Acho engraçado (e ao mesmo tempo triste) quando saio de uma sessão sem saber qual era a proposta de um filme, pois "Duas de Mim" não diverte com sua proposta, não faz rir em quase nenhum momento, satiriza programas de culinária, porém de forma bem jogada e forçada, não impacta no âmbito familiar com a mensagem que aparentava ter, ou seja, tem um pouco de tudo e ao mesmo tempo não tem nada, criando um filme bem produzido e só. Ou seja, é daqueles filmes que ficamos na sessão esperando acontecer algo, ele passa inteiro, e quando vemos já está subindo os créditos sem ter causado nenhuma sensação no público (pelo menos em alguns sentimos raiva de ver algo tão ruim, o que nem isso ocorre aqui!), de modo que não digo em momento algum que a ideia foi ruim, pois quantas vezes já não desejamos ser dois para dar conta de tudo o que temos de fazer, quantos filmes já vimos de clones que acabam assumindo a personalidade do original, quantos programas ruins de culinária existem para serem satirizados, mas tudo de uma vez sem um cerne bem mais moldado, e principalmente, comicidade simplória em um filme que tenta apelar para rir e não consegue, acaba sendo algo que precisavam ter se preocupado na montagem ao menos. E para não ser injusto com a trama, sim, o público riu em umas duas ou três cenas, mas para algo de 82 minutos, necessitava mais.
O longa nos conta que Suryellen é uma cozinheira que trabalha duro para manter sozinha o filho pequeno, a irmã mais nova e a mãe. Um dia, após encontrar uma doceira mágica, seu pedido vira realidade e ela se divide em duas. Só que sua cópia, idêntica fisicamente, tem claras diferenças de personalidade, sendo muito mais extrovertida e corajosa. A ideia seria dividir as tarefas com a comparsa, mas logo Suryellen percebe que sua sósia tem planos próprios.
Em seu primeiro rasante fora das novelas e séries, a diretora Cininha de Paula (que desde os anos 90 faz muitos brasileiros rirem com ótimos programas humorísticos na TV como "Escolinha do Professor Raimundo", "Sai De Baixo", "Toma Lá, Dá Cá", entre outros) até trabalhou um contexto cômico determinado a seguir uma linha, porém diferente da TV que sempre tem chances de dar uma reviravolta com alguma piada bem encaixada, no cinema essa mesma piada precisa ou ser desenvolvida durante a trama, ou colocada diretamente em gags/esquetes prontas para determinado momento, e aqui ela até tentou com algumas leves sacadas, mas o filme não aceitou bem a proposta, acabando que ao tentar algo diferenciado, o resultado seguinte acabava engolindo e já voltando para o marasmo completo que o filme acaba sendo. Felizmente um ponto bem positivo para o longa é que ele tem ritmo, e é bem curto, e assim sendo acabamos não nos cansando com o que é apresentado, mas vindo dela e de um dos grandes nomes do roteiro nacional L.G. Bayão, o filme passa bem despercebido, e não empolga em momento algum, aparentando faltar (usando analogia da própria trama) tempero/sal para dar um sabor melhor ao resultado final.
Sobre as atuações, basicamente temos de falar apenas de Thalita Carauta que fazendo dois personagens (tendo apenas uma dublê de corpo para as cenas que aparecem as duas juntas) até conseguiu trabalhar bem duas personalidades, uma mais sofrida de família que rala muito para conseguir ter seu teto, pagar suas contas e cuidar do filho, e outra mais despojada, pronta para tudo e cheia de trejeitos, porém por ser um filme de comédia, e ela ser uma comediante de profissão, acabou forçando demais e atuando de menos, não trabalhando cada ato como merecia ser feito por uma protagonista, e assim sendo sua Suryellen acaba sendo um personagem comum na trama, sem muito desenvolvimento, mas que faz bem o papel, ou seja, a famosa síndrome do ator que só faz coadjuvantes, mas quando ganha um papel principal não corresponde como poderia, ou seja, não digo que seja uma atriz ruim, muito pelo contrário, fez bem seus papéis, mas não surpreendeu como poderia. Como cantor Latino já não é algo impressionante, então falar de sua atuação como Chicão é ser repetitivo demais, e por mais que tenha se esforçado com bons trejeitos, era alguém perdido em cena fazendo cover dele mesmo. Os demais praticamente todos fazem participações, alguns aparecendo um pouco mais, outros menos, mas nada que surpreenda ou chame atenção para valer destacar positivamente, muito pelo contrário, alguns fazendo até eles mesmos como o júri do programa culinário, foi algo que sequer valesse as boas cenas.
Como disse no começo, a produção do longa foi tão bem pensada que certamente deu muito trabalho para a equipe de arte, contando com muita comida sendo feita para funcionar visualmente, locações simples, mas bem elaboradas para chamar a atenção e dar contexto para cada momento, e principalmente bons figurinos e figurantes para compor cada cena do longa, de modo que o filme mesmo falhando na comicidade acabe ficando bonito cenicamente, o que é uma pena, pois se acertassem a mão no restante, o resultado seria incrível de ver na tela. Como é uma diretora de TV, Cininha colocou uma equipe de fotografia muito focada em não dar profundidade, criando um ambiente quase de tom claro demais, e essa falta de mistura de quente/frio que faz dar fome, ou faz rir, ou até mesmo cria climas na trama, foi um dos pontos que certamente podem ter falhado e ajudado o resultado final.
Enfim, volto a falar que não é um filme ruim, não temos atuações ruins, só é fraco de conteúdo por não atingir nenhum dos muitos vértices que acabou mostrando na tela, e sendo assim, muitos que irão ao cinema conferir o longa vai sair da mesma forma que entrou na sala: sem saber o que viu, se foi uma comédia, um drama, uma série, ou nada mesmo. Portanto essa acaba sendo minha recomendação, se for ao cinema ver o longa baixe todas as expectativas para rir de algo, e curta o que for entregue de uma maneira bem simples, mas caso queira pular esse longa nacional (o que é uma tristeza para o grande momento que estamos tendo com ótimos exemplares de filmes), pode pular tranquilamente. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta conferir a grande estreia da semana, que com horários legendados meio fora do padrão acabei deixando para ver no fim de semana, então abraços e até breve com mais um texto.
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O longa nos conta que Suryellen é uma cozinheira que trabalha duro para manter sozinha o filho pequeno, a irmã mais nova e a mãe. Um dia, após encontrar uma doceira mágica, seu pedido vira realidade e ela se divide em duas. Só que sua cópia, idêntica fisicamente, tem claras diferenças de personalidade, sendo muito mais extrovertida e corajosa. A ideia seria dividir as tarefas com a comparsa, mas logo Suryellen percebe que sua sósia tem planos próprios.
Em seu primeiro rasante fora das novelas e séries, a diretora Cininha de Paula (que desde os anos 90 faz muitos brasileiros rirem com ótimos programas humorísticos na TV como "Escolinha do Professor Raimundo", "Sai De Baixo", "Toma Lá, Dá Cá", entre outros) até trabalhou um contexto cômico determinado a seguir uma linha, porém diferente da TV que sempre tem chances de dar uma reviravolta com alguma piada bem encaixada, no cinema essa mesma piada precisa ou ser desenvolvida durante a trama, ou colocada diretamente em gags/esquetes prontas para determinado momento, e aqui ela até tentou com algumas leves sacadas, mas o filme não aceitou bem a proposta, acabando que ao tentar algo diferenciado, o resultado seguinte acabava engolindo e já voltando para o marasmo completo que o filme acaba sendo. Felizmente um ponto bem positivo para o longa é que ele tem ritmo, e é bem curto, e assim sendo acabamos não nos cansando com o que é apresentado, mas vindo dela e de um dos grandes nomes do roteiro nacional L.G. Bayão, o filme passa bem despercebido, e não empolga em momento algum, aparentando faltar (usando analogia da própria trama) tempero/sal para dar um sabor melhor ao resultado final.
Sobre as atuações, basicamente temos de falar apenas de Thalita Carauta que fazendo dois personagens (tendo apenas uma dublê de corpo para as cenas que aparecem as duas juntas) até conseguiu trabalhar bem duas personalidades, uma mais sofrida de família que rala muito para conseguir ter seu teto, pagar suas contas e cuidar do filho, e outra mais despojada, pronta para tudo e cheia de trejeitos, porém por ser um filme de comédia, e ela ser uma comediante de profissão, acabou forçando demais e atuando de menos, não trabalhando cada ato como merecia ser feito por uma protagonista, e assim sendo sua Suryellen acaba sendo um personagem comum na trama, sem muito desenvolvimento, mas que faz bem o papel, ou seja, a famosa síndrome do ator que só faz coadjuvantes, mas quando ganha um papel principal não corresponde como poderia, ou seja, não digo que seja uma atriz ruim, muito pelo contrário, fez bem seus papéis, mas não surpreendeu como poderia. Como cantor Latino já não é algo impressionante, então falar de sua atuação como Chicão é ser repetitivo demais, e por mais que tenha se esforçado com bons trejeitos, era alguém perdido em cena fazendo cover dele mesmo. Os demais praticamente todos fazem participações, alguns aparecendo um pouco mais, outros menos, mas nada que surpreenda ou chame atenção para valer destacar positivamente, muito pelo contrário, alguns fazendo até eles mesmos como o júri do programa culinário, foi algo que sequer valesse as boas cenas.
Como disse no começo, a produção do longa foi tão bem pensada que certamente deu muito trabalho para a equipe de arte, contando com muita comida sendo feita para funcionar visualmente, locações simples, mas bem elaboradas para chamar a atenção e dar contexto para cada momento, e principalmente bons figurinos e figurantes para compor cada cena do longa, de modo que o filme mesmo falhando na comicidade acabe ficando bonito cenicamente, o que é uma pena, pois se acertassem a mão no restante, o resultado seria incrível de ver na tela. Como é uma diretora de TV, Cininha colocou uma equipe de fotografia muito focada em não dar profundidade, criando um ambiente quase de tom claro demais, e essa falta de mistura de quente/frio que faz dar fome, ou faz rir, ou até mesmo cria climas na trama, foi um dos pontos que certamente podem ter falhado e ajudado o resultado final.
Enfim, volto a falar que não é um filme ruim, não temos atuações ruins, só é fraco de conteúdo por não atingir nenhum dos muitos vértices que acabou mostrando na tela, e sendo assim, muitos que irão ao cinema conferir o longa vai sair da mesma forma que entrou na sala: sem saber o que viu, se foi uma comédia, um drama, uma série, ou nada mesmo. Portanto essa acaba sendo minha recomendação, se for ao cinema ver o longa baixe todas as expectativas para rir de algo, e curta o que for entregue de uma maneira bem simples, mas caso queira pular esse longa nacional (o que é uma tristeza para o grande momento que estamos tendo com ótimos exemplares de filmes), pode pular tranquilamente. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta conferir a grande estreia da semana, que com horários legendados meio fora do padrão acabei deixando para ver no fim de semana, então abraços e até breve com mais um texto.