Netflix - A Mulher Da Fila (La Mujer de la Fila)

12/27/2025 10:47:00 PM |

É interessante observar que o cinema argentino gosta de variar bem em seus dramas biográficos, que por vezes usa personagens que nem sequer imaginaríamos que teriam suas vidas contadas, mas o mais bacana é que usam isso para mostrar um algo a mais na tela, e não só a vida da personagem. E a sacada do longa da Netflix, "A Mulher Da Fila", é que soube trabalhar essas nuances de segundo plano para algo maior, resultando em um filme leve, sem recair para os traquejos novelescos, aonde a síntese até poderia ter ido mais além, mas que funciona para mostrar que não é só o criminoso que vai preso, mas todos ao seu redor que passam a sofrer com o preconceito e com tudo o que ocorre nas visitas. Diria que é uma trama que talvez pudesse impactar mais com algumas reviravoltas e desenvolvimentos, mas o resultado ainda assim tem uma boa pegada.

O longa acompanha a história real de Andrea, uma mulher que tem a vida virada de cabeça pra baixo quando o seu filho de 18 anos é falsamente acusado de um delito e acaba dentro de uma prisão. Agora, toda a sua vida precisará ser dedicada a uma batalha contra o sistema judiciário, que se torna cada dia mais burocrático. Descobrindo que há também outras mulheres na mesma luta, aos poucos Andrea conquistará a confiança delas. Apesar de toda a sua luta, apenas uma paixão será capaz de destruir os seus próprios preconceitos, valores e crenças negativas acerca daqueles que estão afastados da sociedade.

Olhando a filmografia do diretor Benjamín Ávila para ver se conhecia alguma de suas obras, notei que ele está preso no que rolou no país em 2001, pois seus três últimos trabalhos, incluindo esse, é sobre algo ocorrido na Argentina no ano, e isso é algo bom para se desenvolver, pois dá um vértice diferenciado, mas também acaba sendo um diretor sem grandes nuances expressivas. Não vi os seus trabalhos anteriores, mas aqui ele trabalhou pouco a época, apenas situando para dar dimensão da data na trama, de modo que tudo o que acaba ocorrendo na trama poderia ser em qualquer época e até mesmo em qualquer cidade do planeta, pois vemos muitos jovens participando por vezes de coisas que nem eles mesmos sabem o que ocorre apenas para estar na onda junto com os demais conhecidos, e assim por vezes acabam presos "sem saber" o motivo. E como disse o diretor trabalhou bem a dinâmica da protagonista, no caso a mãe que muda de um mulher de classe, com um emprego bem chamativo, uma casa arrumada e boas dinâmicas, para algo comum e do meio mais baixo, mudando completamente seu estilo de vida em prol do rapaz e daqueles que conheceu naquele ambiente. Ou seja, algo que é complexo de se pensar, mas que o diretor soube mostrar bem a realidade mundo afora, e não apenas ali.

Quanto das atuações, o longa é praticamente todo de Natalia Oreiro com sua Andrea, de modo que a atriz soube segurar bem a dramaticidade, passar semblantes de raiva e de insegurança para falar sobre o assunto com outras pessoas, bem como também teve algumas dinâmicas de olhares decepcionados com toda a situação, sendo algo chamativo de ver e de acompanhar suas cenas. Amparo Noguera também teve atos bem chamativos com sua 22, não sendo muito explicado o motivo do número dela, mas ainda assim foi uma boa conexão para com a protagonista nos atos dentro e fora da cadeia, mostrando uma atriz simples, porém versátil. Ainda tivemos atos bem colocados e expressivos de Alberto Ammann com seu Alejo cheio de traquejos e sensibilidades para com a protagonista, de modo que já até dava para imaginar o que iria rolar. E por fim tivemos alguns momentos interessantes por parte dos filhos da protagonista, claro tendo o destaque para o jovem Federico Heinrich que teve pouca expressividade, mas ao menos soube segurar as cenas junto da protagonista.

Visualmente o longa ficou entre a casa da protagonista, a da mãe dela, o presídio e também uma festa de aniversário simples, porém bem divertida na casa da 22, além de alguns atos do julgamento do rapaz, tendo poucos elementos simbólicos, mas mostrando bem a separação e vistoria de alimentos e roupas no presídio, e claro como itens de luxo acabam indo para outros presos quando levados pela família. Ou seja, a equipe de arte foi sutil, mas trabalhou bem a realidade do grupo, usando pessoas reais da fila e até alguns momentos dentro do ambiente da prisão para representar bem tudo.

Enfim, é um longa interessante, com um tema bem colocado, que talvez pudesse ser mais imponente se colocado um pouco mais de ficção ao invés de tudo como ocorreu de uma forma simples, mas ainda assim funciona e serve como algo para se refletir que ao fazer algo errado não é só você que acabará preso, e sim todos que estão ao seu redor. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Anaconda

12/27/2025 02:52:00 AM |

Tenho para mim que se você vai fazer uma sátira ou uma comédia completamente zoando algo, faça no nível máximo, pois aí sim exageros serão aceitos, e a escolha que fizeram para o novo "Anaconda", que já era algo forçado e totalmente um clássico do absurdo, foi impecável nesse sentido, pois tudo é icônico, com sacadas bem encaixadas para colocar uma trama de baixíssimo orçamento (no caso o filme dentro do filme, afinal com o tanto de efeitos que tiveram, junto de grandes nomes no elenco, não teria como falar que o longa verdadeiro foi barato!) como algo maluco, com piadas de duplo e triplo sentido, misturando com garimpos ilegais no Brasil, e claro as cobronas gigantescas para aterrorizar o grupo. Ou seja, é daqueles filmes que você não pode levar nada a sério, mas que funciona na tela como comédia de ação, aonde os personagens são tão bizarros quanto as cobras, porém como a proposta era essa loucura mesmo, então é ir para se divertir.

A sinopse nos conta que um grupo de amigos, em plena crise de meia-idade, decide se aventurar em um projeto ambicioso: refazer o filme favorito de sua juventude. Buscando reviver a nostalgia, eles partem para uma floresta tropical. No entanto, o que deveria ser uma experiência divertida rapidamente se transforma em um pesadelo. Além dos desafios naturais do ambiente selvagem, eles se veem cercados por perigos inesperados, incluindo fenômenos climáticos extremos, criminosos violentos e a ameaça mortal de cobras gigantescas. Conforme enfrentam situações cada vez mais caóticas, os amigos percebem que a jornada é muito mais do que apenas um reencontro com o passado — é uma verdadeira luta pela sobrevivência.

Bom já podem entregar o prêmio de diretor/roteirista carisma do século para Tom Gormican, pois no seu segundo filme colocou Nicolas Cage sendo sacaneado por ser Nicolas Cage, e agora fez uma zoeira com o trash mais amado do mundo do final dos anos 90 (que era para ser estrelado por Cage inclusive, mas não bateu agenda, e foi substituído por Jack Black), ou seja, esse sabe dizer que tem um estilo definido e certamente iremos esperar outras coisas bem malucas vindo dele. E não está errado de forma alguma, pois volto a repetir o que coloquei no começo do texto, quando vai para a comédia bizarra e tosca, não pode querer ter coisas certinhas, tem de jogar tudo no ventilador e ir colhendo as loucuras para que faça algum sentido ao menos na composição completa, e aqui ele não brincou em serviço, tendo do começo ao fim muita insanidade, cenas absurdas por completo, e até assustando o público na sala não com algo de terror, mas sim por terem pago por uma sessão legendada e começar o filme falando em português (mas depois vimos que eram os personagens brasileiros da trama, ufa!).

Quanto das atuações, acredito que a substituição de Nicolas Cage por Jack Black foi muito positiva, pois deu um tom mais cômico e mais agitado que a produção pedia, além do estilo mais insano que Black conseguiu imprimir para o seu Doug, de tal forma que nos vemos muito nele como um sonhador, diretor de primeira viagem que acaba brincando bem com toda a loucura e fez fluir com as dinâmicas na tela, do jeitão maluco que conhecemos do ator. Paul Rudd fez seu Griffs ficar tão parecido com Ed Helms que por um leve momento fiquei pensando se ele tinha feito "Se Beber Não Case", mas tirando esse detalhe, o estilo misto entre o amigo galã e o medroso ficou bem colocado na tela, sendo bacana suas dinâmicas. Já tinha ficado meio claro no trailer que Selton Mello não iria muito longe com seu Santiago, mas seus atos foram bem encaixados com bastante presença, o que acabou dando um bom tom para que ficasse chamativo na tela. Agora quem foi bem colocado e divertido mesmo foi Steve Zahn com seu Kenny meio atrapalhado e maluco ao mesmo tempo, brincando com as facetas do roteiro sem se preocupar com nada na tela. Quanto das mulheres, Thandiwe Newton trabalhou sua Claire mais simbólica dentro das ações da trama, enquanto a portuguesa Daniela Melchior fez a brasileira Ana bem colocada, cheia de imposição nas cenas de ação. 

Visualmente o longa teve muitos momentos dentro da floresta e também em um barco simples aonde vão viajando durante a expedição de filmagens, também tivemos algumas cenas em barcos menores e num set de filmagem gigantesco de outra produção, e claro temos de falar das cobronas, primeiramente com Heitor, uma Anaconda menorzinha, simpática até que deu alguns poucos sustos, enquanto do outro lado tivemos a gigantesca depois que perseguiu a equipe de filmagens com dinâmicas bem marcantes e computacionais, afinal não gravaram com nenhuma cobra de verdade, e os atores apenas precisaram imaginar bem para os sustos.

Enfim, é um filme que cumpre o que promete, não sendo uma refilmagem nem uma continuação, mas sim algo com a essência da cobrona e uma pegada cheia de sacadas divertidas, aonde quem for conferir esperando exatamente isso irá gostar bastante, já quem for esperando algo mais próximo do original irá se desapontar e ficar reclamando de tudo. Ou seja, vá tomar alguns sustos leves, ria bastante das maluquices, e preste atenção nas coisas faladas, pois vai dar todo o sentido para o que vai acontecendo no longa e principalmente na cena do meio dos créditos, então fique na sala e confira. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Valor Sentimental (Affeksjonsverdi) (Sentimental Value)

12/26/2025 10:11:00 PM |

Muitas vezes vemos que algumas obras possuem um algo a mais para o diretor do que para o público em si, sendo algo presente mais pela essência do que pelo que é mostrado na tela, é esse "Valor Sentimental" por vezes funciona bem mais em alguns do que em outros, e aqui no longa norueguês diria que vemos um segundo ato potente e emocionante, mas que demorou demais para convencer o público dessa emoção, tanto que na sessão que conferi algumas pessoas foram embora bem antes do ponto de virada, que é justamente aonde o impacto funciona mais. Ou seja, como muitas vezes já falei por aqui, os diretores precisam parar de olhar para o próprio umbigo e ir mais além, principalmente em filmes mais artísticos, pois senão comercialmente fora de festivais acabam virando um porre na tela. Claro que o resultado da trama ainda é um ótimo filme, mas a demora chega a cansar, e isso é perigoso demais quando um filme não é visto nos cinemas, então veremos seu poder nas premiações ao menos.

O longa retrata o relacionamento conturbado entre um pai, suas duas filhas e as feridas complexas que se estendem por décadas no cerne da família. Diante do frágil laço paternal, o carismático Gustav, pai distante de Nora e Agnes e um renomado diretor de cinema, decide que seu próximo longa será o seu filme de retorno aos holofotes. Sabendo o quão pessoal e importante é o projeto, o cineasta oferece à filha Nora, uma estabelecida atriz de teatro, o papel principal da trama. Quando ela recusa a oferta, Gustav entrega a personagem para uma jovem e entusiasmada estrela de Hollywood, Rachel Kemp, quem rapidamente percebe que, sem querer, se envolveu num drama incrivelmente íntimo (fora e dentro das telas). Assim, as irmãs precisam lidar com a relação atravessada e complicada com Gustav, enquanto uma atriz americana se instala no centro dessa complexa dinâmica.

Diria que o estilo do diretor e roteirista Joachim Trier é de filmes mais introspectivos, mas aqui o longa pedia um pouco mais para ser algo incrível realmente que como esse mais pela entrega do que pela essência em si. Ou seja, vemos um filme até tem pegada, tem sentimento, mas acaba não impactando e emocionando como deveria, pois uma abertura mais densa colocaria o público num auge para que a virada derrubasse, mas como amor ou tudo demais, o resultado acaba ficando apenas ok no fechamento.

Quanto das atuações, diria que Renate Reinsve soube passar toda a insegurança expressiva que sua Nora Borg precisava ter, de modo que ficamos observando sua entrega nos atos com qualquer outra pessoa, e suas demonstrações não são apenas de alguém que teve problemas na infância, mas sim de alguém ainda perdida com tudo na vida, e que a atriz soube ser sincera com o que o papel pedia para isso, sendo até cansativa demais com suas dinâmicas. Já Stellan Skarsgård trabalhou seu Gustav Borg como realmente vemos diretores mais velhos, que parecem sempre perdidos com tudo o que fizeram, mas que possuem aquele roteiro feito na medida para alguém que conhece e que com a experiência do ator soube incorporar isso para um papel que dava até para ser mais forte e denso, mas ainda assim entregou com sinceridade e emoção. Ainda tivemos momentos bem colocados de emoção por Inga Ibsdotter Lilleaas com sua Agnes direta no que precisava chamar para si, tendo um fechamento bem marcante e chamativo, e Elle Fanning fazendo de sua Rachel Kemp uma atriz de muito sucesso, mas que sabe o que fazer quando não se encaixa em um papel, e assim sendo o resultado acaba agradando.

Visualmente a trama teve um cerne bem colocado na casa dos protagonistas, mas também passeando pelo teatro da cidade, uma premiação e até entrevistas da produção, sendo algo misto entre lembranças do passado e vivências do momento, aonde a cenografia em si importa mais pelo vão que a garota sempre ouviu as conversas e sabia mais do que executava, mas ainda assim não gastaram muito para que a presença técnica chamasse atenção pela produção ou da fotografia em si.

Enfim, é um trabalho bem envolvente que até chama atenção pelo valor mais sentimental colocado na tela, mas que dava para ir muito mais além, nem parecendo ser algo que está chamando tanta atenção mas premiações, mas por ser algo bem artístico funciona no que se propõe entregar. Então fica a dica, e eu fico por aqui agora, já que vou conferir agora um besteirol, e volto mais tarde para falar dele, deixo meus abraços por enquanto e até breve pessoal.


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Netflix - A Grande Inundação (Daehongsu) (The Great Flood)

12/22/2025 01:12:00 AM |

Quando coloquei na lista de filmes para a Netflix me avisar na estreia o longa sul-coreano, "A Grande Inundação", imaginava que seria apenas algo mais jogado para as nuances de realmente algo apocalíptico de fim do mundo e sobrevivência, mas a situação toda se desenvolveu rápido demais na tela, e aí que começou todas as nuances de algo que ainda vamos ouvir falar muito que são as sínteses de pensamento, das emoções humanas e de como passar isso para as inteligências artificiais para que propaguem novos humanos em caso de algo que destrua o mundo por completo e seja necessário um reset de criação, e nada melhor para usar essa metáfora dentro da informática do que um oceano de ideias, de realmente uma enxurrada ou no caso uma grande inundação para que todos os sentimentos funcionassem para os protagonistas serem ativados como deveriam. Ou seja, num primeiro momento você vai achar tudo bem banal, e até irritante, mas conforme passa a entender tudo melhor e acompanhar as numerações da camisa da protagonista, o resultado e a reflexão vem com tudo e funciona bastante.

O longa acompanha An Na e Hee Jo (Park Hae-soo), que estão tentando sobreviver a uma das maiores tragédias do mundo. Quando uma catastrófica inundação atinge o planeta Terra, eles precisam lutar para tentarem se salvar. Enquanto Ah Na é uma pesquisadora de desenvolvimento de IA, Hee Jo faz parte de uma equipe de segurança de recursos humanos, e de uma forma inexplicável, ele passa a fazer de tudo para salvar a garota. Correndo contra o tempo, eles terão que entender quem está por trás de tudo isso.

O mais interessante da proposta é que o diretor Byung-woo Kim soube entregar algo tão bem amarrado e cheio de facetas, que facilmente não venderia tanto a ideia de um filme sobre inteligências artificiais, programações neurológicas de emoções e outras sínteses mais complexas, mas um filme apocalíptico de inundação o play comeu solto no final de semana da Netflix, de modo que a essência em si funciona bem das duas formas que enxergamos o longa, e o principal, sem ficar cansativo. Ou seja, é daqueles filmes que certamente lembraremos tanto pelo sufoco da inundação, quanto para pensarmos na composição de emoções para uma IA, afinal rir de piadas bobas pode até ser algo fácil de se programar, mas o amar o próximo, tentar salvar alguém antes de você, de criar um filho e tudo mais, isso o longa deixa em patamares subliminares tão interessantes que o resultado vem fácil, ao invés de ser difícil de imaginar, mostrando técnica e conhecimento do diretor e roteirista.

Quanto das atuações, num primeiro momento fiquei estranhando o estilo da protagonista Kim Da-mi com sua An Na, pois parecia muito simples e inexpressiva com todas as situações, mas depois conforme o longa vai se desenvolvendo, voltando diversas vezes, e mudando todas as perspectivas, passamos a entender melhor tudo o que ela entregou e todo seu esforço expressivo, ou seja, foi bem no que a proposta do longa pedia. Já Park Hae-soo, que a maioria conhece por "Round 6", trouxe para seu Hee Jo uma intensidade precisa e até meio explosiva demais, de modo que acompanhar seu ritmo meio bruto acaba sendo estranho por vezes, mas depois que tudo se conecta bem, o resultado acaba funcionando bastante. Já o garotinho Kwon Eun-sung fez um Ja In muito irritante no começo, mas que desenvolvido continua irritando, porém com mais sentido, e não sei se cheguei a torcer por ele, mas de certo modo temos uma boa entrega do personagem.

Visualmente sabemos com toda certeza que o longa é 100% computacional, afinal fazer uma inundação do porte mostrado é algo impossível de ser com maquetes e tudo mais, mas tivemos bons atos em piscinas e escadarias para representar bem os momentos da trama, muitos elementos cênicos boiando e flutuando dentro da água, além de muitos efeitos especiais que até convencem bem na tela, ou seja, mesmo tendo todo um ar "artificial", o resultado causa tensão e é bem representativo com os apartamentos e toda a loucura de uma correria nos corredores.

Enfim, é um longa que chama atenção, que tem pegada, e que consegue causar tensão e também reflexão, afinal pensar no que faríamos numa situação dessa é algo bem complexo, e também pensar em algo que saiba construir nossas emoções em IAs e humanos impressos é bem marcante, então fica a dica para a conferida. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Asa Branca - A Voz da Arena

12/21/2025 02:17:00 AM |

Uma coisa que acho bacana em biografias é não deixarem a trama virar uma homenagem toda bonitinha na tela, sem pontuar as coisas ruins e os perrengues que o protagonista viveu, e uma coisa que anda acontecendo muito nas cinebiografias é que andam escolhendo pedaços de épocas para trabalhar os "homenageados", sem ser algo que mostre a vida inteira deles, e isso em alguns casos acaba sendo bacana, mas em outros fica parecendo que tentaram apagar alguns atos mais fortes. Dito isso, por ter morado e vivido boa parte da minha vida na região aonde o personagem estourou, já sabia de muitas coisas que são mostradas em "Asa Branca - A Voz da Arena" sobre o locutor que reinventou o rodeio nacional com suas narrações imponentes, shows de fogos e coisas bem diferentes em suas chegadas épicas, mas também mostrou bem seu vício em drogas e álcool, bem como também sua paixão antiga que ficou por um tempo apagada. Claro que o longa tem uma pegada mais simples, sem ser uma grandiosa produção ou algo que tente ser imponente pela entrega, porém dava para ter ido mais além, ter trabalhado com outras famosas apresentações do locutor, mostrado mais rodeios em outras cidades conhecidas pelos rodeios, mas talvez não quiseram patrocinar ou entrar no longa, então o resultado fica sendo bacana de ver, mas sem parecer aquela imponência e potência que o esporte virou nos anos 2000.

O longa nos conta que Asa Branca queria ser peão, mas um acidente de montaria pôs fim a esse sonho. Durante a recuperação, o único jeito de se manter próximo à arena era ouvir as locuções do dia do seu acidente e de outras narrações clássicas. De tanto ouvir, Asa começa a brincar de fazer rimas até que tem a sua primeira oportunidade de narrar, ao cobrir a falta de um locutor numa noite de rodeio. A proximidade com a arena e a chance de fazer com que o público sinta a emoção da montaria mudam a vida de Asa, tanto que ele abre mão do amor da sua vida, para seguir carreira como locutor de rodeio. Mas Asa Branca não é um locutor qualquer, ele quer cada vez mais emoção. Para isso, ele precisa enfrentar toda a tradição dos rodeios no início dos anos 90, representada pela figura do empresário Jotapê e toda a influência que ele exerce no interior de São Paulo. Munido pelo desejo de inovar, e cercado por um time implacável com sua DJ, os peões e políticos influentes, Asa se lança numa jornada sem volta em busca da máxima adrenalina nas arenas. Microfone sem fio, rock pesado, fogos de artifício e até a chegada triunfante em um helicóptero são marcas deixadas por Asa nas montarias pelo interior do país. Contra ele, toda a tradição das Festas do Peão. A seu favor, as arenas cheias e a certeza que depois de Asa Branca os rodeios nunca mais seriam os mesmos.

Acho que a Paris Filmes meio que exagerou no tamanho da sinopse e contou quase que o filme inteiro acima, mas como pego deles o texto vida que segue, e falando em seguir, não conhecia o diretor Guga Sander, afinal antes só dirigiu novelas da Rede Record, que é algo que nunca fui muito fã, então aqui em seu primeiro longa de ficção posso dizer que ele trabalhou de forma redondinha, só que não quis ousar muito, fazendo algo mais básico, com nuances mais fechadas e dinâmicas mais contidas, que claro dentro do roteiro funcionaram bem para mostrar alguns conflitos do locutor, com bons ângulos de câmera e com tudo bem centrado no personagem principal para felizmente não recair para algo novelesco demais. Ou seja, é o famoso básico bem feito que não força a barra, aonde o protagonista esteve bem solto e chamou para si os momentos escolhidos para serem representados, não sendo nada imponente demais, mas também sem falhar na tela.

Quanto das atuações, diria que Felipe Simas se jogou por completo no personagem, parecendo realmente entender de locuções de rodeio, de impor a voz ao máximo e criar as devidas dinâmicas na tela para que tudo fosse bem encaixado e interessante de ver, de modo que visualmente não ficou muito parecido com o verdadeiro Asa Branca, mas no quesito desenvoltura foi bem demais, convencendo como o personagem. Agora um personagem que nunca tinha ouvido falar, mas que foi bem bacana na tela foi a Jibóia de Camila Brandão, de modo que foi convincente na sua entrega como uma DJ e amiga do protagonista, ajudando ele na concepção de seu show e entregando algo até meio que fora do caminho para a época que o longa se passa, mas para o filme funcionou bastante e foi um elo divertido de acompanhar. Olhando a foto que Ravel Andrade usa nos sites de cinema, posso afirmar que ele era para ser o Asa Branca, pois sua semelhança de rosto é muito mais parecida que a de Simas, mas acabou ficando como o peão Miltinho que até teve bons atos, mas é um personagem bem secundário na tela. Outros dois personagens foram bem importantes na tela, Jotapê vivido por Fábio Lago, com uma desenvoltura bem de empresário/patrão de comitiva e Carlos Francisco com seu Wandão bem trabalhado na política, emprestando e patrocinando o locutor em diversos momentos, sendo quase um pai para ele nas empreitadas, e agradando na forma de entrega na tela, já Lara Tremouroux fez uma Sandra meio que apagada demais, não chamando tanta atenção quanto deveria.

Visualmente esperava que o longa mostrasse mais rodeios de outras cidades, porém focou bem mais em Fernandópolis e Turiúba, além de mostrar algumas fazendas da região e a casa da namorada, e uma loja de componentes eletrônicos, mas como não foi um filme de grande orçamento até que foram bem representativos na entrega. Ou seja, a equipe de arte conseguiu representar alguns momentos de forma interessante como a chegada de caminhonete, de helicóptero, e algumas festas de peão das antigas, quando não tinham tantos shows, e assim o resultado funciona no que foi proposto ao menos, sem claro ir muito além.

Enfim, foi um filme bacana de acompanhar, que teve momentos bem colocados na tela e que mesmo não aprofundando tanto na vida do locutor conseguiu ser representativo aonde a proposta desejava, e sendo assim funcionou ao menos, valendo a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Empregada (The Housemaid)

12/20/2025 02:33:00 AM |

Quer me deixar feliz com um filme no cinema? Meta várias reviravoltas que eu não imagine acontecendo, do ponto que você acha uma coisa, logo depois já está em outro rumo, e para finalizar não era nada do que imaginava no começo. Ou seja, saí muito feliz com o que vi acontecendo no longa "A Empregada", que para quem assim como eu nem sabia da existência do livro vai se surpreender bastante com a história entregue aonde tudo acontece, mas que sendo um grandioso sucesso literário, os fãs não estão ficando tão contentes com as várias mudanças que ocorrem, e assim sendo a polêmica está lançada, e como sou um amante de filmes independerem de seus livros, só digo que funcionou bastante na telona, e fiquei ainda mais feliz com uma pré-estreia bem cheia, pois originalmente a data de lançamento é só dia 01/01/26!!

O filme conta a história de Millie Calloway uma jovem com um passado turbulento que busca um recomeço, então se candidata para trabalhar como empregada doméstica. Ela é contratada por Nina e Andrew Winchester, um casal milionário e perigoso, mas o trabalho se mostra muito mais difícil e sofrido do que imaginava. Nina suja todos os cômodos da mansão só para vê-la limpar, manda que ela leve e busque a filha do casal em todos os lugares e conta mentiras sobre a menina e tortura o marido com chantagem psicológica, mas Millie aceita tudo de cabeça baixa por empatia com Andrew e porque acredita que não conseguirá oportunidades melhores por causa de seu histórico problemático. No entanto, com o tempo ela descobre que os segredos da família Winchester conseguem ser bem mais sombrios e perigosos do que os seus.

O que acho bem engraçado é que o diretor Paul Feig sempre teve um tino mais puxado pro lado cômico, e aqui ao trabalhar bem o drama/suspense da escritora Freida McFadden ele precisou mudar bastante, mas ainda deixou algumas pontas cômicas que fizeram o público rir durante a sessão, e que soube criar as dinâmicas de uma maneira interessante para que o filme fluísse bem na tela, sendo algo intenso, cheio de boas reviravoltas, e que principalmente tivesse uma pegada marcante, aonde vamos nos envolvendo com os vários personagens, criando boas teorias enquanto vemos (o princípio de todo bom suspense) e que a cada derrubada dessas nossas ideias fôssemos pegos com algo ainda mais marcante. Ou seja, o diretor foi muito bem no que fez, e mesmo ouvindo depois de uma leitora do livro sobre as diferenças, aqui as ideias foram bem colocadas para não precisar explicar tanta coisa e alongar a trama que tem a duração perfeita para não cansar, e ainda assim ser mais "vendável" na tela, então diria que o resultado foi bem feito.

Quanto das atuações, posso dizer que o trio protagonista entregou muito na tela, sendo marcantes e chamativos para que cada ato fosse primoroso para a história. E vou começar com Sydney Sweeney que vem cada dia crescendo mais em seus papeis, e aqui sua Millie começa simples demais, vai se acostumando com o ambiente e depois quando sofre as várias consequências trabalha uma personalidade ainda mais forte e chamativa, acertando bem no que fez, fora que está bem bonita e chamativa para uma empregada, mas era essa a proposta do longa. Amanda Seyfried é daquelas atrizes que vez ou outra desaparece, mas que sabe entregar personalidade em todos os papeis que faz, sejam ruins ou bem bons como é o caso aqui de sua Nina, que literalmente parece tão surtada que acaba impactando logo no começo e só vai crescendo, sendo muito marcante como a personagem precisava ser. O mais interessante de tudo foi a reviravolta para cima do personagem Andrew que Brandon Sklenar fez, pois trabalhou todo um lado galanteador e depois mudou bem para o lado mais violento e chamativo, sendo intenso e cheio de nuances do começo ao fim, agradando com uma personalidade bem pronta para o que o longa precisava. Quanto aos demais, a maioria foi apenas enfeite cênico com Michele Morrone fazendo um jardineiro bem secundário, Elizabeth Perkins fazendo a mãe do protagonista, e assim sobrando para Indiana Elle tentar chamar um pouco mais de atenção com sua Cece bem parecida com a mãe.

Visualmente a trama encontrou uma mansão belíssima para os personagens viverem suas tramas, com o sótão tendo apenas um quartinho minúsculo da empregada, que depois é mais explicado o motivo claustrofóbico para ele, tivemos bons atos na cozinha e no cinema da casa, e alguns momentos chamativos também em alguns restaurantes e quartos de hotel, tendo toda uma composição misteriosa funcionando e cheia de detalhes nos elementos cênicos de cada ato na tela, desde garrafinhas de água até pratos de cerâmica luxuosos. 

Enfim, é uma trama que me surpreendeu bastante, tendo um resultado funcional incrível que acaba tendo bastante pegada e que quem não leu o livro irá gostar demais, já quem leu ficará talvez esperando um algo a mais ou reclamar das mudanças, mas ainda assim acaba funcionando bastante para todos, sendo um bom exemplar de mistério, valendo a recomendação. E é isso meus amigos, o longa está em pré-estreia nos cinemas com poucas sessões, mas a partir do dia 01/01 virá com tudo, então aproveitem para curtir, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais boas tramas, então abraços e até logo mais.


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Avatar - Fogo e Cinzas em Imax 3D (Avatar: Fire and Ash)

12/19/2025 01:05:00 AM |

Já vamos ao cinema esperando o máximo que James Cameron pode nos entregar, pois não tem outra forma de ir conferir "Avatar - Fogo e Cinzas" com toda a tecnologia que o diretor já vem fazendo há anos, e que cada vez transforma a computação gráfica em algo tão realista que impressiona do começo ao fim, tendo imersão de campo com uma profundidade perfeita, água saindo da tela, personagens se movendo entre computadores, fora as cenas épicas de batalha, em um filme que funciona demais visualmente. Porém, o diretor esqueceu a tesoura na gaveta da casa dele e não a levou para o estúdio, pois a trama de 195 minutos ficaria incrível e funcionaria perfeitamente com 120 minutos no máximo, tendo sobras fáceis para se cortar sem perder essência alguma na tela. Claro que voltamos ao começo do texto que a trama é linda demais e cortar coisas lindas é algo que nenhum diretor e muito menos o editor quer, mas já estamos no terceiro dos 5 filmes que ele pretende lançar sobre os personagens, e se ele não podar a árvore, daqui a pouco ficará algo mais cansativo do que emocionante, ainda que nossos olhos não parem de brilhar um segundo durante toda a exibição.

A trama mergulha no coração do bioma volumoso e biodiverso da região vulcânica de Pandora, onde a sobrevivência depende do fogo. Após a devastadora guerra contra a RDA e a perda do seu filho mais velho, Jake Sully e Neytiri devem enfrentar uma nova ameaça: o Povo das Cinzas, uma nova e agressiva tribo Na’vi, conhecida por sua violência extrema e sede de poder, liderada pelo implacável Varang. O misterioso clã é composto por guerreiros que controlam o fogo e cuja lealdade pode desequilibrar o destino do planeta. Diante de novos esforços humanos de colonização e do recente inimigo, a família de Jake deve lutar por sua sobrevivência e pelo futuro de Pandora, caso queiram as suas vidas normais novamente. Tudo isso vai levar eles aos seus limites emocionais e físicos.

Sabemos bem que o diretor e roteirista James Cameron é megalomaníaco, então projetos pequenos nem chegam perto dele, e desde que começou a franquia "Avatar" lá em 2009 conseguiu construir algo que sequer imaginávamos que o cinema seria capaz de entregar, pois já temos computação gráfica há anos, mas ser algo tão real era fora do comum de se esperar, de tal forma que aqui seu projeto praticamente é uma continuidade do segundo longa, trabalhando ainda mais com o povo da água, e usando bem o povo das cinzas, ou melhor, mostrando eles, pois praticamente a terra isolada e destruída que tanto falaram apareceu por pouquíssimos minutos na tela, ou seja, venderam algo e entregaram outra coisa, masa essência da guerra ainda persiste bem na trama, e vemos algo ainda mais esperado desde os primeiros filmes, que seria a famosa ajuda da deusa Eiwa, e dar mais sentido para os personagens secundários, tanto que o longa quase nos faz esquecer dos protagonistas, o que é um risco bem grande. Ou seja, Cameron voltou grandioso e disse que talvez a saga pudesse acabar aqui caso não desse bilheteria, o que duvido de ambas as situações, pois o filme vai se vender bem, e segundo que muitas cenas dos outros filmes já estão prontas, então não iria simplesmente jogar dinheiro no lixo, mesmo tendo muito dinheiro no bolso.

Como falei acima o bacana desse novo filme no quesito da atuação foi dar mais voz para os personagens secundários, de modo que ainda temos boas cenas de Sam Worthington com seu Jake, Zoe Saldaña com sua Neytiri e Stephen Lang com seu Quaritch, todos lutando bastante, tendo atos imponentes e chamativos, e dando muita conexão para todas as devidas dinâmicas como protagonistas, mas isso já falamos nos dois filmes anteriores, e aqui foi a vez de Sigourney Weaver brilhar com sua Kiri, descobrindo realmente aonde seus poderes vão, e o que ela é realmente, tivemos o jovem Jack Champion se jogando por completo com seu Spider, sendo bem imponente e chamativo pulando para todos os lados, e claro o jovem Britain Dalton com seu Lo'ak ainda inconformado com a morte do irmão por "sua" culpa, mas trabalhando bem nas dinâmicas do novo longa, porém a grande entrega ficou a cargo de Oona Chaplin com sua Varang completamente maluca e insana, cheia de personalidade e botando tudo para quebrar do começo ao fim do filme, fazendo seus rituais, e com uma expressividade imponente num nível máximo que chamou atenção demais. Claro que é o tipo de filme que como todos trabalharam captura de movimentos e expressões nem vemos realmente os atores "atuando" na tela, mas ainda assim os traquejos funcionam e chamam bastante a atenção, principalmente pela técnica em si.

Visualmente volto a bater na tecla que o longa é lindíssimo, sensorial, com cores, ambiente e personagens tão bem encaixados na tela que você praticamente voa junto, nada nos mares, sente as ondas espirrando e se encanta com todos os elementos cênicos colocados, até mesmo entrando nas batalhas e lutas, ao ponto de quase sentir toda a essência que a trama propõe, tanto que como falei no início, não considero tanto o longa como apenas um filme, mas sim uma experiência aonde você vai praticamente viver em Pandora, e claro que isso se deve a imersão da tecnologia 3D, com muitos elementos saindo para fora, mas principalmente dando a perspectiva de profundidade que na sala Imax ainda consegue nos deixar ainda mais imersos, ou seja, tudo é lindo demais, e vale pagar mais caro para ver com toda a tecnologia possível numa sala gigante, pois em casa ver o filme vai ser nada demais.

Enfim, é um filmaço incrível de acompanhar, que funciona demais na tela, mas que é um exagero ter 195 minutos de projeção, pois vai cansar a maioria, vai incomodar quem não é acostumado a ficar tanto tempo sentado vendo algo, mas que fazer o que, é a vida cinematográfica, e como disse acima não vai compensar ver em casa por partes, pois é a experiência que faz o longa ser belíssimo e envolvente, então se esforce e vá conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Perfeitos Desconhecidos

12/18/2025 12:29:00 AM |

É engraçado pensar que a história em si de "Perfeitos Desconhecidos" não tem nada de surpreendente para já ter sido tão adaptada em diversos países, pois é algo básico de conflitos em cima daquelas mensagens escondidas, ou melhor omitidas pela maioria das pessoas, e coincidentemente uma das primeiras adaptações da história foi o primeiro filme que vi na Netflix na casa de um parente, e nem texto cheguei a escrever dele, mas na época também nem ri tanto (acho que era a versão espanhola da história), e eis que agora chegou aos cinemas a versão brasileira, que quando vi o trailer achei que seria apenas o tradicional "copia, mas não faz igual" que tanto estamos acostumados com os diversos memes e criações, porém felizmente o texto foi bem reinventado, com situações mais casuais dos grupos de amigos brasileiros, e olha que o resultado do churrascão aqui virou quase um velório, com algo tão cheio de dinâmicas e situações que não tem como não rir e pensar como reagiria, mas que ao menos funcionou para me divertir hoje, e assim valeu a conferida.

A trama conta sobre Carla e Gabriel, um casal que decidem fazer um simples churrasco para receber os amigos como uma inauguração de casa nova. No entanto, o que era para ser um encontro casual e sem grandes emoções, serve como palco para mudar a vida toda do casal quando a filha deles, Alice, uma adolescente cheia de opinião e influencer das redes sociais, confronta sua mãe. O motivo do embate é causado pelo falo de Carla querer se intrometer na vida da filha e espionar o seu celular. Revoltada com a situação e tentando provar para sua mãe que ela não faz nada de errado, Alice sugere que todos joguem um jogo onde o celular dos participantes devem ficar na mesa e todos precisam ler em voz alta cada mensagem que for chegando. Dessa forma o caos na família foi instaurado, pouco a pouco os segredos vão sendo revelados e todos ali na casa acabam se expondo mais do que gostariam.

Quem me acompanha sabe que geralmente vou de voadora em diretores estreantes, por exagerarem demais, ou até se perderem com o famoso "encher linguiça", mas aqui tenho de parabenizar a estreia de Júlia Pacheco Jordão em longas, pois ela soube pegar o tema do longa italiano de Paolo Genovese que já teve adaptações em todas as línguas, e colocar as situações que andam rondando nas mesas de amigos no Brasil (que claro não vou enumerar aqui para não dar spoilers), e mesmo tendo uma ou outra derrapada nas situações, o resultado da trama mostra uma direção consistente, dinâmica e que diverte, o que para uma comédia é o básico, mas que foi bem feito. Ou seja, é o famoso simples bem feitinho que funciona, e principalmente refaz de forma diferente o pensar que problemas traria se alguém lesse suas mensagens durante um bom churrasco.

Quanto das atuações, diria que cada um entregou um pouco para que o filme fosse numa crescente do caos todo, aonde vemos Danton Mello com seu Gabriel, um médico todo certinho, mas que tem alguns problemas grandes para entregar para os amigos, e seu jeito calmo e sem grandes explosões acabou dando um bom tom como anfitrião, sendo simples, mas bem feito na tela. Já Sheron Menezzes fez com que sua Carla, uma terapeuta, fosse bem mais explosiva do que a maioria da profissão, tendo alguns TOCs com seus móveis, farelos e tudo mais, e além disso a personagem tinha alguns segredos meio que grandiosos que foram explodindo juntamente com o semblante da atriz se fechando, o que foi bem divertido de ver. Fabrício Boliveira foi bem sacado com seu João, tendo uma entrega bacana sem grandes explosões, mas com diversos segredos que vão aparecer no final. Tivemos Giselle Itié com sua Luciana bem solta, mas virando uma fera no fechamento, fazendo par com Débora Lamm que deu para sua Paula um estilo mais fechado, mas com algumas boas nuances expressivas. E ainda tivemos Madu Almeida com sua Alice completamente desenvolta como toda boa influencer, mas bem estourada em diversos momentos. E para finalizar tivemos Luigi Montez com seu Renato completamente fora do eixo, afinal ir vestido de cosplayer para um primeiro almoço na casa dos sogros é loucura total.

Visualmente o longa é todo numa mansão bem bacana, mais precisamente na área de churrasco da casa, saindo dali apenas para algumas cenas no banheiro e no quarto da garota, focando a piscina por vezes e a mesa com os vários celulares, tendo toda a dinâmica bem em cima dos diálogos e das situações que vão ocorrendo, então a equipe de arte só precisou mesmo locar uma boa casa e deixar que tudo fluísse.

Enfim, não é um filme perfeito, mas me fez rir bastante com vários atos, então cumpriu com o dever de toda boa comédia, e assim sendo vale a recomendação para quem gosta do estilo talvez se espelhar com o que aconteceria. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Nouvelle Vague

12/16/2025 11:20:00 PM |

É engraçado o famoso cinema de autor, aonde conhecemos bem mais um filme pelas técnicas e estilo do diretor do que pela história, pelos atores ou tudo mais que ocorre ao redor da trama, de modo que tem quem ame determinado diretor, enquanto outros odeiam ao ponto de nem querer ver algo dele, e isso ocorre desde que o cinema é cinema. E o mais bacana aqui de analisar é que tanto Jean-Luc Godard quanto Richard Linklater sempre fizeram filmes dessa forma, ao ponto que particularmente não sou fã de nenhum dos filmes de Linklater (ou melhor não era fã), e do Godard diria que aprendi a gostar com poucos filmes, mas tenho que dizer que ambos foram inovadores de estilo e revolucionaram suas épocas. Ou seja, não podia ser outro diretor senão Linklater para mostrar como foi a produção insana do primeiro longa-metragem de Godard, ao ponto que "Nouvelle Vague" trabalha bem como foram as dinâmicas das gravações, mostra vários nomes conhecidos da época, e ousa brincar com as facetas caóticas das produções e festivais da época, sendo simbólico e bacana para quem nunca viu um filme de ambos os diretores conhecer esse mundo, e para os amantes da sétima arte e estudantes de cinema acaba sendo algo obrigatório para ver como era a produção nessa época, e claro todas as loucuras do estilo que ficou muito conhecido.

O longa acompanha os bastidores das filmagens de uma das obras-primas do movimento cinematográfico francês. A trama pretende reconstruir a história da vanguarda do cinema francês a partir da produção de Acossado, filme de 1959 do renomado diretor Jean-Luc Godard. De crítico a diretor, Godard se tornou uma grande figura da sétima arte com seu jeito irreverente e desinteressado em regras. Essa é história de como um clássico foi construído, contando os passos para a formação de um movimento revolucionário na sétima arte. Capturando a dinâmica juvenil e o caos criativo no coração da produção de um dos filmes mais influentes e amados do cinema mundial, Nouvelle Vague se transporta para as ruas de Paris de 1959 numa carta de amor ao poder transformador do cinema.

O estilo do diretor Richard Linklater sempre foi muito quebrado, de modo que muitos dos seus filmes você precisa estar com muita paciência e disposição para longos planos, por vezes cansativos, mas que sempre foram completamente diferenciados em estética e técnica, de tal forma que vários de seus filmes já foram gravados por anos para aproveitar o mesmo elenco, iluminação de determinada data e por aí vai, então ver algo em preto e branco, linear e dinâmico sem ter um plano arrastado foi algo completamente novo de acompanhar, e acredito que por isso me fez ser uma paixão a primeira vista. E o mais bacana, que mesmo sendo algo "padrão", ele deu um jeito de ser ousado, tendo antes de cada cena que aparecia mais pessoas, apresentar elas com nome embaixo e tipo pose de "jogador", que logo em seguida já era desenvolvido o ato, só criticaria que poderia ter sido ainda mais "informativo" se colocasse a função que a pessoa trabalhava na época, pois muitos podem não entender dos bastidores do cinema, mas o mais bacana de tudo é que isso não atrapalhou a dinâmica na tela, ou seja, o diretor conseguiu brincar com uma faceta diferenciada e ainda assim não incomodar o público, sendo algo com sua "nova" assinatura.

Quanto das atuações vou me ater aos protagonistas, pois falar de todos que aparecem no filme seria quase como fazer um livro sobre o período, e isso o filme já faz, então claro que temos de aplaudir a entrega séria e até irritante de estar sempre com óculos escuros que Guillaume Marbeck fez com seu Jean-Luc Godard, incisivo nas escolhas e cheio de personalidade, sabendo exatamente se portar na tela e representar muito bem o diretor. Zoey Deutch foi bem marcante também com o que fez com sua Jean Seberg, sabendo ser a estrela do filme, mas completamente perdida com as loucuras que o diretor desejava entregar, sendo simples e cheia de charme na tela. Outro que fez um belo trabalho foi Aubry Dullin com seu Jean-Paul Belmondo que depois despontou com vários clássicos, e o ator soube ser cru na tela como o diretor desejava, chamando o filme para si sem ofuscar o verdadeiro protagonista na tela, e agradando demais. Agora se Matthieu Penchinat sofreu aos montes como o diretor de fotografia Raoul Coutard, fiquei imaginando o verdadeiro Raoul, pois trabalhar com alguém maluco como foi Godard deve ter sido o caos, e o resultado sabemos que foi ótimo, e o ator trabalhou muito bem com todas as dinâmicas que precisava fazer. Vale ainda leves destaques para Adrien Rouyard como François Truffaut e Bruno Dreyfürst como Georges de Beauregard, ou Beau-Beau como muitos chamavam o produtor famoso por muitos filmes da época.

Sei que muitos vão me xingar, mas pessoalmente sou contra filmes em preto e branco, pois justamente no quesito visual acaba perdendo por demais, não mostrando quase nada dos ambientes, das roupas, e tudo mais, ficando até bonito de ver, mas não valorizando a direção de arte, de modo que aqui vemos muitas cenas gravadas nas ruas, em bares, vemos muitas exibições em cinemas, festas, vemos as traquitanas que a direção de fotografia na época usava para filmar, diversos papeis aonde o roteiro ia sendo criado e muito mais, mostrando claro uma boa pesquisa cênica de material e claro dos livros que muitos escreveram sobre.

Enfim, é um filme muito bacana de acompanhar, que mesmo estando bem cansado hoje não me deixou com sono em momento algum, e que é cinema falando de cinema, então vale demais a conferida e o resultado entregue vai reverberar ainda muitos anos pela frente. Então fica a dica para todos conferirem nos cinemas a partir já da próxima quinta 18/12, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços e volto amanhã com mais dicas.


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Uma Jornada de Bicicleta (À bicyclette!)

12/16/2025 02:01:00 AM |

É interessante que classificaram "Uma Jornada de Bicicleta", que pode ser conferido no Festival de Cinema Francês do Brasil", como uma comédia dramática, mas sendo bem sincero coloco ele como um road-movie documental introspectivo com pegadas cômicas, pois não é uma trama ficcional, mas sim uma viagem de amigos refazendo o caminho que o filho do diretor fez antes de se matar, e essa essência acaba tendo algumas conversas e brigas que até podem ter sido ensaiadas, mas a base é algo real entre pessoas reais, não personagens, e assim o longa acaba até sendo bonito, envolvente, engraçado e emocionante em diversos atos, mas para quem não os conhece apenas acaba sendo algo bem trabalhado. Claro que é algo que passa vários sentimentos no público, mas que não posso analisar nem como um documentário, nem como uma ficção, e assim sendo fiquei até perdido em como falar dele.

A sinopse nos conta que do Atlântico ao Mar Negro, Mathias leva seu melhor amigo, Philippe, em uma viagem de bicicleta. Juntos, eles refarão o percurso que Youri, o filho de Mathias, havia iniciado, antes de desaparecer tragicamente. Uma epopeia que eles viverão com ternura, humor e emoção.

Diria que o segundo filme do diretor, roteirista e protagonista Mathias Mlekuz até foi algo bem feito, pois em determinado momento da trama ele fala exatamente o sentimento que muitas pessoas tem de não ser algo natural um pai enterrar um filho, mas sim o inverso, e esse vazio que atormenta a mente das pessoas que sofrem essa situação acaba sendo algo amplo de sentimentos, que muitas das vezes o melhor que psicólogos indicam, é colocar para fora o que pensa, tentar imaginar o que se passou na cabeça da pessoa, e até vivenciar um pouco de tudo, claro que não chegando aos extremos, e aqui ele brincou com essas facetas junto de seu amigo Philippe Rebbot, que chega a ser até estranho estar sempre de terno pedalando e conversando, mas que deu bons tons, boas conversas e dinâmicas até chegar no destino final para encontrar o outro filho e a namorada do rapaz morto. Ou seja, é um filme interessante de proposta, com paradas bem marcantes e boas conversas, mas que talvez atinja mais uns do que os outros, e a extravasada do diretor certamente foi atingida.  

Enfim, é um filme com uma proposta interessante e reflexiva, que é bonita de se ver, mas não como uma ficção, pois talvez toda a trama imaginada sem o diretor no papel e com personagens aleatórios criando algo mais fictício talvez levasse tudo para um outro rumo, mas tem quem se apaixone fácil pela ideia, e assim acaba sendo recomendado dentro dessa essência. E é isso meus amigos, encerro aqui hoje no último dia mesmo do Festival, fiquei sem ver alguns que os horários não bateram, mas verei em breve eles e com certeza comentarei por aqui, então abraços e até amanhã, pois ainda não matei todas as estreias da semana.


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Operação Maldoror (Maldoror)

12/15/2025 09:53:00 PM |

Quem me conhece sabe o quanto eu amo obras francesas do cinema em geral, mas é inegável o tanto que eles falham em filmes de suspense e ação! E o longa "Operação Maldoror", que pode ser conferido dentro do Festival de Cinema Francês do Brasil, nas mãos de qualquer diretor americano, britânico ou até mesmo espanhol acabaria sendo incrível, com muito mais dinâmica, muito mais personalidade e provavelmente escalariam outro ator, além claro de um corte de pelo menos 30-40 minutos, e não estou falando que alongaram, muito pelo contrário, faltando até mais desenvolvimentos da história, porém acabaram mostrando demais e batendo de menos, de tal forma que o filme não impacta como poderia. Claro que é o estilo deles de ação/suspense, mas mesmo o protagonista em alguns momentos ligando o turbo para sair fazendo, ele parece bobo demais, mostrando que a polícia belga nos anos 90 (não sei como está hoje para criticar) era algo tão ruim, mas tão cheio de erros e trambiques que chega a ser desapontador ver algumas situações no mesmo estilo que ocorrem por aqui.

O longa nos situa na Bélgica, em 1995, aonde o desaparecimento preocupante de duas jovens abala a população e desencadeia um frenesi midiático sem precedentes. Paul Chartier, um jovem policial idealista, junta-se à operação secreta “Maldoror”, dedicada à vigilância de um suspeito reincidente. Confrontado com as falhas do sistema policial, ele parte sozinho em uma caçada humana que o levará a mergulhar na obsessão.

Claro que sendo um caso real, o diretor e roteirista Fabrice du Welz não poderia inventar muita coisa, porém dava para ele ter brincado mais com a trama, ter criado mais tensões e dinâmicas e até ter ido muito mais além, por exemplo na cena do porco, ali já dava para criar mil situações e fazer com que o filme ficasse tenso e marcante. Não digo que ele tenha falhado, pois isso está muito longe de ter acontecido, afinal esse é o jeito francês de fazer suspense e ação, tanto que quando colocam muitas dinâmicas acaba virando algo até bobo, mas essa história tinha um potencial monstruoso para fluir, para causar e impactar, dava para ter tirado toda (e repito toda) a cena do casamento que só ali dá uns 15 minutos de inutilidades, e assim acabou parecendo que o diretor queria enfeitar a mistura francesa com italiana para ter algo a mais, e não fluiu. Ou seja, pode até ser uma história densa pela situação em si, mas o diretor e o protagonista não entregaram nem 40% do que poderia impactar realmente.

Quanto das atuações, diria que faltou para Anthony Bajon chamar a responsabilidade do filme para que seu Paul Chartier fosse mais do que apenas um "aspirante" a investigador, pois suas cenas misturaram loucura e explosão em alguns atos, e calmaria sintética demais em outros, ficando um limbo completo entre as duas situações, e essa montanha-russa de emoções dele pareceu ser até algo bobo demais de acompanhar, ou seja, não chamou para si e ficou vago demais. Alba Gaïa Bellugi trabalhou sua Jeanne 'Gina' Ferrara até que bem para o tanto que era importante para a trama, pois foi bacana ver ela deixada de lado pelo marido maluco para resolver o caso policial, mas a atriz fez até algumas caras marcantes que se precisasse poderia ousar mais. Laurent Lucas trabalhou seu Charles Hinkel de uma maneira meio estranha, pois sendo o chefe do departamento e comandante da operação, se ocultou demais, fora que o tapa olho ficou até meio que bobo, mesmo sendo explicado o motivo em determinado momento, mas o ator não ousou em nada para ir além. Agora quem entregou boas cenas foi Sergi López com seu Marcel Dedieu, de modo que botou banca com intensidade e chamou para si diversos momentos da trama, sendo intenso e caindo bem como "vilão". Tivemos muitos outros personagens, que até mereciam talvez um maior desenvolvimento na tela, mas como disse o diretor se perdeu, e assim não dava para brincar tanto mais na tela.

Visualmente o longa teve momentos interessantes, com uma gendarmaria simples e até bagunçada demais, uma garagem/casa aonde os crimes aconteciam e os policiais de fora apenas acompanhando as movimentações, alguns atos mais intensos de conflitos lá dentro, um casamento gigante italiano, e a casa dos protagonistas com uma TV e o videocassete usado ao máximo, sendo tudo bem trabalhado com veículos da época e muitos chamarizes em pequenos detalhes, que poderiam ter sido melhor usados.

Enfim, é um bom filme, mas que poderia ter sido incrível, que até agrada da forma que foi feito, porém sem causar o impacto necessário em uma trama do estilo, e assim recomendo ele com ressalvas. E é isso meus amigos, vou conferir mais um longa hoje, e assim volto mais tarde para falar dele, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Belén: Uma História de Injustiça (Belén)

12/15/2025 01:23:00 AM |

Acho muito interessante o quanto trombo com alguns temas pelo meio do caminho nessa jornada de ver vários filmes, pois fica parecendo que escolho o que vou ver, mas a maioria é na trombada mesmo com o melhor horário ou duração para encaixar tudo, e nesse final de semana vi 3 filmes em 2 dias (1 no sábado a noite e 2 agora no domingo) trabalhando o mesmo tema de formas bem diferentes, que é o corpo da mulher, do direito dela decidir o que fazer quando engravida sem estar querendo engravidar, e o mais bacana é como cada país trata o tema, pois foi um longa americano, um brasileiro e um argentino, um com uma história original da cabeça do roteirista, outro embasado em um livro de ficção e o terceiro com uma história real que mudou as leis do país. Ou seja, é um tema de discussão ampla, que muitos tem melhores argumentos, sabem pontuar melhor, mas que vale sempre a reflexão, a apresentação na telona, e como crítico de cinema vou pontuar somente como o tema foi trabalhado na tela, sem entrar em muitas reflexões. Dito tudo isso, foi bacana ver como uma das atrizes mais famosas da Argentina está cada vez mais virando uma diretora imponente que sabe escolher bem seus temas e estar bem solta tanto na frente quanto atrás das câmeras, de modo que "Belén: Uma História de Injustiça", que pode ser conferido na Amazon Prime Video, tem uma pegada densa e muito bem retratada, aonde ela conseguiu retratar o tema e a intensidade com um olhar amplo e que refazendo muitas das cenas que apareceram em vários jornais, se impôs para que seu filme tivesse vida própria, e assim sendo, uma carga dramática bem encaixada e chamativa, aonde o tema por ser de grande exposição foi muito além das fronteiras argentinas, e atingiu o mundo no ano de 2014, e vem sendo muito debatido mundo afora até hoje.

O longa nos conta que uma mulher hospitalizada descobre que está grávida. Após uma emergência médica, ela enfrenta acusações criminais. Com o apoio de sua advogada e de defensores dos direitos das mulheres, ela luta por justiça em um caso histórico.

Em seu segundo longa como diretora e roteirista, a atriz Dolores Fonzi mostrou que tem estilo e sabe se conectar bem com o espaço, pois muitas vezes fazer o trabalho triplo de estar na frente e atrás das câmeras dá muito errado, e aqui vemos uma história difícil, cheia de dinâmicas fortes e cenas amplas que ela soube conduzir bem para que ficasse realista pela dificuldade do jurídico em qualquer país, de se conseguir os processos quando tudo parece armado, o pessoal que é contra a defesa de alguém intimidando advogados e tudo mais, ao ponto que também foi bem montada as cenas de marchas e protestos, um programa da tarde meio que absurdo e com nuances bem técnicas vemos que o trabalho da direção foi imponente e forte da mesma maneira que a atuação da protagonista, ou seja, ela foi se completando e o resultado funcionou.

E já que comecei a falar das atuações, Dolores Fonzi sempre foi uma atriz de muita personalidade, com olhares e traquejos fortes em suas dinâmicas, e aqui sua Soledad Deza foi daquelas advogadas que não aceitam o não de forma alguma, se botando na frente de tudo e sofrendo algumas consequências por ir tão a fundo, de modo que o resultado acaba sendo imponente e mostrando que a atriz ainda tem muito para entregar na tela. Camila Plaate trabalhou sua Julieta/Belén com um ar triste e difícil demais, afinal está presa por algo absurdo demais, porém deram uma baqueada demais na artista, ao ponto que chega a dar pena só de olhar para ela, o que não sei se era para estar dessa forma, mas foi bem no que fez. Ainda tivemos outros bons personagens, mas a maioria dando apenas conexões, mostrando a grande junção de mulheres para tudo, a família da protagonista nos auxílios, e tudo mais, de forma que não se expressaram para interpretar muito, mas funcionaram para o que precisavam aparecer.

Visualmente tivemos atos bem marcantes na casa da protagonista sofrendo ataques por estar defendendo a moça, tivemos atos em algumas lanchonetes, muitas cenas no fórum para tentar pegar o processo da detenta, os atos também na casa dela preparando faixas e material para os protestos, várias cenas nas ruas, e claro dentro do tribunal com os julgamentos, além de atos na prisão com a acusada, ou seja, tudo bem montado sem grandes chamarizes, mas bem feito para ser representativo na medida.

Enfim, é um longa imponente que acabou chamando muita atenção da crítica especializada, tanto que concorre junto do brasileiro "O Agente Secreto" no Critics Choice, e que vale a conferida para a reflexão sobre o caso no passado e como isso ocorre atualmente no mundo todo, então vale a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Traição Entre Amigas

12/14/2025 06:28:00 PM |

Costumo reclamar bastante quando vou conferir algum longa e acaba sendo novelesco, mas ultimamente algumas propostas nesse estilo tem funcionado bem na telona, é um exemplo é o que vi hoje com "Traição Entre Amigas" que acaba tendo uma boa quebra entre os dois lados das personagens, praticamente entregando duas histórias diferentes que se complementam dentro da intensidade, sendo algo até bacana de ver e se envolver com as protagonistas. Claro que passa longe de ser um filmaço que irei guardar na memória muito tempo, mas o resultado das discussões que a trama propõem funcionam bem na tela, é assim sendo acaba sendo gostosinho de assistir.

O longa nos mostra que Penélope e Luiza se conhecem num curso de teatro e se tornam grandes amigas. Apesar de personalidades e temperamentos opostos, as duas se complementam perfeitamente, construindo uma forte relação de cumplicidade. Luiza é uma estudiosa e dedicada estudante de psicologia. Já Penélope estuda jornalismo, mas sonha em ser atriz. A amizade das duas é abalada e posta à prova após Penélope ficar com o namorado de Luiza numa festa. Quando a traição vêm à tona, sentimentos conflituosos afloram e, entre mágoas, ressentimentos e vergonhas, a amizade das duas se desfaz. Seguindo, agora, caminhos diferentes, as duas descobrem que amadurecer é mais complexo do que imaginava. Enquanto Penélope busca recomeçar sua vida em Nova York, tentando a sorte como atriz, Luiza mergulha no universo da música e dos relacionamentos virtuais.

Um diretor que sabe fazer bem com tramas mais abertas é Bruno Barreto, de modo que seus projetos acabam virando obras pessoais reflexivas, porém acertivas com as dinâmicas, que por vezes acabam sendo até adolescentes demais, mas quando bem escritas funcionam bastante na tela, e aqui o roteirista Marcelo Saback trabalhou bem o texto em cima do primeiro livro de Thalita Rebouças, que já tem seu estilo bem definido e tem ganhado cada dia mais longas na telona, de modo que o conjunto das seis mãos funcionou bem, criando dinâmicas exageradas e até fantasiosas demais, mas que agradam quando se entrega para o resultado completo. Claro que talvez com mais tempo de tela daria para desenvolver mais alguns personagens, mas dentro das quase duas horas tudo se encaixou bem e agradou com o que mostraram.

Quanto das atuações, vemos que Larissa Manoela tem crescido bem com seus papéis, tendo um estilo característico de interpretação que funciona bem, e aqui com sua Penélope acabou exagerando um pouco nos traquejos, que talvez até seja algo próprio da personagem, mas seu jeito aparentemente meigo ficou meio em contraposição do que estava entregando na tela, ou seja, pareceu duas personagens na tela, e acredito que não era bem isso o esperado dela, mas não incomoda no resultado completo, então foi bem no que fez. Já Giovanna Rispoli entregou uma Luiza bem diferente do comum, sendo intensa e marcante, mas com nuances amplas para que sua personagem fosse marcante, mas também introspectiva, aonde a essência funciona bem e a entrega acaba sendo gostosa de ver, ou seja, foi bem no que fez. Ainda tivemos bons momentos com Gabrielle Joie com sua Emília apoiando ambas as amigas com suas dinâmicas, Nathalia Garcia com sua Yanna até parecendo ser gringa e André Luiz Frambach com seu Gabriel todo romântico, mas tendo uma bela quebra no seu ato mais impactante.

Visualmente a trama oscilou bem entre os apartamentos e casas das protagonistas e conseguiu trabalhar as dinâmicas entre Curitiba e Nova York, dando boas nuances e elementos cênicos para mostrar as vidas das personagens, tendo restaurantes, parques e tudo que complementasse e mostrasse bem a semelhante e os contrapontos entre as duas garotas, ou seja, um resultado honesto, mas simples de essência, aonde os maiores trabalhos ficaram para os atos externos e a peça teatral no começo, mas sem nada que realmente impactasse.

Enfim, é um filme simples, mas bem bacana, que mesmo sendo novelesco por essência retratou bem o momento das dúvidas entre ser mãe ou não, ser mais dada ou retraída, ter paixões ou só flertes, e tudo mais que ocorrem com as mulheres, e assim sendo o resultado acaba agradando e funcionando para recomendar para o pessoal ver. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou ver mais um longa hoje, então abraços e até logo mais.


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Entre Nós - Uma Dose Extra de Amor (The Threesome)

12/14/2025 02:56:00 AM |

Ainda está rolando o Festival de Cinema Francês, mas consegui uns espacinhos para conferir hoje os lançamentos da semana nos cinemas, e hoje acho que vi um longa hollywoodiano com tanta cara de francês que olha, se pararmos para analisar o tanto de dilemas que o diretor jogou na tela daria para fazer uns 4 ou 5 longas de temas variados, só que ele optou em colocar tudo junto. Claro que colocar tantas coisas assim juntas foi um problema gigante para se desenvolver bem na tela, porém posso dizer que o resultado de "Entre Nós - Uma Dose Extra de Amor" foi tão gostoso que mesmo sendo daqueles romancinhos confusos cheios de idas e vindas, aonde você se irrita com um personagem, depois com o outro e por fim já está xingando todos, que acabei saindo da sessão feliz com o que vi, e mostrando que ainda existem diretores com vontade de fazer algo a mais em Hollywood. Ou seja, é um filme cheio de facetas, com personagens não muito bem explorados, mas que levanta muitas bandeiras para se pensar, e assim acaba indo mais além do que apenas foi pensado.

O longa nos mostra que uma noite impulsiva leva três jovens solteiros a se unir de maneira inesperada. Connor é um rapaz num relacionamento sem rótulos ou compromisso com Olivia, por quem ele nutre uma paixão há tempos. Um dia, seu amigo Greg sugere que Connor resolva essa indecisão fazendo ciúmes em Olivia com uma desconhecida num bar chamada Jenny. A ideia atinge o alvo com louvor e Olivia rapidamente, ao ver os dois conversando e se divertindo, passa a se infiltrar no encontro dos dois, flertando não só com Connor, mas também com Jenny. Os três terminam fazendo um ménage, mas o que soava como uma fantasia única, acaba em consequências sem precedentes: as duas ficam grávidas. A vida do trio vira de cabeça pra baixo quando decisões importantes precisam ser tomadas e as famílias dos três se envolvem na confusão.

Não conhecia os trabalhos do diretor Chad Hartigan, mas posso dizer que ele soube usar o roteiro de Ethan Ogilby com uma precisão bem marcante, pois o longa em momento algum cansa, tem pegada para impressionar, e como já disse trabalha muitos dilemas na tela, ou seja, ele teve oportunidades gigantes para quebrar diversos paradigmas, e também criar sensações para o público, o que é bem raro de vermos em romances. Claro que seu filme tirando todas as mil situações conflituosas dentro de algo cotidiano, que certamente trará muitas discussões entre os mais puritanos e/ou casais "normais", segue bem a linha casual do estilo, mas a entrega acaba sendo gostosa, e isso mostra que o diretor soube segurar bem a onda, pois facilmente se a cada vértice problemático ele parasse para discutir tudo, o resultado acabaria virando uma confusão gigantesca, mas tudo seguindo a linha tradicional ao menos mostrou segurança para ele, e também para os espectadores.

Quanto das atuações, não diria que o trio protagonista entregaram um carisma suficiente para que torcêssemos por eles, pelo contrário, como disse no começo passamos a ficar até bem bravos com suas atitudes, de modo que Jonah Hauer-King foi bem cheio de traquejos com seu Connor Blake, sabendo dosar suas emoções na tela, e ficando até meio que perdido com tantos conflitos em sua vida amorosa cheia de idas e vindas, mas segurou bem toda a entrega e agradou com o que fez. Zoey Deutch trabalhou sua Olivia Capitano com muita personalidade, sabendo dimensionar bem as emoções fortes que faz na tela, sendo bem impulsiva também e agradando com o que tinha para demonstrar. Diria que Ruby Cruz fez de sua Jenny Brooks uma jovem meio que forçada na tela, pois não aparentou as emoções que tinha para entregar, e assim por muitas vezes pareceu até um pouco artificial, mas não incomodou. Foi engraçado ver as sacadas que Jaboukie Young-White fez com seu Greg Demopolis, sendo o ponto cômico para dar uma aliviada em alguns momentos mais densos da trama, e assim foi bem com o que fez. 

Visualmente a trama teve uma boa entrega, com ambientes simples, mas bem alocados, como a casa do rapaz, o casamento dos amigos gays, a casa de ambas as garotas, a bagunça da casa da irmã com a tonelada de crianças, o bar que eles trabalhavam, uma boate, uma clínica de aborto e um chá de bebê, além claro do hospital, mas sem muitas referências ou chamarizes, sendo tudo colocado no lugar certinho apenas para ser bem representativo.

Enfim, é um longa que parecia bem bobinho e acabou indo mais além na tela, que talvez uns gostem até mais do que outros, mas que vale as reflexões de como cada um agiria com tudo o que ocorre, então veja ele como algo a mais do que apenas um romance simples, e assim a dica será muito melhor. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Natal Sangrento (Silent Night, Deadly Night)

12/13/2025 09:49:00 PM |

Confesso que ao ver o trailer de "Natal Sangrento" e já dizendo de cara que era dos produtores de "Terrifier" fiquei com dois pés atrás do que iria ver, e realmente também não me lembrava do original de 1984, apenas de algumas outras tentativas de refilmagens que eram tão toscas que nem me dava ao trabalho de conferir por inteiro. Então apenas para cumprir tabela, resolvi ir ver ele hoje da forma que mais odeio ver qualquer filme que é dublado, e por alguns instantes até achei que estava na sala errada, pois foi entrando uma tonelada de pessoas que não sei o que enxergaram na produção, mas estavam lá, e por incrível que pareça, eis que estou aqui falando que gostei do que vi na telona, sendo um filme com  uma proposta tosca, mas que funcionou dentro da tela, tendo uma boa pegada e com uma intensidade que diverte e agrada. Claro que passa longe de ser um filme memorável, mas tem uma boa pegada e consegue entreter bastante o público.

A sinopse nos conta que um homem em busca de vingança toca o terror na véspera de Natal. Tudo começa quando um menino testemunha o assassinato brutal e trágico de seus pais por um homem vestido de Papai Noel. Anos mais tarde, já um adulto, Billy vive marcado pelo trauma do passado. Uma necessidade de vingança, então, toma conta de seus dias, o que o faz assumir a identidade de um Papai Noel assassino. Dando início a uma jornada de mortes, seus planos começam a sair do controle quando ele esbarra com um jovem que pode ajudá-lo a encarar o sofrimento.

Diria que o diretor e roteirista Mike P. Nelson não quis inventar muita moda com o seu longa, e usou a base de conflitos sem muita enrolação na tela, ao ponto de mesmo com muita violência, a intensidade acaba sendo divertida e bem colocada, criando um romancinho simples, mas que funciona por eles serem ambos bizarros. E a entrega do diretor continuou bem com ângulos mais chamativos, aonde vemos sangue para todo lado, e ambientes estranhos incluindo até uma festa nazista, ou seja, foram longe com a imaginação, e sem termos planos mirabolantes, o resultado diverte quem gosta de um terror leve com boas dinâmicas na tela.

Quanto das atuações, acredito que deixaram o ator Rohan Campbell meio que perturbado demais durante a preparação para que seu Billy Chapman parecesse até meio depressivo, e isso acabou sendo um acerto por parte dele, pois o papel precisava ser meio esquisito, mas não jogado, e ele soube segurar essa intensidade no olhar, e claro nas bagunças com seu machado. Outra que aparentou ter problemas na cabeça foi Ruby Modine com sua Pamela Sims, que acaba sendo meio explosiva demais em alguns momentos, e aparentando ser doce em outros, mas sem ficar jogado na tela, e assim sendo o resultado acaba sendo bacana de ver, mostrando personalidade ao menos. Num primeiro momento o personagem de Mark Acheson parece estranho com seu Charlie, mas depois que entendemos a história, sua voz (ou melhor a voz nacional já que vi dublado) passa a ser bem marcante e chamativo, dando as devidas nuances para cada momento de "maldade" do protagonista. Quanto aos demais personagens, a maioria apenas participa das cenas, tendo leves destaques para David Lawrence Brown com seu Dean Sims  bem carismático e bacana com o protagonista, David Tomlinson com seu Max entregando o famoso ex-namorado possessivo e claro Logan Sawyer com seu jovem Billy bem alocado nas cenas do começo e do miolo do longa, mas sem dúvida quem teve uma participação mais chamativa entre os personagens secundários foi Sharon Bajer com sua Delphine completamente maluca na festa nazista.

Visualmente a trama mostrou bem a loja de Natal do pai com o depósito aonde o protagonista vai trabalhar, vemos vários momentos nas casas aonde o personagem vai com seu Machado e figurino completo para sua matança, tivemos muito sangue, tripas e cabeças rolando, além de boas dinâmicas numa casa abandonada no final, sendo tudo meio estilo B de cinema, mas que funciona dentro da proposta.

Enfim, fui preparado para odiar o longa e acabei gostando do resultado que me foi entregue, então para quem curte um terror bem simples, mas violento na medida certa, acaba valendo a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas ainda verei mais um longa hoje, então abraços e até mais tarde.


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