É tão bom quando você vai ao cinema preparado para xingar possuindo uma certeza de que estragaram um dos filmes mais bacanas de terror, afinal seu diretor favorito não é quem dirige, e sai da sessão extremamente feliz que viu que o roteirista honrou realmente sua história e fez algo no mesmo nível, quiçá até melhor! E posso dizer isso de "Sobrenatural - A Origem" com todas as letras, afinal se tem um estilo que costumo pegar no pé quando erram é o tal do terror, afinal para ser bom nesse gênero, não faz mal que entupa seu filme de clichês, mas sim que assuste, faça você pular da poltrona, arrepie com algumas cenas, e até ria em alguns momentos por besteiras que coloquem na trama, e se o filme consegue inserir tudo isso numa única trama, temos de tirar o chapéu e curtir com toda certeza, pois não é todo dia que temos bons filmes do gênero. Claro que o longa não é o estilo que mais agrada os fãs de terror que preferem monstrengos matadores em filmes de terror à espíritos demoníacos estranhos, mas quem for fã do segundo estilo, certamente sairá feliz da sala, e quem tiver visto o primeiro filme de 2010 e o segundo de 2013, que não são necessários para ver esse, sairá ainda mais contente com as aparições dos personagens, e principalmente com a cena de fechamento.
A sinopse em si é bem simples e nos mostra que Elise Rainier é uma médium que quase contra vontade, concorda em usar sua habilidade em contatar os mortos para ajudar uma adolescente que tem sido alvo de uma perigosa entidade sobrenatural.
Assim como é sucinta a sinopse, também tenho que falar que o longa mesmo chamando no Brasil como "A Origem", ainda acredito que se o roteirista original dos três filmes e agora diretor desse novo quiser no Capítulo 4, já que originalmente se chama "Chapter 3" na maioria dos países, fazer a história da jovem Elise e como ela passou a brigar com o espírito que lhe persegue, dará ainda uma ótima história, mas como as distribuidoras brasileiras gostam de colocar os termos "Origem", "Último" e "Final" em tudo que é lançado, vamos assim adotar aqui. Falando sobre a ideologia que Leigh Whannel criou há mais de 5 anos, podemos dizer que ele sempre largou pontinhas nos seus textos para que fossem sendo amarradas, e cuidadosamente, ele nos vai contextualizando tudo, prendendo nossa atenção para algo, e aí a tradição dos filmes de terror vem repentinamente e faz com que quem esteja prestando muita atenção na cena, pule da cadeira! Claro que muitos odeiam esse estilo, e particularmente, eu sou um desses quando não há um bom propósito na cena, mas confesso que hoje as cenas em que usou dessa linguagem foram tão bem feitas e inesperadamente invertidas ao tradicional, que valeram a pena, e digo mais, quem não assustar numa das primeiras cenas, sem dúvida a mais forte, pode sair da sessão e desistir, pois não é seu estilo de filme. Dito isso, o que vemos nessa nova história criada por Whannel é algo bem interessante para mostrar esses entes malignos que perseguem algumas pessoas, e ao trabalhar bem a desenvoltura da médium, a história ficou bacana de ser contada e vista sobre uma ótica diferente do que o excesso familiar dos outros dois filmes. É evidente que James Wan fez dois excelentes filmes, e particularmente eu estava com os dois pés atrás por não ser ele que estaria dirigindo esse novo capítulo por estar com "Velozes e Furiosos 7", e principalmente por ser a estreia de Whannel no comando das câmeras, e ainda por cima mantendo o roteiro como seu, e ainda estando à frente das câmeras já que tanto nos outros dois filmes já era um dos atores secundários, e agora vemos como ele acabou conhecendo a protagonista dos três. Mas contrariando todas as pedras que levei para tacar no filme, a satisfação foi tão grande pelo estilo próprio que ele mostrou de cores, densidade cênica, ângulos e tudo mais no estilo de conduzir, que posso certamente confiar que um quarto filme na sua mão irá funcionar bem. Uma sugestão completamente maluca seria, Wan ir para frente e Whannel para trás, tendo Capítulos 4 e 5!
No quesito atuação, geralmente atores de longas de terror costumam sair muito mal nas expressões, porém diferentemente do que costuma ocorrer que colocam atores em primeiros trabalhos, aqui foram mais cautelosos e escolheram até que bons atores, e certamente o resultado visto foi outro. Stefanie Scott trabalhou bem tanto o lado assustado de sua Quinn quanto o lado assustador quando possuída, e isso é bacana de ver, pois geralmente os atores sentem um certo desvio de personalidade quando atuam em terrores e não conseguem mostrar o seu medo frente ao desconhecido, e dessa maneira a jovem atriz saiu-se bem na maioria das cenas, claro que poderia em algumas entonações dos diálogos chamar mais atenção, mas suas expressões compensaram esses erros. Lin Shaye já pode dizer que o filme é seu após três protagonizações, claro que nos dois primeiros sua Elise ainda disputava o cargo com os demais, mas aqui deram preferência para as suas cenas, e a atriz veterana não desperdiçou um momento sequer, colocando personalidade, explosão de expressões (até lutar a jovem senhora de 62 anos mandou ver), e dessa maneira agradou bastante com o que fez, se tirarem ela de qualquer continuação certamente vão arrumar conflito com o público, então deem seus pulos. Dermot Mulroney até tenta mostrar uma certa preocupação com seu Sean, mas ficou muito omisso como pai e mesmo ao andar no apartamento superior ficou descrente demais da situação, o que é uma certa falha para longas de terror, então precisaria melhorar mais seu modo de agir e principalmente seus semblantes frente ao medo. Angus Sampson e o diretor Leigh Whannel continuam sendo a dupla dinâmica de caça-fantasmas Tucker e Specs, e aqui foram dignamente apresentados no melhor estilo como eram antes de trabalhar com Elise, e ficaram bem bacanas seus trejeitos medrosos, até mais do que nos outros filmes, e dessa maneira funcionaram bem como válvula de respiro frente à tudo que estava ocorrendo. Outro que merece os parabéns, mas que tradicionalmente sem maquiagem não iríamos conhecer de forma alguma é Michael Reed Mackay, pois ao entrar dentro do personagem assombroso do Homem Que Não Conseguia Respirar, ele deu boas nuances assustadoras e mesmo sem bater papo com os protagonistas, conseguiu se expressar muito bem.
Sobre o conceito visual da trama, temos tudo do mais tradicional, pois ao invés de uma casa mal-assombrada, agora temos um prédio inteiro com histórico ruim, e um grande acerto da trama foi colocar diversos elementos cênicos como pontos importantes de observação, então reparem sempre nos detalhes que o diretor incita dando close, que na sequência aquilo vai ser importante para algo, e aliado à isso, trabalhou muito com cores, assim como já foi de praxe nos capítulos anteriores, dando destaque à tons de vermelho para representar os símbolos mais interessantes de elo entre os dois mundos, e juntamente com isso trabalhando essas cenas do além com um verde azulado bem bacana, e claro como usado nos outros também, a famosa lanterna para guiar a protagonista na escuridão das trevas, e dessa vez, ela veio bem bonita com um tom de azul forte e interessante. Além de bons elementos da equipe cênica, que entraram certeiros nos momentos mais precisos, um bom longa de terror só funciona se escurecer tudo e formos surpreendidos ao esforçar a vista para enxergar no meio da escuridão e de lá surgir algo, isso é o clichê máximo, mas funciona sempre, e aqui o diretor de fotografia soube dosar os tons de uma maneira muito bem interessante para não ficarmos com um filme duro e que abusaria somente disso, mas criou todo um ambiente bem denso e gostoso de vivenciar.
Claro que a sonoplastia de filmes de terror tem toda uma simbologia, e em diversos momentos já ficamos até preparados para o susto iminente com o decorrer da trilha, e Joseph Bishara que já estamos tão acostumados com trilhas para diversos longas do gênero não decepciona junto da equipe de sons que não mantiveram tão forte o "tec tec" dos longas anteriores do equipamento usado pela médium, mas aqui trabalharam mais com o barulho do respiro ofegante da entidade.
Enfim, novamente a tática de ir ao cinema não esperando nada, ou até pronto para atirar pedras funcionou, e acabei gostando até demais do que me foi mostrado na tela do cinema, e ainda mais felizmente peguei uma sessão sem jovens infantis que costumam atrapalhar toda a tensão que o gênero pede. Portanto recomendo que procurem horários não tão no fim do dia, que é quando esse pessoal frequenta as salas, e certamente quem gosta do estilo terror de espíritos, vai sair bem feliz (se é essa a palavra para definir passar medo ou assustar com o que vê, e gostar) com o que verá. Fico por aqui com o único filme que veio além do que já assisti na pré de terça-feira, então volto somente na próxima quinta, se não tiver entrado em estado caótico de tanta abstinência, com a torcida para que apareça uma boa quantidade de longas. Então abraços e até semana que vem pessoal.
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A sinopse em si é bem simples e nos mostra que Elise Rainier é uma médium que quase contra vontade, concorda em usar sua habilidade em contatar os mortos para ajudar uma adolescente que tem sido alvo de uma perigosa entidade sobrenatural.
Assim como é sucinta a sinopse, também tenho que falar que o longa mesmo chamando no Brasil como "A Origem", ainda acredito que se o roteirista original dos três filmes e agora diretor desse novo quiser no Capítulo 4, já que originalmente se chama "Chapter 3" na maioria dos países, fazer a história da jovem Elise e como ela passou a brigar com o espírito que lhe persegue, dará ainda uma ótima história, mas como as distribuidoras brasileiras gostam de colocar os termos "Origem", "Último" e "Final" em tudo que é lançado, vamos assim adotar aqui. Falando sobre a ideologia que Leigh Whannel criou há mais de 5 anos, podemos dizer que ele sempre largou pontinhas nos seus textos para que fossem sendo amarradas, e cuidadosamente, ele nos vai contextualizando tudo, prendendo nossa atenção para algo, e aí a tradição dos filmes de terror vem repentinamente e faz com que quem esteja prestando muita atenção na cena, pule da cadeira! Claro que muitos odeiam esse estilo, e particularmente, eu sou um desses quando não há um bom propósito na cena, mas confesso que hoje as cenas em que usou dessa linguagem foram tão bem feitas e inesperadamente invertidas ao tradicional, que valeram a pena, e digo mais, quem não assustar numa das primeiras cenas, sem dúvida a mais forte, pode sair da sessão e desistir, pois não é seu estilo de filme. Dito isso, o que vemos nessa nova história criada por Whannel é algo bem interessante para mostrar esses entes malignos que perseguem algumas pessoas, e ao trabalhar bem a desenvoltura da médium, a história ficou bacana de ser contada e vista sobre uma ótica diferente do que o excesso familiar dos outros dois filmes. É evidente que James Wan fez dois excelentes filmes, e particularmente eu estava com os dois pés atrás por não ser ele que estaria dirigindo esse novo capítulo por estar com "Velozes e Furiosos 7", e principalmente por ser a estreia de Whannel no comando das câmeras, e ainda por cima mantendo o roteiro como seu, e ainda estando à frente das câmeras já que tanto nos outros dois filmes já era um dos atores secundários, e agora vemos como ele acabou conhecendo a protagonista dos três. Mas contrariando todas as pedras que levei para tacar no filme, a satisfação foi tão grande pelo estilo próprio que ele mostrou de cores, densidade cênica, ângulos e tudo mais no estilo de conduzir, que posso certamente confiar que um quarto filme na sua mão irá funcionar bem. Uma sugestão completamente maluca seria, Wan ir para frente e Whannel para trás, tendo Capítulos 4 e 5!
No quesito atuação, geralmente atores de longas de terror costumam sair muito mal nas expressões, porém diferentemente do que costuma ocorrer que colocam atores em primeiros trabalhos, aqui foram mais cautelosos e escolheram até que bons atores, e certamente o resultado visto foi outro. Stefanie Scott trabalhou bem tanto o lado assustado de sua Quinn quanto o lado assustador quando possuída, e isso é bacana de ver, pois geralmente os atores sentem um certo desvio de personalidade quando atuam em terrores e não conseguem mostrar o seu medo frente ao desconhecido, e dessa maneira a jovem atriz saiu-se bem na maioria das cenas, claro que poderia em algumas entonações dos diálogos chamar mais atenção, mas suas expressões compensaram esses erros. Lin Shaye já pode dizer que o filme é seu após três protagonizações, claro que nos dois primeiros sua Elise ainda disputava o cargo com os demais, mas aqui deram preferência para as suas cenas, e a atriz veterana não desperdiçou um momento sequer, colocando personalidade, explosão de expressões (até lutar a jovem senhora de 62 anos mandou ver), e dessa maneira agradou bastante com o que fez, se tirarem ela de qualquer continuação certamente vão arrumar conflito com o público, então deem seus pulos. Dermot Mulroney até tenta mostrar uma certa preocupação com seu Sean, mas ficou muito omisso como pai e mesmo ao andar no apartamento superior ficou descrente demais da situação, o que é uma certa falha para longas de terror, então precisaria melhorar mais seu modo de agir e principalmente seus semblantes frente ao medo. Angus Sampson e o diretor Leigh Whannel continuam sendo a dupla dinâmica de caça-fantasmas Tucker e Specs, e aqui foram dignamente apresentados no melhor estilo como eram antes de trabalhar com Elise, e ficaram bem bacanas seus trejeitos medrosos, até mais do que nos outros filmes, e dessa maneira funcionaram bem como válvula de respiro frente à tudo que estava ocorrendo. Outro que merece os parabéns, mas que tradicionalmente sem maquiagem não iríamos conhecer de forma alguma é Michael Reed Mackay, pois ao entrar dentro do personagem assombroso do Homem Que Não Conseguia Respirar, ele deu boas nuances assustadoras e mesmo sem bater papo com os protagonistas, conseguiu se expressar muito bem.
Sobre o conceito visual da trama, temos tudo do mais tradicional, pois ao invés de uma casa mal-assombrada, agora temos um prédio inteiro com histórico ruim, e um grande acerto da trama foi colocar diversos elementos cênicos como pontos importantes de observação, então reparem sempre nos detalhes que o diretor incita dando close, que na sequência aquilo vai ser importante para algo, e aliado à isso, trabalhou muito com cores, assim como já foi de praxe nos capítulos anteriores, dando destaque à tons de vermelho para representar os símbolos mais interessantes de elo entre os dois mundos, e juntamente com isso trabalhando essas cenas do além com um verde azulado bem bacana, e claro como usado nos outros também, a famosa lanterna para guiar a protagonista na escuridão das trevas, e dessa vez, ela veio bem bonita com um tom de azul forte e interessante. Além de bons elementos da equipe cênica, que entraram certeiros nos momentos mais precisos, um bom longa de terror só funciona se escurecer tudo e formos surpreendidos ao esforçar a vista para enxergar no meio da escuridão e de lá surgir algo, isso é o clichê máximo, mas funciona sempre, e aqui o diretor de fotografia soube dosar os tons de uma maneira muito bem interessante para não ficarmos com um filme duro e que abusaria somente disso, mas criou todo um ambiente bem denso e gostoso de vivenciar.
Claro que a sonoplastia de filmes de terror tem toda uma simbologia, e em diversos momentos já ficamos até preparados para o susto iminente com o decorrer da trilha, e Joseph Bishara que já estamos tão acostumados com trilhas para diversos longas do gênero não decepciona junto da equipe de sons que não mantiveram tão forte o "tec tec" dos longas anteriores do equipamento usado pela médium, mas aqui trabalharam mais com o barulho do respiro ofegante da entidade.
Enfim, novamente a tática de ir ao cinema não esperando nada, ou até pronto para atirar pedras funcionou, e acabei gostando até demais do que me foi mostrado na tela do cinema, e ainda mais felizmente peguei uma sessão sem jovens infantis que costumam atrapalhar toda a tensão que o gênero pede. Portanto recomendo que procurem horários não tão no fim do dia, que é quando esse pessoal frequenta as salas, e certamente quem gosta do estilo terror de espíritos, vai sair bem feliz (se é essa a palavra para definir passar medo ou assustar com o que vê, e gostar) com o que verá. Fico por aqui com o único filme que veio além do que já assisti na pré de terça-feira, então volto somente na próxima quinta, se não tiver entrado em estado caótico de tanta abstinência, com a torcida para que apareça uma boa quantidade de longas. Então abraços e até semana que vem pessoal.