Se existe uma coisa que não me agrada muito é ver um filme que tenha muitas semelhanças com outro que tenha visto recentemente. Não por reclamar da falta de originalidade de roteiros, mas por acabar fazendo tantas comparações durante a exibição que acabo nem curtindo tanto o filme como deveria. E infelizmente "A Garota do Livro" foi lançado nos cinemas nacionais apenas 7 dias após o lançamento de "Pais e Filhas", que embora possuam dois estilos de traumas bem diferentes, trabalham num mesmo formato de drama (o de livros em que as protagonistas dos filmes na versão adulta são as personagens principais do livro na versão criança) e até possuem semelhanças grandes nos problemas que acabam sofrendo, nas quebras de relacionamentos, e assim sendo praticamente quem viu um, vai acabar assistindo ao outro ligando cada detalhe como se fosse uma continuação ou no caso, uma cópia não tão bem feita um do outro. Digo isso, pois o que no outro o filme o tormento psicológico tenha sido abalado, o amor ainda acaba comovendo, enquanto aqui embora seja algo bem mais traumático, acabamos não acreditando tanto na problematização que a atriz nos entrega. Ou seja, pode até ser que algumas feministas fiquem revoltadíssimas com o filme, afinal o cunho machista da trama acaba sendo até forçado demais, mas poderiam ter feito um longa mais comovente ou mais impactante, que acabaríamos mais tocados.
O longa nos mostra que Alice Harvey, de 28 anos, é uma assistente de uma editora de livros, e sonha em ser escritora. Filha de um poderoso agente literário de Nova York, ela vai ser obrigada e enfrentar dolorosos acontecimentos de seu passado, ao ser convidada para trabalhar no lançamento de um livro de Milan Daneker, um antigo cliente de seu pai. A jovem precisará ter forças para enfrentar antigos demônios de sua mente, e quebrar seu bloqueio criativo que a impede de realizar seus desejos.
Agora que já fiz as devidas comparações, vou falar apenas desse filme, afinal não tenho como determinar quem foi realmente escrito primeiro, se algum pegou ideia do outro, ou se foram realmente apenas coincidências criativas, já que nenhum dos dois é baseado em qualquer livro real, mesmo que os livros lançados nas tramas pareçam bem reais como bestsellers. A diretora e roteirista estreante Marya Cohn até conseguiu amarrar bem as nuances da história para tentar levar o mistério até os últimos momentos, mas como já vimos tantos filmes desse estilo, fica claro desde o primeiro olhar da protagonista na versão infantil, qual o desfecho da situação (e felizmente não apelaram para algo mais explícito, que certamente com um diretor mais traumático colocaria na tela), e essa tentativa de explicação para a jovem adulta ser tão traumatizada é de certa maneira ingênua demais para que o público se envolva com ela, acabando que até vamos seguindo o ritmo do que nos é mostrado na tela, com tomadas ora rápidas, ora mais calmas, mas nada que você ao final esteja conectado desejando saber qualquer desenrolar além do que nos é mostrado. Ou seja, é um filme bem simples de estreia da diretora, que vai precisar seguir uma nova linhagem quando nos entregar mais algum novo longa, pois se continuar dessa forma, logo acabará queimada, e esquecida.
No quesito atuação, Emily VanCamp é uma atriz que não sai da moda, pois sempre procura estar ao mesmo tempo em algum blockbuster do cinema ou da TV, fazendo personagens marcantes, e também pegando longas alternativos, como é o caso de sua Alice aqui, e não digo que ela tenha feito algo errado para com sua personagem, mas acredito que o roteiro que esteve em sua mão não deu detalhes para que a vivência criasse algum estilo de distúrbio maior na cabeça da personagem que a atriz pudesse colocar em pauta na trama, e dessa maneira soou um pouco artificial seus momentos. Ana Mulvoy-Ten já fez diversos trabalhos na TV, mas sua estreia na telona será marcada por expressões bem fora de um realismo cabível para uma jovem, pois sua jovem Alice em quase todas as cenas trabalhou com algo entre alguém apaixonado demais pela outra pessoa e algo que se assemelhasse demais com espanto, o que não era certamente a expressão mais coesa para os momentos. Michael Nyqvist é um ator diferenciado que costuma fazer boas interpretações em longas de ação, e aqui até ousou em aparecer no mesmo papel em duas épocas diferentes, mudando apenas o corte de cabelo, mas essa mudança de visual acabou não sendo tão incorporada no estilo de atuar, e seu Milan acaba sendo um misto de pervertido com alguém que não liga para conceitos, e claro que talvez essa seja a característica que a diretora desejava dele, mas poderia ter trabalhado com algo mais forte para realmente caracterizar o "crime" que acabou cometendo. Ainda estou na dúvida do que é o personagem Emmett de David Call na trama, se ele é um candidato a senador, se é apenas um ativista, ou apenas um ator "bonito" colocado para criar um relacionamento manjado dentro da trama, pois suas cenas foram cortadas de maneira bem estranha para com o desenvolvimento do personagem, e isso é algo um pouco incomum que acabou estragando um pouco da magia romântica que o longa poderia demonstrar, mas o ator fez o que pode para sair-se bem. Os demais atores nem tiveram tantas aparições para chamar atenção, ou melhor, alguns até apareceram bastante como Michael Christopher como o pai da jovem, Ali Ahn como Sadie, e até Jordan Lage como o chefe da protagonista, mas todos apenas jogavam suas deixas para que a protagonista seguisse a linha, e isso não é algo bacana de ver em dramas, então não merecem destaque.
Sobre o visual da trama, também não podemos falar que a equipe quis criar algo interessante de se ver, pois ao optar por algo mais barato e básico, nenhum apartamento teve elementos emblemáticos, todas as locações foram escolhidas para simbolizar restaurantes, livrarias, um escritório bagunçado de uma editora (que certamente ficou bem fora do usual comum que são os escritórios modernos de escritoras renomadas), alguns parques para ter cenas externas, e até bares bem fraquinhos sem que nada chamasse atenção, ou seja, a equipe de arte até fez o seu trabalho, mas nada que você possa elogiar de qualquer cena, e mesmo na cena de aniversário, foram econômicos com algumas bandeirinhas e cupcakes. Enquanto a fotografia tentou ousar colocando alguns filtros coloridos, e nas cenas do passado aplicando tons mais esbranquiçados para dar uma diferença cênica fora dos padrões comuns, ou seja, até ver que tentaram algo diferenciado, mas nada que envolva realmente.
Ou seja, um filme padrão que até quem tiver vivido algo do estilo poderá se envolver, mas que por ser fraco na montagem e na direção acaba ficando abaixo da média, e como disse acima, acabará sendo esquecido por quem for conferir a trama apenas por conferir. E sendo assim não recomendo o longa para ninguém, somente deixando aberto para quem desejar ver mais uma obra que mistura passado e presente, envolvendo condições de estudo sobre traumas, e nada mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda tenho uma estreia dessa semana para conferir, então abraços e até breve.
Leia Mais
O longa nos mostra que Alice Harvey, de 28 anos, é uma assistente de uma editora de livros, e sonha em ser escritora. Filha de um poderoso agente literário de Nova York, ela vai ser obrigada e enfrentar dolorosos acontecimentos de seu passado, ao ser convidada para trabalhar no lançamento de um livro de Milan Daneker, um antigo cliente de seu pai. A jovem precisará ter forças para enfrentar antigos demônios de sua mente, e quebrar seu bloqueio criativo que a impede de realizar seus desejos.
Agora que já fiz as devidas comparações, vou falar apenas desse filme, afinal não tenho como determinar quem foi realmente escrito primeiro, se algum pegou ideia do outro, ou se foram realmente apenas coincidências criativas, já que nenhum dos dois é baseado em qualquer livro real, mesmo que os livros lançados nas tramas pareçam bem reais como bestsellers. A diretora e roteirista estreante Marya Cohn até conseguiu amarrar bem as nuances da história para tentar levar o mistério até os últimos momentos, mas como já vimos tantos filmes desse estilo, fica claro desde o primeiro olhar da protagonista na versão infantil, qual o desfecho da situação (e felizmente não apelaram para algo mais explícito, que certamente com um diretor mais traumático colocaria na tela), e essa tentativa de explicação para a jovem adulta ser tão traumatizada é de certa maneira ingênua demais para que o público se envolva com ela, acabando que até vamos seguindo o ritmo do que nos é mostrado na tela, com tomadas ora rápidas, ora mais calmas, mas nada que você ao final esteja conectado desejando saber qualquer desenrolar além do que nos é mostrado. Ou seja, é um filme bem simples de estreia da diretora, que vai precisar seguir uma nova linhagem quando nos entregar mais algum novo longa, pois se continuar dessa forma, logo acabará queimada, e esquecida.
No quesito atuação, Emily VanCamp é uma atriz que não sai da moda, pois sempre procura estar ao mesmo tempo em algum blockbuster do cinema ou da TV, fazendo personagens marcantes, e também pegando longas alternativos, como é o caso de sua Alice aqui, e não digo que ela tenha feito algo errado para com sua personagem, mas acredito que o roteiro que esteve em sua mão não deu detalhes para que a vivência criasse algum estilo de distúrbio maior na cabeça da personagem que a atriz pudesse colocar em pauta na trama, e dessa maneira soou um pouco artificial seus momentos. Ana Mulvoy-Ten já fez diversos trabalhos na TV, mas sua estreia na telona será marcada por expressões bem fora de um realismo cabível para uma jovem, pois sua jovem Alice em quase todas as cenas trabalhou com algo entre alguém apaixonado demais pela outra pessoa e algo que se assemelhasse demais com espanto, o que não era certamente a expressão mais coesa para os momentos. Michael Nyqvist é um ator diferenciado que costuma fazer boas interpretações em longas de ação, e aqui até ousou em aparecer no mesmo papel em duas épocas diferentes, mudando apenas o corte de cabelo, mas essa mudança de visual acabou não sendo tão incorporada no estilo de atuar, e seu Milan acaba sendo um misto de pervertido com alguém que não liga para conceitos, e claro que talvez essa seja a característica que a diretora desejava dele, mas poderia ter trabalhado com algo mais forte para realmente caracterizar o "crime" que acabou cometendo. Ainda estou na dúvida do que é o personagem Emmett de David Call na trama, se ele é um candidato a senador, se é apenas um ativista, ou apenas um ator "bonito" colocado para criar um relacionamento manjado dentro da trama, pois suas cenas foram cortadas de maneira bem estranha para com o desenvolvimento do personagem, e isso é algo um pouco incomum que acabou estragando um pouco da magia romântica que o longa poderia demonstrar, mas o ator fez o que pode para sair-se bem. Os demais atores nem tiveram tantas aparições para chamar atenção, ou melhor, alguns até apareceram bastante como Michael Christopher como o pai da jovem, Ali Ahn como Sadie, e até Jordan Lage como o chefe da protagonista, mas todos apenas jogavam suas deixas para que a protagonista seguisse a linha, e isso não é algo bacana de ver em dramas, então não merecem destaque.
Sobre o visual da trama, também não podemos falar que a equipe quis criar algo interessante de se ver, pois ao optar por algo mais barato e básico, nenhum apartamento teve elementos emblemáticos, todas as locações foram escolhidas para simbolizar restaurantes, livrarias, um escritório bagunçado de uma editora (que certamente ficou bem fora do usual comum que são os escritórios modernos de escritoras renomadas), alguns parques para ter cenas externas, e até bares bem fraquinhos sem que nada chamasse atenção, ou seja, a equipe de arte até fez o seu trabalho, mas nada que você possa elogiar de qualquer cena, e mesmo na cena de aniversário, foram econômicos com algumas bandeirinhas e cupcakes. Enquanto a fotografia tentou ousar colocando alguns filtros coloridos, e nas cenas do passado aplicando tons mais esbranquiçados para dar uma diferença cênica fora dos padrões comuns, ou seja, até ver que tentaram algo diferenciado, mas nada que envolva realmente.
Ou seja, um filme padrão que até quem tiver vivido algo do estilo poderá se envolver, mas que por ser fraco na montagem e na direção acaba ficando abaixo da média, e como disse acima, acabará sendo esquecido por quem for conferir a trama apenas por conferir. E sendo assim não recomendo o longa para ninguém, somente deixando aberto para quem desejar ver mais uma obra que mistura passado e presente, envolvendo condições de estudo sobre traumas, e nada mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda tenho uma estreia dessa semana para conferir, então abraços e até breve.