Acho bem interessante quando aprendemos algo sobre as leis americanas nos filmes, por exemplo dizer qual parte é ilegal numa jogatina, a qual você não pode ter lucro sobre os jogos, mas pode organizar (e claro receber gorjetas dos jogadores), mas bem mais do que isso a grande cartada do filme "A Grande Jogada" é a de desenvolver uma trama cheia de artimanhas, aonde ao mostrar as diversas jogatinas que a protagonista desenvolveu, misturando sua argumentação para seu julgamento junto de seu advogado, colocando sua desenvoltura familiar e esportiva quando mais nova, num mix tão desordenado de acontecimentos, que se não fosse por uma atriz tão competente o roteiro e a direção do premiadíssimo Aaron Sorkin acabaria desgovernada e fadada ao esquecimento. Não digo que seja um filme ruim, muito pelo contrário, mas a bagunça é tamanha na edição que o filme acaba desconexo em certos momentos e termina de uma forma digamos boba para tudo o que foi apresentado. Claro que pela dinâmica desenfreada apresentada, o longa que possui grandes pitadas dramáticas acaba virando uma ação cheia de adrenalina, e com isso nos divertimos muito com as grandes jogadas de pôquer contadas e mostradas, num ritmo bem forte e também acabamos nos preocupando com a protagonista que acaba nos cativando, mas a falta de uma linearidade mais plana, e um final mais convincente acabou transformando algo que poderia ser inesquecível em mais um longa baseado em fatos reais, que de tão absurdo acaba agradando naquele momento em que estamos assistindo e só, como já tivemos tantos outros.
A sinopse nos mostra que após perder a chance de participar dos Jogos Olímpicos devido a uma fatalidade que resultou em um grave acidente, a esquiadora Molly Bloom decide tirar um ano de folga dos estudos e ir trabalhar como garçonete em Los Angeles. Lá conhece Dean Keith, um produtor de cinema que decide contratá-la como assistente. Logo Molly passa a coordenar jogos de cartas clandestinos, organizados por Dean, que conta com clientes muito ricos e famosos. Fascinada com o ambiente e a possibilidade de enriquecer facilmente, Molly começa a prestar atenção a todos os detalhes para que ela própria possa organizar jogos do tipo.
Como bem sabemos Aaron Sorkin é famoso pelos ótimos roteiros que escreve (tanto que esse também está indicado à melhor Roteiro Adaptado ao Oscar) e um dos seus grandes roteiros é "A Rede Social", aonde levou diversos prêmios, e aqui em sua primeira direção ele pediu ajuda para claro o diretor de que lhe fez ganhar o prêmio, David Fincher, o que fez com que esse filme ficasse a versão pôquer do longa sobre o Facebook, com muita dinâmica, mas que poderia ser melhor desenvolvido se caísse realmente nas mãos de um diretor de renome, e não num marinheiro de primeira viagem. Não digo que o trabalho que Sorkin fez foi algo ruim, mas ele exagerou em idas e vindas para mostrar a infância problemática da protagonista com o pai (que na penúltima cena é até melhor detalhado numa versão rápida de um divã), e também por ser baseado no livro da protagonista, toda hora ela narrando/contando algo acabou soando chato demais, porém felizmente não ficou cansativo. Dito isso, temos de pontuar que as ótimas cenas de jogo, e principalmente os bons momentos da infância que mostraram sua competitividade no esqui, embora a família fosse bem complicada para ela, ou seja, um filme dramático com um arco bem forte.
Agora sem dúvida alguma o grande nome do filme é Jéssica Chastain que trabalhou olhares, colocou dinâmicas expressivas e criou algo tão forte para a personalidade de Molly que não só foi uma ótima escolha, como foi um acerto, pois pelo que é falado nos bastidos a verdadeira Molly Bloom que pediu que fosse ela a protagonista, e certamente com outra atriz o resultado seria bem diferente, ou seja, uma escolha que mudou completamente a trama, e isso só poucas atrizes conseguem. Idris Elba é um ator bem forte em suas interpretações, e ultimamente que andamos conhecendo mais seu lado dramático ao invés de performático, ele tem agradado bastante chamando a responsabilidade e fazendo caras e bocas que impactam logo de cara e convencem do que ele está fazendo, e sendo assim o advogado Charlie acaba sendo uma grata colocação na trama. Sabemos que Kevin Costner não é mais aquele ator impactante de antigamente, mas aqui seu Larry Bloom foi um pai digamos bem colocado, que por ser psicólogo trabalhou bem o espírito e criou cenas dialogadas bem fortes, claro que ele aparece sempre em momentos mais dramatizados, mas seus atos justificaram bem os impactos da trama, mesmo que sua cena final com uma sessão de três anos em três minutos tenha sido exagerada demais. Dentre os demais, a maioria se sobressai pelos diálogos de jogo, filosofias de bêbado e situações junto da protagonista, incorporando uma grandiosidade para a persona dela fosse mais valorizada, mas temos de dar destaque para alguns nomes como Michael Cera como Jogador X por trabalhar o ego de jogadores sem limites juntamente com a arrogância tradicional de homens desse calibre.
A direção de arte também foi bem efetiva no trabalho de composição das cenas, criando os ambientes de jogos tão bem colocados, que feitos em ambientes pequenos deram uma amplitude mais fácil de criação, mas que certamente deu trabalho para todos da equipe, fazendo com que minúcias ficassem bem colocadas e cada detalhe tivesse seu valor bem ponderado, ou seja algo incrível de ver, além disso tivemos as boas cenas da infância/juventude nas competições que como estamos vendo na TV muito as Olimpíadas de Inverno foi bem bacana de observar cada detalhe de um esporte que não somos tão acostumados a ver. A fotografia brincou bastante com sombras e detalhes para realçar os trejeitos da protagonista, e trabalhou sempre com cores escuras mas bem fortes para aumentar a dramaticidade nas cenas de impacto, mas poderia ser bem melhor certamente.
Enfim, é um filme bem interessante, que possui muitos defeitos como resoluções jogadas na tela, muitas explicações perdidas e dinâmicas exageradas demais, mas o resultado é algo com muita adrenalina e dramatizações bem colocadas que acabam mais agradando e fazendo com que o público converse sobre o filme, do que algo desapontador que faça o inverso, ou seja, é um filme que vale recomendar para conhecermos mais desse meio que é o pôquer jogado em casas ao invés de cassinos, e que vai agradar quem for conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje já encerrando essa semana cinematográfica que foi bem rápida, mas volto na próxima quinta que promete ser bem movimentada, então fiquem com meus abraços e até logo mais.
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A sinopse nos mostra que após perder a chance de participar dos Jogos Olímpicos devido a uma fatalidade que resultou em um grave acidente, a esquiadora Molly Bloom decide tirar um ano de folga dos estudos e ir trabalhar como garçonete em Los Angeles. Lá conhece Dean Keith, um produtor de cinema que decide contratá-la como assistente. Logo Molly passa a coordenar jogos de cartas clandestinos, organizados por Dean, que conta com clientes muito ricos e famosos. Fascinada com o ambiente e a possibilidade de enriquecer facilmente, Molly começa a prestar atenção a todos os detalhes para que ela própria possa organizar jogos do tipo.
Como bem sabemos Aaron Sorkin é famoso pelos ótimos roteiros que escreve (tanto que esse também está indicado à melhor Roteiro Adaptado ao Oscar) e um dos seus grandes roteiros é "A Rede Social", aonde levou diversos prêmios, e aqui em sua primeira direção ele pediu ajuda para claro o diretor de que lhe fez ganhar o prêmio, David Fincher, o que fez com que esse filme ficasse a versão pôquer do longa sobre o Facebook, com muita dinâmica, mas que poderia ser melhor desenvolvido se caísse realmente nas mãos de um diretor de renome, e não num marinheiro de primeira viagem. Não digo que o trabalho que Sorkin fez foi algo ruim, mas ele exagerou em idas e vindas para mostrar a infância problemática da protagonista com o pai (que na penúltima cena é até melhor detalhado numa versão rápida de um divã), e também por ser baseado no livro da protagonista, toda hora ela narrando/contando algo acabou soando chato demais, porém felizmente não ficou cansativo. Dito isso, temos de pontuar que as ótimas cenas de jogo, e principalmente os bons momentos da infância que mostraram sua competitividade no esqui, embora a família fosse bem complicada para ela, ou seja, um filme dramático com um arco bem forte.
Agora sem dúvida alguma o grande nome do filme é Jéssica Chastain que trabalhou olhares, colocou dinâmicas expressivas e criou algo tão forte para a personalidade de Molly que não só foi uma ótima escolha, como foi um acerto, pois pelo que é falado nos bastidos a verdadeira Molly Bloom que pediu que fosse ela a protagonista, e certamente com outra atriz o resultado seria bem diferente, ou seja, uma escolha que mudou completamente a trama, e isso só poucas atrizes conseguem. Idris Elba é um ator bem forte em suas interpretações, e ultimamente que andamos conhecendo mais seu lado dramático ao invés de performático, ele tem agradado bastante chamando a responsabilidade e fazendo caras e bocas que impactam logo de cara e convencem do que ele está fazendo, e sendo assim o advogado Charlie acaba sendo uma grata colocação na trama. Sabemos que Kevin Costner não é mais aquele ator impactante de antigamente, mas aqui seu Larry Bloom foi um pai digamos bem colocado, que por ser psicólogo trabalhou bem o espírito e criou cenas dialogadas bem fortes, claro que ele aparece sempre em momentos mais dramatizados, mas seus atos justificaram bem os impactos da trama, mesmo que sua cena final com uma sessão de três anos em três minutos tenha sido exagerada demais. Dentre os demais, a maioria se sobressai pelos diálogos de jogo, filosofias de bêbado e situações junto da protagonista, incorporando uma grandiosidade para a persona dela fosse mais valorizada, mas temos de dar destaque para alguns nomes como Michael Cera como Jogador X por trabalhar o ego de jogadores sem limites juntamente com a arrogância tradicional de homens desse calibre.
A direção de arte também foi bem efetiva no trabalho de composição das cenas, criando os ambientes de jogos tão bem colocados, que feitos em ambientes pequenos deram uma amplitude mais fácil de criação, mas que certamente deu trabalho para todos da equipe, fazendo com que minúcias ficassem bem colocadas e cada detalhe tivesse seu valor bem ponderado, ou seja algo incrível de ver, além disso tivemos as boas cenas da infância/juventude nas competições que como estamos vendo na TV muito as Olimpíadas de Inverno foi bem bacana de observar cada detalhe de um esporte que não somos tão acostumados a ver. A fotografia brincou bastante com sombras e detalhes para realçar os trejeitos da protagonista, e trabalhou sempre com cores escuras mas bem fortes para aumentar a dramaticidade nas cenas de impacto, mas poderia ser bem melhor certamente.
Enfim, é um filme bem interessante, que possui muitos defeitos como resoluções jogadas na tela, muitas explicações perdidas e dinâmicas exageradas demais, mas o resultado é algo com muita adrenalina e dramatizações bem colocadas que acabam mais agradando e fazendo com que o público converse sobre o filme, do que algo desapontador que faça o inverso, ou seja, é um filme que vale recomendar para conhecermos mais desse meio que é o pôquer jogado em casas ao invés de cassinos, e que vai agradar quem for conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje já encerrando essa semana cinematográfica que foi bem rápida, mas volto na próxima quinta que promete ser bem movimentada, então fiquem com meus abraços e até logo mais.