de saco cheio de tudo, e Sharlto Cooper com seu Glen bobão demais. E finalizando ainda tivemos Andrew Koji com seu Basho, meio que surgindo do nada, mas entregando atos cômicos bem colocados, e Isaiah Mustafa com seu Bennie com frases esquisitas demais que nem dá para entender o que desejavam fazer com o personagem num modo maior.

Visualmente a trama entrega atos bem colocados com muito, mas muito sangue, pedaços de corpos decepados, muitos tiros, treinamento intensivo usando bonecos, rochas, armas brancas e de fogo, personagens como soldados usando todo tipo de armamento de pequeno a grandíssimo calibre, e claro muitas próteses para cortes, aonde a equipe de maquiagem trabalhou bem junto com a equipe de arte, criando um show  com personagens de cereais matando e sendo mortos, e uma composição de ambientes com plateia, e uma cidade simples sem grandes anseios, ou seja, é o famoso videogame como já disse contando com inclusive sacadas de jogos mesmo que conhecemos.

Enfim, com certeza dava para ir mais além, mas não erraram de forma alguma na entrega desse estilo, pois a garotada mais jovem vai adorar pela pegada dinâmica violenta, e claro os mais velhos que jogaram muitos jogos desse estilo nos consoles vai se encaixar na entrega da trama também, então acaba sendo algo que vale a indicação para todos. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Rivais (Challengers)

4/26/2024 12:12:00 AM |

Costumo dizer que alguns diretores são tão malucos que podemos esperar qualquer coisa vinda deles, e nem dá para considerar Luca Guadagnino como uma pessoa doida, mas sim alguém completamente fora do normal que se fizer um filme de alguém bebendo água, vai ser a pessoa evaporando o sal da água do mar e depois tomando de cabeça para a baixo falando que faz bem para a saúde, pois ele consegue fazer do simples algo tão complexo que chega a irritar. E como fazer essa loucura completa em uma disputa de tênis entre amigos que se apaixonaram pela mesma garota em um torneio quando eram adolescentes/jovens? A resposta é ver "Rivais" nas telonas, pois imaginem um período de mais ou menos uns 15 anos (que é o tempo mostrado do trio na tela), mas com tantas idas e vindas temporais, mostrando eles casados, depois jovens no torneio, volta para o conflitivo meio do presente, vai de volta para eles na faculdade, volta para adulto disputando um último torneio antes de um US Open, vai de volta para um primeiro torneio profissional, e assim vai e vem o filme inteiro, com os personagens trocando apenas seus tamanhos de cabelos e um pouco da maquiagem para parecerem mais jovens ou mais velhos, mas sem perder o ritmo um segundo que seja, bem como num jogo de tênis com a bolinha indo para lá e para cá, mas com um final intenso e com a cena mais bem escolhida possível (não espere um final certinho, já que o filme não é bem certinho da cabeça). Ou seja, confesso que cansei com a intensidade do jogo, ops, do filme, mas que foi bem interessante toda a ideia na tela.

O longa acompanha Tashi, uma tenista prodígio que se tornou treinadora, uma força da natureza que nunca pede desculpa pelo seu jogo dentro e fora do campo. Casada com Art, ela conseguiu transformar a carreira do marido, saindo de um jogador medíocre para um campeão mundialmente famoso. Quando Art está tentando ultrapassar um momento difícil, onde apenas acumula derrotas, a estratégia de Tashi toma um rumo inesperado: ela convence o marido a jogar em um torneio "Challenger" - o nível mais baixo do circuito profissional - onde terá de enfrentar Patrick, o seu antigo melhor amigo e ex-namorado de Tashi. Patrick, que também já foi um talento promissor, agora se encontra esgotado e lentamente caminha para o fim de sua carreira. O encontro dos três pode ser capaz de reacender velhas rivalidades dentro e fora da quadra e resultar em um rumo diferente para a carreira de todos.

Tinha visto o trailer do filme poucas vezes nas sessões, e sinceramente tinha esquecido que o filme era do Luca Guadagnino, pois do contrário teria ido mais preparado para o que iria ver, o que acabou sendo bom, pois o diretor é daqueles que não sabe fazer uma trama simples na tela, pois seu filme poderia facilmente ser entregue em algo bem linear da competição de dois jovens amigos tenistas por uma garota, e o desenrolar depois de um longo tempo sem se verem, quando um deles está casado com ela, e se veem na mesma disputa da juventude em um torneio menor que vão disputar. Resumi o filme em uma frase, mas Luca fez brilhantes e malucos 131 minutos na tela, no melhor estilo de um jogo realmente de tênis com idas e vindas da bolinha, só que no formato do período da vida de cada um, colocando todo um suspense sensual no meio do caminho, aonde quem conseguir não se perder com a trama da mesma forma que o editor não se perdeu (mas que já está na fila da aposentadoria pelo tanto que trabalhou só com um filme) irá ficar tão feliz quanto a protagonista na cena final, afinal é tão simbólico o ato que não tem como não vibrar com o que acontece, mesmo que o filme feche ali, sem ser algo comumente de cinema. Ou seja, é o famoso filme de Luca, que quem já viu um vai saber como acontecerá, mas que ao mesmo tempo não conseguirá imaginar como vai ser, numa famosa confusão mental que só ele sabe entregar em algo que parece simples, mas que não é.

Quanto das atuações, primeiramente vou afirmar que estão mentindo em todas as reportagens do longa falando que praticamente todos os atores não usaram dublês de corpo para jogar tênis na tela, e que apenas foram muito sutis nos cortes para parecer que jogam bem demais, além de terem treinado por meses para jogar "profissionalmente" na tela, pois é impossível o nível mostrado na tela ser de três atores e não três atletas jogando, então vou fingir que acredito e vou falar das atuações somente. Agora a grande sacada do produtor de elenco foi escolher três atores que possuíssem trejeitos joviais e ao mesmo tempo passam ares de adultos para os papeis, pois foi bem fácil trabalhar com eles nas dezenas de épocas em que o filme se passa, e o resultado até impressiona em alguns momentos pelas mudanças que a equipe de maquiagem conseguiu fazer. Dito isso, podem falar o que for de Zendaya, mas ela sabe entregar personalidade, e sua Tashi tem pegada, tem trejeitos marcantes e se desenvolve bem em diversos momentos da trama, conseguindo passar um ar sensual e também um ar de eu sou imponente, agradando e marcando território, para mostrar que tem potencial para conseguir muitos prêmios de atuação em breve. Mike Faist trabalhou seu Art com uma estrutura bem chamativa, conseguindo passar elos mais cansados em alguns momentos, sendo bem daqueles atletas que já ganharam tudo, mas não estão bem nem no campo nem na vida amorosa, e também um ar de amigo que não pega ninguém e fica pro canto quando jovem, ou seja, ele foi escolhido na medida para o papel e conseguiu convencer no que fez. Já Josh O'Connor fez exatamente o inverso de Faist com o seu Patrick, demonstrando o famoso pegador e conquistador que como tenista já está no seu pior momento da carreira, sem dinheiro, sem lugar para ficar, mas sendo direto e bem encaixado nos olhares conseguindo chamar muita atenção em todos os seus atos.

Visualmente boa parte do longa se passa nas quadras de tênis, em quartos de hotéis, dentro de um carro, no refeitório de uma faculdade, dentro de uma sauna e de um vestiário, se desenvolvendo entre lugares mais requintados já que em sua maioria os atletas de tênis são de famílias bem ricas, mas também tem os que sobrevivem na raça, e isso fica claro pela contraposição entre os dois na quadra, com um trocando de camisas, de raquetes, comendo seu líquido proteico durante os intervalos, enquanto o outro apenas tira a camisa para secar, usa uma raquete já amarrada pelos cantos e come uma banana, ou seja, a equipe de arte soube representar bem tudo na tela.

Enfim, não é um filme que você vai falar nossa que obra de arte, que filme impecável, quero ver mais umas várias vezes, mas que vai levar um bom público pelos atores que tem no elenco, e a maioria nem vai entender tudo o que acontece, pois é entregue num ritmo bem agitado tudo, e os detalhes quem perder vai ficar sem saber o que está rolando, mas quem notar exatamente o símbolo na cena final ao menos sairá da sessão bem contente com o que é mostrado. E assim sendo falo que dá para recomendar com certeza o filme para todos (embora a classificação esteja para 14 anos, e tem algumas coisinhas que alguns vão se incomodar), e fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais filmes, afinal essa semana está recheada de estreias, então abraços e até logo mais. 


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Amazon Prime Video - A Sala dos Professores (Das Lehrerzimmer) (The Teachers's Lounge)

4/23/2024 01:18:00 AM |

Sempre que converso com amigos professores falo o quão malucos eles são, pois a maioria dos pais transfere responsabilidades deles para o professor, fora que qualquer coisa que façam fora das normas possíveis e imaginárias acabam sofrendo sanções, e na maioria das vezes mesmo estando certos de algo, irão contra ele se o aluno ou o pai falar que ele está errado, ou seja, tem de ser muito doido para suportar toda a pressão e não surtar a médio-longo prazo. Dito isso, se você for professor, minha recomendação é não ver o incrível longa alemão que concorreu ao Oscar 2024, "A Sala dos Professores", que entrou essa semana para locação na Amazon Prime Video (e logo mais deve estar livre para todos), pois a trama vai lhe entregar muitos gatilhos ao invés de algo que seja proveitoso como filme, já do contrário é mais do que recomendado, principalmente se você for pai de alguma criança, para ver que não é na escola que seu filho vai aprender algumas lições importantes sobre a vida, pois lá o professor está para dar conhecimento técnico que ele usará na vida, e não lições de vida que deve aprender em casa. Desabafado a minha opinião sobre as crianças e pais do mundo atual, diria que o longa é intenso demais, mostrando o famoso fator vítima sendo cancelada ao invés de ajudada, mas com duas brilhantes atuações dentro de um roteiro denso e forte, que acabam fazendo um filme que facilmente seria bem simples, virar algo gigantesco, tenso e marcante de se ver, ou seja, mostrou impacto visual em cenas densas, fortes e que facilmente poderá ser usado até mais do que apenas uma sessão de cinema, mas uma grande discussão sobre os rumos da escola moderna para pais e professores.

No filme, vemos que Carla Nowak é uma professora de matemática e recém-chegada à escola em que trabalha atualmente. Assim que ela chega ao local, percebe que há alguns roubos acontecendo lá. Agora, ela poderia aceitar essa situação, mas é exatamente isso que ela não quer fazer. Ela começa a investigar por conta própria e se depara com a falta de compreensão, principalmente entre seus colegas, pais e alunos. Além disso, a principal suspeita é a mãe de seu aluno Oskar.

Diria que o diretor e roteirista Ilker Çatak foi tão preciso com a dinâmica da situação que praticamente podemos falar que ele já vivenciou toda a história em algum momento de sua vida, pois ele consegue retratar a personalidade da professora mudando todos os seus trejeitos e nuances, vemos ela desde inicialmente apaixonada por sua turma até ficar desesperada e angustiada em nível máximo, do tipo que ela fez algo que todo mundo desejava fazer que era pegar o ladrão através de uma filmagem, mas tudo depois se verte contra ela de uma forma única e direta que ela parece ser a grande vilã do filme, ou seja, o diretor brincou com tantas facetas durante o seu longa que seu filme de 98 minutos parece ao mesmo tempo parecer dias vendo tudo acontecer, como também voa como se nem conseguíssemos acompanhar, e o melhor, queremos acompanhar para ver aonde tudo vai dar, pois seu principal aluno, o nerd nota 10 muda seu jeito com ela de tal forma a incomodar ao invés de ajudar. Ou seja, o trabalho do diretor foi muito além do que ele certamente desejava ver na tela, e com a ajuda dos dois protagonistas conseguiu sair de um plano de filme escolar comum para um drama de primeira linha indicado aos prêmios em quase todos os festivais que passou, como obra perfeita.

E já que comecei a falar das atuações, Leonie Benesch fez de sua Carla Nowak um retrato claro de como qualquer pessoa idônea iria agir frente a tudo o que rola em seu serviço, conseguindo trabalhar trejeitos fortes com uma expressividade tão leve bem colocada, que não vai ter uma pessoa que não entre na mesma sintonia que ela, encontrando nuances, desenvolvendo cada situação, e claro ficando com raiva dela defendendo o aluno, ou seja, a atriz foi perfeita do começo ao fim. Outro que foi perfeito foi o jovem Leonard Stettnisch com seu Oskar, de tal forma que o jovem conseguiu entregar tanta personalidade para um aluno comum, inteligente e bem colocado em sala de aula, mas que vai mudando tanto as nuances faciais, os gestos e desenvolturas conforme vê que não vai sair ileso, e claro defendendo também sua mãe, que tudo chega a explodir em seus atos, e o final então, perfeito, ou seja, tem futuro como ator, já que essa foi sua estreia nas telonas. Ainda tivemos outros bons personagens e interações com os protagonistas, alguns mais revoltantes que outros, mas claro que o destaque mesmo ficou para Eva Löbau como a mãe do garoto e secretária da escola, com uma personalidade explosiva e bem marcante em seus atos.

Visualmente a trama se passa inteiramente dentro da escola, seja na sala de aula dos jovens da sétima série aonde vemos todas as interações da professora com seus alunos, na sala dos professores aonde a bomba explode realmente com a filmagem, na sala da direção e em alguns momentos na quadra durante a aula de educação física, tudo bem representativo para as devidas associações, e mostrando que a equipe de arte não economizou em cada detalhe que pudesse tirar o foco dali, então cada elemento está sutilmente bem colocado na tela, e funciona.

Enfim, é daqueles dramas misturados com suspense que conseguem prender a atenção completa do espectador, aonde mesmo que você não seja um aficionado por filmes do estilo acabará assistindo do começo ao fim e querendo ver mais, sendo intenso e bem trabalhado, e claro valendo a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

PS: Só não dei a nota máxima para o filme por querer um final mais desenvolvido, tipo um fechamento realmente do caso, mas ainda assim gostei bastante da forma finalizada, então daria um 9,5 fácil.


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Guadalupe, Mãe da Humanidade (Guadalupe: Madre de la Humanidad) (Guadalupe: Mother of Humanity)

4/22/2024 01:04:00 AM |

Acho que já posso até falar longas religiosos como sendo uma classificação de filmes, pois ultimamente tem lançado tantas obras desse estilo (felizmente, tendo claro público para conferir e dar bilheteria) que os subgêneros drama, documentário, ação têm sido apenas conexões e formas de desenvolvimento para as tramas, e isso é bacana de ver, pois há muito tempo lembro de ter falado na faculdade sobre estilos que eram pouco aproveitados para gerar bilheteria, e um que citamos foi o religioso, afinal mundo afora a maioria das pessoas possuem fés variadas, e claro religiões variadas, então primeiro a comunidade evangélica estourou suas obras, depois vieram os espíritas e agora os longas cristãos estão em alta, chegando no país através da Kolbe Arte que tem feito um belo trabalho de divulgação e conseguindo boas produções na telona. E o lançamento de maio, mês das mães não poderia ser diferente, já que chegam com "Guadalupe, Mãe da Humanidade", um documentário simples, porém bonito de se ver, mostrando a fé de vários devotos que tiveram seus pedidos realizados pela santa ao redor do mundo, algumas festividades na basílica e também uma dramatização cenográfica de como teria sido a aparição dela para um indígena mexicano que acabou tendo sua imagem impregnada em sua tilda. Ou seja, uma obra completa do estilo, que vai agradar quem tem fé na santa e também religiosos do país para ver uma trama de seu gosto pessoal.

A sinopse nos conta que nunca nenhuma mãe se mostrou tão terna e tão poderosa ao mesmo tempo como aquela que apareceu há 500 anos ao índio Juan Diego. Hoje, mais do que nunca, Nossa Senhora de Guadalupe mostra a sua ternura e o seu poder em tantos lugares do mundo. Por que e como aconteceu o aparentemente impossível? Que mistérios guarda a Tilma? Serão verdadeiras tantas histórias de milagres? Este filme leva-nos às aparições como se estivéssemos lá. Testemunhos impactantes e inéditos fazem dele um canto luminoso e ágil, que busca a verdade e descobre o amor irresistível daquela que é a Mãe de Deus e da Humanidade, derretendo corações em lágrimas e transformando o mundo a partir de dentro.

Diria que o diretor e roteirista Andrés Garrigó foi bem preciso na pesquisa para conseguir bons depoimentos, boas exemplificações dos períodos festivos na cidade e no mundo todo aonde a santa tem devotos, e até uma encenação bonita e bem trabalhada da aparição, de tal forma que ele fez o famoso elo completo de uma trama do estilo, e principalmente na montagem para que o filme não ficasse cansativo. Claro que é uma obra feita para um público bem específico, e não será com ela que alguém irá virar devoto da santa, mas é bem representada na tela e tem um bom envolvimento durante toda a exibição, o que certamente irá fazer com que muitos se emocionem e se conectem com toda a entrega, e assim é que deve ser algo do estilo.

Enfim, não tenho muito do que falar em documentários, afinal os depoimentos falam pelo filme bem mais do que a minha pessoa, e posso dizer que conseguiram ser comoventes, bem trabalhados e com emoções bem mostradas, aonde o contexto inteiro traz bem as curas e reações dos entrevistados, e a parte cenográfica ficou simples, porém bem feita de se ver, de forma que talvez se tivessem focado um pouco mais nessa amplitude histórica da catequização dos indígenas mexicanos, talvez o filme ficasse mais amplo, mas aí sairia do eixo religioso. Então recomendo o longa para todos os cristãos devotos da santa conferirem as pré-estreias já a partir do dia 29/04, e a estreia a partir do dia 02/05 em todos os cinemas do país, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Kolbe Arte que enviou a cabine de imprensa, volto amanhã com mais dicas de filmes, então abraços e até breve.


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Plano 75 (Plan 75)

4/21/2024 07:45:00 PM |

É interessante como o Japão consegue fazer tramas envolvendo a morte com uma leveza tão marcante que nem precisam forçar para o lado emocional e/ou trazer dramas direcionados para que o público se revolte com algo mostrado, e isso ocorre tanto em longas tradicionais como também em animações, o que mostra que gostam do tema e sabem fazer bem a entrega dele na tela. Dito isso, o longa "Plano 75", que disputou uma vaga ao Oscar de 2023 pelo Japão, e chega no próximo dia 25/04 aos cinemas nacionais, entrega algo meio futurista (ou não) de uma empresa que conta com o apoio do governo e paga um certo valor para erradicar o etarismo no país, aonde as pessoas com mais de 75 anos recebem esse valor para se preparem para se desligar quando sentirem vontade. Ou seja, é daqueles filmes com um bom envolvimento, aonde vamos conhecer alguns velhinhos que estão interessados em entrar para o programa, veremos alguns jovens que trabalham ofertando o plano seja em escritórios ou nas ruas indo nos lugares que os mais idosos frequentam, e também nos colocam a história de uma jovem filipina que vai para o Japão trabalhar com idosos, mas ao ver que não consegue ganhar dinheiro suficiente com isso acaba entrando também para o programa separando objetos deixados pelos velhinhos para poder pagar a cirurgia de sua filha. Diria que o longa poderia ter apertado um pouco mais a emoção do público com todas as histórias, mas que funciona bem na tela, e assim faz valer a conferida nas telas do cinema.

A sinopse nos conta que em um Japão distópico, o programa governamental Plano 75 incentiva os idosos a serem voluntariamente sacrificados como solução para lidar com o envelhecimento da sociedade. Neste contexto, uma senhora idosa cujos meios de sobrevivência estão desaparecendo, um vendedor do Plano 75 pragmático e uma jovem trabalhadora filipina precisam enfrentar escolhas entre a vida e a morte.

O longa nasceu como um curta-metragem que fez parte de uma coletânea de curtas que imaginam o Japão daqui há 10 anos, mas como viram algo com um potencial bem grande de ser desenvolvido, a diretora e roteirista Chie Hayakawa acabou sendo convidada para transformar seu curta em seu primeiro longa metragem, e mostrou aptidão para a coisa, pois o filme é redondinho, com histórias bem trabalhadas e conectadas, que se desenvolvem sozinhas mas se cruzam em determinado momento, que traz de um modo simples até que uma ideia não tão ruim, afinal muitos idosos que as famílias já não cuidam, que vivem sozinhos e sem trabalho que já perderam o gosto pela vida vão poder morrer tranquilamente, e ainda poder dar uma última curtida com 100mil ienes (aproximadamente 3300 reais) ou se preferir fazer um enterro mais elaborado. Ou seja, com uma ideia de morte consciente a trama traz um vértice polêmico, mas que acabou sendo dirigido com astúcia e envolvimento aonde vemos as histórias se desenrolarem bem, e passando a mensagem para a tela, que claro poderia ter um pouco mais de emoção na síntese, mas que de uma forma simples para um primeiro trabalho em longas acabou sendo efetivo.

Quanto das atuações, diria que Chieko Baishô teve muita segurança na personalidade de sua Michi, transparecendo que desejava ainda trabalhar muito, e claro morar em algum lugar que não fosse ser demolido, sendo fiel às amigas, e tendo um bom carisma para conquistar até a atendente do plano funerário, conseguindo transparecer emoções e envolvendo bem na medida certa. Hayato Isomura trouxe para seu Hiromu algo muito comum de vermos acontecer em pessoas que vendem coisas não muito boas para as pessoas, que se dão ao máximo para bater metas, mas quando se veem frente a frente com algum parente tentam salvar a pessoa daquilo, e o jovem trabalhou trejeitos bem marcantes que funcionaram na tela. E ainda tivemos Stefanie Ariane bem colocada com sua Maria, procurando muitos empregos para conseguir pagar a cirurgia da filha, mas que quando se vê separando coisas que vão para o lixo dos mortos se depara com a consciência do que fazer com aquilo, trabalhando também olhares e sensações para seus atos. Quanto aos demais, a maioria deu conexões para os protagonistas e se envolveram pouco na tela, valendo mesmo o destaque para Taka Takao como o tio de Hiromu e Yumi Kawai que fez a atendente de telefone que cuidava de Michi e acabou saindo para um dia feliz com a senhorinha.

Visualmente a trama trabalhou alguns ambientes de um certo modo meio que mórbido, não tendo grandes desenvolturas, mostrando o pequeno apartamento da senhorinha, o seu serviço em um hotel, uma casa de karaokê, a empresa do plano com vários atendentes bem no estilo de um banco, um culto religioso, um estilo de hospital aonde usando um tipo de gás as pessoas se vão, uma sala de separação de pertences e um bom pôr do sol, mas sem grandes floreios, o que mostra um orçamento enxuto, mas bem utilizado na tela.

Enfim, é um longa simples, porém bem feito, que tem uma proposta até que ousada de algo que possivelmente aconteça daqui alguns anos, mas que talvez se a diretora colocasse um pouco mais de sentimento emocional na tela, o resultado acabaria tomando algum rumo mais forte, mas como disse é algo que funciona, e assim acaba valendo a recomendação de conferida nos cinemas à partir do dia 25/04. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, agradecendo claro o pessoal da SATO Company pela cabine de imprensa, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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