Nosso Planeta, Nosso Legado (Legacy, Notre Héritage)

11/30/2021 10:46:00 PM |

Pode até ser um pouco de implicância minha, mas documentário sem mais que uma opinião acaba virando programa da National Geographic ou Discovery Channel, com várias imagens e apenas uma narração interminável que não dá nem tempo para muita reflexão, e assim acaba cansando mais do que envolvendo. Não digo que o tema e toda a profundidade do assunto tratado em "Nosso Planeta, Nosso Legado" seja algo ruim de ver, muito pelo contrário, pois o diretor foi bem incisivo nas suas ideias, porém vale mais como um exemplar para ser visto em uma aula de cursinho do que como um exemplar nos cinemas, pois é basicamente ver tudo desde a criação da Terra até a pandemia atual, tudo o que o homem fez para transformar os diversos tipos energia que nos foi dado até hoje. Ou seja, é um documentário que pode impactar muitos pelo tema forte, e pela intensidade de tudo, que pode gerar reflexões e até mudar o hábito de alguns, mas como um entretenimento geral não agrada muito por ser algo de uma única e direta opinião: a do diretor.

O fotógrafo e diretor Yann Arthus-Bertrand faz um documentário pessoal, contando a história da natureza e do homem, a partir das próprias experiências. Priorizando o debate acerca dos danos ecológicos causados pelo ser humano, o filme apresenta soluções de reconciliação com a natureza e caminhos possíveis para um futuro menos devastado, que pode ser possível a depender de nossas escolhas enquanto sociedade.

Até poderia montar uma reflexão maior sobre o que o Yann Arthus-Bertrand analisou em seu filme, sobre as técnicas que é notável os diversos voos com drones, já que vemos nas imagens pessoas sempre olhando para cima, e claro valorizar muito todas as belíssimas imagens que arrumou para exemplificar sua ideia narrativa, mas estaria exagerando na reflexão, pois como costumo dizer um documentário é algo real bem exemplificado por alguém, pegando uma ou várias ideias, e trabalhando a montagem para que sua visão seja colocada na tela, e ele conseguiu fazer isso de uma forma até bem impositiva, agora se vai alcançar realmente as pessoas que precisam aprender mais a não destruir o planeta já é outra história.

Ou seja, é um filme que recomendaria para professores de Geografia e Biologia usarem quando for fazer algum tipo de aula multidisciplinar, mas que para ver apenas como um filme não encaixaria nos planos de ninguém. Sendo assim, fica a dica para todos, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos do Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até logo mais.


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Tralala (Tralala)

11/30/2021 12:42:00 AM |

Quando vi a ideia do filme francês "Tralala" já tive a leve percepção de que poderia ser daqueles bizarros, aonde nada leva a lugar algum, mas quando dei o play no trailer e vi que era um musical confesso que fiquei curioso se ao menos as canções seriam bem conectadas com a trama, não precisando tanto de envolvimentos de personagens e tudo mais, mas não, tudo é cantado sem rima praticamente, tudo é estranho, e as situações todas são tão bizarras de acontecer que nada acaba sendo crível, ao ponto que até entendemos bem toda a síntese da trama sem precisar recorrer à sinopse e algo a mais, mas acaba daqueles filmes tão estranhos que acabamos rindo de desespero com o que ocorre durante a exibição, e já na metade eu já estava com a mão na cabeça não acreditando no que estava vendo. Ou seja, se você gosta da famosa comédia do absurdo e também de musicais, pode até ir conferir, mas do contrário o Varilux e os cinemas têm opções melhores passando.

A sinopse nos apresenta Tralala, 40 anos, um cantor das ruas de Paris, que encontra uma jovem que lhe deixa uma única mensagem antes de desaparecer: “Acima de tudo, não seja você mesmo”. Teria Tralala sonhado? Ele deixa a capital e acaba encontrando em Lourdes a mulher pela qual já estava apaixonado, mas que não se lembra dele. Porém, uma emocionada mulher de 60 anos acredita que Tralala é seu próprio filho, Pat, desaparecido 20 anos antes nos Estados Unidos. Tralala decide assumir o papel. Ele vai descobrir para si uma nova família e encontrar a vocação que não sabia que tinha.

Diria que a ideia dos diretores e roteiristas Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu até foi algo interessante, pois a história não é de todo ruim, é bem maluca, mas funcional, porém transformar ela em musical foi algo fora de base completa, ao ponto que os protagonistas devem ter sentido até uma certa vergonha depois de se verem fazendo os atos com dancinhas bobas. Ou seja, é daqueles roteiros aonde conseguimos enxergar bem a ideia que queriam mostrar de uma pessoa que vê a oportunidade de ser outra, e acaba conseguindo enganar bem, mas que quando vê que tudo pode desmoronar opta por não ir além nas mentiras, e daria uma trama bacana, sem necessidade de toda a cantoria, mas quem nunca sonhou em dirigir um musical, então fizeram, e o resultado foi bem ruim de ver.

Sobre as atuações, vale claro pontuar a entrega completa de Mathieu Amalric com seu Tralala/Pat Rivière, pois mesmo soando estranho toda a cantoria como já falei anteriormente, o ator se jogou bem, fez boas entonações e fez de seu personagem algo marcante de ver na tela, que funciona, embora tenha sofrido bastante para dar rima nas canções. Não conheço muitos trabalhos de Bertrand Belin, mas seu Seb foi tão bem nas canções, que sua entrega foi marcante como cantor, já o personagem é meio estranho também de ver. Já Josiane Balasco com sua Lili Rivière ficou extremamente exagerada, ao ponto que chega a incomodar seus atos cantando/dançando. Mélanie Thierry fez uma Jeannie bem sensual e cheia de trejeitos marcantes, ao ponto que pareceu estar bem leve e disposta a tudo na trama, e assim sua personagem chega a brilhar em cena. Maïween entregou uma Barbara meio seca demais, direta nos atos e não pareceu estar conectada com a trama, o que é ruim de ver. Galatea Bellugi trabalhou sua Virginie de uma maneira meio misteriosa, e cheia de nuances para com a personagem, ficando interessante pela proposta em si, mas poderia ser menos estranha. E por fim Denis Lavant ficou apenas pulando e fazendo coisas malucas com seu Climby, ao ponto de que nem sabemos bem o que seu personagem é, mas apareceu até mais que muitos outros em cena.

Visualmente o longa é bem bacana, pois trabalha inicialmente nas ruas de Paris, mostrando pontos não muito marcantes, mas simbólicos para músicos de rua e sua desenvoltura, mas depois que vai para Lourdes e toda a marcação religiosa da cidade, toda a desenvoltura passa por lojas de souvenires, por hotéis chiques e abandonados, um restaurante na beira de um rio bem bonito e imponente e até uma discoteca com imagem da santa (ficou meio estranho também de ver), além de bares e tudo mais, com bons simbolismos e desenvolvimentos para as canções e danças, mas algo que vai chamar muita atenção de quem for conferir é que o longa foi rodado já em plena pandemia, então a maioria dos figurantes e até atores atuam com máscaras faciais em diversos atos, e isso é algo que ainda não tinha ficado tão em evidência tirando as novelas, ou seja, chega a dar um certo baque, mas não atrapalhou em nada.

Enfim, é um filme exagerado demais que não conseguiu me conquistar, nem quem estava na sessão, então não posso dizer que recomendo ele de forma alguma, e compartilho já aqui as canções para quem quiser ouvir, mesmo sem ver o filme, o que deve ser ainda mais estranho. Sendo assim, vamos para o próximo filme do Varilux que com certeza vai ser melhor, então abraços e até logo mais.


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Enquanto Vivo (De Son Vivant) (Peaceful)

11/29/2021 12:31:00 AM |

Tem filmes que parecem tão simples pela ideia, mas acertam tão em cheio no público que o resultado acaba sendo quase um mar de tanta emoção, e para fazer isso atualmente tem quase que um mote fácil de encarar que é o maldito câncer, mas se o diretor não souber aonde atingir, o filme acaba soando frouxo demais. Porém felizmente isso não aconteceu com o longa "Enquanto Vivo", pois souberam tão bem dosar o sentido de presença na vida da pessoa com a ligação de presença de palco, juntamente com o envolvimento toda da perda de alguém querido que chega a ser difícil ver alguém que não tenha ao menos engasgado com algumas lágrimas na projeção do longa, afinal além de um filme belíssimo e cheio de sentimento, o resultado acaba funcionando de uma maneira tão forte e bem desenvolvido que tudo flui, tudo impacta, e principalmente tudo emociona, sendo ao menos na minha opinião, o melhor filme do Festival Varilux de Cinema Francês 2021 até agora, e que com toda certeza recomendarei com muita força para todos.

A sinopse nos conta que um homem é condenado cedo demais por uma doença. O sofrimento de uma mãe diante do inaceitável. A dedicação de um médico e de uma enfermeira para acompanhá-los num caminho impossível. Ao longo das quatro estações de um ano eles terão que lidar com a doença, domesticá-la, e compreender o que significa morrer enquanto vive.

A diretora e roteirista Emmanuelle Bercot não apenas conseguiu captar toda a essência que necessitava para que seu filme comovesse, como também foi aberta a entregas de personalidade dos atores, pois é notável ver que é daquelas tramas aonde o protagonista faz seus atos acontecerem e funciona bem dentro de quase um exercício do que é atuar, do que é viver, e como se conectar com a vida e com as pessoas ao seu redor, o que é também uma grandiosa função do ator, e claro que isso viria de uma ótima atriz, afinal Bercot também continua mais atuando do que dirigindo, e sabe como ninguém como transformar uma estrutura narrativa em algo bonito e envolvente. Ou seja, vemos um filme aonde a doença é o tema que derruba, mas sem todo o envolvimento familiar, o passar a lição de como sentir, e toda a dinâmica de abertura bem colocada acaba fluindo como as lágrimas na cara de todos da sessão, pois se a pessoa não se emocionar com pelo menos uns dois atos da trama pode dizer que o coração é ultra gelado, e assim sendo podemos dizer que a diretora encontrou o estilo que faltava para ser marcante na carreira por trás das câmeras, e se investir nesse formato vai muito longe.

Quanto das atuações, Benoît Magimel literalmente deu um show de personalidade com seu Benjamin, trabalhando desde o envolvimento clássico de um professor de atores que tenta passar todo o sentimento de perda para seus alunos, até todo o sofrimento com sua doença acamado, sentindo tudo e passando com olhares e trejeitos perfeitos cada momento seu, ao ponto de estarmos tão conectados com tudo que a vontade é aplaudir ele ao final, mas é mais fácil secar as lágrimas. Catherine Deneuve também foi muito precisa com sua Crystal, passando toda a essência de uma mãe superprotetora, e acompanhando todos os momentos de dor de seu filho, passando a interpretação com um luxo tão preciso que chama atenção demais, e dominando claro suas cenas com muita personificação. Gabriel A. Sara foi incrível com seu Dr. Eddé, sendo daqueles médicos que dá vontade de abraçar por toda a desenvoltura, todo o carinho para com os pacientes, e principalmente pelo envolvimento que passa, e sabemos bem que existem vários assim nos hospitais do câncer, e o ator soube entregar uma homenagem lindíssima para todos. Cécile de France trabalhou sua Eugénie com muita sinceridade nos atos, demonstrou seus sentimentos, e principalmente não quis mentir para o protagonista, dando para ele algumas felicidades e envolvimentos, indo até além do possível em alguns momentos o que deve revoltar um pouco algumas enfermeiras que forem conferir o longa, mas no modo ficcional foi bem no que fez. Quanto aos demais, diria que Lou Lampros trabalhou sua Lolla como o protagonista diz de paixão de aluna por professor, mas emocionou bem na sua atuação dentro da atuação, o que foi bacana de ver, já Oscar Morgan acabou sendo mais revoltante com as cenas de seu Léandre por não ir logo falar com o pai, mas isso não é do ator, e ao menos fez bem no final cantando de forma bem emocionante.

Visualmente a trama praticamente se concentra no hospital com cenas bem marcantes de transfusões, de quimioterapia e claro muitas com o protagonista deitado apenas na cama, e também num teatro aonde o protagonista ensaia seus alunos para passarem num concurso de um conservatório, e nesse entremeio temos todo o desenvolvimento de ambos os momentos para passar o símbolo principal de presença, tendo toda a discussão entre médicos e enfermeiras nos começos das estações, com música motivacional no fechamento de cada sessão e toda a representatividade de cada época nas sensações do protagonista, e assim mesmo não sendo algo muito desenvolvido, tudo é bem encaixado e chama a atenção do público para a intensidade dos atos bem dialogados, ou seja, tudo funciona bem e emociona mais ainda.

Enfim é daqueles longas que parecia inicialmente ser bem básico e direto, mas que abrange tanto envolvimento e emoção que não tem como não ficar na mente cada detalhe mostrado, e como já disse antes vá preparado com um lencinho, pois vai precisar, afinal é um longa bem bonito, inteligente e que funciona demais, valendo demais a recomendação para todos. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos do Varilux, então abraços e até logo mais.


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Encanto em 3D

11/28/2021 05:26:00 PM |

Usando da síntese do nome do filme "Encanto" é literalmente um encanto, cheio de cores, músicas, danças e toda uma simbologia em cima da emoção e dos pilares familiares que podem ruir quando não seguem o fluxo que foi preparado no passado, e assim a trama da Disney que costuma trabalhar temas mais doces começa a entrar no famoso mundo da Pixar que dá mais tensões para tudo. Ou seja, é um filme bem bonito, com uma história de encontrar sua função ou dom dentro da família, que flui com muito sentimento passado pelas ótimas canções de Lin-Manuel Miranda, que foram brilhantemente adaptadas para o português, e que acabam envolvendo do começo ao fim numa trama até que bem rápida, dinâmica e gostosa de ver, aonde cada personagem passa sua essência e a protagonista vai costurando e conectando todos para que deem o seu melhor, e assim ele flui e diverte a todos.

O longa conta a história de uma família extraordinária, os Madrigais, que vivem escondidos nas montanhas da Colômbia, numa casa mágica, numa cidade vibrante, em um lugar maravilhoso, encantado chamado Encanto. A magia do Encanto abençoou cada criança da família com um dom único de super força para curar... cada criança, exceto uma, Mirabel. Mas quando ela descobrir que a magia que cerca o Encanto está em perigo, Mirabel decide que ela, a única Madrigal comum, pode ser sua excepcional família.

Os diretores e roteiristas Jared Bush e Byron Howard que fizeram o ótimo "Zootopia" voltaram a trabalhar aqui com uma essência aberta e cheia de vida, aonde a história tenta nos mostrar que não temos que nos comparar a ninguém, mas sim sermos nós mesmos dentro do que sabemos fazer e encaixar isso num mundo maior, e que claro servirá para algo mesmo que não víssemos num primeiro momento, e se lá em 2016 com a tecnologia da época os diretores já nos surpreenderam com muitas cores e texturas, agora então, cada detalhe tem um toque, a saia da protagonista parece ser realmente de pano que roda a cada giro seu nas danças, vemos os pelos dos animais, vemos todo o ambiente bem preparado no meio da selva colombiana, e tudo sendo tão bonito e direto de ideologias que o resultado final ainda vem com um toque mais emocionante por parte da vila toda que não tem como não dar aquela escorrida de lágrima, e assim sair da sessão muito feliz com o que viu.

Sobre os personagens, cada um tem seu dom desde força, beleza com flores, cura, transformação de pessoas, ver o futuro e por aí vai, mas uma coisa é nítida em todos, o carisma, pois como o tema é um pouco pesado para as crianças, e é um longa da Disney, optaram por trabalhar o envolvimento nos gracejos deles, nas cores e até nos personagens secundários vividos pelas crianças da vila e os animais do garotinho Antônio, mas sem dúvida alguma toda a essência da trama ficou a cargo da protagonista Mirabel, que na versão nacional é dublada por Mari Evangelista com um tom de voz bem gostoso e empolgante de sentir e acompanhar, transformando a garota em alguém cheia de sonhos e disposta a tudo para fazer sua parte dentro da família. Ainda tivemos muita cantoria com as demais irmãs dela Luísa dublada por Lara Suleiman e Isabela que Larissa Cardoso deu o tom, além de Jeniffer Nascimento que entrega o tom para Dolores e no final ainda tivemos a canção tema de Felipe Araújo que faz o galã Mariano na trama, mas que nem foi tão usado, mas sua canção ficou bem encaixada.

Visualmente o longa é incrível, com uma casa totalmente viva, cheia de detalhes em movimento como portas, ladrilhos, janelas e tudo mais, quartos imponentíssimos com o poder de cada um desde o do garotinho que é uma selva imensa, da garota das flores cheias de espécies conforme vai cantando e do rapaz da previsão do futuro toda a simbologia do tempo e obstáculos para o futuro, que aliado a personagens bem desenhados e cheios de detalhes ainda deram o tom para a trama, que como já disse é impecável em tudo. Quanto do 3D, temos bons momentos nas cenas das borboletas no final, da vela na história dela, e no ato com o garotinho correndo pela floresta em seu quarto que são bem bonitos e cheios de profundidade, mas certamente poderiam ter ido além. 

Assim como os bons clássicos da Disney, o longa é cheio de boas canções bem envolventes que ditam tanto o ritmo quanto a essência da trama, e assim vale deixar aqui o link das canções para curtirem depois, inclusive com todas as cantadas em português, ou seja, dá para sentir mesmo antes de ir conferir, mas que na trama fazem muito mais sentido, então vá antes ao cinema.

Enfim, é um filme bem bonito e colorido, cheio de gracejos e reflexões familiares, passando bem a mensagem de pilares que podem ruir, mas que com a ajuda de todos podem ser reconstruídos, e assim vale o envolvimento e a recomendação da conferida. Além do longa, como todos da companhia, antes tem um belo curtinha pesadíssimo sobre aprender na dor feito por um tipo de guaxinim (acho) chamado "Longe da Árvore" que vale pensar bastante com ele, então não entre muito em cima da sessão para curtir ele também. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão do Varilux, então abraços e até logo mais.


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Adeus, Idiotas (Adieu Les Cons) (Bye Bye Morons)

11/28/2021 02:04:00 AM |

Se tem uma coisa que os franceses sabem fazer muito bem no cinema é a tal da comédia dramática, pois fazem os dois gêneros caminhar na dosagem certa entre as estruturas, caminhando a emoção com a segurança clássica e divertindo com sutilezas bem encaixas sem precisar apelar exageradamente. E com a trama de "Adeus, Idiotas" temos algo que vai ainda mais além para simbolizar o fim da vida seja morrendo ou fazendo o bem, afinal quando já se desistiu de tudo as situações podem soar desesperadoras, mas bem funcionais, e o filme brinca com essa ideia, usa de bons artifícios para uma busca do passado, mas principalmente ousa em mostrar que não é necessário ser bizarro para fazer rir, e que com boas sacadas também é possível emocionar. Diria que a trama usa boas dinâmicas no uso da memória afetiva, trabalha bem a personalidade dos protagonistas, e acaba fazendo com que o filme seja leve, mesmo tendo tiroteio, batidas e vários acontecimentos de miolo, que souberam usar ao favor da trama, e assim todos conseguem entrar bem no clima dela com precisão.

A sinopse nos conta que quando a cabeleireira Suze Trappet, de 43 anos, descobre que está gravemente doente, ela decide procurar uma criança que foi forçada a abandonar quando tinha apenas 15 anos. Em sua louca jornada burocrática, ela cruza com JB, de 50 anos - velho no meio de um esgotamento psicológico, e o Sr. Blin, um arquivista cego com tendência a exagerar no entusiasmo. O improvável trio partiu em uma jornada hilariante e pungente pela cidade em busca do filho há muito perdido de Suze.

O diretor e roteirista Albert Dupontel que fez os excelentes "Uma Juíza Sem Juízo" e "Nos Vemos No Paraíso" trouxe aqui algo que já vimos bem em seus outros filmes que é usar de sutilezas para encantar o público, e ir brincando com o tema sem precisar soar sério, pois o filme tinha tudo para ser pesadíssimo logo de cara mostrando uma doença na vida da protagonista, um caso de desvalorização no emprego, e claro as consequências diretas disso, mas que logo em seguida consegue ir desenvolvendo tudo para que os motes funcionem, e envolvam completamente o público. Claro que na minha visão não foi o melhor filme francês do ano, pois mesmo sendo bem bacana poderia ter alguns momentos menos bobos, mas acabou sendo indicado a 12 Cesar (Oscar Francês) e ganhou 6 (Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Produção, Melhor Ator Coadjuvante), e assim sendo para eles o longa foi o melhor do ano.

Sobre as atuações, Virginie Efira fez com que sua Suze fosse simples, porém cheia de carisma, trabalhando quase que de uma forma desesperadora para seus objetivos, e entregando assim olhares bem marcados, situações bem sucedidas, e principalmente mostrando a doença de sua personagem sem soar apelativa para o tema, que conforme vai indo além no filme vamos entendendo seus atos e agradando com o que vamos vendo, não sendo algo que vamos lembrar dela efetivamente, mas que tem muito estilo e agradou bem. Agora falando do diretor como ator, Albert Dupontel com seu JB ou melhor Cuchas deu boas nuances para os técnicos de informática que até tem ares românticos, mas são exageradamente tímidos, e acabam não se entregando facilmente, e ele foi bem encaixado, fez suas situações serem engraçadas e trabalhou bem, coisa rara de se ver em um diretor de comédias atuando. Nicolas Marié levou prêmio com seu Serge Blin, mas diria ser apenas pela cena do carro aonde vai descrevendo a cidade com suas lembranças antes de ser cego, e pela loucura que faz ao pensar na polícia dirigindo o carro, pois é um personagem que não acrescenta muito para o tema do filme, mas soube segurar bem seus momentos e envolver, e isso conta muito nas premiações por lá. Jackie Berroyer foi bem simbólico com seu Dr. Lint, pois ao dar as nuances de letras horríveis de médicos, e fazer todos se emocionarem com seu Alzheimer sendo ofuscado pelas lembranças acabou envolvendo bastante e marcando em seus atos, o que é algo bem bom de ver em um personagem bem secundário. Quanto aos demais, tivemos ainda atos bonitos de Bastien Ughetto e Marilou Aussiloux no elevador final, e tenho de pontuar os bons trejeitos de Joséphine Hélin como a protagonista na versão adolescente, pois foi bem demais em alguns atos.

Visualmente o longa é cheio de bons atos, muitas câmeras passeando por cenários grandiosos como a sala de atendimento da saúde cheia de personagens, depois o escritório imenso do filho da protagonista também com muitos figurantes correndo (arrisco dizer que usaram até os mesmos nas duas cenas), todo um hospital cheio de personalidade no andar do médico principal, a casa dele cheio de memórias afetivas, e claro a sala do protagonista sendo detonada com o rifle, a sala do arquivo de um cego, além da simbologia da protagonista "matando" seus vilões no começo, ou seja, a equipe de arte teve grandiosidade nos elementos e foi usando cada ato para servir o espectador, ao ponto que tudo se encaixa, tudo é bem marcante e funciona com muitas cores e detalhes, que não vai muito longe, mas é seguro para o tema.

Enfim, é um filme muito gostoso de conferir, que tem atitude por parte dos protagonistas e uma direção segura do que desejava passar com o roteiro, sendo daqueles que podemos ver mais vezes tranquilamente, e que agradará bastante quem gosta do estilo mesmo tendo alguns defeitinhos leves. E é isso meus amigos, recomendo ele com certeza, e fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Um Intruso No Porão (L'homme de la Cave) (The Man In Basement)

11/27/2021 08:48:00 PM |

É interessante observar os rumos que uma trama acaba tomando e toda a reflexão que conseguimos extrair da ideia toda, mesmo em um filme com tantas ideias como "Um Intruso No Porão" que acaba entrando no conflito antisemita e casos negacionistas, mas basicamente a intensidade do conflito acaba mostrando que enquanto a ideia toda é jogada para cima das pessoas, quem acaba saindo como errado é quem perde a cabeça primeiro, e é bem isso que essas pessoas acabam tentando conflitar. Diria que o filme é pesado, mas acaba trabalhando bem toda a ideia e o resultado impacta bem e flui melhor ainda, sendo simples, porém efetivo.

A sinopse nos conta que em Paris, Simon e Helen decidem vender um porão no imóvel onde vivem. Um homem com um passado conturbado o compra e instala-se lá sem aviso prévio. Pouco a pouco, a sua presença vai mudar a vida do casal.

O diretor e roteirista Philippe Le Guay conseguiu envolver bem a ideia original a um ponto tão forte que acabamos entrando de cabeça no tema, passamos a pensar nas possibilidades do protagonista conseguir se livrar do incômodo, mas mais do que isso o filme acaba sendo dirigido completamente para o rumo da invasão de ideias, do impacto que um tema pode destruir uma família, de uma pessoa perder a cabeça e tudo mais, de forma que o diretor planta bem essa semente de pessoas que invadem não o seu espaço, mas sim sua vida, seu modo de ser, e que acabamos caindo em suas mãos pelas ideias plantadas de ódio que acabam crescendo bastante. Ou seja, é um filme que aparentemente parecia singelo, mas que tem uma explosão no interior tão grande que tudo acaba fechando com uma tensão máxima, e isso mostra o potencial do diretor, mesmo que o filme não vá diretamente ao ponto.

Sobre as atuações, Jérémie Renier foi bem direto com seu Simon, trabalhando intensamente os trejeitos e dinâmicas, mas principalmente tendo a explosão de ideias entrando na sua cabeça como um pai de família tendo de defender seu espaço e suas ideias, e o ator segurou bem os ares que o filme precisava, agradando bem em tudo. Bérénice Bejo ficou meio em segundo plano com sua Helene, mas passou a questionar ideias e a atriz soube passar bem os ares de interrogação, criou bem trejeitos de medo e desespero, e claro explodiu antes que marido, sendo bem intensa na formatação de sua personagem. Agora sem dúvida alguma a serenidade de François Cluzet com seu Jacques foi o ponto mais marcante da trama, pois seu personagem é exatamente a foto desses que jogam o fogo no celeiro e veem tudo explodir, e o ator foi preciso de intensidade e marcante em todos os diálogos e trejeitos, agradando bastante em tudo, e fazendo com que ficássemos com raiva dele. Quanto aos demais, vale uma rápida menção para o irmão do protagonista vivido por Jonathan Zaccaï pela sua disposição em querer ir para a briga, mas principalmente para a garota Victoria Eber por enfrentar todos os problemas e ser bem direta nos atos de sua Justine.

Visualmente o longa trabalha bem elementos do judaísmo, e faz até a dinâmica inversa do processo de se esconder em porões, com toda uma desenvoltura própria bem alocada, tendo toda a menção e representação de uma câmara de gás, todo o ato de lutas, e até colocando em síntese as vidas de cada personagem, nos devidos ambientes.

Enfim, é um longa bem intenso e interessante que permeia bem as ideias em nossas mentes, serve para uma reflexão bem simbólica sobre os temas, e que consegue ser marcante. Diria que o filme poderia ter ido mais além, mas foi bem funcional na ideia completa e impacta bem, valendo a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho mais um hoje do Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até logo mais.


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Paris, 13° Distrito (Les Olympiades) (Paris, 13th District)

11/27/2021 06:18:00 PM |

É interessante ver algumas propostas de filmes que não vão muito além do que se propõem, pois acabamos vendo tudo florescer na tela e nada acontecer demais, quase como uma análise mais íntima da vida de algumas pessoas e suas relações. E com essa proposta o longa "Paris, 13° Distrito" acaba sendo bem trabalhado, bem entregue por parte dos protagonistas, e até intrigante dentro de todo contexto, porém não empolga e nem chega a ser expressivo dentro de algo a mais, sendo até um bom filme, mas sem desenvolturas que chamem o público para lembrar dele, e assim fica sendo até simples demais. Diria que faltou algo mais impactante para ir além e marcar, mas que dá para conhecer mais sobre o relacionar em si com a proposta toda.

A sinopse nos conta que Émilie conhece Camille que se sente atraído por Nora, mas namora com Amber. Três meninas e um menino - Eles são amigos, às vezes amantes e, frequentemente, os dois. A história se desenvolve sob as nuances do amor moderno, e dos laços de amizade entre os jovens.

O diretor e roteirista Jacques Audiard até trabalhou bem a dinâmica entre os personagens, criou as interações, e até quis brincar com a fotografia pela estrutura de preto e branco ser algo mais vazio, de pessoas que não vão muito além de sexo ou amor de atração, e assim sendo tudo parece aberto demais nos traquejos que acaba colocando em sua trama. Claro que o funcionamento até da bons atos, vemos um pouco de todo tipo de sentimentos, mas fica parecendo faltar algo a todo momento, o que não é legal de acreditar, e assim o filme falha um pouco.

Quanto das atuações, diria que fez bem termos quatro estilos bem diferentes de personagens, mas talvez algum ato mais conflitivo chamasse mais atenção. E assim sendo é bacana ver todos se entregando ao máximo com Lucie Zhang dando para sua Émilie uma garota ousada, determinada, porém também apaixonada pelo protagonista, vivendo seus encontros ao máximo pelo tesão que causa nela, e assim fez bem solta suas cenas. Makita Samba deu para seu Camille toda a estrutura de alguém que quer viver e acontecer, sem fluir muito nem se amarrar, e o ator consegue ser bem dimensionado de trejeitos, de sensações e acaba fazendo boas interações com todos, o que é bem colocado no filme. Noémie Merlant já pontuou sua Nora como uma mulher que foi usada e abusada por muito tempo, e agora tem problemas com qualquer relação em si, e sabiamente passa emoção e envolvimento nas relações virtuais emotivas, caindo bem em sínteses e chamando até um pouco a atenção. E por último Jehnny Bett caiu em sua Amber como uma mulher que está na rede virtual para satisfazer os demais, mas que também tem sentimentos e com boas nuances nas conversas consegue chamar a atenção.

Visualmente o longa não vai também muito além, sendo simbólico pelo bairro em si, pelo ambiente que vivem cada um, mostrando claro os quartos de cada um, os corpos em relação, e até mostrando seus empregos em restaurantes, imobiliárias, e na internet, mas nada muito representativo para colocar em chamariz. Quanto da fotografia em preto e branco diria que foi apenas uma graça do diretor, pois não era necessária.

Enfim, não chega a ser um filme ruim, só não vai muito além, e com isso o resultado não impacta tanto quanto poderia. Diria que serve para conhecer diversos tipos de relacionamentos modernos, mas nada demais. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou para mais uma sessão do Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até logo mais.


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Casa Gucci (House of Gucci)

11/27/2021 02:37:00 PM |

Vou começar meu texto com a famosa polêmica da duração de "Casa Gucci", pois em 157 minutos deu tempo suficiente para contar até quantos cafés os personagens famosos da família famosa tomaram em sua vida, e o diretor não quis minimizar sequer um momento desde traições até atos de lavar apenas a louça suja da pia, e isso acaba sendo um pouco cansativo, afinal todo o processo de mudanças, de brigas, de conflitos de egos, e claro de traições e desamores acaba sendo mostrado exaustivamente em atos que abrilhantaram muito os atores com suas presenças imponentes e desenvolturas expressivas num nível máximo bem colocado na trama, mas que facilmente o diretor poderia ter dado uma melhor dinâmica para todo o drama familiar, ou cortado alguns atos "menos" importantes para que o filme não fosse tão alongado, pois confesso que na metade do filme já estava desanimando um pouco com o resultado, porém o fechamento foi bem feito. Ou seja, em hipótese alguma digo que é um filme ruim, muito pelo contrário o resultado todo do processo o qual lembrava bem pouco do que rolou nos anos 90 é interessantíssimo, só faltou algo mais forte que não fossem os atores para que a trama tivesse uma levada mais abrilhantada de intrigas e conflitos para impressionar e agradar mais.

O longa é inspirado na chocante história real do império da família por trás da italiana casa de moda Gucci. Abrangendo três décadas de amor, traição, decadência, vingança e em última instância, assassinato, vemos o que um nome significa, o que vale e quão longe uma família para se manter no controle.

Todos sabemos que o diretor Ridley Scott gosta muito de ser minucioso em suas tramas, contando detalhes de atos que nem são muitas vezes necessários para que o filme funcione, e aqui ele praticamente desenhou desde o começo o que tanto o pai do protagonista fala sobre os interesses da garota, e também tudo o que a garota/esposa sempre falou do advogado da família, pois o fechamento é exatamente em cima dessas duas desenvolturas ditas logo no início do filme, e assim ele deu seu estilo mais lento para que o público conseguisse ver as coisas acontecendo, já refletisse sobre o ato em si, e seguisse para o próximo, quase como uma leitura capitular de um livro, mas sem precisar das pausas para ler os títulos dos capítulos, e assim sendo vamos no começo criando o clima, se envolvendo com os personagens e até torcendo para tudo dar certo para todos, mas ocasionalmente como na maioria dos filmes do diretor, no miolo ele acaba exagerando demais, e não indo para rumos diretos, ao ponto que fica parecendo faltar estilo, mas não, esse é o seu estilo, e quando já volta para todo o desfecho até rápido demais já não pega mais tanto o público o que acaba sendo um defeito que para muitos pode até desagradar, mas que volto a frisar não é ruim de completo.

Sobre as atuações, como falei no começo o filme só não é pior por todos se entregarem ao máximo e desenvolverem muito bem seus personagens, e assim sendo conseguimos ver que Lady Gaga tem escolhido a dedo cada um dos seus projetos para o cinema, para claro conciliar sua carreira musical e ainda acertar a mão por completo em seus personagens, e aqui ela está perfeita com sua Patrizia, contando com nuances expressivas fortes, dinâmicas marcantes e uma personalidade que poucas atrizes conseguiriam entregar, de forma que facilmente dá para apostar que vá figurar entre as indicações de todas as premiações, levando algumas estatuetas para casa talvez. Agora se eu fosse o agente de Adam Driver falaria para ele tirar alguns anos sabáticos, pois está entrando em quase todos os filmes possíveis, e ele não é um ator extremamente expressivo ao ponto de chamar tanta atenção, e aqui seu Maurizio tem estilo e classe, mas é influenciável demais para um empresário do porte dele, e acaba não entregando tudo o que poderia para o papel, mas não desandou como costuma fazer, agradando em alguns atos espaçados. Al Pacino sempre foi uma lenda marcante pelas suas brilhantes atuações, e aqui seu Aldo é mais do que perfeito, tendo coesões graciosas, divertidas e bem imponentes, salvando muitos momentos que poderiam facilmente serem cortados do longa, e que o diretor deve ter pensado: "mas esse velho mandou tão bem aqui que não dá para eliminar a cena!". É até engraçado como Jack Huston vai comendo pelas beiradas durante todo o filme com seu Domenico, ao ponto que em alguns atos nem o vemos direito, mas está lá, e com muita desenvoltura acaba fechando o filme ainda de uma maneira bem imponente, e que até dava para ir além. Jared Leto acabou forçando um pouco demais os trejeitos de seu Paolo, ao ponto que exageraram tanto na maquiagem quanto nos trejeitos que o ator entregou, não sendo ruim, pois ele é um tremendo ator, mas facilmente dava para minimizar tudo. Ainda tivemos bons atos de Salma Hayek como a terapeuta e taróloga Pina totalmente pilantra, Jeremy Irons com seu Rodolfo já morto quase desde o primeiro ato, mas fazendo boas entregas, e até Reeve Carney e Youssef Kerkour apareceram bem nos atos de seus Tom Ford e Neemi Kidar, mas bem rapidamente nos fechamentos.

Visualmente a trama é cheia de luxo e requinte, afinal estamos falando de uma das famílias mais famosas da moda, então vemos casas imponentes em diversos países, vemos carros caríssimos e exclusivos da época, isso sem falar claro no figurino de cada personagem que vai muito além da moda, e contando com desenvolturas nas casas deles, em lojas, nas passarelas tudo ficou bem marcado por  muito estilo e classe. Agora quanto do cabelo e maquiagem, olhando as fotos dos verdadeiros Gucci acho que acabaram exagerando e errando demais, fazendo com que alguns personagens ficassem mais caricatos do que parecidos realmente com os verdadeiros, mas como o que importa no filme é a dramaticidade e a síntese dos papeis, isso acaba não atrapalhando tanto.

Enfim, é um tremendo filmaço pela história contada, mas que o diretor quis mostrar coisas demais, e assim talvez num formato seriado funcionaria melhor, com tudo sendo uns quatro capítulos, mas que funciona também como filme apenas sendo alongado demais para o estilo. Digo que recomendo bem a trama para quem gosta de dramas alongados com bastante história e que trabalham bem os personagens e acontecimentos, mas vá descansado que o filme é intenso de dramaticidade. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com uma tonelada de textos do Varilux, então abraços e até logo mais.



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Está Tudo Bem (Tout S'est Bien Passé) (Everything Went Fine)

11/26/2021 01:35:00 AM |

É até engraçado ir conferir um filme do diretor François Ozon, pois você já vai ao cinema armado para situações fortes, de alto impacto e que costumam chocar por alguma nuance específica, mas aqui em "Está Tudo Bem", o seu longa desse ano (já que está presente quase que todos os anos no Festival Varilux) ele conseguiu nos comover e emocionar com uma história bonita, que é forte pela essência da desistência da vida e de todo o processo da eutanásia na Suíça versus a polícia francesa, e que com percalços até engraçados no miolo acaba funcionando muito bem e divertindo e envolvendo na medida certa tanto pelas atuações funcionais quanto pelo tema bem representado, afinal é a história real de que a escritora do livro em que o longa foi baseado contou sobre o que aconteceu em sua vida, e assim sendo vemos um Ozon menos duro e chocante. Ou seja, certamente muitos irão se emocionar nem tanto pela história em si, mas sim por lembrar algum parente em seus dias finais, outros vão sentir raiva da ideia do senhorzinho, mas de uma forma geral todos vão se conectar com a trama bem feita, pois o filme é bom.

O longa conta a história de um senhor com a saúde cada vez mais debilitada, decide que não quer mais continuar a viver. A partir dessa decisão, ele inicia uma mobilização para conseguir o direito à uma morte assistida numa clínica na Suíça, e precisará enfrentar suas duas filhas relutantes. O filme, além de abordar a questão da eutanásia, conta a história de uma família em busca de entendimento acerca da vida e da morte.

Confesso que fiquei muito surpreso por ir conferir um longa do diretor e roteirista François Ozon sem sair da sessão com o queixo no chão ou sem saber exatamente o que pensar do filme, pois seu estilo é de longas difíceis, duros, fortes, com muita reflexão ou loucuras, e aqui ele foi extremamente coeso no estilo, trabalhando toda a dramaticidade forte do tema eutanásia, mas deixando que os protagonistas fluíssem na história, e dando envolvimento claro para o dilema da filha que sofreu bastante com o pai na infância, mas que o ama e agora terá de decidir se o ajuda ou não na sua última vontade em vida, ou seja, ele trabalhou os arcos dramáticos de uma maneira simples, porém bem efetiva já que sendo a adaptação do romance da escritora Emmanuèle Bernheim de algo real que aconteceu com ela, ele não pode ousar muito, mas ainda assim o filme funciona bastante e vai agradar quem gosta de um bom drama.

Sobre as atuações, Sophie Marceau é daquelas atrizes que conseguem extrair tanto de suas personagens, criando carisma e emoções próprias tão boas, que não sei se ela teve um contato maior com a verdadeira Emmanuèle, mas ao final de tudo o que fez parecia ser alguém que conhecemos já há muito tempo, que tem traquejos e olhares conhecidos, e que facilmente a veríamos na rua, ou seja, foi perfeita no que fez, e passou muita emoção nos atos que foram precisos. André Dussollier também trouxe para seu André tanta personalidade e força que só não tive a certeza dele estar realmente com sequelas de um AVC por ter visto ele no trailer de outro longa do Festival, mas do contrário a maquiagem e os trejeitos que o ator conseguiu entregar foram tão impactantes e marcantes que merecia uma salva de palmas, pois encaixou demais em tudo, e claro que seus atos com a filha chegam a dar raiva, mas é o papel. Géraldine Pailhas fez bem sua Pascale, porém como é a filha menos direta com o pai, acabou ficando meio que de segundo plano, mas ainda assim teve atos que chamaram atenção e foi bem interessante toda a conexão dela com a irmã. Quanto aos demais, a maioria acabou sendo de conexões, tendo um pouco mais de presença com a mãe já bem debilitada vivida por Charlotte Rampling e Grégory Gadebois (que está no outro filme que já vi do Festival - "Delicioso - Da Cozinha Para o Mundo) fazendo um papel meio que de canalha aqui, mas amado pelo protagonista e assim tendo um ato bem bonito na essência do longa.

Visualmente o destaque fica a cargo da maquiagem do protagonista que foi muito representativa para quem já conviveu com avós que tiveram AVCs graves, e assim o filme se passa entre vários hospitais e clínicas de readequação, sendo simbólicos com o situações constrangedoras que rolam com as pessoas (como desarranjo intestinal, falta de movimentos, alimentos não descendo na boca e tudo mais), e também vendo a protagonista em seus atos para tentar aliviar a mente (fazendo academia, boxe, indo a galerias e exposições), juntando com lembranças de sua infância com o pai, que dão um pouco do norte de sua conexão, ou seja, tudo bem simples e simbólico como a ida a um restaurante que o pai gosta pelo garçom e por aí vai. Além disso temos toda a explicação da eutanásia pela senhorinha num hotel, numa jogada meio estranha até de ver, e os perrengues que as moças precisaram passar por o pai não parar de falar disso num país aonde é proibida a prática, que acaba sendo bem engraçado tudo o que rola na delegacia e na ida para a Suíça.

Enfim, é daqueles filmes que certamente marcarão muitos por tudo o que é visto, e claro também pela forma que o filme é entregue, pois poderia ser muito mais impactante, mas que o diretor quis trabalhar a emoção vivida pela real personagem em seu livro, e assim o filme agrada bastante e recomendo a todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais filmes do Festival Varilux de Cinema Francês, e claro também com as estreias da semana, então abraços e até logo mais.


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Arthur Rambo - Ódio Nas Redes (Arthur Rambo)

11/25/2021 08:59:00 PM |

Hoje é bem interessante se pensar em qualquer coisa antes de postar uma ideia própria forte sobre determinado assunto nas redes sociais, pois da mesma forma que pode alavancar e trazer muitos seguidores para seu perfil, também pode soar como uma bomba relógio mais para frente caso você mude de opinião. E usando dessa reflexão, o longa "Arthur Rambo, Ódio Nas Redes Sociais" consegue fazer com que refletíssemos sobre essa ideologia de usar um pensamento forte para criar uma marca e/ou personagem, ou realmente mostrar o que sentimos sobre determinado assunto, mesmo que isso cause problemas futuros, e assim a ideia do que rola depois, como acabar com uma carreira promissora ou então com a vida de uma pessoa pelo que ela julgou achar de algo vai acabar refletindo nas amizades e até na ideia de como seguir. Diria que o filme é forte de ideias, atualíssimo com tudo o que anda acontecendo no mundo, mas queria um pouco mais da opinião do diretor no fechamento, pois ele largou tudo muito aberto para o público refletir, e isso é o que chamo de sair pela tangente ou ficar em cima do muro.

A sinopse nos questiona quem é Karim D.? Um jovem escritor empenhado no sucesso? Ou seu pseudônimo Arthur Rambo, que espalha mensagens de ódio em suas redes sociais?

Como falei na introdução, o diretor e roteirista Laurent Cantet foi bem ousado em colocar um tema forte desse estilo em um longa de ficção, pois todo dia ouvimos algo sobre o tema nos jornais, na internet e até na roda de amigos, e cada um claro tem sua opinião sobre estar certo ou ser coerente com o que seus seguidores querem ouvir você dizendo, e tudo foi tão bem trabalhado pela essência da ideia que acabamos nos envolvendo e esperando até um final mais chocante para o protagonista, afinal em menos de 10 minutos saiu do paraíso para o inferno, foi questionado e julgado pelos amigos, namorada, parentes e tudo mais, mas no final apenas jogou a bola, e assim sendo o filme não vai muito além. Ou seja, não vejo uma direção ruim, apenas poderia ter explodido a bomba de uma forma melhor e mais imponente.

Sobre as atuações, temos vários personagens secundários que apenas aparecem e entregam rápidas críticas para o protagonista, e assim sendo vale falar apenas de Rabah Naït Oufella com seu Karim D., pois ele soube dosar emoções, entregar sinceridade nas dinâmicas, e principalmente demonstrar o que cada um acaba pensando quando faz uma cagada e é exposto na mídia, e assim vemos um bom personagem, todo o envolvimento que o ator soube passar e que funciona bastante dentro da proposta, mas ainda assim poderíamos ver reações mais explosivas como fez seu irmão e outros personagens. 

Quanto do visual do longa, é muito bacana ver o processo de desabamento do protagonista, pois o filme começa com ele dando entrevista de seu novo livro, com mensagens graciosas de emoção aparecendo na tela, todo mundo falando que chorou lendo o livro sobre sua mãe, a jornalista abraçando e querendo selfies, na sequência já vai para uma festança gigantesca no topo de uma editora em homenagem à ele, com luzes e tudo mais, propostas de virar filme a história e por aí vai, ai começam a pipocar as notícias ruins, acharam seu perfil antigo, mais bombas, vai parar no escritório da dona da editora que já chuta o balde com o advogado, desesperado corre para a casa da amante, nem quer mais taxi, o visual de uma boa noite de sexo muda completamente quando a moça descobre pelo rádio despertador, vai pra sua antiga TV comunitária, mais porradas, vai pra casa da mãe no gueto já desabou para o lado mais pobre, mais brigas com a mãe, com o irmão que o defende no meio de um prédio abandonado, uma entrevista para um jornal já sem saber o que está falando, fim de tudo. Ou seja, é daqueles visuais que vamos vendo a decadência dele e tudo sendo bem simbólico e representativo, o que é bacana de acompanhar, mas como disse poderia ter ido bem mais além.

Enfim, é um longa bacana pela proposta, que funciona e é bem atual, mas faltou mais desespero, e uma finalização mais direcionada para sabermos também a opinião do diretor sobre o assunto, porém o resultado agrada e assim faz valer para discutirmos mais sobre o tema. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão do Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até logo mais.


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Delicioso: Da Cozinha Para o Mundo (Délicieux) (Delicious)

11/24/2021 01:12:00 AM |

Apenas uma recomendação: Não vá conferir o filme "Delicioso: Da Cozinha Para o Mundo" com fome, pois a chance de você chegar em casa e comer até o pano de prato é bem alta! Brincadeiras à parte, o nome do filme pode ser usado de sacada para falar sobre ele, pois é um filme bem gostoso, sem grandes reviravoltas, mas que assim como uma boa refeição tem um começo leve bem trabalhado, um miolo com situações acentuadas levemente apimentadas, e um fechamento doce e representativo, ao ponto que não é daqueles filmes que você sairá da sessão apaixonado, que vai querer ter ele na coleção, ou que vai se lembrar eternamente, mas que funciona bem e entrega algo que muitos não sabem como foi fundado o primeiro restaurante francês (a história é apenas uma adaptação que pode não ser 100% fiel), pois antes a gastronomia só era algo que os nobres da corte poderiam degustar, e o filme nos mostra toda a sagacidade e desenvolvimento que tiveram de uma forma simples, mas bem trabalhada para representar como isso foi feito.

A sinopse nos conta que no alvorecer da Revolução Francesa, Pierre Manceron, um cozinheiro ousado, mas orgulhoso, foi demitido por seu mestre, o duque de Chamfort. Quando conhece uma mulher surpreendente, que deseja aprender a arte culinária ao seu lado, dá-lhe autoconfiança e o leva a se libertar de sua condição de servo para empreender sua própria revolução. Juntos, eles vão inventar um lugar de prazer e partilha aberto a todos: o primeiro restaurante. Uma ideia que fará com que eles ganhem clientes… e inimigos.

O diretor e roteirista Éric Besnard foi bem esperto em trabalhar o visual com a essência mais bem colocada, pois facilmente seu longa poderia ter grandes surpresas, poderia ser mais cheio de impacto e até talvez mais romanceado se quisesse, mas ele optou por uma segurança no estilo, foi criterioso no visual de cada elemento, colocou claro dois grandes cozinheiros para não precisar de coisas falsas no set, deu abertura para a equipe de arte ser bem colocada, e criou a desenvoltura clássica de uma boa vingança que claro usando do dito popular, é um prato que se come frio, não precisando explodir ninguém nem ir muito além para fazer cada momento. Ou seja, com muita simplicidade ele fez um filme quase rural, com um traquejo bem linear, e que acabou sendo gostoso de ver, que muitos até podem reclamar de faltar mais história, mas que facilmente diverte e agrada como todo bom filme de comida deve ser.

Sobre as atuações, aí sim ele foi ousado, pois geralmente se colocaria um chefe mais clássico, com uma pegada estética singela e bem desenvolvida dentro dos trejeitos franceses da gastronomia, mas não, optou pelo grandalhão Grégory Gadebois que deu um ar rústico e bem direto com seu Pierre, que até dá bem o ensejo de chefes mais explosivos, e isso acaba chamando a atenção pois ele não chega a ser durão com os pratos, o que deu um charme e trabalhou bons contrapontos na atuação escolhida. Isabelle Carré já teve um pouco mais de história com sua Louise, pois tendo uma motivação extra para trabalhar com o chef acabou criando algumas nuances a mais, mas soube dosar bem seus trejeitos e passar carisma para a personagem soar gostosa de ver na trama, e assim claro representar bem o que achavam de mulheres na cozinha na época. Benjamin Lavernhe fez claro um duque de Chamfort bem exagerado como eram os nobres na época, todo trabalhado na arrogância, e conseguindo ambientar bem tudo o que o papel precisava, mas acabou sendo usado apenas em três cenas, o que é pouco para um "vilão". Agora quem poderia ter ido um pouco mais além foi Lorenzo Lefèbvre com seu Benjamin, pois o jovem antenado em todas as ideias da Revolução Francesa, querendo algo a mais para os pobres e tudo mais, apenas ficou sendo o filho que quer ver os jornais dos viajantes, e faz os anúncios de clientes chegando, mas com todo esse ar secundário poderia ter feito bem mais. Quanto aos demais, tivemos algumas boas cenas com Guillaume de Tonquedéc com seu Hyacinthe sendo um cobrador de impostos do duque, mas também sendo aquele amigo que dá os devidos toques para que o protagonista não saia do eixo, e Christian Bouillette apareceu um pouco com seu Jacob, mas acabou não sendo muito representativo para o longa.

Como já disse, o ganho do filme ficou a cargo de uma direção de arte extremamente precisa nas pesquisas de comidas visualmente atrativas, e conseguindo fazer com que a estalagem aonde o filme passa a maior parte da projeção funcionasse e fosse bacana como um restaurante rústico, e vamos vendo o crescimento de tudo ali, para no final até vermos mais cavalos e carruagens chegando no local quando dão o voo do drone, mas também tivemos bons atos representativos no castelo do duque no começo do filme, mostrando um banquete gigantesco muito bem preparado, e claro as devidas arrogâncias em cima de coisas sendo jogadas por quem se acha demais, e assim sendo tudo foi muito bem ambientado e agrada bastante, dando até fome de ver o tanto de comida bem preparada.

Enfim é um filme muito bem feito, que abriu bem os trabalhos do Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, tendo estilo, tendo uma boa paisagem, e claro com uma história legal de ser vista, pois nunca tinha pensado como surgiu o primeiro restaurante, e essa ideia funcionou bem. Ou seja, recomendo ir com a mente aberta para algo simples, não esperando nada nem muito cômico, nem muito dramático, ficando naquele meio do caminho leve e gostoso de ver numa boa sessão, e assim sendo fica a dica. Bem é isso meus amigos, vou voltar ainda com muitos textos do Festival, das estreias da semana, e assim nesses próximos dias não esperem tanto do streaming, mas se sobrar um tempinho encaixarei também dicas deles, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Baile das Loucas (Le Bal Des Folles) (The Mad Women's Ball)

11/21/2021 11:33:00 PM |

Se hoje ainda muitas pessoas viram os olhos para o espiritismo, imagine como era antes de ter todo um estudo e muito mais, pois bem não imagine, veja o longa "O Baile das Loucas" na Amazon Prime Video, que usa um pouco dessa base e ainda trabalha os testes que eram feitos com as pessoas nos sanatórios que muitas das vezes só pioravam os pacientes ao invés de curar eles de suas síndromes, ou seja, é um filme forte e interessante, que talvez poderia ser mais direcionado para um rumo melhor, e não ter tantos vértices abertos, mas que de certa forma, se focarmos na história da protagonista e esquecermos do restante que está rolando por lá, conseguimos nos envolver e entrar no clima que a diretora tentou passar.

O longa conta a história de Eugénie, uma jovem luminosa e apaixonada do final do século XIX. Eugénie tem um dom único: ela ouve e vê os mortos. Quando sua família descobre seu segredo, ela é levada por seu pai e irmão para a clínica neurológica em La Salpêtrière sem possibilidade de escapar de seu destino. Esta clínica, dirigida pelo eminente professor Charcot, um dos pioneiros da neurologia e da psiquiatria, acolhe mulheres com diagnóstico de histeria, loucura, epilepsia e todos os outros tipos de doenças físicas e mentais. O caminho de Eugénie irá então encontrar o de Geneviève, uma enfermeira de unidade neurológica cuja vida passa diante de seus olhos sem que ela realmente a viva. O encontro mudará seus destinos para sempre enquanto se preparam para participar do famoso "Bal des Folles" organizado todos os anos pelo Professor Charcot dentro da clínica.

Diria que a atriz Mélanie Laurent é muito superior a diretora Mélanie Laurent, pois trabalha bem trejeitos e dinâmicas há muito tempo em todos os filmes que é colocada, pois se já tinha achado ruim sua direção em "Galveston: Destinos Cruzados", mas achava que era problema do roteiro, aqui não sei se posso culpar novamente a escritora do livro em que a trama foi baseada, pois daria para eliminar muita coisa e fazer talvez um filme mais conciso em cima das ideias do espiritismo na época, e claro de apenas a jovem sofrendo no sanatório, não precisando ir tanto além com as demais pacientes, mas infelizmente ela caiu no famoso golpe de mais tramas, mais possibilidades para errar ou acertar, e aqui o erro foi um pouco grande, já que o longa meio que abre demais com todo o tratamento dado para Louise, e claro os devidos abusos sofridos, mas funciona como algo meio que de denúncia, pois existem diversos relatos sobre abusos em hospitais psiquiátricos desde que existem até o presente, mas não dá para ir além nisso sem muitas provas, afinal vão dizer que as pessoas lá são loucas. Ou seja, há problemas demais para o filme na concepção completa, e isso facilmente seria resolvido com a diretora focando mais na protagonista do que no sanatório.

Sobre as atuações, Lou de Laâge costuma sempre entregar trejeitos bem simpáticos e interessantes de ver para suas personagens, e aqui não foi diferente, pois sua Eugénie tem estilo, tem personalidade e conseguiu segurar bem os momentos que precisava passar as mensagens para os demais, fez cenas sofridas bem impactantes e acabou agradando bastante durante todo o longa, o que volto a frisar que deveriam ter focado mais nela do que numa abertura maior do tema, pois ela daria conta e faria algo ainda mais forte. A diretora Mélanie Laurente agora atuando fez de sua Geneviève uma enfermeira interessante, com um propósito bem colocado e até com trejeitos bem marcantes em seu semblante sério que cai com a conversa da protagonista, e assim volto no que falei acima que ela atuando é muito melhor do que dirigindo, pois sabe segurar a emoção e funcionar muito bem em cena. Dentre as demais mulheres do sanatório vale destacar um pouco da rigidez cênica de Emmanuelle Bercot com sua Jeanne bem impositiva e os sofrimentos de Lomane de Dietrich com sua Louise ingênua demais para tudo o que estão fazendo com ela. E quanto aos homens da produção, tivemos Benjamin Voisin como o irmão da protagonista que até teve um começo e um fechamento bem colocado, mas que não foi muito além, Christophe Montenez como Jules, um médico que abusa da paciente ingênua, e o médico responsável pelo sanatório vivido por Grégoire Bonnet que até faz algumas caras e bocas em suas cenas, mas nada de muito chamativo.

Visualmente o longa tem uma concepção não muito chamativa para a época, pois inicialmente parecia ser algo requintado, com figurinos clássicos, toda a nobreza da França dos anos 1800, mas logo que cai para o sanatório, vemos algo bem sujo, aglomerado, com alguns testes sendo feitos pelos médicos em roupa de gala, mas sem nada que chamasse realmente a atenção, ao ponto que como já disse serve como uma denúncia dos maus tratos, mas mesmo no ato do baile não foram além com algum refino, e isso poderia certamente ser bem melhor.

Enfim, é um filme razoável que até poderia ter ido bem mais além, mas que dá para conferir e entender bem a proposta e com isso acaba sendo ao menos funcional. Ou seja, se não tiver outro bom longa para conferir até vale o play, mas do contrário pode pular facilmente. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Noite Passada em Soho (Last Night in Soho)

11/21/2021 02:27:00 AM |

É muito engraçado ver como alguns filmes de terror nos fazem sentir na sessão, pois geralmente alguns nos fazem assustar, outros ficar tensos, outros arrepiados, mas hoje com "Noite Passada em Soho" a sensação que tive foi de angústia na maior parte do tempo, e olha que é um filme com um ar nostálgico numa mistura de anos 60 com atualidade, de moda clássica e ares rebeldes, de canções da época com um estilo mais moderno e que facilmente não impactaria tanto pela montagem em si, mas a estética foi algo que pegou pesado, as jogadas de câmera e claro toda a intensidade dos atos quase que de loucura extrema para cima da protagonista, num jogo tão marcante e forte que acabamos quase surtando junto com ela, e isso é muito bom, pois mostra que o diretor soube pegar um caminho e ir tão a fundo que acabamos entrando no clima do filme, e diferente da maioria que atualmente gosta de criar longas de sustos gratuitos, aqui a pegada foi completamente diferente, com sacadas e forças muito bem marcadas que funcionam e agradam demais.

O longa acompanha Eloise, uma jovem apaixonada por design de moda que consegue, misteriosamente, voltar à década de 1960. Lá, ela encontra Sandie, uma deslumbrante aspirante a cantora por quem acaba fascinada. O que ela não contava é que a Londres dos anos 1960 pode não ser o que parece, e o tempo passa cada vez mais a desmoronar, levando a consequências sombrias.

O diretor e roteirista Edgar Wright já nos surpreendeu com quase todo tipo de filme, desde ação, comédias, de HQ, assaltos, perseguições e agora terror com grande carga dramática e que brilhantemente ainda usou técnicas de movimentação de câmera para ter as devidas sacadas, teve toda uma sintonia perfeita de visual de época e ainda por cima reviravoltas bem encaixadas com os diálogos e situações, fazendo com que seu filme não ficasse só na simplicidade casual dos longas do gênero, tendo um assassino ou um espírito e coisas do tipo, mas sim todo o envolvimento da loucura, o ar de mediunidade de ver pessoas e claro incorporar tudo isso a uma imaginação fértil de uma jovem adulta, e assim florear todos os anseios com muita dinâmica e precisão. Ou seja, tenho certeza que muitos nem darão a chance para o filme pela classificação de terror, mas se parar para pensar pela carga dramática em si certamente valeria a chance, pois o envolvimento e a beleza técnica é tamanha ao ponto de que certamente o veremos em premiações no começo do ano, já que tem o estilo que tanto gostam, e assim sendo faz valer o algo a mais.

Sobre as atuações, temos literalmente um show de Thomasin McKenzie e Anya Taylor-Joy numa jogada de épocas tão marcante que se no começo já estava complexo com cada uma com uma cor de cabelo, quando a jovem pinta o cabelo e passa a usar as mesmas roupas da moça da década de 60 o filme literalmente bagunça nossa mente, e não apenas por isso, mas sim por ambas se entregarem e ficarem perfeitas em seus devidos atos. Dito isso Thomasin McKenzie vem num crescente tão bom que já começa a figurar entre grandes atrizes, e aqui sua Ellie é completamente cheia de nuances, com olhares impactantes, surtos fortes e bem determinados e muita desenvoltura para que cada momento seu fosse explosivo, mas cheio de síntese, não ficando algo maluco e esquisito, e assim acaba nos conquistando e agradando bastante em cena. Da mesma forma Anya Taylor-Joy vem construindo uma carreira brilhante cheia de acertos e filmes marcantes, e aqui sua Sandie tem toda a desenvoltura clássica das mulheres dos anos 60, recai bem para o ar das jovens que acabavam fazendo de tudo para alcançar sucesso nos clubes, e trabalhando trejeitos e posturas bem fortes conseguiu ser bem direta em tudo, ou seja, foi bem demais e vai muito longe ainda. Matt Smith teve bons atos com seu Jack, trabalhando bem o galanteio num primeiro momento e o ar canastrão numa segunda desenvoltura com muita clareza de estilo e impactando bem nos atos de seu personagem, caindo muito bem para tudo o que precisavam. Michael Ajao trabalhou bem seu John, mas acabou sendo daqueles personagens que até conseguimos ter algum carisma pelo carinho que passa para a protagonista, mas que é facilmente ofuscado e fica demais em segundo plano, e assim não decolou como poderia. Quanto aos demais, tivemos ainda atos marcantes de Terence Stamp como um senhor que passa a seguir muito a protagonista, e que depois que descobrimos mais sobre ele a surpresa é bem forte tanto pra ela quanto para o público e Diana Rigg como Ms. Collins como a dona da casa aonde a protagonista vai morar, que também tem seus segredos e acaba sendo bem marcante nos atos mais fortes do longa, ou seja, são dois personagens que aparentemente soaram como secundários, mas que tem bons fechamentos de cena.

Visualmente o longa já inicia com o aviso que se você tem problema com cores fortes e piscantes o filme pode causar epilepsia, ou seja, e isso se deve por alguns atos no quarto da protagonista com um bistrô próximo com luzes vermelhas e azuis piscando o tempo todo, que acaba dando até um algo a mais para o ambiente, além de algumas cenas nos clubes e festas, aonde tudo dá as devidas nuances de drogas e muito mais, mas o que faz valer mesmo é o trabalho que a equipe de arte conseguiu fazer de ambientação, retratando bem os clubes dos anos 60, as devidas festas aonde as mulheres do bairro de Soho conhecido por ser um point bem sensual da época pelos cabarés eram oferecidas aos homens mais ricos por agentes, os grandiosos shows e tudo mais, tudo com muita gala e pompa que ainda por cima a jovem na época atual tenta resgatar com os belíssimos figurinos de época em seu curso de moda. Ou seja, é tanto bem montado no conceito de design para recair para prêmios desse estilo, quanto para os âmbitos de cabelo, figurino e maquiagem, pois deram show nesses quesitos.

Outro ponto incrível da trama ficou a cargo da trilha sonora só com grandes clássicos dos anos 60, que além de ter uma escolha perfeita para dar o ritmo e dinâmica da trama, ainda foram criativos o suficiente para que a protagonista cantasse brilhante e deliciosamente em determinado momento, ou seja, ficou sexy e muito funcional, valendo claro a conferida no filme e depois aqui no link

Enfim, tinha gostado do que vi no trailer e imaginava que poderia me decepcionar com o resultado final, mas esse medo ficou só na lembrança, pois é uma trama que beira a perfeição, só faltando talvez um pouco mais de conflito nos atos finais, pois tudo acaba sendo muito fácil depois de tanta coisa, mas isso é algo comum para fechamentos de longas de terror, então está valendo, e assim sendo recomendo demais o longa para todos, e mesmo que você fale que não curte o estilo, dê a chance, pois é mais do que apenas uma trama de sustos gratuitos, que aliás não acontece nesse filme. Bem é isso meus amigos, finalmente fico por aqui hoje depois de três bons filmes, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Galeria Futuro

11/20/2021 08:21:00 PM |

Se tem algo que me deixa feliz é ver uma comédia nacional de qualidade que não entregue nenhum ato novelesco, pois 90% das produções cômicas do país recaem para esse estilo, e desde que vi o trailer de "Galeria Futuro" me pareceu algo que iria ser divertido e bem diferente do usual, e dito e feito, foi entregue uma proposta completamente diferente e ousada, aonde aproveitaram muitas ideias de filmes de sucesso, mas incorporando algo com uma cara própria bem moldada, que diverte bastante e acaba sendo gostoso de conferir, e que ainda entrega situações bem malucas, claro pelo efeito dos entorpecentes da trama, mas que confesso que poderiam ter apelado até mais para fazer rir mais, pois os melhores momentos do longa recaem nós atos de loucura, e isso usaram pouco. Claro que existem momentos que ficamos pensando em qual necessidade de colocar isso, mas felizmente não desandou o longa, e assim sendo o resultado final valeu a pena.

O longa nos conta que Valentim, Kodak e Eddie se conhecem desde de pequenos e são lojistas da Galeria Futuro, um centro comercial em Copacabana que ostentava luxo e pompa em seu passado, e que hoje, não passa de um lugar triste e decadente. Cheios de dívidas e prestes a falir, a administração da galeria é surpreendida por uma proposta milionária de um Pastor, que quer transformar o espaço em uma Igreja Evangélica. Os três amigos ficam destruídos com a possibilidade de perder a tão amada Galeria Futuro mas, a sorte deles muda quando acham um baú cheio de uma substância alucinógena dos anos 70, capaz de realizar os desejos mais insanos de quem a consome. Contando com a ajuda de Paula, uma recém chegada lojista, eles vão criar um plano mirabolante e surreal para tentar salvar a Galeria e impedir sua venda. Galeria Futuro é uma história inusitada sobre amizade, nostalgia e evolução pessoal. Os personagens, presos no passado, terão que confrontar o presente, vencer suas limitações e, por mais amedrontador que pareça, encarar o futuro.

Os diretores Fernando Sanches (do ótimo longa "A Pedra da Serpente") e Afonso Poyart (dos ótimos filmes "2 Coelhos", "Mais Forte Que o Mundo" e "Presságios de um Crime") souberam ser bem criativos no desenvolvimento da trama, criando atos ao mesmo tempo lúdicos e ousados, de forma a impactar bem em todas as situações, pois o filme abre a ideia do saudosismo, de ficar preso no tempo e não evoluir, mas que quando entram de cabeça no mundo das drogas passam a ser mais descolados e dinâmicos, e com isso o resultado do trabalho da direção de ambos é notável, pois vemos as famosas câmeras lentas e malucas de Poyart e a centralidade ousada de Sanches, fazendo com que o filme tivesse realmente uma impressão dupla. Ou seja, é uma comédia bem diferente do que estamos acostumados, que não recai nem para algo mais clássico, nem para algo escrachado, muito menos para os ares novelescos ou típicos do Zorra, sendo algo que pode ainda evoluir mais e ficar marcado como algo próprio dos diretores, e isso é um grande acerto.

Sobre as atuações, diria que fiquei esperando um pouco mais de Marcelo Serrado com seu Valentim, pois o ator costuma entregar personagens icônicos, e aqui aparentou ficar meio que para trás demais, algo que não é comum seu, ainda mais que o filme é quase todo focado nele, ou seja, ele poderia ter ido além. Já Otavio Muller trabalhou bem seu Kodak, sendo um personagem meio estranho, porém bem encaixado na proposta, e que acaba soando engraçado com as maluquices que pensa. Agora sem dúvida alguma os momentos mais engraçados recaem para o Eddie de Ailton Graça, desde os primeiros atos com a droga, até nas ideias que acaba fazendo, sendo bem colocado do começo ao fim, envolvendo na proposta e agradando com o que faz. A pegada de Luciana Paes com sua Paula acaba sendo meio bizarra, mas tem estilo e faz parte da proposta, ao ponto que sua loucura com a droga ficou meio fora de eixo, ao ponto que valeria mais momentos seus no set como maquiadora do que ali num programa de palco. Milhem Cortaz fez seu traficante Mesbla de uma forma meio que surtada, mas encaixou bem seu estilo forte e chamou a responsabilidade de suas cenas para si, o que acaba dando um bom tom, mas precisou forçar um pouco a barra, o que não é tão bom de ver. Quanto os demais valem um pouco de destaque para Taumaturgo Ferreira com seu Dudu mais descolado e cheio de traquejos internacionais, mas desperdiçaram de não usar mais Zezé Motta com sua Sula, pois a atriz é boa demais para duas cenas quase sem falas.

Agora algo que o filme valorizou bastante foi o conceito visual, trabalhando bem a galeria inteira, mostrando empresas clássicas que víamos nesses lugares como revelações de fotos, balcões de mágicas, locadoras de filmes, salões de beleza e lojas de discos, contando com todos os elementos clássicos para ser bem representativo, além da luta final ser bem pensada e sacada de onde veio toda a ideia, sendo um bom fechamento ou não, afinal a cena no meio dos créditos diz que pode haver continuação. Ou seja, um bom trabalho da arte, com bons efeitos e funcionalidades.

Enfim, é um bom filme que será lembrado pelo diferencial como um todo, mas que certamente se fosse ainda mais engraçado acabaria como o trailer pareceu ser, o resultado seria incrível e valeria ainda mais. Mas recomendo ele com certeza por todo o estilo, e ser uma comédia fora do usual que sempre nos é entregue. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda vou conferir mais um longa, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Tick, Tick... Boom!

11/20/2021 04:05:00 PM |

Esse ano está sendo realmente das apresentações musicais da Broadway virando longas imponentes nas telonas e telinhas, pois ao trabalharem temas bem envolventes e que continuam atuais, resultam em tramas bonitas e gostosas de ver, e que mesmo quem não seja um grande apreciador do estilo acaba curtindo o que é mostrado. Claro que alguns puxam mais para a cantoria enquanto outros desenvolvem um pouco mais da história tendo alguns atos cantados e outros interpretados, e é nesse segundo estilo que se encaixa  o filme da Netflix, "Tick, Tick... Boom!" que funciona muito bem como uma grandiosa homenagem ao compositor Jonathan Larson que viveu vários anos tentando conseguir lançar seu primeiro musical para alçar ao estrelato, mas que somente com esse exemplar aonde conta sua vida e como foi escrever ele conseguiu decolar. Diria que o filme tem uma essência emotiva bem trabalhada ao desenvolver o tema da paixão seja por uma pessoa, por um amigo ou pela arte, o se descobrir no meio, e principalmente viver com tempo para conseguir fazer tudo o que precisa, e que tem um bom fluxo de ideias conseguindo ser interessante e agradável, mas que ainda assim falta algo mais explosivo realmente para pegar o público, e que mesmo sendo uma belíssima obra ficou seguro demais dentro da proposta, mas isso é entendível, afinal é o primeiro trabalho de Lin-Manuel Miranda dirigindo e assim não foi além, mas já mostra que veremos muito dele com personalidade nas telas.

O filme segue Jon, um jovem compositor de teatro que servia mesas em um restaurante na cidade de Nova York em 1990 enquanto escrevia o que ele espera que seja o próximo grande musical americano. Dias antes de apresentar seu trabalho em uma performance decisiva, Jon está sentindo a pressão de todos os lugares: de sua namorada Susan, que sonha com uma vida artística além de Nova York; de seu amigo Michael, que mudou de seu sonho para uma vida de segurança financeira; em meio a uma comunidade artística sendo devastada pela epidemia de AIDS. Com o tempo passando, Jon está em uma encruzilhada e enfrenta a pergunta que todos devem considerar: o que devemos fazer com o tempo que temos?

Como falei no começo essa é a estreia de Lin-Manuel Miranda na direção de um filme, mas ele provou que sabe conduzir muito bem seus atores para musicalizar num nível que vai muito além de tudo, afinal Andrew Garfield ainda não tinha encarado esse gênero e foi perfeito em cena, e isso se deve demais à uma boa direção, o único problema é que vemos uma divisão clara dos atos acontecendo no palco e na vida do rapaz, sendo até uma boa representação, que talvez coubesse algo maior para se abrir e acontecer somente fora do palco, mas não chega a incomodar, e dá para entrar de cabeça em tudo o que o roteirista Steven Levenson conseguiu adaptar, afinal o musical de Larson é somente o que está no palco e Levenson foi criativo em abrir o nicho. Ou seja, é uma trama que é necessário o público entrar no clima para conseguir ser levado e se emocionar com os temas, mas que facilmente tem três ou quatro atos que foram bem fundo nisso e conseguiram, com destaque claro para a amizade de Michael tanto na briga quanto na notícia pesada, na apresentação da discussão do casal feita musicalmente pelo protagonista e Vanessa Hudgens no palco, e para o estouro de Hudgens e Alexandra Shipp na canção principal da peça. 

E já que comecei a falar dos atores, se há algum tempo muitos criticavam o jeitão meio estranho de Andrew Garfield atuar, agora podemos dizer que ele encontrou versatilidade e estilo para encarar o que quiser, pois sua representação de Jon é algo quase que clonado ao vermos as cenas gravadas antigas, entregando personalidade, carisma e muita desenvoltura, além claro de cantar muito bem e passar a emoção através do sentimento cantado, o que resulta em algo perfeito de ver. Alexandra Shipp representou também bem sua Susan, enfrentando o tradicional conflito de ter um artista que não tem tempo para ela em casa, fazendo claro que as devidas discussões fossem bem expressivas, e acertando bem o tom e os trejeitos da personagem, que acredito que tenha sido marcante na vida do verdadeiro Larson. Robin de Jesus deu um tom muito emocional para seu Michael, sendo preciso nas nuances, fazendo com que a amizade dele e Jon fossem algo bonito demais de ser visto, e que soube passar sensibilidade sem soar forçado e ser gracioso sem parecer jogado, o que acabou sendo de uma precisão incrível de ver na tela. Agora confesso que não reconheci Vanessa Hudgens com sua Karessa, pois a atriz está muito diferente, não sei se foi maquiagem ou algum procedimento estético, mas não é a mesma que já vimos em vários outros filmes, mas isso é o de menos, pois a atriz e cantora soltou seu vozeirão em diversos atos e na apresentação da música mais difícil de ser composta ficou incrível ao ponto de arrepiar, ou seja, foi bem demais. Ainda tivemos bons atos cantados de Joshua Henry com seu Roger, e claro toda a representatividade do personagem de Bradley Whitford como Stephem Sondheim, um dos maiores produtores de musicais da Broadway.

Visualmente o longa foi bem bacana por mostrar a vida simples e bagunçada de artistas, com apartamentos completamente bagunçados, devendo tudo quanto é conta possível, mas claro fazendo festanças, tivemos ainda a comparação com quem realmente opta por trabalhar fora da arte que consegue ir para um bairro/apartamento mais luxuoso, tivemos os vários atos mostrando a peça "Tick, Tick... Boom!" sendo representada e apresentada pelo protagonista, com um visual simples mas bem marcante, vários atos na piscina para refrescar a mente e toda uma desenvoltura bem clássica nos estúdios de música, aonde tudo vai se desenvolvendo, ou seja, a equipe de arte foi bem segura e acertou no estilo ao menos da época dos anos 90 para funcionar.

Todas as canções são bem marcantes e representativas, o que não poderia ser diferente, afinal estamos falando de um musical, então vou colocar aqui o link para todos escutarem, mas não recomendaria ouvir elas antes de ver o filme, pois lá elas tomam forma, enquanto aqui são apenas cantadas, mas todas são bem interessantes e envolventes.

Enfim, é um filme que poderia facilmente ter ido além, mas que funcionou muito bem como uma homenagem e uma representação fiel da peça musical para algo mais expandido, e assim pessoas como eu que nunca tiveram a oportunidade de ir para a Broadway conferir essa peça, e claro conhecer um pouco mais de Larson sem ser o filme/peça "Rent" puderem entrar de cabeça e se envolver com tudo o que foi mostrado. E sendo assim recomendo ele com toda certeza para todos. Bem é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com mais textos, então abraços e até logo mais.


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