Netflix - Ninguém Sai Vivo (No One Gets Out Alive)

9/29/2021 11:57:00 PM |

Já vi muito filme ruim na minha vida, mas hoje a Netflix superou todas as possibilidades de entregar algo ruim, aliás deveriam ir na casa de quem vendeu "Ninguém Sai Vivo" para a empresa e prender para não correr o risco de vender algo novamente desse estilo. É até difícil pensar em algo para falar da trama, pois é daqueles que levam nada a lugar algum, com uma história tão bizarra, com situações tão fracas e estranhas que até poderia talvez ter um final melhorzinho para sair algo digamos não revoltante, mas conseguiram piorar ainda mais com o bicho estranho que aparece no final, e assim sendo recomendo apenas uma coisa: não dê o play no filme nem que seja obrigado!

A sinopse nos conta que Ambar é uma imigrante que está correndo atrás do sonho americano. Após alugar um quarto de pensão, que a princípio estava com o pé atrás, acabou ficando com o quarto após pensar nos negativos e positivos. Mas após se mudar, estranhos acontecimentos e fenômenos inexplicáveis começam, ela se vê presa em um pesadelo que fica mais aterrorizante a cada noite.

Diria facilmente que o diretor Santiago Menghini errou feio em seu primeiro longa, pois não li o livro de Adam Nevill em que a trama se baseou, mas certamente lá tinha alguma essência para ser mostrada, afinal o longa roda, tenta contar a história de uma pensão estranha aonde basicamente os donos fazem preços acessíveis para imigrantes para poder entregar mulheres para o sacrifício em benesse de conseguirem cura para seu mal, mas nada vai além, não vemos uma motivação maior, não vemos qualquer elo mais desenvolvido com a cultura em que a trama tenta passar, e nada que fosse imponente para um filme de terror, apenas tendo algumas cenas violentas no final e vários espíritos com olhos luminosos durante toda a trama (os quais você até acha que vai ser explicado algo do motivo de terem os olhos assim, mas não, não é mostrado). Ou seja, é um filme vazio e muito ruim, que pode ser erro do roteiro ou da direção, mas que não merece a atenção de ninguém.

Sobre as atuações Cristina Rodlo até fez algumas caras de espanto e trabalhou a tensão de sua Ambar de uma forma convincente, porém não se desenvolveu muito, sendo uma imigrante desesperada que acaba caindo no lugar errado, e para piorar pedindo ajuda para as pessoas mais erradas ainda, ou seja, a tradicional personagem que só leva porrada em filmes de terror, mas certamente não nos lembraremos dela por esse trabalho, pois acredito que até a atriz vai querer esquecer que esteve aqui. Marc Menchaca entregou com seu Red um personagem meio que misterioso de essência, mas que até chama a atenção por arrumar as pessoas para o irmão executar, ao ponto que fez alguns trejeitos fortes, outros com algum grau de piedade, mas também sem grandes explosões. E finalizando ainda tivemos David Figlioli entregando um Becker violento e direto nas ações, sem muitas explicações pegando as mulheres e fazendo sua oferenda, ao ponto que o personagem por si só já é aterrorizador, mas ainda teve alguns atos mais tensos para funcionar melhor, só faltando um pouco mais de explicação de tudo para envolver realmente.

Visualmente a trama é o clichê completo de um filme de terror, pois só de olhar a pensão por fora ninguém entraria para passar uma noite sequer, depois ouvindo todos os barulhos, gritos de ajuda, marcas estranhas e tudo mais, nem em sonho sequer qualquer pessoa passaria a viver lá, ainda tivemos toda a funcionalidade do piscar de luzes, a marca tradicional de um trabalho quase escravo, e ainda rituais de sacrifícios envolvendo caixas e objetos antigos, ou seja, a equipe de arte até trabalhou bem para representar tudo, só faltou o diretor saber utilizar melhor todos os elementos e personagens fantasmagóricos para que o resultado fosse além.

Enfim, é um filme muito ruim que não dá para recomendar em nada para ninguém, sendo daqueles que talvez pesquisando um pouco mais, vendo algum detalhe extra que o diretor talvez tenha entregue para a crítica especializada dar uma nota maior o filme cresça um pouco o conceito, mas vendo cruamente o resultado é tão decepcionante que senti que realmente perdi 87 minutos conferindo ele, e se posso ajudar alguém vou recomendar e muito que não dê o play, pois é gastar tempo à toa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

 
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O Jardim Secreto de Mariana

9/28/2021 09:55:00 PM |

Certa vez há muito tempo li um texto sobre mulheres que são desesperadas para ter filhos delas (não considerando questões de adoção - que era algo meio fora do comum na época) que faziam de tudo para engravidar, tomavam os mais diversos chás que ouviam falar, faziam tratamentos caríssimos, e em casos extremos se descobriam que o marido era infértil separavam na primeira chamada, tanto que até hoje lembro que me espantei muito quando um amigo foi casar e teve de fazer teste de quantidade de espermatozoides e fiquei chocado que exigiam isso para casar. Comecei o texto do filme nacional "O Jardim Secreto de Mariana" dessa forma pôr o longa tratar bem essa temática não tão diretamente, pois temos todo o ensejo de uma separação conturbada, vários conflitos de personalidades, e tudo muito bem dialogado, aliás tão dialogado que quase chega a parecer uma peça teatral, mas que regado pelas belas paisagens de Brumadinho e Inhotim, e usando claro toda a simbologia da reprodução das flores tudo acaba indo mais longe ainda. Diria que é um bom filme, que até prende bem a atenção, mas quem não curtir uma boa DR vai acabar cansando um pouco com tudo.

No longa acompanhamos a história de João e Mariana, um casal apaixonado que têm sua relação interrompida de maneira intempestiva. Cinco anos depois da separação abrupta, ele decide seguir seu instinto e parte numa longa jornada de bicicleta para tentar convencê-la de que o romance nunca deveria ter acabado. O amor, que ainda existe entre os dois, é então posto em xeque.

O diretor e roteirista Sergio Rezende já fez filmes de todos os estilos possíveis, e sabemos que ele gosta de atingir patamares diferentes com suas obras, ao ponto que sempre alguma novidade é bem pautada na forma de entregar um tema, e aqui não foi diferente, pois conseguiu segurar bem toda a discussão do começo ao fim para mostrar que um casal que se ama pode ter todo tipo de conflito, mas sempre irá tentar encontrar uma fagulha em algum ponto da vida para talvez um reencontro, ou algo que possa dar certo novamente, isso claro se for um consentimento mútuo. E essa essência é bem trabalhada com muita discussão, com muita personificação e até com algumas surpresas no caminho que vai sendo relembrado pelos protagonistas, e com isso a alma da trama é a discussão em si, de tal maneira que é bonito ver as locações, é bacana ver toda a ambientação criada, e tudo é bem colocado para dar as nuances e o tempo de pensar que cada um necessita, mas que facilmente poderíamos ver a história rolar numa mesa de bar, numa praia ou qualquer ambiente funcional, pois a história contada é maior do que o filme em si. Ou seja, vemos mais uma obra textual do que visual realmente, e isso é bacana também, porém conhecendo a filmografia do diretor diria que ele amadureceu demais o texto e trabalhou menos o orçamento.

Sobre as atuações posso dizer facilmente que Gustavo Vaz e Andreia Horta foram perfeitos, pois em longas desse estilo aonde a dependência de dominar o roteiro é total, sem brechas para criar muito e se entregar nas situações, acabamos vendo ambos trabalhando olhares com tantos sentimentos que falam por si só, mas ainda por cima entregaram palavras e atitudes fortes, marcando bem a atuação de ambos e agradando bem em tudo. Dito isso Gustavo floreou mais ares apaixonados, demonstrando o sentimento a cada olhar, tentando de tudo para conseguir que sua amada lhe desse outra chance e voltasse a viver junto de seu João, e toda a síntese de seu personagem é bem vivida e interessante pela essência em si, que mesmo num passado explosivo teve a justificativa, e certamente muito viveriam isso dessa forma bem representada, ou seja, foi muito bem no que fez, e segurou bem a bola do começo ao fim. E da mesma forma Andreia já foi do lado contrário, afinal fez o que fez num ato desesperado, e agora tem medo da explosão do ex-marido, ao ponto que vemos a atriz bem retraída na maioria das cenas, mas com uma sinceridade no que está fazendo, além claro de demonstrar a vontade de talvez uma volta, mas sempre com um pé atrás, e essa intensidade de fuga funciona muito bem para sua Mariana, que ainda conseguiu ser expressiva nas aulas da reprodução das flores, e justificar muito de suas atitudes, ou seja, também foi muito bem em tudo. Ainda tivemos outras boas participações de Paulo Gorgulho, Denise Weinberg e da garotinha Maria Volpe, mas o filme é dos protagonistas, então felizmente não sobrepuseram nada nos seus atos.

Já disse várias vezes no texto que o visual em si não foi importante para a trama, mas ainda assim a equipe de arte trabalhou muito bem para representar desde o começo o lado natural do casal em conexão direta com toda a natureza, morando numa fazenda, comendo apenas vegetais sem agrotóxicos, sempre muito conectados com as flores que é o trabalho da protagonista, mas que em determinado momento acaba sendo o motivo da briga em si, e numa das cenas finais o protagonista até xinga a natureza, e assim o resultado acaba sendo bonito pelas localidades de Brumadinho e Inhotim, mas que volto a frisar que poderiam ser em qualquer lugar.

Enfim, é uma discussão de relação bonita e muito bem feita, que felizmente conseguimos conferir sem cansar em momento algum, ou seja, é bem dinâmica e direta no ponto, que até tem alguns percalços meio que exagerados no miolo para representar o meio do caminho da vida do protagonista, mas nada que apague o bom funcionamento da trama, e sendo assim recomendo o longa para todos, que estreia já na próxima quinta dia 30 em vários cinemas do Brasil (Ribeirão Preto não foi agraciada nesse primeiro momento), mas quem tiver a oportunidade vá conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Pássaros de Liberdade (Birds of Paradise)

9/28/2021 12:29:00 AM |

Toda vez que confiro um longa envolvendo balé vejo que embora seja algo bonito de ver tem todo o processo tanto doloroso por parte dos treinos e insano por parte da competição entre os jovens para conseguir papeis melhores no espetáculo ou premiações para entrar para grandes companhias, e toda essa disputa geralmente entra em crise fazendo com que muitos entrem com uma cabeça e acabem usando drogas para suportar a dor ou para aliviar a tensão, outros acabam surtando com a pressão, e principalmente o resultado da cobrança acaba sendo até maior do que os louros colhidos após um grande ato. Dito isso, o lançamento da semana da Amazon Prime Video, "Pássaros de Liberdade", consegue nos remeter um pouco ao famoso "Cisne Negro", mas mantendo a sanidade num nível mais light puxado para algo mais jovem, e que acaba brincando mais com a nuance da competição em si e claro dos esforços que cada um cede para conseguir chegar aonde desejou, e numa ode bem intrigante e bacana vemos um pouco dos bastidores desse meio que assim como outros artísticos não é tão singelo e bonito pelas coisas que ocorrem. Claro que o filme tem seu impacto bem marcado, porém faltou um pouco de atitude para o lado do surto em si, que certamente causaria um pouco mais em cima de tudo.

A sinopse nos conta que Kate é uma bailarina aspirante que recebeu uma bolsa de estudos em uma escola de balé de prestígio em Paris. Ao chegar, sua confiança é testada por uma colega dançarina, Marine, que recentemente perdeu seu irmão. Repleto de conflitos no início, seu relacionamento se torna competitivo, cercado por mentiras e descobertas sexuais, enquanto elas arriscam tudo para ingressar na Ópera Nacional de Paris.

Já tinha ficado curioso pelo longa anterior da diretora Sarah Adina Smith somente por aqueles slides que passam quando largamos a tela aberta na plataforma de streaming, bem antes mesmo de conferir o longa de hoje, mas agora certamente irei dar o play no filme de 2016 afinal vi que ela tem um estilo bem marcante, uma formatação direta sem muitas enrolações, e principalmente uma desenvoltura clássica para cima dos protagonistas, não deixando que caíssem em trejeitos clichês e muito menos em cenas sem qualquer desenvoltura marcante. Ou seja, a história pode até nos remeter ao clássico do Aronofsky de 2010, mas aqui temos algo mais jovem e com um propósito diferente, que foca mais no ar dramático do balé em si ao invés de ser algo mais propício de um suspense, e assim sendo o resultado chama a atenção e flui com uma boa desenvoltura própria, que em alguns atos até causa um certo estranhamento, mas que na essência funciona bem para o lado juvenil e intenso de uma competição para um propósito maior.

Sobre as atuações diria que Diana Silvers não tenha sido a melhor opção para o papel principal de Kate, pois é uma garota completamente diferente do estilo que sabemos que existem nas companhias de balé, e facilmente seria cortada numa primeira leva por diversos motivos, mas quiseram ser ousados pelo diferente e a atriz se saiu bem com as caras de espanto em diversos atos, fazendo trejeitos marcantes ao descobrir um mundo completamente diferente, e passa uma boa conexão com os demais, ao ponto que acaba até entrando no eixo necessário de sutilezas, e acaba agradando de certa forma com tudo o que fez. Já Kristine Froseth é a clássica garota de balé, com nuances sutis, cheia de posturas, mas que pela rebeldia em si de sua Marine acaba entregando nuances fortes e bem marcantes, ao ponto de seu ato final de dança ser daqueles que chocariam facilmente todos que estivessem assistindo a apresentação, como é o caso mostrado, e a garota soube dominar os ambientes, soube cativar a protagonista para ter a devida conexão, e em alguns atos até chega a passar na frente de tudo, o que lhe joga como uma antagonista mais imponente que tudo, e agrada demais. Ainda tivemos atos bem marcantes com Jacqueline Bisset fazendo a dona da companhia Madame Brunelle com olhares diretos e mensagens fortes que acabaram chamando muita atenção, a mãe da antagonista como uma embaixadora dos EUA muito bem feita por Caroline Goodall, além claro de diversos bailarinos verdadeiros que apenas contracenaram com as protagonistas, entre eles o brasileiro Daniel Camargo com seu Felipe todo desejado por todas do corpo de balé, não apenas pela dança, mas por tudo o que faz com elas nos bastidores, inclusive mandando vários textos em português que deu um ar ainda mais diferenciado para a trama.

Visualmente a trama tem uma boa intensidade dentro do alojamento/academia de balé aonde todos os jovens vivem e disputam as vagas para as apresentações finais e claro o grande prêmio, com muitas interações nos quartos, drogas, todo o visual poético do convívio das protagonistas com todas as alegorias possíveis do conhecimento sensual e sexual entre eles, temos ainda um grande teatro de balé aonde as jovens vão ver apresentações, temos um ambiente de selva com apresentações mais psicóticas e claro regada a drogas diferentes, e um jantar da embaixada com o caos acontecendo, além de uma passada rápida na casa da antagonista, vários momentos de diálogo e passeio pelos ambientes do balé, e assim mostrando que a equipe de arte ficou mais fechada, mas nem por isso deixou de ousar e criar situações bem marcantes.

Enfim, é um longa diferente e com uma proposta interessante, que certamente poderia impactar mais com toda a história de bastidor que teria para ser desenvolvida, com mais nuances em cima da antagonista do que da protagonista, mas para isso toda a intensidade do filme teria de ser mudada, e talvez até caísse mais próximo de outros filmes já feitos, então vale o que foi entregue e é uma boa trama, que agrada e funciona, sendo daqueles que vai marcar mais alguns do que outros, mas que de certa forma vale a indicação. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Um Ninho Para Dois (The Starling)

9/27/2021 01:42:00 AM |

Acho que os roteiristas já estavam com alguma carta na manga sabendo que muitas pessoas morreriam ou perderiam entes queridos nos próximos anos, pois tem surgido tantos filmes envolvendo reflexões sobre o luto, tratamentos para depressões do estilo, envolvimento de pessoas com animais e metáforas necessárias para que fluíssemos no tema que não tem como alguém não saber por onde olhar para se emocionar com o tema, e isso não é ruim, pois muitos acabam vendo nos filmes chances para não se matar, para não entrar num colapso ainda maior, e quando a síntese da trama entrega até atos cômicos como é o caso do lançamento da semana da Netflix, "Um Ninho Para Dois", o tema acaba fluindo de uma maneira ainda mais gostosa de ver, sentir e refletir. Claro que um bom terapeuta pode ajudar, mas as vezes símbolos e reflexões passam melhores mensagens para uma pessoa se apoiar em algo após um momento como esse que o resultado é amenizado de uma forma mais leve e simpática de acontecer. Ou seja, é um filme bem simples e bonito de ver, com alguns atos meio que estranhos por parecer um misto de real com computação gráfica (ainda não me convenci do pássaro ser real - ao menos nos voos para cima da protagonista), mas que passa tão rápido e bem feito que acabamos envolvidos e emocionados com toda a proposta, valendo assim a conferida mesmo que você não esteja passando por isso.

O longa nos conta que o bebê de Lilly (Melissa McCarthy) e Jack (Chris O'Dowd) morre, levando-o a uma internação em uma clínica de reabilitação devido ao sentimento intenso de tristeza. A esposa fica em casa sozinha e decide construir um jardim para ajudar o marido quando ele voltar à casa. Ela então passa a ser atormentada por um pássaro agressivo e decide procurar um veterinário para saber como se livrar do animal de forma humana. O profissional que a esposa encontra costumava ser um psiquiatra, mas largou tudo para ajudar os animais, e acaba dando conselhos inesperados.

Diria que o diretor Theodore Melfi tem um estilo bem peculiar de trabalhar a emoção, pois em seus filmes sempre vemos alguém numa fria sentimental fortíssima que acaba ajudado por alguma outra pessoa a pensar diferente da caixa e ir para um fluxo que dê algum sentido maior para a vida, e isso é um nicho que hoje muitas pessoas procuram, seja em livros de auto-ajuda, em filmes, ou até mesmo em terapeutas e amigos, e é bom ver um diretor que gosta da proposta, ainda mais nessa época que tudo está um caos completo, então é sempre bom alguém com esse estilo de pensamento, e aqui ele trabalhou muito bem o drama da protagonista de uma forma bem leve e gostosa, pois ela mostrou ser a força da família, e mesmo abalada por tudo seguiu sua vida, tentando fazer o seu melhor, seja ele fugindo de pássaros ou colocando todo o mercado a venda por cinco centavos, enquanto o marido tentou se matar, se internou e não consegue ir além em sua vida. Ou seja, temos um trabalho bem envolvente de todos os lados, temos frases contundentes bem marcantes, e principalmente temos ótimas atuações numa trama bem desenvolvida, que certamente vai pegar muitos desprevenidos que forem ver achando ser apenas mais um filme do estilo.

O mais bacana de ver nas atuações é que por ser uma atriz que faz bem tanto dramas quanto comédias Melissa McCarthy conseguiu incorporar para sua Lilly tudo o que a personagem precisava, de estar tanto envolvida no luto, quanto disposta para brigar com um passarinho e divertir com as situações que isso lhe causaria, além claro da disposição para estar fazendo absurdos no mercado que trabalhava e ir conversar com um veterinário, ou seja, ela pegou a proposta da personagem e abriu em tantos leques quanto conseguisse, chamando a atenção e fazendo trejeitos tão perfeitos que ficasse incrivelmente marcada, dando novamente um show em cena ao ponto de até arriscarmos lhe ver novamente indicada à premiações. Chris O'Dowd é daqueles atores de personificação marcante que sempre cai bem em um papel, e aqui seu Jack puxa sabe lá de onde uma síntese tão forte para seus momentos, que mesmo estando numa instalação psiquiátrica ousa florear envolvimentos, discutir numa brincadeira de crianças e até mesmo ser criativo nas aulas de artes, ao ponto de vermos em seus olhares nas discussões com o diretor da instalação tudo o que deseja passar numa introspecção maravilhosa e muito bem colocada que junto da protagonista em cena fica maior ainda. Kevin Kline num primeiro momento parece não estar muito presente nas dinâmicas do filme, mas conforme vai passando as metáforas dos animais com a protagonista, seu Larry vai crescendo e entrando com força na didática completa da trama, e a forma que escolheu desistir da área da terapia é tão forte e marcante que tudo passa a ser representativo, ou seja, foi muito bem no papel com nuances de olhares, mas muito mais na força dos diálogos. Quanto aos demais praticamente ninguém foi muito além, tendo alguns leves destaques para os dois médicos da instituição vividos por Ravi Kapoor e Kim Quinn, mas mais pela essência do que trabalharam nas discussões com os protagonistas do que pelas atuações em si.

Visualmente o longa também brincou muito com as multi-linguagens cênicas dos ambientes, primeiro pelo desapego dos objetos do quarto da criança, depois da tentativa de criar uma horta, das noites de sono mal-dormidas na poltrona vendo um programa religioso ruim, mas sem dúvida alguma os melhores momentos foram nas brigas do quintal com o passarinho, seja ouvindo música alta no rádio ou até mesmo arrumando meios de atacar ou até tentar matar ele com comida envenenada ou pedras, ao ponto claro de depois termos toda a simbologia no veterinário/terapeuta junto da protagonista e de todos os casos animais ali, e ainda todo o ambiente do hospital psiquiátrico aonde vemos desde as aulas/atividades de arte até os momentos de conversas e caminhadas afora, além claro do quarto do protagonista aonde guarda as sacolas que a esposa leva e seus remédios que não toma, e por último mas não menos importante os momentos de trabalho da protagonista no mercado, aonde está sempre arrumando um espaço bonito e bem arrumado para o alimento favorito do marido, suas loucuras de mudanças de preço e tudo mais. Ou seja, é um filme muito representativo aonde a equipe de arte pode brincar bastante, e ainda fazer um belo ninho para o passarinho na composição cênica visual temática, e assim agradar muito.

O longa contou também com canções muito bem escolhidas, que deram um tom meio que melancólico para a trama, mas que envolveram bem todos os momentos da trama, e assim sendo soando gostosas de ouvir tanto em cena, quanto depois da conferida, e assim sendo deixo aqui o link para todos curtirem.

Enfim, desde quando vi o trailer pela primeira vez imaginava que me conectaria à trama por algum momento, pois senti algo a mais vindo da estética toda, mas hoje ao conferir me emocionei em diversos momentos, ri em muitos outros e acabei bem feliz com o resultado todo, ao ponto que com certeza, mesmo me incomodando alguns atos estranhos, recomendo ele para todos se emocionarem e vivenciarem cada ato da trama. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Menino Que Matou Meus Pais / A Menina Que Matou Os Pais

9/26/2021 08:40:00 PM |

É até engraçado a discussão que deu na internet quando foi dito que estavam fazendo um filme sobre o caso Richtofen, mas vemos tantos filmes de casos semelhantes nos EUA e na Europa que acabou sendo apenas preconceito mesmo de brasileiro com algo que ocorreu em nossas terras, então nem vou entrar muito nessa briga e vou direto ao ponto de uma forma diferente. Primeiro tenho de falar que não irei fazer dois textos, pois incrivelmente conseguiram fazer dois filmes bem diferentes, cada um com uma visão do caso, e que cada pessoa irá tirar as devidas conclusões se acredita na história dela ("O Menino Que Matou Meus Pais") ou na dele ("A Menina Que Matou Os Pais"), e até daria para fazer um filme só com uma boa edição impressionante mostrando as duas versões juntas, mas como não ocorreu isso, veja se possível as duas na sequência, veja dois filmes incríveis e acredite em toda a ideia que levou ao crime, pois a mente humana é algo que não dá para analisar, mas as atitudes sim. Em segundo lugar preciso dizer que foram muito a fundo em tudo, pois quando fiquei sabendo que seriam dois longas, meu maior medo era ver as mesmas cenas repetidas e cansativas em sequência, mas não foram bem sacados em ter quase que duas estruturas diferenciadas, cheias de nuances bem colocadas que o resultado acaba chamando muita atenção e se completando. Ou seja, é daquelas obras que podem ser marcadas no cinema nacional e o resultado geral agrada bastante, pois só o filme com a versão dela não dá o impacto necessário, e quando vi a dele, o resultado se complementou e funcionou demais.

O longa se passa em 2002, quando um crime cometido em São Paulo chocou o Brasil. A jovem Suzane von Richthofen, junto ao seu namorado Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian, assassinaram seu pai Manfred von Richthofen e sua mãe Marísia. Dezoito anos depois, o caso é revisitado em A Menina que Matou os Pais sob o ponto de vista de Daniel, que revela seus motivos para participar do assassinato.

Diria que o diretor Mauricio Eça teve uma evolução gigantesca depois de fazer filmes da novela "Carrossel" e ir agora para algo mais adulto e certeiro, trabalhando uma essência mais forte até, e sendo algo completamente diferente de tudo o que já fez, pois trabalhou uma história real, que foi montada em cima dos depoimentos dados no julgamento e sem contato com os reais personagens, ou seja, vemos as versões deles contadas para a justiça e elaborado a ficção em cima disso. Ou seja, é daquelas tramas que podem nem ter acontecido tudo bonitinho ou estranho da forma que vemos, mas o desenvolvimento em cima de tudo é tão forte e bem feito que impacta, e mostra que o diretor teve uma equipe brilhante ao seu lado para que a criatividade pudesse ir além e buscar um realismo preciso e bem marcado. Claro que tem alguns excessos, claro que o editor poderia ter chego no diretor e falado que conseguiria criar um único filme bem feito, mas felizmente ambos os filmes funcionam sozinhos, veríamos eles tranquilamente e acreditaríamos na loucura total dos dois lados, mas ao se complementarem o resultado é ainda mais diferente e dá para colocar aquela opinião certeira de quem influenciou quem, ou quem mentiu melhor para quem.

Sobre as atuações tenho de parabenizar sem dúvida alguma todo o elenco por completo pelo que fizeram nas cenas que certamente foram filmadas várias vezes para que o diretor pudesse ter dois cortes diferentes pelo menos, mas muito mais Carla Diaz, Leonardo Bittencourt e Allan Souza Lima, pois os três conseguiram ser outros atores em cada momento, em um filme vemos Carla fazendo uma meiga, toda inocente e virginal Suzane, que foi corrompida pelo namorado que só desejava o dinheiro dela e da família, com nuances sempre sóbrias e diretas, enquanto no outro longa a vemos como uma mulher determinada, que sim também estava apaixonada pelo namorado, mas que o influencia para tudo, e mudando completamente olhares, trejeitos e interpretações conseguiu dar dois estilos de impacto bem chamativos do começo ao fim nos dois longas. Já Leonardo em um filme está com um estilo mais puxado e forte para seu Daniel, com as nuances clássicas de um influenciador, enquanto no outro já faz o bom moço, que está apaixonado pela namorada e faz tudo por ela, mesmo que não queira, mas com tudo o que lhe é contado fica desesperado, e vemos as tensões corporais em ambos os casos muito determinadas e marcantes, o que mostrou um trabalho de preparação muito bom, e claro uma atuação primorosa. E até mesmo Allan que aparece em algumas cenas apenas de uso com seu Cristian soube ser diferenciado em cada filme, trabalhando ainda como alguém que até faz coisas erradas, mas em um parece ser daqueles picaretas completos, enquanto no outro apenas ajuda o irmão numa enrascada, ou seja, fez também olhares e intensões bem diferentes e impactantes que funcionaram muito bem. Ainda tivemos bons momentos de Leonardo Medeiros com um Manfred bem rigoroso e cheio de intenções para com a filha, uma Vera Zimmerman fazendo sua Marisia como uma madame de classe alta que tem problemas, mas está sempre em ação nas situações, tivemos Augusto Medeiros fazendo um Astrogildo marcante de nuances e visto bem diferente em cada um dos olhares do filme, e até mesmo Debora Duboc trabalhou bem sua Nadja em cada um dos filmes, sempre como uma boa dona de casa, com intensidades familiares envolventes e bem colocadas, e somente o garoto Kauan Ceglio foi o mesmo  Andreas nos dois filmes, como um garoto que apoiava tanto a irmã quanto o namorado, era alegre e estava sempre pronto para jogar na lan-house (aliás como está a vida desse rapaz após o crime?).

Visualmente a produção também foi impecável, mostrando cenas de diversos ângulos, com muita representatividade de ambientes, de nuances, e colocando bem em contraponto as duas famílias, uma riquíssima e outra de classe média-trabalhadora, com uma mansão praticamente, uma casa mais simples, jantares chiques contra almoço tradicional bem regado, ainda tivemos festas, praias, cenas em motéis, todas as nuances de um parque diversões, e claro em um filme vemos como foi a cena da morte pelas pessoas que estavam lá, e no outro já vemos mais como foi imaginado. Ou seja, a equipe de arte teve um trabalho bem feito daqueles para impor respeito realmente em grandes dramas mundo afora, mostrando precisão de detalhes e criando algo bem marcante.

Enfim, são dois filmes muito bem feitos, que chamam atenção na essência do crime e em toda a desenvoltura, e que como disse acima, recomendo ver os dois em sequência para tirar as devidas conclusões do caso, mas que dá para ver um ou outro somente e ficar com a impressão passada diretamente. Claro que tem defeitos, tem exageros, faltou um pouco de concisão na montagem para conseguir entregar dois filmes, mas ainda assim é algo que vale a pena, pois mostra algo diferente do que já foi feito mundo afora, e o resultado foi bem bom de ser visto, e sendo assim fica a dica para todos verem na Amazon Prime Video que comprou os direitos de exibição de ambos os filmes, já que os cinemas ainda estão andando de forma mais calma pós-pandemia. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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A Chorona (La Llorona)

9/25/2021 11:59:00 PM |

Confesso que fui conferir "A Chorona" esperando outro filme, pois um longa que foi indicado à praticamente todas as grandes premiações do ano como melhor filme estrangeiro indicado pela Guatemala, que não tem nenhuma tradição nos cinemas, então certamente deveria ser um terror impactante, cheio de nuances políticas e intensas de um general genocida que é aterrorizado por uma de suas vítimas juntamente com todos os protestos na porta de sua casa, e juntamente já com sua velhice e paranoia incorporada poderiam certamente impactar o público. Mas não o filme não causa pesadelos como diz no cartaz, não é assustador, não passa nem perto de ser eletrizante, não tem exatamente nada que se espera de um filme de terror, ou seja, todas as frases do cartaz são extremamente falsas, sendo daqueles filmes tão cansativos tanto pela proposta quanto pela execução, ao ponto que me vi olhando as horas no celular duas vezes, ou seja, é um filme que até poderia ser mais intenso e chamativo com todo o processo do genocídio que mostram nas cenas finais do sonho da esposa do general, poderia causar mais sustos e tensões nas cenas que ocorrem com a empregada pela casa, mas não ficaram enrolando, criando ambiente, e tudo mais que não vai a lugar algum, sendo muito ruim tanto como arte dramática quanto como filme de terror.

O longa nos conta que Alma e seus filhos foram assassinados no conflito armado da Guatemala. Trinta anos depois, é instaurado um processo criminal contra Enrique, um general aposentado que supervisionou o genocídio. Mas ele é absolvido através de um julgamento e o espírito da Chorona é desencadeado para vagar pelo mundo como uma alma perdida entre os vivos. À noite, Enrique começa a ouvi-la lamentar. Sua esposa e filha acreditam que ele está tendo crises de demência relacionada ao Alzheimer. Mal poderiam suspeitar que sua nova empregada, Alma, está lá para cumprir a vingança que o julgamento não foi capaz de fazer.

Sinceramente gostaria de saber o que o diretor Jayro Bustamante, e claro muitos "especialistas" viram para gostar tanto do filme, pois é algo que até tem uma proposta chamativa, mas nada é desenvolvido, nenhum ato causa tensão ou terror, ficamos os 97 minutos do longa esperando algo acontecer (minto, os 90 minutos, pois nos 7 finais vemos ainda a esposa do general tendo alguns sonhos que mostram como a empregada morreu) e nada acontece. Ou seja, é daquelas tramas que até poderiam gerar um algo a mais, mas tudo é tão subjetivo, tudo é tão cansativo, tudo é tão massante, que até mesmo as musiquinhas dos protestos fora da casa acabam sendo mais interessantes de acompanhar do que o que rola dentro da casa, mostrando que embora ele não tenha sido condenado à prisão, sua família toda acabou ficando presa em casa e sofrendo algumas consequências, mas nada além disso.

Sobre as atuações é algo até pior ainda de falar, pois María Mercedez Coroy até teve algumas cenas marcantes com sua Alma, mas não vai além em nada, e ainda se analisarmos a fundo sua personagem vemos uma falha imensa da trama, pois se a jovem já estava morta pelo general, não poderia estar tomando banho, lavando paredes, jogando joguinhos com a garotinha, e sim apenas uma assombração, mas tudo no filme é tão estranho que é melhor nem discutir isso, e apenas falar que a jovem fez caras e bocas demais sem ir a fundo em nada. María Telon até trabalhou bem com sua Valeriana, sendo daquelas governantas que fazem de tudo, que mesmo não concordando com alguns atos está do lado dos patrões, e assim ela entrega algumas nuances marcantes nos diálogos, mas também sem fluir muito. Sabrina De La Hoz até foi bem usada com sua Natalia, fazendo indagações sobre a família em si, se preocupando com a saúde de todos na casa, e até tendo várias dúvidas para fluir, mas não quiseram usar tanto ela, e acabou ficando estranho de ver ela em segundo plano. Agora os dois que deveriam ser os protagonistas ficaram com trejeitos e intensidades tão ruins que é decepcionante ver eles em cena, e tanto Julio Diaz com seu Enrique semi-sonâmbulo, tendo cenas mal usadas, com pitadas discutíveis como a cena da ereção, e tudo mais, quanto Margarita Kenéfic com sua Carmen que apenas consentiu tudo que o marido fez no passado, foram muito fracos e não marcaram nada além. Quanto dos demais então melhor nem entrar em detalhes, pois foram meros figurantes, tendo a garotinha Ayla-Elea Hurtado tentado aparecer um pouco mais com sua Sara, mas nada demais.

Visualmente o longa tem algumas boas nuances com uma casa bem antiga, todo o processo do julgamento, todas as cenas dos protestos com músicas, batuques, flautas e muito mais que transformaram a casa dos protagonistas numa prisão, tem toda a energia estranha dos sapos, a ideologia de não respirar embaixo da água que é explicada no final, e até algumas nuances cênicas com o protagonista andando pela casa, mas nada é usado com o propósito de causar tensão, e isso é o que acabou faltando para ser realmente um filme de terror.

Enfim, é daqueles filmes que certamente muitos acabarão indo conferir pela proposta de um terror politizado, com uma intensidade esperada de arrepiar até os pelos dos dedinhos, mas infelizmente nada ocorre, e o desânimo é imenso ao sair da sala. Ou seja, não dá para recomendar para ninguém, e certamente muitos que não lerem a crítica e forem para o cinema vão se arrepender. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando os filmes do cinema, mas amanhã começo com os do streaming que tem bastante coisa nova chegando, então abraços e até logo mais.


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A Abelhinha Maya e o Ovo Dourado (Maya the Bee 3: The Golden Orb)

9/25/2021 06:49:00 PM |

Quando vi o segundo filme da abelhinha alemã famosa em 2018 não imaginava bem o que poderia encontrar, pois na época só descobri que era uma continuação quando fui escrever, mas nada me atrapalhou, e toda a essência foi bem trabalhada e divertida, então eis que agora estreou mais um filme recheado de aventuras da pequenina abelha e seus amigos, aonde em "A Abelhinha Maya e o Ovo Dourado" vemos algo bem desenhado, com uma proposta cênica cheia de situações bem encaixadas de morais familiares, e principalmente sendo divertida e gostosa de curtir,  aonde vamos acompanhando todo o processo deles levarem a princesinha formiga até a sua colônia, fugindo dos besouros que desejam dominar o ambiente, e claro cheio de momentos graciosos bem interessantes de ver e se divertir, funcionando bem tanto para os pequeninos, quanto para os adultos, pois mesmo sendo uma trama levemente infantil, todo o processo é bem desenhado e emocionante de ver.

No terceiro filme de Maya a Abelinha, Maya e seu melhor amigo Willi são recrutados para uma missão ultrassecreta: cuidar da semente sagrada. Maya e Willie então se unem com Arnie e Barnie para entregar a semente em um novo lar, no top da misteriosa Montanha Bonsai. Mas tudo dá errado quando uma das "sementes" quebra e uma princesinha aparece da semente, deixando Maya e Willie surpresos. A missão agora passa a ser uma grande aventura cheia de caçadores de recompensa, bandidos e inimigos até devolver a princesinha perdida ao seu lar. Durante a jornada, Willie descobre algo em si mesmo que nunca achava que poderia fazer: se tornar protetor da princesinha perdida. Mas Maya também tem que aprender que confiança não é apenas uma palavra, mas algo a ser conquistado.

O mais bacana da parceria Alemanha e Austrália é que não vemos um filme engessado, pois aqui o diretor Noel Cleary que dirigiu o segundo filme em 2018 soube ser mais criativo e levar toda a proposta para um patamar ainda maior, com uma qualidade de desenhos bem mais simbólica, com muito mais personalidade e responsabilidades para os personagens, e principalmente mantendo todo o envolvimento gostoso da animação. Ou seja, temos algo ainda com um tom infantil, porem já amadurecido de estilo e com uma pegada própria para funcionar, o que acaba agradando a todos, sem soar apelativo demais.

Diria que os personagens foram bem pensados para chamar a atenção para si e desenvolver um pouco cada tipo de sentimento, pois com uma Maya bem aventureira tudo acaba sempre saindo dos eixos, e aqui a criança pode aprender que nem tudo na correria pode dar certo, mas que merece ser tentado. Vemos com Willie a dinâmica de um bom amigo que acompanha as loucuras de outro, mas que acaba aprendendo suas habilidades na raça, sendo gracioso com cada momento. Com as formigas Barnie e Artie tivemos toda a simbologia da bagunça, mas protegendo os amigos. E claro vemos também com os "vilões" a desenvoltura da busca por um objetivo, no caso rastrear e eliminar a bebê formiga para ganhar o domínio do monte, mas que na hora da necessidade todos precisam se juntar por um bem maior. Ou seja, um filme bem simbólico pelos personagens que acabam agradando em tudo.

Visualmente, o longa anterior já era bem colorido e representativo, porem agora capricharam ainda mais nós designs de cada momento, tendo muito mais folhagens e elementos cênicos bonitos de ver e acompanhar, já que na mudança de inverno para a primavera tudo começa a desabrochar e colorir todo o ambiente. Ou seja, um filme bem trabalhado no visual, e que agrada com simplicidade e beleza.

Enfim, está longe de ser daquelas animações reflexivas, aonde tudo vai ser chamativo e cheio de nuances, afinal o estilo é bem infantil ainda, porém tudo é tão bem feitinho e gostoso de acompanhar que acaba valendo a conferida para a família toda, e assim sendo vale a indicação. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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No Ritmo do Coração (CODA)

9/25/2021 03:22:00 AM |

Sempre que vejo uma refilmagem fico pensando em qual a necessidade de se reinventar algo para um molde que alguns querem enxergar, se realmente não valeria apenas mostrar para as pessoas o filme original que sentiriam o mesmo propósito, ou se irão fazer com que seu filme na nova versão passe percepções diferentes com o mesmo sentimento, e desde que vi o trailer de "No Ritmo do Coração" fiquei intrigado se a conseguiriam passar a bela mensagem do filme francês "A Família Bélier" para um molde americanizado não apenas para que o público norte-americano que não gosta de legendas visse uma bela trama em sua língua, mas sim que algo a mais fosse colocado, que as músicas escolhidas falassem tão bem como as músicas do original, que tudo fizesse um sentido de uma recriação, e vendo o longa ser tão bem premiado quanto o original já comecei a ficar empolgado com o que poderia surgir, e hoje ao conferir felizmente vi que o Festival de Sundance, que costuma premiar coisas bem esquisitas, não errou nesse ano e o longa é tão especial e gostoso quanto o que vi lá em 2015, trazendo algo mais adulto por aqui a jovem não ser a irmã mais velha, então a premissa de deixar o bastão funciona, porém ainda sendo um romancezinho gostoso, um drama familiar bem colocado, e com músicas ainda mais representativas para que a garota com um vozeirão incrível tocasse fundo nossa alma e a dos demais personagens, e até sobrando espaço para as mesmas piadas familiares (como o caso da consulta médica, entre outras). Ou seja, se você gosta de romances dramáticos musicais pode ir conferir que a emoção é garantida.

O longa conta a história de uma família com deficiência auditiva que comanda um negócio de pesca em Gloucester, nos Estados Unidos. Ruby, a única pessoa da família que escuta, ajuda os pais e o irmão surdo com as atividades do dia-a-dia. Na escola, ela se junta ao coral, onde acaba se envolvendo romanticamente com um de seus colegas. Com o tempo, ela percebe que tem uma grande paixão por cantar e seu professor a encoraja a tentar entrar em uma escola de música. A jovem, então, precisa decidir entre continuar ajudando sua família ou ir atrás de seus sonhos.

Um fato bem interessante que fez o filme muito melhor é que a diretora e roteirista Sian Heder usou a base da história original francesa, porém desenvolveu algo a mais dentro de toda a situação, fazendo com que seu filme ficasse quase algo original de proposta, e assim trabalhando todas as sacadas do romance, da necessidade familiar de ter a garota para seus atos, e até mesmo de sua desenvoltura ficar mais solta com as atividades musicais acaba mostrando que o filme tem tudo para um funcionamento envolvente e criativo, ao ponto que vemos claramente as devidas intenções da diretora, vemos toda a simbologia clássica que ocorre com a maioria dos CODAs (o nome original do filme que se dá aos filhos de surdos que ouvem e passam a ser o elo dos pais com as demais pessoas ouvintes, por serem bilíngues tanto com sinais quanto com a voz), e principalmente vemos todo o elo musical funcionar com a simbologia nas músicas escolhidas para representar a trama, de forma que ler a letra faz toda a diferença para o envolvimento funcionar, e isso é ainda mais belo de sentir. Ou seja, não conhecia a diretora, mas posso dizer que fez um trabalho primoroso ao ponto de querermos mais dela, e certamente deve ser mais usada, pois quem leva muitos prêmios chama a atenção.

Agora sem dúvida alguma quem surpreendeu demais foi Emilia Jones, que só tinha visto em longas de terror, e aqui entregou uma Ruby com tanta personalidade, com uma simpatia ímpar nos seus atos, e principalmente com uma voz para o canto que não tenho dúvidas que muito em breve a veremos em todos os musicais possíveis e imaginários, pois a jovem tem carisma e tem dinâmica vocal, algo que raramente vemos em atrizes jovens, e assim sendo aqui ela deu um show literalmente do começo ao fim. Eugenio Derbez costuma fazer sempre atuações forçadas, e isso fez com que seus personagens raramente ficassem marcantes pela interpretação em si, e aqui seu Bernardo Villalobos é cheio de nuances, cheio de expressividades, e acaba sendo envolvente na formação da garota, inclusive bem marcante na cena final, ao ponto que iremos lembrar dele por uma boa atuação, e assim sendo foi um grande acerto na trama. Agora a maior sacada em relação ao original foi arrumar três ótimos atores surdos realmente para os papeis do pai, da mãe e do irmão, ao ponto que foram muito naturais com tudo o que entregaram, souberam fazer com que os gestuais em libras fossem incrivelmente marcantes, e assim sendo entregaram todas as nuances que os papeis pediam, sendo Troy Kotsur um pai cheio de força visual, mas que é a base da garota, Marlee Matlin sendo marcante nos ensejos de uma mãe preocupada com a família como um todo e claro se a filha realmente era boa naquilo que desejava já que não tinha como saber, e principalmente o jovem Daniel Durant sendo bem marcante na postura mais dura de um jovem já mais velho que a irmã, porém tratado como bem mais novo por ser surdo, e que conseguiu ser ainda mais marcante nas cenas que se mistura com todos os demais, dando uma desenvoltura ainda mais impactante. Quanto aos demais, cada um apareceu como pode, sem grandes cenas marcantes, tendo claro o destaque para o par romântico da garota vivido por Ferdia Walsh-Peelo, que além de entregar boas nuances vocais com seu Miles, ainda foi bem corado se entregar nas cenas de paixonites bem graciosas, ou seja, foi bem no que precisava fazer.

Visualmente a trama tem bons momentos no barco em alto mar, com a retirada dos peixes, temos todo o imbróglio das vendas deles para o mercado de leilões e a abertura da comunidade colaborativa de vendas, vemos claro todo o trabalho das aulas de música num ambiente bem montado da escola, a apresentação final, a audição, e claro a casa maluca da família completamente inversa da organizada e bem decorada do professor, mostrando que a equipe de arte soube brincar bem com tudo, representando cada momento e cada ato como algo único bem feito.

Claro que por ser um longa musical as escolhas foram bem primorosas tanto para cair bem nas vozes dos artistas, quanto para passar a representatividade nas letras, afinal tudo tem de fazer um sentido para a história, e assim sendo vou deixar aqui o link para que todos possam escutar as canções depois, porém recomendo ouvir lendo a letra em algum site ou aplicativo (para quem não for conferir nos cinemas, o que é uma pena!), pois vai valer bem a pena toda a conexão com a trama.

Enfim, é um tremendo filmaço que vale muito a conferida, que emociona e diverte na medida certa, e que fez bem o trabalho de remontar um longa que já era bom de uma forma igual ou melhor, ao ponto que recomendo demais ele, e salvou a noite após um filme bem ruim que vi antes. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Garota da Moto

9/24/2021 09:45:00 PM |

Costumo dizer que não gosto de falar muito mal de longas nacionais, mas hoje não vai ter jeito, pois "Garota da Moto" não consegue entregar nada que envolva o espectador, e mesmo as boas cenas de luta você acaba vendo as coreografias, parecendo até treinos de academia, e quem ainda esperar alguma história empolgante pelo menos vai sair mais desapontado ainda, pois parece aquelas novelas juvenis que o vilão meio que fala vou te pegar e a pessoa dá um gritinho e corre. Ou seja, é daqueles filmes que até tentamos aproveitar algo, mas fazem questão de não entregar nada, sendo praticamente um alongamento da série/novela do SBT que anos atrás fez até algum sucesso, e que não vai nenhum pouco além de uma mulher que se acha o Batman saindo na mão com quem quer que possa estar maltratando alguém, então piora se sequestram seu filho.

O longa conta a história de Joana, uma jovem mãe que trabalha como motogirl, descobre acidentalmente uma fábrica em que mulheres refugiadas são exploradas como escravas. Ela enfrenta os bandidos e liberta as mulheres, mas atrai para si um novo problema. O chefe do esquema de segurança que controlava o esquema de exploração precisa provar sua eficiência depois desse fracasso. Para isso, ele decide que irá matar Joana e quem mais estiver com ela, para que sirva de exemplo. Uma emboscada é armada para quando Joana e seu filho, Nico, estarão participando de um mutirão na escola do menino. Joana, que é uma exímia lutadora, terá que defender não só o filho e a si mesma, mas todos na escola de um bando de criminosos fortemente armados e com ordem de exterminar quem estiver pela frente.

O pior de tudo é que o diretor Luis Pinheiro tinha começado muito bem no cinema quando fez o ótimo "Mulheres Alteradas", mas aqui acabou caindo em uma fria imensa ao pegar esse roteiro que é baseado/continuado na série/novela do SBT exibida em 2016, e que até tem uma pegada de filme de ação com intensidade bem trabalhada, mas tudo acaba soando tão falso e orquestrado que não dá para acreditar em nenhuma situação que nos é entregue, e assim tudo flui para rumos até risíveis, aonde nada parece estar preparado para chamar atenção ou querer ir além. Ou seja, pode ser até que os fãs da série/novela que forem conferir o longa se empolguem com alguns momentos de ação que o diretor proporcionou, mas quem for conferir esperando ver algo mais próximo de um filme realmente acabará bem desapontado e reclamando demais de tudo o que o diretor tentou passar, pois volto a frisar que as outras foram muito coreografadas soando artificiais demais, e os vilões com armas apontadas para a mocinha (que já sabem que é mestre das artes marciais pela surra que deu em seus amigos) resolvem deixar de lado a arma e ir pra mão com ela, ou seja, bizarro de ver.

Sobre as atuações, diria que Maria Casadeval até foi bem chamativa com sua Joana, e substituindo Christiana Ubach que fez o papel na novela, trabalhou trejeitos de impacto, se movimentou bem em cena, e até trabalhou alguns estilos que pudessem parecer estar sentindo ódio, dor e outros sentimentos, mas nada que a fizesse ficar marcada como a personagem. Felipe Montanari até tentou chamar a atenção com seu Marley em duas cenas, mas é mero enfeite da trama. Kevin Vechiatto trabalhou bem seu Nico, mas acaba sendo apenas o filho briguento, porem indefeso da protagonista, e faltou demonstrar um pouco de medo do perigo (mas com vilões tão fracos até entendo o garoto ficar de boa). Duda Nagle faz o policial corrupto Peixoto que até tenta aparecer um pouco com alguma interpretação, mas na cena final quando resolve lutar chega a ser desanimador ver tudo. Já Roberto Birindeli fez seu Guimarães parecer aqueles vilões de desenhos animados que mais ríamos do que fazia do que tudo, e assim nenhuma cena sua vai muito além. Naruna Costa até trabalhou bem sua policial Cláudia, parecendo em alguns momentos até que tem um leve caso com a protagonista, mas não indo muito além em nada, e até fez algumas caras e bocas para o papel, porém sem grandes desenvolturas. Quanto aos demais ninguém tentou ir além, tendo Murilo Grossi com seu Reinaldo e Gilda Nomacce com sua Liege apenas como complementos dos que vieram da TV.

Quanto do visual temos roupas clássicas de motoqueiros da pesada tudo com muito couro, a casa da protagonista parecendo uma caverna, o esconderijo dos vilões um barracão abandonado bem ornamentado de câmeras, com tudo bem disposto para a luta final e para o pega-pega do vilão com o garotinho (chega a ser ridícula a cena), uma escola aonde as pessoas se escondem atrás de prateleiras vazadas(!!!), e uma fábrica com mulheres escravas até que bem paramentada, mas nada muito chamativo, além claro de muitas motos numa empresa de entregas e claro um chefe ensinando a mexer num aplicativo, ou seja, apenas enfeite de tempo.

Enfim, é daqueles filmes que não tenho como indicar de forma alguma, e digo mais até recomendo que fujam, pois é muito ruim. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou conferir outro filme para ver se salvo a noite, então abraços e até logo mais.


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A Casa Sombria (The Night House)

9/24/2021 12:59:00 AM |

Se tem um gênero que gosta de bagunçar nossa cabeça é o tal do suspense/terror psicológico, que quando sabe brincar bem com a trama faz com que até entendêssemos tudo o que se passa, mas saímos com uma bela dor de cabeça das sessões com tudo o que nos é entregue. Digo isso do lançamento da semana "A Casa Sombria", que nos faz pensar em tantas possibilidades que chega a dar um belo nó na cabeça, mas se juntarmos o que o vizinho fala sobre a floresta juntamente com o fechamento entregue chegamos em uma conclusão bem séria sobre um dos maiores problemas da humanidade atual, e que é certamente algo que precisa ser muito bem pautado para que não ocorra coisas piores. Claro que dá para entrar em nuances de fantasmas, de espíritos, e principalmente com tudo o que rola dá pra levar grandiosos sustos durante toda a exibição, mas a essência em si é bem mais forte, e o resultado impacta bastante em quem curtir o estilo.

A sinopse nos conta que lutando por conta da morte inesperada de seu marido, Beth (Rebecca Hall) vive sozinha em sua casa à beira do lago. Ela tenta o melhor que pode para se manter bem, mas possui dificuldades por conta de seus sonhos. Visões perturbadoras de uma presença na casa a chamam, acenando com um fascínio fantasmagórico. Indo contra o conselho de seus amigos, ela começa a vasculhar os pertences do falecido, ansiando por respostas. O que ela descobre são segredos terríveis e um mistério que está determinada a resolver.

Diria que o diretor David Bruckner soube brincar bem com toda a ideia, e sem usar de clichês clássicos trabalhou a essência aterrorizadora juntamente com o ambiente em si, ao ponto que alguns momentos soaram como duplos, outros como imaginários, e até aqueles com ares mais saudosistas, ou seja, ele funciona tanto para assustar quanto para refletir, e facilmente muitos ainda vão ficar pensando o que em cada momento era real ou fruto da imaginação fragilizada da protagonista. Sendo assim, não posso dizer que o longa seja totalmente original, afinal temos muitos exemplares que usam dos artifícios da mente dos protagonistas para aflorar sentimentos e tudo mais, porém a técnica escolhida pelo diretor, junto de uma precisão quase que cirúrgica da atuação da protagonista acabou resultando num filme tenso e bem impactante, aonde a maioria sairá com dor de cabeça por tudo o que acontece, e muitos ficarão na dúvida se realmente entenderam tudo o que acabou acontecendo na trama, mas certamente todos falarão em consenso que é daqueles que vamos lembrar bem.

Sobre as atuações chega a ser daqueles pontos gritantes que a trama só funciona pela protagonista Rebecca Hall acreditar no que está acontecendo com sua Beth, e principalmente conseguir passar isso para os espectadores, pois facilmente poderíamos assimilar que ela está maluca, poderíamos dizer que realmente tem algo ali, poderíamos não acreditar em nada, mas ela passa uma verdade tão segura nos atos que se não fosse pelos dois atos que citei no começo apostaria todas as minhas fichas em espíritos obsessores na casa da mulher quebrando tudo, pois ela é muito convincente em todos os momentos, e aí que está a sacada de suas bebedeiras, de suas necessidades em cima do luto, e claro do isolamento monstruoso no meio do nada que começa a fazer a mente trabalhar, e assim sendo ela nos mostra que é uma tremenda atriz e sabe ser marcante para nos fazer questionar tudo o que é mostrado. E claro que o filme depende muito da protagonista, pois os demais personagens sequer são desenvolvidos, e assim  nem Sarah Goldenberg com sua Claire sempre disponível, mas com trejeitos bem estranhos, nem o vizinho Mel vivido por Vondie Curtis-Hall que sempre escondeu muitas coisas da vizinha, conseguiram ir além em nenhuma cena mais chamativa, sobrando um pouco mais de destaque para Evan Jonigkeit com seu Owen pelos momentos de falas com a protagonista, e claro pelos atos finais estranhos, mas bem conectados com a ideia toda, que funciona bem ao menos.

O visual da trama é bem trabalhado também, pois com uma casa isolada no meio de uma floresta (um dos maiores clichês de filmes de terror), mas não abandonada, toda requintada de vários andares, cheia de elementos simbólicos do relacionamento, muitas garrafas de conhaque, e claro toda a representatividade do lago e o barco aonde o marido da protagonista se matou, com muitas boas sacadas de olhares e sombras, aonde cada um vê o que quer, e passa a enxergar cada ambiente de uma forma dupla, além claro das várias mulheres muito parecidas com a protagonista, além disso tivemos cenas numa escola, cenas numa livraria, mas a base toda fica na casa, que acaba fluindo bem e tendo todas as devidas nuances, afinal é lá que temos todo o ambiente da personagem, todo o estudo de labirintos do marido, e uma essência forte de cada ato.

Enfim, é um filme bem interessante de proposta, que funciona bem tanto como um bom terror (afinal me vi assustado e pulando em diversos atos), como para refletirmos nas peças que nossa mente nos dá em momentos de luto, depressão e isolamento, fazendo ouvir vozes, ver coisas e tudo mais, ao ponto que muitos verão um filme, outros enxergarão algo completamente diferente, mas o resultado final será único de algo que é bem interessante e vale a conferida. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Bagdá Vive Em Mim (Baghdad In My Shadow)

9/21/2021 01:18:00 AM |

Diria facilmente que a essência do filme suíço "Bagdá Vive Em Mim" fala bem mais do que o que é entregue na tela, pois costumo dizer que um filme quebrado só funciona bem quando tem um fechamento mediano e todo o restante funciona bem ou quando o fechamento é impactante e muda completamente tudo o que os vários pedaços picados não tão grandiosos tentaram passar, e o filme em si fala de tantas vertentes dos migrantes muçulmanos que vivem em Londres e não tiraram suas essências originais como homossexualismo, separação, casamento com pessoas de outros credos, traição familiar, entre outros assuntos, porém não foca nem nisso tudo, nem tenta florear como alguns jovens são facilmente influenciados por religiosos que acabam distorcendo os textos sagrados para algo em seu favor e acaba bagunçando tudo. Ou seja, o filme não é daqueles que vamos sair da sala impressionados com o que vimos, pois é praticamente um fotograma do que vemos em jornais e tudo mais já há muito tempo, mas que certamente poderia ser tão impactante com apenas alguns ajustes na edição, pois tudo seria menos abstrato ou então totalmente poético que agradaria bem mais do que em cima do muro das três formatações.

O longa nos conta as histórias de vida de Taufiq, um escritor fracassado, de Amal, uma arquiteta se escondendo do marido, e do jovem Muhannad, especialista em tecnologia, que se cruzam no Abu Nawas, um café aconchegante e ponto de encontro popular para exilados iraquianos em Londres. Mas Nasseer, sobrinho de Taufiq, instigado pelo pregador de uma mesquita islâmica radical, ataca os amigos de seu tio, que desaprova o conservadorismo, ele acaba transformando a vida de todos os frequentadores do Abu Nawas em um inferno.

O diretor e roteirista Samir até pode ter imaginado que a forma escolhida pela montagem de ser inteiro quebrado para refletir sobre talvez os pensamentos do protagonista em cima de tudo o que aconteceu, como tudo foi acabar virando aquele conflito imenso e tudo mais seja algo bom para seu filme, porém só serviu para mostrar alguns atos várias vezes, precisar ficar indo em alguns momentos para explicações e reverter tudo para algo não muito chamativo para a estrutura narrativa, pois alguns olham para a essência de um filme, acham ela simples demais e resolvem que tudo tem de ser amplo, cheio de nuances e tudo mais, mas não, a simplicidade do tema aqui seria muito mais envolvente, muito mais marcante e até direta no ponto se ele fizesse não necessariamente algo linear, mas sim algo quebrando apenas o ato final e toda a desenvoltura do meio, sem precisar ir, voltar, pegar partes do passado, colocar cada momento de cada personagem, voltar novamente, ir para o interrogatório 20 vezes com o copo de água, e assim ficou parecendo que ele queria mostrar até algo a mais que não foi mostrado, e até cansando o público, tanto que me vi fazendo gestuais toda vez que voltava a cena, e isso é irritante em certo ponto, mas não estragou ao menos a essência do filme.

Sobre as atuações, diria que todos tentaram abrir algumas nuances a mais do que o usual, e com isso pareceram em alguns atos artificiais com o que estavam fazendo, mas nada que estragasse a proposta, e assim sendo conseguimos até nos conectar a eles. Haitham Abdel-Razzaq trouxe para seu Taufiq os envolvimentos poéticos mais amplos, trabalhou olhares nos depoimentos e até foi bem no que tentou passar, mas fez aberturas demais para suas falas, e isso pesou um pouco. Zahraa Ghandour acabou ficando muito recuada com sua Amal, ao ponto que suas cenas do passado em alguns momentos até pareciam ser outra pessoa e outro momento até conectarmos tudo, e ela não se jogou como poderia num primeiro momento, mas de certa forma acabou convincente ao menos, e assim sendo o resultado até que funciona no fim de tudo (mesmo que suas falas finais ficassem ainda mais fora de eixo de tudo). Shervin Alenabi trabalhou seu Nasseer exatamente como acontece com a maioria dos jovens que viram terroristas alienados, pois acabam entrando para aprender mais sobre o Alcorão, e quando veem já estão completamente nas paranoias dos gurus, fazendo coisas que nem eles mesmos seguem, e que acabam sendo tão facilmente manipulados que explodem depois, ou seja, foi muito bem em tudo o que fez, sendo bem representativo. Quanto aos demais, cada um da sua forma tentou aparecer bem na representação colocada, desde o jovem casal gay vivido por Waseem Abbas e Maxim Mehmet, passando pelo adjunto cultural falso vivido por Ali Daim Mailik, até chegarmos nos donos do bar vividos felizmente por Myriam Abbas e Awatef Naeem, e mesmo os oficiais tentaram aparecer um pouco, mas não foram muito além.

Visualmente a trama trabalha alguns elementos alegóricos interessantes, como um café iraquiano comunista, alguns elementos da arquitetura árabe mas sem fluir muito para lado algum, nem mostrar algo de fato, uma mesquita bem simples que nem é mostrado nada exuberante por fora, e por dentro é apenas uma salinha, uma boate gay, uma sala de interrogatório, e algumas casas, além do passado da protagonista como algo mais efetivo realmente e elaborado, ao ponto que se gastaram muito com tudo a equipe abusou, pois é tudo tão simples que nem o maior ambiente acaba sendo chamativo na tela. Ou seja, abusaram tanto para símbolos e fecharam tanto o ângulo cênico que é até capaz que os cortes sejam para ocultar falhas cênicas, mas isso só o diretor para saber realmente.

Enfim, é um filme que passa a mensagem e até funciona mesmo com uma simplicidade mais alegórica, porém muitos vão apenas ver alguns ensejos enquanto outros acabarão até perdidos com a bagunça recortada, mas ainda assim vale a conferida pela proposta completa, e sendo assim vale a indicação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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TeleCine Play - Quo Vadis, Aida?

9/19/2021 11:12:00 PM |

Não sei se sou otimista demais com alguns filmes baseados em fatos reais, mas sempre espero que no meio de um caos de guerra, ao menos as pessoas protagonistas cheguem ao final do filme, pois alguém contou a história pelo menos, mas claro que também fico com aquele desejo oculto de saber como todo o resto foi imaginado se as pessoas ali morreram, ou seja, é um dilema imenso que passa na cabeça do Coelho quando vê um longa de guerra e é bem raro ver um exemplar desse estilo ruim. Ao ponto que o indicado da Sérvia para o Oscar 2021, "Quo Vadis, Aida?", tem uma pegada inteligente, tem momentos fortes bem feitos, e principalmente tem o envolvimento máximo em cima da protagonista, mostrando o desespero, a vontade, e tudo mais para tentar salvar a família toda desde o momento da cerca até o momento da retirada, já que por ser uma intérprete da ONU tinha sua segurança garantida, enquanto a família não, e assim sendo vemos não só seu momento, como também o desespero de todos os demais, afinal sabemos que numa guerra os homens não são poupados, e isso é pautado em nível máximo aqui. É um bom filme, tenso sem ser intenso, e que agrada quem gosta de dramas mais fechados, pois todas as aberturas dramáticas acabam ficando bem em segundo plano e quase desaparecem.

A sinopse nos conta que Aida Selmanagic é uma tradutora que trabalha em uma missão da ONU na pequena cidade de Srebrenica. Quando a região é dominada pelo exército sérvio, milhares de cidadãos buscaram abrigo no acampamento da ONU onde ela trabalha, incluindo sua própria família. Enquanto lida com as negociações que envolvem o conflito diplomático, Aida fará de tudo para tirar seus filhos do meio do fogo cruzado.

Diria que a diretora Jasmila Zbanic foi muito segura do que desejava passar com o seu longa, pois o livro de Hasan Nuhanovic ("Under The UN Flag" ou algo como "Sob a Bandeira da ONU") certamente trabalhou como foi a dinâmica de negociações, como foram as invasões, colocar as pessoas lá dentro, toda a forma jogada que os generais da ONU fizeram com tudo ao entregar de mão beijada para os militares sérvios as pessoas que deveriam defender, e tudo mais, então ela veio com o ar humanitário bonito e já emplacou a história de uma mulher, no caso uma das tradutoras da ONU e o dilema de sua família, e assim o filme tem todo um contexto familiar envolvente, mas a base mesmo é mostrar o desleixo da ONU em não defender realmente o povo da cidade. Ou seja, é daqueles filmes com um bom embasamento, tem toda a essência mostrada, tem muita figuração, mas certamente poderiam ter ido além em várias situações intrigantes e boas para se trabalhar, e diria que até isso pesou para o longa não ter sido o ganhador do Oscar de Filme Internacional, pois se fechou demais ao invés de abrir com todas as ideias, mas ainda assim é uma grandiosa homenagem a todas as famílias perdidas ali, como é mostrado nos créditos finais.

Sobre as atuações, o filme é de Jasna Djuricic com sua Aida que certamente caminhou uns bons quilômetros durante as filmagens, saindo de um ambiente, indo para outro, subindo escadas, descendo escadas, procurando generais, e tudo mais, sempre com trejeitos marcantes, olhares diretivos e funcionais, e claro sendo uma tradutora passando as devidas mensagens com ou sem vontade (era notório ver que não queria falar algumas frases, mas era sua função), e com isso a atriz mostrou precisão e muito envolvimento, até chegarmos nas cenas finais, já envelhecida, mas com um ar forte e muito bem preciso para todos seus atos bem marcantes. Quanto aos demais, tivemos boas cenas fortes do coronel da ONU bem vivido por Johan Heldenbergh direto ao ponto que precisava fazer, tivemos cenas marcantes com Boris Isakovic fazendo o imponente e marqueteiro general sérvio Mladic cheio de nuances, e até mesmo os familiares da protagonista vividos por Izudin Bajrovic, Boris Ler e Dino Bajrovic fizeram seus atos de formas bem trabalhadas, mas sempre ficando com ares secundários demais para ter algo a chamar atenção.

Visualmente a trama tem um ar bem marcante de meio para fim de guerra, pois não chega a mostrar as batalhas efetivamente, mas encaixa todas as nuances do povo acuado com a chegada dos "vilões", mostra o desespero de tentar entrar em um ambiente seguro sem saber como, tem toda a simbologia clara de negociações não tão bilaterais, e com muitos figurantes, roupas do corpo, higiene zero e muito mais vemos a situação dentro e fora do galpão bem representado da ONU na cidade. Ou seja, a equipe de arte foi muito simbólica e provavelmente devorou o livro em que o filme foi baseado para conseguir representar cada elemento alegórico, desde os militares da ONU vestindo bermudas e capacetes, até o momento final da personagem indo atrás de uma ossada numa sala com várias mulheres caminhando e chorando, ou seja, forte demais!

Enfim, é daqueles filmes que nos envolvemos pela essência em si, que traz algo que sequer conseguimos nos imaginar nos papeis principais, e que funcionam bem por saberem como passar isso para o público, que claro poderia ter sido ainda mais forte, poderiam ter focado em outros lados sem ser a da tradutora e sua família, mas que da forma que foi entregue funcionou bem, chamou a atenção e que certamente vai agradar bastante quem gosta do estilo, e assim sendo faz valer a conferida. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Pai Que Move Montanhas (Tata Mută Munții) (The Father Who Moves Mountains)

9/18/2021 06:41:00 PM |

Alguns filmes nos levam a pensar em situações que dificilmente viveríamos, e até aonde iríamos nas nossas atitudes para salvar um ente querido, mesmo que não estivéssemos mais tanto em contato com a pessoa, e claro também o que pensamos ser nossa culpa ou não dentro de um processo de separação. E com o longa romeno da Netflix, "O Pai Que Move Montanhas", temos uma síntese intensa que mostra um pai separado que o filho desapareceu no meio das montanhas com a namorada, e o que nos é entregue são cenas desesperadoras, o homem gastando mundo e fundos, fazendo operações ilegais com a uma equipe de investigação especial e tudo mais para tentar uma localização, mas nem sempre tudo é da forma que queremos, e esse processo pode desandar amizades, famílias e tudo mais, com textos duros e fortes de dizer e de serem ouvidos, e assim tudo é bem marcante na trama, toda a essência funciona bem, e quem gosta de dramas mais fechados certamente irá entrar no clima. Ou seja, está longe de ser um filme impactante, mas serve bem para tirar reflexões, tem uma boa dinâmica mesmo sendo um pouco lento, e principalmente é um cinema diferente do usual, pois não me lembro do último longa romeno que vi, e assim podemos imaginar o estilo que trabalham por lá, que é bem marcante também.

A trama nos conta que Mircea é um policial ambiental aposentado que recebe a notícia que seu filho desapareceu nas montanhas e vai procurá-lo. Depois de dias de busca sem sorte, Mircea monta seu próprio time e volta para as buscas, provocando um confronto com o time de buscas local, mas que não vai impedi-lo de parar a busca.

O diretor Daniel Sandu fez um filme bem forte e todo trabalhado em cima de dilemas porém com um roteiro levemente travado de essências, ao ponto que a todo momento parece faltar alguma explosão seja ela de um desabamento ou de uma briga mais intensa entre os personagens, pois somente com olhares não fica sendo transmitido realmente a dor, o desespero, ou até mesmo a raiva por alguém não ir além nas buscas. E assim sendo o filme até funciona bem, tem suas qualidades expressadas, mas não chega a causar a tensão clássica que um filme do estilo causaria, não sendo algo que vai marcar a vida de quem conferir ele, mas que envolve de certa forma e agrada um pouco, mostrando até que foi uma direção segura, sem grandes nuances, mas efetiva no que desejava mostrar. 

Sobre as atuações, temos de falar das diferentes formas de desespero e como cada um entrega em seu semblante ou atos o que realmente está sentindo, pois cada personagem foi escolhido para demonstrar isso e foi bem no que fez, ao ponto que Adrian Titieni entregou um Mircea bem seco e desesperado pelos erros do passado e tentando corrigir alguns para conseguir o perdão da antiga família, mas o ator foi meio sem explosões, o que acaba soando um pouco falso tudo, não sendo algo ruim, mas talvez um pouco mais de intensidade o marcasse mais. Elena Purea trouxe já aquele estilo de pessoa que sai gritando com sua Paula, e depois passa a acusar as pessoas tanto com olhares quanto com frases fortes e duras de ouvir, de forma que tudo seu soa intenso, mas não foi tão usada quanto poderia, ficando mais no hotel, e talvez alguns momentos na guarda de salvamento chamaria mais atenção. Tudor Smoleanu trabalhou o seu Filip com uma boa dinâmica, sendo daqueles agentes marcantes e claros na forma de entregar as dinâmicas de busca, e sendo seco como qualquer militar envolvendo bem sua maneira e sendo bem feito. Valeriu Andriuta trabalhou o socorrista chefe Cristian com estilo clássico de que estou fazendo o trabalho que dá, não vou matar meus funcionários por um capricho, e assim conseguiu chamar atenção e agradar com as devidas nuances necessárias. Quanto aos demais vale apenas a citação da família da garota, que num primeiro momento estava bem crente de tudo, usando de videntes e sensações, mas depois desligou bem, até ao ponto de levar as devidas bordoadas por parte da mãe do garoto e do pai em certas atitudes, mas nada que tenha sido impactante demais, e até mesmo a atual esposa do protagonista é usada apenas para dar os devidos sentimentos de culpa e desespero, não sendo algo de atuação forte e necessária.

Visualmente temos que falar do ambiente em si, pois a neve é linda, porém muito perigosa, e a natureza não tem como brigarmos ou processarmos, como o pai fez quando uns valentões bateram no filho numa das histórias contada pela mãe, ou seja, a equipe de arte foi bem representativa da cidadezinha pequena na beirada das montanhas, com um hotel luxuoso todo preparado para as festas de fim de ano, uma cabana de socorristas cheia de quadros e diplomas pelos salvamentos feitos, um teleférico antigo e simples que demora eternidades até chegar ao ponto máximo, e toda a montanha com seus percursos de difíceis acessos, as avalanches e muita neve, sendo algo intenso e belo de ver na mesma proporção.

Enfim, é um bom filme, longe de ser algo impressionante, que ficará marcado pela essência da culpa/desespero dos personagens, mas que como história acabou não indo muito além. Vale por ser algo diferente do usual tanto pela história mostrada, quanto por ser um filme de um país que raramente surge algo por aqui, mas faltou aquele ato espantoso e marcante que faria o longa ser comentado por todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Mate ou Morra (Boss Level)

9/18/2021 02:27:00 AM |

Posso dizer facilmente que hoje vi um dos filmes mais geniais e divertidos dos últimos tempos, pois "Mate ou Morra" entrega toda a essência dos jogos de videogame das antigas com uma dinâmica interativa incrível daquelas que íamos aprendendo com o personagem principal morrendo diversas vezes nos mesmos lugares para como passar daquele desafio, e a cada vez que voltávamos ali já sabíamos como passar aquela fase ou momento, e que no filme vai rolando da mesma forma para até chegarmos no nível final, ou como é a tradução literal do nome original Nível do Chefão, e assim toda a proposta acaba sendo deliciosa pela formatação escolhida, com um protagonista muito bom, todo um design perfeito que a distribuidora nacional teve todo o capricho de converter para o nosso idioma (ou seja, vejam nos cinemas pois vale a pena ver cada detalhe escrito na nossa língua), e que certamente tinha tudo para que eu assinasse já o nome dele como o melhor filme do ano até acontecer a cena final mais idiota e ruim dos últimos tempos, ao ponto da maioria permanecer na sala até os últimos créditos esperando aparecer algo que fosse para pelo menos sairmos sorridentes da sessão, mas não o filme simplesmente acaba. Ou seja, costumo dizer que não dá para estragar um filme ótimo com um final ruim, mas dá, e como dá, pois é algo que alguns até vão achar algo para justificar, mas faltou o gran-finale, aquele que impactaria demais, o grande resultado de um todo, afinal assim como no videogame quando tudo se cumpre algo bacana acontece, e aqui apenas acaba, o que é uma tristeza imensa. Sendo assim, ainda vou indicar o filme para todos, mas preparem-se para uma brochada imensa no final, mas antes vibre muito com cada detalhe, pois é incrível.

A sinopse nos conta que Roy Pulver é um ex-agente das forças especiais que se vê forçado a reviver o dia de sua morte inúmeras vezes. Ele acorda sendo perseguido por assassinos e, de uma forma ou de outra, acaba sempre morrendo no final. Enquanto luta para chegar ao fim do dia com vida, Roy descobre uma mensagem de sua ex-esposa revelando o envolvimento do cientista Ventor nesse ciclo mortal e percebe que a sua família também corre perigo.

O mais engraçado de tudo é que vi o trailer tantas vezes no cinema que fui conferir o longa até irritado com ele, pois até trailer com comentários "engraçados" colocaram durante várias semanas, e assim ao chegar na sessão esperava sim um filme explosivo, mas não algo tão bom, e só quem já jogou muitos jogos de videogame de missões vai sentir a nostalgia completa que a trama entrega, inclusive tendo cenas num evento de videogames oitentistas, ou seja, o diretor e roteirista Joe Carnahan simplesmente botou tudo o que fez nos anos 80/90 numa ideia insana de filme de ação e conseguiu com isso prender o espectador até o final num aprendizado muito coerente com cada ato, brincando praticamente com tudo, acertando na forma violenta das mortes, nas lutas corporais intensas, e claro nas explosões e tiros para todos os lados, pois essa era a essência dos jogos de missões, e aqui esse leque de estilo, de não saber exatamente aonde devemos ir, o que fazer, e ir aprendendo com as mortes e com as interações é algo muito perfeito de ver. Ou seja, posso até estar sendo injusto em reclamar tanto do final, afinal ouvimos a fala da personagem secundária (ou no caso a mocinha indefesa que estamos tentando salvar) dizendo o que deve ser feito, mas é inaceitável, pois desanima demais conseguir chegar tão longe para isso, e assim sendo poderiam ter feito um final alegórico mais agradável, porém tirando esse detalhe do encerramento tenho de tirar o chapéu para o diretor, pois ele entregou a perfeição que quem gosta do estilo desejava ver nos cinemas, e dou destaque também para a distribuidora nacional que fez os escritos todos na nossa língua como uma atualização mesmo de jogo que chega aqui completa sem precisarmos de dicionários para conferir/jogar.

Sobre as atuações, um fato é que acertaram demais na escolha de Frank Grillo para o protagonista Roy, pois o ator tem bons trejeitos, sabe se divertir em cena, e principalmente tem uma estrutura corporal clássica de personagens de jogos, ao ponto que vemos ele fazendo todas as suas cenas de ação com uma desenvoltura tão gostosa que faria certamente escolhermos ele para jogar se estivéssemos com o joystick escolhendo um personagem, e assim seus trejeitos foram certeiros, suas atitudes, e tudo mais, agradando do começo ao fim. Mel Gibson e Will Sasso até tentam ser grandiosos vilões, com frases marcantes, e até atitudes fortes, mas seus Ventor e Brett acabam sendo mais objetos imponentes do que atores que chamassem atenção, e assim sendo faltou um pouco mais de cenas para que eles realmente envolvessem, mas ao menos não atrapalharam. Já Naomi Watts é quase um objeto cênico que buscamos encontrar, pois sua Jemma até tem algumas cenas clássicas da famosa princesa de objetivo final de jogo, mas a atriz não foi marcante o suficiente, enquanto o filho verdadeiro de Frank, Rio Grillo trouxe um ar tão gostoso para o seu Joe, que as cenas deles juntos jogando certamente foram muito gostosas de filmar, e mostrou uma conexão maior ainda para tudo, além do garotinho ser bem esperto e expressivo. E quanto dos vilões secundários, já não estava mais aguentando ouvir Selina Lo falando o seu nome Guan Yin, e a cena de sua morte foi algo que ri demais pelo que o protagonista faz, sendo perfeito demais, mas todos foram mais usados do que trabalhados nas expressões, sendo representativos para os momentos, com um explosivo, outro caipira com ganchos, aqueles de facões, de muitas armas, até chegarmos em uma com uma arma que foi de Hitler, ou seja, algo até profundo demais. Já os amigos de bar do protagonista vividos por Ken Jeong e Sheaun McKinney com seus Jake e Dave foram bem colocados e divertem nas suas cenas, principalmente na remoção do rastreador.

Visualmente a trama também traz todas as dinâmicas de jogos, muitos elementos cênicos usáveis ao redor para o protagonista ver e ir descobrindo mais do que deve fazer e acontecer, mostrando que a equipe de arte trabalhou em cada detalhe, em cada simbologia dentro do mito de Íris e Osíris, criando um gerador de fluxo bem imponente, mas que pareceu mais um túnel de luzes, e todo um ambiente recheado de ação, com muitas cenas de perseguições de carros, helicópteros, armas e símbolos, que certamente fazem valer a pena ver até mais que uma vez o filme só para reparar em tudo (porém ao lembrar do final, a vontade vai embora!).

Como todo bom jogo tem boas canções embalando as cenas de ação, aqui não foi diferente, ao ponto que todas as escolhas deram ritmo e envolvimento para cada ato, valendo entrar completamente no clima e ouvir depois todas pelo link que deixo aqui.

Enfim, volto a frisar que é um dos piores finais para um dos filmes mais geniais que vi, mas que ainda assim faz valer totalmente a conferida, e que certamente quem já jogou muitos jogos de missões irá entrar completamente na essência da trama, irá vibrar com alguns atos, e sairá feliz da sessão, mas quem sabe resolvam dar uma continuação para o filme, e possam melhorar o último ato, pois vale a pena. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Confesso que se não fosse o final daria 10 para o filme, mas a decepção foi tamanha que vou tirar dois pontos só por esse motivo.


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