Netflix - Granizo (All Hail)

3/30/2022 10:33:00 PM |

Costumo dizer que os longas argentinos além de trabalharem um estilo de comédia mais fechada e caricata, também insere uma certa dramaticidade que não fica completamente presa ao ambiente, e assim vemos sempre filmes que fluem rápido e divertem pela essência em si, e não tanto pelas piadas, mas que também gostam de dar algumas apeladas de leve e pesam a mão as vezes. Dito isso, o longa da Netflix que estreou hoje, "Granizo", trabalha exatamente dessa forma ao mostrar algo que está muito na moda, que é o cancelamento por algo, e que impõe a famosa frase de que você pode acertar por 20 anos algo, errou uma vez, já era. E usando bem essa base toda o longa tem estilo, diverte com as loucuras dos personagens secundários, e mostra algo que fere muito um artista, a quebra do ego, ou seja, temos vários efeitos fortes para mostrar o clima, temos alguns atos abstratos e malucos, mas se focarmos bem na volta do protagonista para quem ele já foi, reconhecer a vida com a filha, e até abaixar a bola para recomeçar foi algo bacana de conferir, que mesmo não sendo uma trama perfeita acaba agradando e divertindo de certa forma.

A sinopse nos conta que um famoso meteorologista da TV, Miguel Flores, torna-se o inimigo público número um quando não consegue prever uma terrível chuva de granizo. Ele é forçado a sair da grande cidade, Buenos Aires, fugindo da capital para sua cidade natal, Córdoba. O resultado será uma viagem de redescoberta tão absurda quanto humana.

O estilo do diretor Marcos Carnevale é sempre bem marcante, afinal ele trabalha com comédias menos densas aonde pode brincar com a dramaticidade cênica e explorar mais o protagonista, então até vemos sempre vários personagens ao redor, mas apenas dando as devidas conexões, e aqui ele fez com que seu protagonista tivesse um ego tão gigante quanto toda a produção pudesse imaginar, sendo seguro até demais de tudo o que diria, deixando a família de lado, e se exibindo o máximo que pudesse, para depois cair num abismo imenso, ou seja, o diretor brincou bastante com contrapontos, colocou claro o ar amplo que é a meteorologia que é uma ciência complexa e tende até para algo mais oculto do que apenas números, e colocou em pauta também o ar de que as pessoas não leem contratos, não se relacionam de formas comuns e tudo mais em um único filme, ou seja, ele ampliou bem seu leque para que o filme não ficasse tão preso, e assim temos situações bacanas acontecendo que fazem rir, mas também fazem refletir, e essa essência completa que volta às origens do diretor, e acaba agradando. Ou seja, não temos em cena um filme fechado num tema só, mas que brinca com tudo ao redor, com o desconhecer a família para focar no trabalho, o não acreditar nos outros e se achar demais, e por aí vai, que se usado bem floresce.

Sobre as atuações, Guillermo Francella é um dos grandes mestres do humor argentino, e seu estilo é  sempre acertado demais, chamando a responsabilidade cênica para si e incorporando trejeitos diferentes a cada papel seu, ao ponto que aqui seu Miguel é bem mais do que apenas um simples meteorologista, mas sim um showman, e ousando olhares diretos sempre para os fãs, quando os perde é claríssimo o ar que ele perde um pedaço de si, e com isso vemos algo amplo muito funcional e chamativo com o que faz em cada cena sua, ou seja, é divertido sem precisar apelar, e agrada pela simplicidade mesmo que o ar egocêntrico predomine em alguns atos, e assim funciona demais. Ainda tivemos cenas bem engraçadas e marcantes com Peto Menahem e Nicolás Scarpino com seus Luis e Maxi, ambos em contrapontos bem marcados com o primeiro desesperado pelo prejuízo em confiar no protagonista, e o segundo como um assistente que está disposto a tudo para agradar também seu chefe, ou seja, ambos fechados nos trejeitos necessários, mas passando tudo para o protagonista jogar a bola. Tivemos também toda a parte dramática familiar carregada na personalidade da filha médica vivida por Romina Fernandes, que demonstrou ter um estilo também bem próprio. E ainda tivemos Norman Briski como um Ermitão bem maluco de ideias climáticas, mas que chama a atenção, ou seja, uma equipe bem boa de ser usada.

Visualmente o longa nem parece ter tanto a ser desenvolvido, com um apartamento bem rico do protagonista, mostrando que já cresceu muito na carreira e agora desfruta disso, uma casa simples da família em outra cidade, proveniente de herança, um estúdio de TV com um programa bem imponente com cantores, globo que desce e sai o protagonista, e tudo mais de comum, mas na hora das chuvas de granizo, a equipe não economizou nos efeitos e botou muito gelo voando para todos os lados, atingindo monumentos, mesas, janelas e tudo mais para uma destruição de nível máximo no melhor estilo dos filmes de fim de mundo, ou seja, usaram tanto efeitos práticos quanto efeitos computacionais bem colocados e conseguiram chamar muita atenção, ou seja, a equipe de arte acabou entregando um resultado bem marcante.

Enfim, está longe de ser um filmaço memorável do estilo, mas que tem seus atos divertidos e agrada bastante em alguns momentos, fazendo valer a conferida, e claro também a reflexão em cima de egos, afinal podemos saber muito sobre algo, mas não somos perfeitos ao ponto de não errar nunca. E é isso meus amigos, fica a dica para quem quiser curtir na Netflix, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - As Trambiqueiras (Queenpins)

3/29/2022 11:02:00 PM |

Vocês não imaginam como é tão bom ver uma comédia absurda funcionando sem exageros, tendo tudo bem encaixado, divertindo com as surpresas realmente acontecendo, que dá para rir das loucuras que ocorrem e não de personagens fazendo caras e bocas sem nexo algum! E comecei claro dessa forma o texto da comédia "As Trambiqueiras", que estreou na Amazon Prime Video, por estar realmente feliz com o que vi na tela, pois quem me conhece sabe que se tem um gênero que fujo na maioria das vezes é a comédia, afinal são raras as que fazem rir e divertem mesmo, mas me peguei rindo diversas vezes durante a exibição do longa, surtando a cada loucura que as protagonistas faziam na tela para conseguir dar conta de tudo, e ainda me espantando que não é só no Brasil que o povo faz uns trambiques dos bons para pagar menos (ou nada) em algo. Ou seja, é um filme completamente insano de situações, daqueles que você vai a todo momento falar que é impossível que algo desse estilo tenha acontecido, mas que só por essa síntese bem doida que entregam já se faz valer a conferida, então as ótimas atuações mais malucas ainda acabam sendo um bom bônus!

Baseada em uma história real, o longa segue a história de Connie, uma mulher suburbana que cria um comércio de cupons de supermercados. Connie e sua melhor amiga JoJo decidem transformar a louca obsessão delas em algo que lhes dê lucro. Depois de enviarem uma carta para a empresa responsável pela marca de uma caixa de cereal estragada que compraram, elas acabam recebendo um pedido de desculpas com dezenas de brindes. Vendo lucro no caso, a dupla cria um esquema de clube de cupons ilegal, engana diversas megacorporações e ainda oferece ofertas para legiões de fãs de compras. Intrigado com as amigas, um oficial de prevenção de perdas de uma rede de supermercados, que foi alvo do golpe, decide investigar as duas e une as forças com um inspetor postal que também quer trazer justiça.

Diria que os diretores e roteiristas Aron Gaudet e Gita Pullapilly souberam exatamente o ponto certo de não extravasar na dosagem cômica da trama, pois um pouco mais ficaria irritante de diversas formas, desde não ser algo convincente, ou então ficando como algo sério demais, e como brincaram um pouco com tudo, o resultado acabou fluindo bem, tendo boas dinâmicas, e principalmente tendo um ar grandioso para as duas que eram bem simples. Ou seja, como antes de entrarem para o mundo da ficção, o casal já fez grandes documentários premiados, certamente ao pesquisar sobre algo acabaram encontrando essa história insana e resolveram dar as devidas nuances para que o filme ficasse bem colocado, e claro divertido, pois é algo irreal de se pensar em venda de cupons, mas como é dito no longa as pessoas não usam os cupons apenas para economizar, mas sim para sentir o fato de estar "ganhando" algo, e toda a ideia é aceitável e mostra as devidas brechas que encontraram para tudo, sendo simples de história, bizarro pela essência toda, e principalmente funcional, afinal ficamos interessados na ideia toda e rimos muito com o desespero nas atitudes das garotas, e o melhor, acabamos até desejando uma continuação, afinal deram essa abertura, então vamos ver no que vai dar, pois os diretores embora não tenham um histórico grande de ficções, acertaram bem a mão aqui, e quem sabe podem ir bem além.

Sobre as atuações temos três grupos muito bons de desenvolvimento, o primeiro claro contando com as protagonistas Kristen Bell e Kirby Howell-Baptiste entregando perfeitamente Connie e Jojo na melhor da intensidade, demonstrando paixão no que estão fazendo, e mesmo sendo errado, procurando desenvolver a ideia toda, criando a devida desenvoltura para que as personagens não soassem artificiais, e muito pelo contrário, nos convencendo de que faziam tudo na melhor das intenções, ou seja, verdadeiras atrizes que convenceriam fácil até o juiz mais rígido que fosse julgar elas, sendo perfeitas em tudo. Na outra ponta tivemos uma junção completamente inusitada e cheia das coisas mais bizarras possíveis com Paul Walter Hauser e Vince Vaughn, trabalhando seus Ken e Simon com dinâmicas que diria ser até bem fortes, ambos tentando cumprir a lei da sua forma, botando pitadas de rancor e claro diversão, com situações até que exageradas, mas que encaixadas dentro de toda a situação acaba valendo o resultado. E ainda tivemos Bebe Rexha como uma hacker bem maluca e direta, Dayo Okeniyi como um carteiro apaixonado pela protagonista, Francisco J. Rodriguez e Ilia Isorelýs Paulino fazendo um casal mexicano divertidíssimo que vão ajudar no golpe, Eduardo Franco como um caixa bem rancoroso de supermercado, e Joel McHale como o marido da protagonista sendo um fiscal do imposto que tendo o maior golpe de impostos rolando dentro de sua casa acabou não vendo nada, ou seja, um elenco secundário muito bom que acabou dando o tom para a trama funcionar mais, ou seja, elenco afiadíssimo de acordo com o que a proposta precisava.

Visualmente o longa começa simples, com duas casas bem básicas e tradicionais, as protagonista com suas minivan e new beetle, indo nos mercados com seus milhares de cupons para conseguir descontos e pagar tudo mais barato, até a inversão da gratuidade, aonde vemos uma fábrica de cupons, todo o trambique com o México, a interação com a hacker, a mansão gigantesca que vira depósito e sede da empresa, toda a loucura de ficar mandando tudo por carta, as coisinhas básicas que as protagonistas passam a comprar para lavar o dinheiro e claro as confusões que entram com isso, e claro toda a dinâmica dos antagonistas nas suas entrevistas nos mercados, e toda a dinâmica de apreensão, ou seja, vários ambientes recheados de detalhes, que fizeram a produção sair de algo de apenas alguns mil dólares para algo gigantesco no final com carros, tanques e tudo mais, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante.

Enfim, é um filme que confesso que dei o play com muito medo do que veria na tela, mas que ri em muitas cenas, me diverti demais com toda a ideia, e que recomendo para todos, pois é bem raro aparecer comédias boas nos streamings, então deem o play, e agora vou ver se posso arrumar mais uns cupons pra conseguir algum desconto melhor nas coisas. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Sorte de Quem? (Windfall)

3/27/2022 07:26:00 PM |

Costumo dizer que alguns filmes são tão fechados em cena que nem parecerem ter alguma produção maior envolvida, ficando quase como uma encenação teatral com mais de um ambiente, aonde o diretor desejou mostrar um algo a mais e não conseguiu, deixando para que os artistas se expressem ao máximo para chamar atenção para o desenrolar da trama. E isso não é algo ruim, quando é bem feito, mas do contrário acaba sendo quase um remedinho para dormir com tudo o que ocorre, e digo que o longa da Netflix, "Sorte De Quem", só não é pior pelo bom fechamento escolhido, aonde temos alguma surpresa perante a tudo o que aconteceu, pois senão seria daqueles que eu reclamaria do começo ao fim do texto com tudo, pois é cansativo, não impacta nas dinâmicas, e facilmente daria para representar num teatro com poucas modificações, que talvez chamaria mais atenção também. 

A sinopse nos mostra um jovem homem que, após muita cautela e planejamento, decide invadir a casa de veraneio de um bilionário, já que não está na época dos ricos irem para tais locais. Tudo ocorre como planejado, ele entra na casa e aproveita o resto de tempo que tem da casa livre antes de saqueá-la. Ele vai atrás do que importa: dinheiro e coisas valiosas. É então quando vai para a o escritório do dono da casa que ele acha um pouco de dinheiro e mais algumas coisas. Mas quando está prestes sair, o dono da casa chega com sua esposa para um fim de semana romântico no local. É então quando os proprietários finalmente veem a presença de um estranho em sua casa. Mas o bandido não está ali para violência, então planeja que eles fiquem seus reféns, pedindo dinheiro para que o casal seja solto, mas certo dinheiro só chegará em 36 horas - e muitas coisas podem dar errado nesse meio tempo.

Diria que o diretor Charlie McDowell tentou fazer algo do estilo de Hitchcock, porém só existiu um Hitchcock e não tem como tentar se parecer com ele, pois é falha na certa, e aqui em seu longa faltou criar tensão em cima dos personagens, faltou colocar atitude nos protagonistas para que tanto o bilionário se tornasse insuportável, quanto o ladrão se desesperasse mais para entrar em conflito com tudo, e até mesmo a mulher em cena surtasse ou impactasse mais, ficando um resultado morno de intensidade e com dinâmicas demais para um texto simples, mostrando claro que alguns bilionários não ligam se estão acabando com a vida de alguém para chegar aonde desejavam, mas que também não tem medo de acabar com sua vida sendo arrogante, e assim o trabalho da trama até tem alguma desenvoltura para discutir o que é válido ou não para conseguir dinheiro nessa vida. Ou seja, é um texto básico demais, com atitudes básicas demais, e uma fluidez básica também, que até foi bem elaborado num grande pomar de tangerinas, numa casa rica de detalhes, mas sem grandes frutos para impactar realmente.

Sobre as atuações, gosto do jeitão meio largado que Jesse Plemons sempre entrega, mas aqui talvez precisaria de alguém com uma atitude mais forte e de impacto para que seu CEO bilionário causasse revolta e ânsia nos demais participantes das cenas, ao ponto que ele nem gastou muitos olhares e trejeitos nos atos, forçando o ar sempre para recair no mesmo estilo que faz em todo filme que está, e isso é ruim de ver acontecer. Jason Segel soube ter postura para que seu assaltante fosse chamativo nos atos, mas mesmo falando em determinado momento que estudou para estar ali, ficou parecendo ser algo tão aleatório que nem vai muito além na trama, mas soube dominar os olhares, foi criativo nos devidos momentos-chaves e chamou até um pouco a responsabilidade para si, o que ficou intrigante em algumas cenas. Já Lily Collins ainda deve estar se perguntando o que foi fazer no filme, pois quase na totalidade da trama seus trejeitos e atitudes pareceram inúteis para o longa, sobrando apenas seu final que dá um choque maior em tudo e agrada, mas faltou para a atriz uma frieza em alguns atos, um pouco de contraste cênico para tudo, e aí sim o resultado chamaria atenção realmente. Ainda tivemos a participação de Omar Leyva como um jardineiro, que entregou um pouco de expressividade para a trama nos atos que foi colocado, mas impactou mais o seu desespero do que realmente uma amplitude que o papel poderia dar, e assim ficou como apenas um secundário realmente para tudo.

Visualmente o longa tem um ambiente bem recheado de elementos cênicos, mostra uma fazenda gigantesca com um pomar de tangerinas (ou laranjas) gigante, com uma casa contando com vários chalés separados, cinema, piscina, sauna, além de uma sala simples de estética mas com nuances bem marcantes para todas as cenas, porém como disse poderia facilmente ser visto como uma peça que mudasse um ou dois ambientes, e funcionaria da mesma forma, então apenas gastaram o orçamento para chamar atenção mesmo.

Enfim, é um filme bem fraco, que mais cansa do que chama atenção, sendo daqueles que certamente iremos esquecer daqui alguns dias de sequer ter visto, então não tenho como recomendar ele para ninguém. Então vamos lá conferir o Oscar de hoje que ganhamos mais, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Telecine Play - Você Pertence a Mim (Every Breath You Take)

3/26/2022 10:39:00 PM |

O bacana de filmes de suspense misturados com drama familiar é que tudo pode ser uma grandiosa surpresa, quanto tudo pode virar algo extremamente cansativo se não for bem conduzido pelo diretor. E confesso que o miolo do longa "Você Pertence a Mim", que estreou no Telecine Play (ou na Globoplay já que agora o streaming está dentro da outra plataforma!), foi dificílimo de conseguir passar, sendo enrolado e cansativo demais, mas quando tudo se revela bem o resultado impacta tanto por descobrirmos realmente quem era o vilão, quanto seus anseios, afinal a motivação foi bem imponente e o resultado chamou a atenção e a tensão para os últimos momentos. Ou seja, o longa poderia ter sido melhor desenvolvido para não ficar desesperador somente nos atos finais, mas como bem conhecemos filmes que envolvem psicólogos, psiquiatras e outros dessa linha sempre procuram trabalhar algo a mais do intelecto dos personagens, e assim sendo o resultado ficou um pouco mais denso no miolo, o que daria para cortar um pouco.

A sinopse é bem simples e nos conta que um psiquiatra decide se aproximar do irmão de uma de suas pacientes que se suicidou. No entanto, o estranho começa a se infiltrar em sua vida, tornando a relação perigosa.

Diria que o diretor Vaughn Stein até foi um bom condutor para a trama de estreia de David Murray como roteirista, pois o estilo entregue cria vínculos com os personagens, e mesmo trabalhando algo que é a análise psicológica de uma pessoa, que comumente poderia ficar chata demais de ser assistida, resulta em algo que vai um pouco além no entremeio das relações, ao ponto que o filme sai do eixo tão rapidamente que já passamos a ficar intrigados com tudo logo de cara, mas sempre sem entender muito a motivação do vilão, até chegarmos próximos do fim e ver que essa era toda a ideia do diretor, de ir dando brechas e revirar tudo para um final bem colocado. Ou seja, talvez o filme de uma forma mais dinâmica recairia melhor para algo mais próximo de um suspense mais envolvente, porém o estilo dramático que o diretor quis usar funcionou mais para causar realmente, e assim funcionou bem, mesmo que cansando um pouco a mais.

Sobre as atuações, diria que Sam Claflin me surpreendeu bem com os trejeitos bem malucos que escolheu entregar para seu James, ao ponto que vamos vendo ele dar estilo ao personagem bem aos poucos, sem se mostrar de cara, fazendo o bonzinho no início, passando ares desesperados em alguns atos, mas chegando nos finais completamente insano e intrigante, que acaba sendo marcante demais. Já Casey Affleck fez um psiquiatra meio morno de atitudes com seu Philip, exagerando demais na calma e na condução dos atos, meio desconexo da família e de tudo o que faz, parecendo até estar deprimido, o que acabou meio que tendo uma duplicidade estranha para o papel, mas acredito que tenha sido a forma escolhida pelo diretor, então fez bem. Já das mulheres, tanto India Eisley com sua Judy quanto Michelle Monaghan com sua Grace acabaram fazendo ares apaixonados rápidos demais pelo jovem ator, do tipo que um olhar bastou e já caíram no papo, o que sabemos bem que não acontece, e com o desenrolar então da trama vemos que elas eram mais problemáticas do que tudo, ou seja, faltou desenvolver mais tudo antes de caírem na rede, pois ficou estranho de ver. Quanto aos demais acabaram sendo meio que jogados também no filme, não indo muito além, tendo um leve destaque para Veronica Ferres com sua Vanessa, por ser amiga e diretora da escola aonde o protagonista leciona, mas que desconfiou demais dele, e assim não se mostrou uma amiga propriamente dita de cara.

Visualmente o longa nos mostrou que psiquiatras e corretores de casas são riquíssimos lá nos EUA, pois o tamanho da mansão deles é daquelas de se espantar totalmente, cheio de detalhes em tons de cinza, em uma cidade que chove demais, e com um clima tenso pelo que rolou logo de cara na abertura, mostrando uma família fragilizada, e com isso toda a densidade de tons é bem escura, os personagens só usam roupas monocromáticas, temos uma palestra mais ampla, e todo o desenvolvimento bonitinho numa casa a beira de um lago, mas sem grandes chamarizes, dando claro toda a tensão para os atos no hospital e claro no fechamento dentro da casa.

Enfim, é um filme simples, direto e que até poderia ter indo mais além com tudo, sendo daqueles que conferimos, ficamos um pouco tensos com alguns atos, mas ao final tudo foi básico mesmo, sendo que dá para recomendar, mas não para empolgar, e assim fica a dica para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos ou melhor um texto só, já que temos o Oscar pra animar a noite, então abraços e até logo mais.


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Epa! Cadê o Noé? 2 (Ooops! The Adventure Continues) (Two by Two: Overboard!)

3/26/2022 05:07:00 PM |

Costumo dizer que uma continuação bem feita faz a franquia se tornar poderosa e chamar atenção completa, porém é necessário vários fatores para funcionar por completo, e o principal é o carisma dos personagens ser mantido. E usando desse artifício, a trama irlandesa "Epa! Cadê o Noé? 2" entregou um longa bem divertido, que segue a mesma linha do original de 2016, e contando algo novo acaba sendo bem interessante, afinal vamos conhecer mais dos nestrians, sem perder a diversão e agradando com atos simples e novos personagens engraçados, ou seja, é algo bem básico, e que só quem viu o primeiro irá entender muitas situações, mas que funciona para entreter a garotada, e brinca bastante com vários elementos como a luminescência dos animaizinhos, a amizade descontrolada de todos, o fato de serem ótimos construtores, e até mesmo sacadas bobinhas para completar o clima, ou seja, algo que volta a funcionar, que segura bem o ritmo, e que sendo curtinho passa voando, agora é ver como terminarão a trilogia, afinal deram brecha para isso.

A sinopse nos conta que a arca de Noé flutua em mar aberto, com os melhores amigos Finny, Leah e muitos animais a bordo. Mas, depois de semanas sem terra à vista, o estoque de alimento está acabando. A frágil paz entre carnívoros e herbívoros pode se quebrar a qualquer momento e para complicar ainda mais a situação, os dois melhores amigos acabam levados ao mar por acidente, depois de uma série de trapalhadas. Leah - junto com seu novo amigo Jelly - acabam abandonados em uma ilha remota junto com os últimos suprimentos de comida. Enquanto Finny acorda em uma estranha colônia cheia de criaturas estranhamente familiares vivendo em harmonia - sob a ameaça de um vulcão. Em uma corrida contra o tempo, maré e tremores aterrorizantes, Finny deve resgatar seus amigos, se reunir com sua família e salvar uma colônia inteira da destruição total, além de salvar todos os animais.

Outro grande feitio para que o longa funcionasse foi de manter na sequência os diretores Toby Genkel e Sean McCormack, pois se ambos já tinha saído bem lá em 2016, saberiam o que colocar para que a continuação fluísse da mesma forma, e aqui eles foram bem amplos na ideia, mostraram sacadas boas de construção, e brincaram com o ambiente hostil em si que uma ilha pode trazer, desde estar preso a uma estrutura sem poder ir para nenhum outro lugar, até o problema de conhecer alguém completamente diferente de você, e usando desse estilo os diretores souberam brincar com as diversas cores, com todo o ambiente em si, e criaram bons momentos, personagens fortes e persuasivos como a líder dos nestrians, e claro mantiveram bem o ar da amizade predominante, que é algo que tem de sempre ser valorizado, e assim o resultado funcionou bem do começo ao fim, tendo alguns atos divertidos e até uma boa história.

Sobre os personagens, a base se mantém bem em cima de Finny e Leah, e os dois jovens brincam bem com todos os demais, tendo suas cores fortes e muitas aventuras para rolar, como pular de asa delta, se esconder no porão, montar bonecos iguais a eles, e claro muita desenvoltura na ilha, e junto deles agora colocaram uma água-viva bem divertida chamada Jelly, falante aos montes e que vai brincando com a responsabilidade dos jovens como pais dela, ou seja, a famosa lição de crescimento ao ter de cuidar de alguém. Ainda tivemos boas sacadas com a rainha Patch cheia de imposições, o chefe de segurança Clyde, e claro os pais das crianças Hazel e Dave que deram o tom nas buscas, ou seja, é um filme recheado de personagens coloridos, que faz com que as crianças queiram ver mais a todo momento, e isso é uma boa sacada, e usaram demais isso nos nestrians com cada um diferente do outro, usando de máscaras para assustar tubarões e tudo mais, e mesmo não sendo tridimensional, a pelagem dos personagens até tem uma textura interessante, algo que faz falta um pouco, mas não atrapalha.

No conceito visual, a trama foi bem ousada com uma ilha recheada de elementos bem marcantes, todo o problema do vulcão, a criatividade em fazer os spas, a sacada da colônia submersa recheada de detalhes, e claro o feitio do grande totem que de cara já vemos que vai ser usado para algo, além claro de vários detalhes provenientes do filme anterior, ou seja, a equipe de design brincou bastante.

Enfim, é um filme que até é bobinho demais, mas que entretém bastante e passa bem rápido, agradando desde os menorzinhos até os pais que forem levar eles na sessão, claro não caindo tanto para a galerinha do meio do caminho, mas dá para todos se divertirem, e assim valer a indicação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Diria que esse é até melhor que o primeiro, mas como já tinha dado nota 7 para o outro não tenho como dar nota maior para esse, então vamos ficar com a mesma nota.


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Me Tira Da Mira

3/25/2022 10:34:00 PM |

Um gênero que funcionou demais nos anos 80/90 foi o da comédia policial, aonde usavam sacadas investigativas, apreensões e crimes confusos para fazer o público rir, e era algo muito bacana, que divertia mesmo apelando, e que lançou ao estrelato grandes nomes mundo afora, porém com o politicamente correto dominando as apelações começaram a ficar chatas, e o resultado foram cada vez mais filmes fracos do estilo, e com isso cada vez menos aparecendo nas telonas, mas eis que resolveram fazer um longa do gênero no Brasil, e só isso já é um mérito imenso, afinal ousar num estilo diferente de tudo, e ainda não cair nas contradições novelescas que nosso cinema tanto cai já é um grande lucro, e felizmente "Me Tira Da Mira" tem toda a formatação do gênero e não segue o estilão novelesco tradicional que tanto nos incomoda nos cinemas, porém faltou um detalhe principal para a trama: fazer rir, pois se preocuparam tanto com que as coisas ficassem corretinhas, tivessem as nuances investigativas e tudo mais, que apenas usaram os diversos nomes e versos das canções de Fábio Jr., e esqueceram de apelar mais para que tudo ficasse engraçado na tela, e isso pesou demais. Ou seja, o resultado é um filme com um ar interessante de ser conferido, mas que ficamos esperando a todo momento alguma sacada que vá fazer rir, ou algo apelativo que impacte mais, e não ocorre, o que é uma pena, pois tinham tudo nas mãos para marcar a época e quem sabe virar até uma franquia completa do gênero.

O longa acompanha Roberta que é uma funcionária da Polícia Civil do Rio de Janeiro que se infiltra em uma clínica de realinhamento energético para investigar a misteriosa morte da atriz Antuérpia Fox. Ao decorrer da investigação, Roberta precisará lidar com os dramas da atriz Natasha Ferrero, que está sendo "cancelada" na internet, e com o reencontro de seu grande amor do passado, o policial federal Rodrigo, o qual está investigando uma suspeita de tráfico internacional envolvendo a mesma clínica. Para essa missão, ela contará com o apoio de Isabela, sua terapeuta, com quem, aos poucos, forma uma grande dupla.

O diretor taiwanês Hsu Chien Hsin já fez bons filmes aqui no Brasil, mas também já fez grandes bombas, e aqui diria que ele ficou bem no meio do caminho, pois se analisarmos friamente a produção em si é bem trabalhada, cheia de grandes envolvimentos e sacadas clássicas do gênero, mas assim como ocorreu em seus outros filmes mais puxados para a comédia ele não conseguiu acertar no tom para que o filme ficasse engraçado, e isso é um dos maiores riscos de um longa, pois você pode errar em tudo, ter falhas de continuísmo, ter erros de ação, mas quando um filme fica morno demais o espectador acaba esquecendo do que está vendo e vai para o celular, ou o pior, nem vai conferir. Ou seja, aqui talvez o atrativo seja atores com uma grande quantidade de fãs, e com isso deve fazer até alguma bilheteria razoável, mas se de cara o trailer já pegasse o público, o filme teria muito mais sucesso, e acertaria no miolo, afinal vemos algo que tem estilo das comédias policiais das antigas, mas sem carisma nem personalidade cômica para funcionar, o que desanima demais, e infelizmente a culpa recai sobre a direção, pois poderiam ter dado um tino muito melhor para tudo.

Quanto das atuações, posso dizer que Cleo tem estilo de protagonista, isso é fato já que sabe segurar o ato com sua presença cênica, porém ela não é engraçada nem quando tenta fazer graça, e com isso precisaria ter ao seu lado alguém mais chamativo de parceiro, afinal Bruna Ciocca é bonita, mas é sua estreia nas telonas mas também não soou engraçada nem chamativa, tendo um ou outro ato para aparecer mais, ou seja, tanto Roberta quanto Isabela ficaram no meio do caminho tentando chamar a atenção para si, mas o filme se desloca demais, e assim quem sabe uma humorista mesmo junto de Cleo funcionaria muito melhor tudo, porém ambas ficaram ótimas nos figurinos sexys. Sérgio Guizé até trabalhou de uma forma bacana em algumas cenas, mas pareceu um pouco perdido com o seu Rodrigo, não indo muito além, nem surpreendendo com algo chamativo, o que costuma ser entregue no gênero, ou seja, ele ficou preso demais, e sabemos que o ator tem estilo, então faltou explorarem isso. Júlia Rabello quase roubou o protagonismo do filme para si com sua Natasha completamente maluca, fazendo trejeitos fortes e chamativos, incorporando cenas que nem eram tão importantes para a trama, e com isso seu resultado funciona bem, e talvez ela serviria melhor para o papel que falei que necessitava para ter do lado da protagonista, mas não foi usada com esse propósito. Fiuk e Fábio Jr. foram quase enfeites cênicos na trama, aparecendo somente em cenas soltas, com o primeiro quase sem falas, e o segundo usando sacadas com suas canções pelo menos serviu para algo a mais, mas mesmo assim faltou um pouco de tudo. Os vilões vividos por Silvero Pereira e Kaysar Dadour até tiveram estilo, com uma maquiagem e um cabelo bem imponentes, mas foram tão forçados que não causaram nada na trama, e isso é estranho, pois poderiam ter impactado mais em cena, o que daria nuances melhores para a trama, ou seja, o elenco pareceu desmotivado geral para todos os atos.
 

Visualmente o longa brincou bastante com o gênero, teve uma clínica psiquiátrica com um ar luxuoso mas sem grandes feitios, trabalhou muito bem os figurinos e os carros da produção, colocou em cena armas bem imponentes e muitas cenas com tiroteios de certa forma marcantes, e claro brincou com o ar de drogas "terapêuticas" que fazem as pessoas viciarem, e usando de boas alegorias conseguiu chamar atenção e funcionar nos atos mais amplos. Ou seja, a equipe de arte não economizou tanto e com isso conseguiu ter um trabalho chamativo ao menos.

Enfim, é um filme com uma proposta até que bem interessante, e que teria tudo para ir muito além, mas que errou em muitos sentidos ficando mediana demais para funcionar como deveria, e assim sendo alguns irão ver mais pelos atores por ser fã deles, porém infelizmente irão rir bem pouco, o que não deveria acontecer, e sendo assim recomendo ele com ressalvas demais. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Ambulância - Um Dia De Crime em Imax (Ambulance)

3/24/2022 11:13:00 PM |

Só uma palavra consegue definir o novo filme de Michael Bay, "Ambulância - Um Dia De Crime": intenso! Pois acaba sendo daqueles filmes que temos pouquíssimos respiros durante toda a exibição, começando tudo logo de cara com o assalto ocorrendo em questão de minutos, não dando tempo nem de quase subir na tela o nome do filme e já ligar tudo no nível máximo de explosões, perseguições, tiros para todos os lados, carros voando, carros sendo destruídos, e até uma cirurgia rolando no meio da confusão toda, ou seja, o famoso orçamento milionário que o diretor sabe utilizar com primor, colocado com tanta interação, com tanta vivência, e o melhor com tanta boa história que acabamos entrando completamente no clima de muita ação sem precisar reclamar de ser um filme sem pé nem cabeça. Ou seja, nos é entregue exatamente o que esperávamos e muito mais, sendo criativo nas sacadas, incorporando boas piadas, e principalmente, sem desligar a sirene um minuto sequer, afinal sai da frente que não vão parar por nada.

O longa nos conta que o condecorado veterano Will Sharp, desesperado por dinheiro para cobrir as contas médicas de sua esposa, pede ajuda de uma pessoa que ele sabe que não deveria - seu irmão adotivo Danny. Um criminoso carismático, Danny oferece-lhe uma pontuação: o maior assalto a banco na história de Los Angeles: 32 milhões de dólares. Com a sobrevivência de sua esposa em jogo, Will não pode dizer não. Mas quando sua fuga dá espetacularmente errado, os irmãos desesperados sequestram uma ambulância com um policial ferido lutando por sua vida e a técnica de emergência médica Cam Thompson a bordo. Em uma perseguição em alta velocidade que nunca para, Will e Danny devem escapar, manter seus reféns vivos e, de alguma forma, tentar não se matar, ao mesmo tempo em que executam a fuga mais insana que Los Angeles já viu.

É difícil alguém que não ame um filme de Michael Bay, pois sabemos que é exagerado, que destrói tudo o que tiver na frente, e que principalmente não economiza em explosões, câmeras lentas, coisas voando e destruições, então é ir assistir qualquer filme seu que pode ser a história mais simples possível que vai ter um orçamento milionário recheado de coisas impactantes, e aqui temos vários helicópteros em cena, vários carrões ultravelozes, várias viaturas, interações para todos os lados, e até um cachorro gigante dentro de um carro minúsculo (afinal tudo do diretor tem de ser o mais exagerado possível), e com isso adaptando um longa dinamarquês de 2005, ele conseguiu impactar demais também, fazendo situações fortes (confesso que quase passei mal com a cirurgia, afinal foi bem realista), perseguições incríveis com jogadas de carro para todos os lados (e quem conhece seus making-offs sabe que ele gosta de coisas reais sem muita computação), e ainda por cima conseguindo envolver o público com muita emoção na história do protagonista e tudo o que ele faz em cena, pois facilmente o final é bem revertido para algo marcante e chamativo. Ou seja, é o clássico de Bay chamando um "Velozes e Furiosos" de seu no melhor estilo que a franquia dos carrões tinha no começo, com roubos, carros e perseguições, então quem sabe logo ele pegue alguma das sequências para brincar também.

Sobre as atuações tenho de falar que conseguiram colocar tanta personalidade nos protagonistas que acabamos nos envolvendo até mesmo com os médicos que orientam a cirurgia por celular, então o que falar dos que realmente estiveram presentes do começo ao fim? Que foram perfeitos! E digo isso sem pestanejar de forma alguma, pois Jake Gyllenhaal é daqueles que entregam um ladrão cheio de estilo, porém completamente insano e desesperado com seu Danny, que com certeza tomou uns 10 litros de energético para ficar na onda completa que o papel lhe pedia, e com isso vemos tudo de uma forma tão explosiva e bem colocada que impacta e agrada demais, ou seja, preciso de olhares, de tons e de expressividade na medida certa que o longa precisava. Da mesma forma Yahya Abdul-Mateen II entregou seu Will com muita imponência, cheio de dramaticidade, preocupado com tudo e com todos, mas também bem desesperado com a situação, sendo fluido e marcante nos atos, trabalhando trejeitos e sendo incrível demais nos momentos que precisaram dele. Eiza González também conseguiu soar marcante com sua Cam, fazendo o papel de uma forte socorrista, com muito sangue frio para todas as situações, e envolvendo com muita clareza nos atos mais dramáticos e fortes, isso tudo balançando para lá e para cá dentro da ambulância, fazendo coisas que nem se imaginava, e o melhor, fazendo bem. Ainda tivemos bons atos do lado de fora com os policiais vividos por Garret Dillahunt com seu Capitão Monroe cheio de boas piadas e sacadas estratégicas, e Keir O'Donnel fazendo do agente do FBI Anson um personagem com muitos elementos para serem trabalhados, ou seja, funcionou também no meio da bagunça. Quanto aos demais, a maioria fez aparições, tivemos Jackson White como o policial ferido dentro da ambulância fazendo boas caras e bocas, o seu parceiro vivido por Cedric Sanders correndo revoltado atrás de vingança, e ainda a galera do crime bem representada por A Martinez com seu Papi e Jesse Garcia com seu Roberto, ou seja, um elenco repleto de bons atores e bons personagens que funcionaram demais.

No conceito visual é facilmente olhar para o filme e ver a assinatura de uma produção de Michael Bay, pois logo de cara temos um resgate de um acidente pesadíssimo com uma garotinha empalada, ou seja, sangue e tensão em nível máximo, depois já temos um assalto de banco gigantesco, cheio de reféns e toda a preparação cênica marcante, antes disso temos um galpão abarrotado de carros luxuosos, ai acontece toda a explosão do roubo com viaturas policiais brotando igual quando se pisa em um formigueiro, tiros de armas pesadíssimas para todos os lados, muita interação de diversos figurantes, e na sequência os protagonistas já pegam uma ambulância que é quase um jatinho ultraveloz e recheado de elementos para todo tipo de cirurgia e salvamento de vida, que sai arremessando o que tiver na sua frente por uma Los Angeles movimentada, passando por pontos marcantes da cidade, todos os diversos viadutos e rodovias, ou seja, interação máxima até chegarmos numa tocaia completamente insana de armas, isso tudo sendo acompanhado por mais uma tonelada de viaturas, helicópteros e muito mais.

Enfim é daquelas tramas barulhentas e ensurdecedoras, recheada com uma ação gigantesca que recomendo ver na maior sala de sua cidade, no caso optei pela sala Imax, então não espere para ver numa telinha que o filme vai perder completamente todo o impacto, e que só não falo que é perfeito por conter dois dos maiores problemas de filmes de ação: exagerar em situações improváveis que jamais aconteceriam e que só rindo para se divertir ao invés de acreditar, e contar com três cortes de cenas importantes no miolo que fizeram muita falta, parecendo ser até um erro (a principal no rio com os helicópteros sendo atingidos e sumindo), ou seja, se você relevar é totalmente possível de curtir, mas que dá para reclamar muito, com certeza dá. Irei preferir relevar, pois curti demais tudo, então recomendo ele para todos, e fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Telecine Play - Quatro Dias Com Ela (Four Good Days)

3/24/2022 12:10:00 AM |

Chega a ser triste ver a situação que algumas pessoas ficam com as drogas, e mais triste ainda ver como alguns pais sofrem com todo o drama dos filhos, muitas vezes depois de várias tentativas sem sucesso com até a desistência de tentar algo para que o filho volte a ser o mesmo, e quando um diretor consegue trabalhar toda essa essência com força e sutileza na mesma proporção o resultado acaba impressionando bastante, ou seja, faz valer os minutos conferindo toda a dinâmica bem colocada na trama. E hoje fui surpreendido com o Telecine Play, afinal o longa indicado ao Oscar 2022 de Canção Original, "Quatro Dias Com Ela" seria um dos que iria ficar para trás e não iria conferir antes da premiação, afinal não tinha ainda data de lançamento no Brasil, mas eis que cheguei em casa e vi ele como destaque de hoje, ou seja, play na certa, e digo até mais após a conferida, que o filme merecia mais indicações do que apenas a canção de encerramento dele, pois ambas protagonistas estão incríveis, e a história é muito envolvente, tanto que o texto original ganhou um Pullitzer, ou seja, forte e muito bem feito.

A sinopse nos conta que Deb não vê a filha há um ano. Uma noite, tocam à campainha e Deb vê uma mulher que mal reconhece como sendo a sua própria filha. Após um ano a dormir na rua, marcado pelo consumo de heroína, Molly está irreconhecível: desdentada, esfarrapada e trêmula. Molly implora a Deb que lhe dê uma última oportunidade para a ajudar a limpar-se. Após uma década de recaídas, mentiras e manipulações, Deb tem dificuldade em acreditar e acredita que deve "impor limites" pelo que fecha a porta na cara de Molly. Nos dias que se seguem, e perante a persistência de Molly, Deb começa a detetar vestígios da filha determinada e empática que tinha antes de esta se entregar à droga e a esperança começa a minar a sua determinação. Relutantemente, Deb começa a ajudar Molly nos quatro dias mais cruciais da desintoxicação antes que esta entre num programa inovador. Serão quatros dias que porão à prova o relacionamento de ambas. Estará Molly finalmente no caminho da desintoxicação e da recuperação da vida que levava antes? Ou esta será apenas mais uma das suas magistrais manipulações? Deb só poderá descobri-lo sacrificando os seus próprios limites e indo mais longe do que alguma vez fora, numa última tentativa de salvar a filha.

Diria que o diretor colombiano Rodrigo Garcia foi tão preciso na direção escolhida, que vemos nitidamente o texto funcionando na tela, e não é qualquer texto, afinal o artigo do Washington Post escrito por Eli Saslow ganhou o Prêmio Pullitzer quando foi escrito, e Rodrigo pegou essa grande obra e intensificou de uma maneira imponente, cheia de nuances fortes e sacadas cômicas bem leves no miolo, que acabam fluindo demais durante toda a exibição, resultando em um filme que bate o sentimento de tristeza, bate a emoção por cada ato bem representado pelas protagonistas, e principalmente mostra como quem entra nesse mundo das drogas acaba desabando demais com tudo, ou seja, é daquelas tramas que vemos envolvimento demais de todas as partes, e que funciona de uma maneira tão fácil que não temos como reclamar de nada, apenas sentir e curtir.

Sobre as atuações, temos basicamente um show de Glenn Close e Mila Kunis do começo ao fim da trama, transbordando envolvimento e olhares dentro de uma dinâmica bem coesa e marcante por ambas, ou seja, o filme se faz valer com as atuações. Glenn Close fez com que sua Deb fosse cheia de dúvidas da filha, morresse de medo de qualquer recaída, trabalhando com confiança negativa até para cima da personagem, mas também entregando o carisma e o famoso amor de mãe, que não consegue ser dura na totalidade, e assim seus atos funcionaram bem demais, agradando bastante e claro chamando a responsabilidade cênica para si quando precisou. Da mesma forma Mila Kunis se entregou por completo, com uma maquiagem inicial que não conseguimos nem a reconhecer direito de tão debilitada, sem dentes, cabelo mal pintado, feridas para todos os lados, magérrima, mas não apenas de maquiagem se faz um personagem, e sua Molly foi incorporada com uma precisão cirúrgica, de tal maneira que ficamos desesperados com alguns de seus atos, com a maneira que se porta, com sua abstinência, ou seja, perfeita. Tivemos outros bons atores aparecendo em cena, mas não tenho como destacar ninguém, pois seria uma injustiça já que o filme é das duas e só.

Visualmente o longa em si é simples, mas muito simbólico, desde os elementos do quarto da garota, o alarme da porta num bairro seguro, toda a representação da derrota em um jogo e em um quebra-cabeça, a clínica e o hospital em si que para os pais parecem não estar fazendo nada já que o desespero bate, e claro os atos na casa abandonada mostrando toda a representação da degradação que os viciados acabam fazendo naquele meio, praticamente morrendo ali, ou seja, a equipe de arte ousou e foi muito representativa em todos os atos, fazendo valer cada elemento cênico escolhido.

A trilha sonora usa bem alguns elementos para marcar os devidos pontos da trama, dar um certo ritmo e emocionar em alguns atos, mas o filme acabou sendo indicado ao Oscar pela canção de fechamento dos créditos de Reba McEntire, "Somehow You Do", que é bem representativa pelo significado dentro da trama, então quem quiser ouvir e ler ela fica aqui o link.

Enfim, é um filme bem envolvente e comovente, que passa muita emoção nas expressivas interpretações das protagonistas, que conta uma história dura e forte (que até pensei que tivesse acabado diferente na hora do fechamento, e que vale muito a conferida, então aproveitem que entrou em cartaz no streaming e deem o play, pois recomendo demais. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Acho que poderia ter dado até uma nota maior para o filme, mas talvez se o fechamento fosse outro, pois a invertida ficou bonita, mas não causou como acontece na maioria dos casos.


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Telecine Play - Anônimo (Nobody)

3/22/2022 01:11:00 AM |

Alguns filmes que vou conferir no streaming me batem uma depressão imensa de não ter vindo ele nos cinemas, pois é o famoso filme pipoca que você vibra demais com o barulho de tiros, explosões, pancadaria e tudo mais na telona, que em casa você confere e até se diverte com tudo, mas não tem o mesmo impacto, e "Anônimo", que entrou em cartaz essa semana no Telecine Play é exatamente um desses exemplares, pois tendo sido escrito pelo mesmo roteirista de "John Wick" você já vai conferir sabendo o que vai ver, e embora seja extremamente absurda a ideia, se diverte demais com os russos se metendo com a pessoa errada em um ônibus. Ou seja, nem é preciso falar muito do que esperar dele, basta conferir e se divertir com muita pancadaria, tiros, explosões, perseguições e muito mais, em uma trama meio doida de um cara aparentemente comum, com família, calmo, só que por traz da fachada está alguém que ninguém se atrevia a mexer.

O longa nos mostra que Hutch Mansell é um pacato pai e marido que sempre arca com as injustiças da vida, sem revidar. Quando dois ladrões invadem sua casa, Hutch se recusa a defender a si mesmo e sua família na esperança de evitar qualquer violência, desapontando seus familiares com sua passividade. As consequências do incidente acabam despertando uma raiva latente em Hutch, desencadeando instintos adormecidos e impulsionando-o em um caminho brutal que irá trazer à tona segredos sombrios e habilidades letais.

Diria que o diretor Ilya Naishuller só teve o trabalho de apresentar a obra visualmente, pois o roteirista Derek Kolstad imprimiu algo muito semelhante ao que já fez com a franquia "John Wick", porém enquanto lá temos alguém que ainda trabalha para uma corporação e tenta sair, aqui temos um homem comum que abandonou o esquema de mortes das companhias investigativas, e agora com família, emprego e tudo mais, explode ao ter um estalo pós-roubo de sua casa, voltando para suas origens secretas. Ou seja, a base do texto é simples, temos claro a máfia russa como inimiga tradicional, e muitas armas de fogo e caseiras prontas para matar quem vier lhe enfrentar, mostrando que o diretor gosta de sangue em nível máximo, de angulações rápidas, de muito movimento de câmera e que sem precisar ir muito além consegue empolgar com o que faz, não precisando deixar o filme solto, nem sendo abstrato para agradar, mas sim entregando o que o público desse gênero gosta de ver na tela que é pancadaria em nível máximo.

Sobre as atuações, a base toda é em cima de Bob Odenkirk com seu Hutch, pois ele entrega uma desenvoltura bem comum inicial, mostrando sua rotina simples e totalmente sem quebras da semana, aonde nada sai do eixo, mas ao rolar o roubo, o ator entrega uma personalidade tão insana, cheia de trejeitos fortes, mas sem perder o tino que acaba sendo muito bacana de ver, mostrando que toda a experiência que já tem em diversas séries e filmes deu a ele algo que poucos tem que é a serenidade de estilo, e isso impacta demais em tudo o que faz. Quanto do vilão principal, o russo Aleksey Serebryakov faz trejeitos meio que engraçados demais para um maluco líder da máfia, que ainda tem seu show particular num clube, e ele brincou bem com olhares e imposições, mas até poderia ter ido além em tudo, ou seja, brincou bastante em cena e fez bem, mas soou estranho. Agora quem se divertiu demais em cena foi Christopher Lloyd já velhinho fazendo o pai do protagonista em uma casa de repouso, aparentemente indefeso e bobinho, mas a hora que o pau quebra, o ator sênior botou tudo pra jogo e foi muito bacana de ver, o mesmo acontecendo com a aparição do rapper RZA nas cenas finais, que até já dão nuances de algo numa continuação, veremos o que vai rolar. Quanto da família do protagonista, fizeram algumas caras e bocas meio que forçadas, mas ao menos foram tirados de campo rapidamente para não atrapalhar.

Quanto do visual do longa não economizaram no sangue, e isso é algo que deixa muito feliz quem gosta do estilo tiros e pancadaria, afinal tem de voar pedaços de vilões, ter facadas, explosões e tudo mais sem sobrar nada no caminho do protagonista, e aqui com armas de todos os estilos desde facas, passando por revólveres, espingardas, rifles, escopetas, granadas e até canos disparadores de barras de ferro, vemos tudo rolar desde a casa do protagonista, passando pela sua empresa, ônibus, um carrão clássico e tudo mais, até tendo espaço para um show em uma bar, e a tesouraria da máfia russa, ou seja, o pacote completo que a equipe de arte se dispôs para botar fogo, explodir e voar os pedaços dos seus figurantes, o que divertiu bastante do começo ao fim.

Enfim, é uma trama que se olharmos a fundo veremos ser bem simples, sem grandes surpresas ou desenvolturas, mas que funciona tão bem no quesito pancadaria e tiros que quem gosta desse estilo irá se empolgar bastante nas cenas finais (aliás se tivesse visto ele no cinema certamente a nota seria maior!), e assim sendo vale muito a indicação para esse público, agora se você for conferir procurando um pouco mais de história é melhor ir para outro longa. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Caranguejo Negro (Svart Krabba) (Black Crab)

3/21/2022 01:34:00 AM |

Sempre que falamos em longas de guerra, a memória que vem é em cima de todas do passado, e claro algumas do presente que seguem rolando, mas e se pararmos para pensar como que tudo pode rolar no futuro, com falta de comida, muito frio, e tudo mais? Com essa ideia eis que nos colocaram soldados patinadores para uma missão suicida de levar algo pelo mar congelado numa travessia de vários quilômetros em "Caranguejo Negro", o novo longa sueco da Netflix. E só de pensar na ideia de soldados patinadores já me faz rir, pois a ideia que pensei antes de dar o play no longa foi o que vi nas Olimpíadas de Inverno, mas foram até que bem trabalhados os personagens na patinação, criaram intensidades bem alocadas, e um mote bem imponente para dar coragem para a protagonista, e lições bem marcantes sobre quem ganha uma guerra, e como se faz para sobreviver nela que até agrada bastante, porém faltou trabalhar um pouco mais o antes do acontecimento para que o filme fluísse melhor, pois ficou um pouco jogado toda a ação, o que não é legal de mostrar de uma vez só.

O longa nos conta a história a decorrer num mundo pós-apocalíptico devastado pela guerra. Durante um longo e duro inverno, seis soldados embarcam numa missão clandestina para arriscarem as vidas atravessando um arquipélago congelado com o objetivo de transportar um misterioso pacote que pode acabar com a guerra. Ao entrarem em território inimigo hostil, não fazem ideia dos perigos que têm pela frente, nem em quem podem confiar — se é que podem mesmo confiar em alguém. Mas para Caroline Edh, uma patinadora de velocidade tornada soldado, a missão tem um objetivo bem diferente.

Em seu primeiro longa-metragem, o diretor e roteirista Adam Berg cometeu o mesmo erro que todos que querem fazer filmes de guerra e ação logo que começam a carreira: abusar da inteligência do espectador. Pois como falei no começo, a principal falha da trama é não posicionar direito o público do que está acontecendo, pois vemos já tudo sendo invadido, pessoas sendo raptadas, uma mãe e uma filha em um carro, e logo depois ela já em um trem, e depois tudo do antes vamos vendo aos poucos nas lembranças da protagonista, ou seja, acabamos não sabendo quem está contra quem, o que levou à guerra, nem o motivo principal da jovem ter virado um soldado, deixando tudo jogado e o público que decida se acredita ou não na situação completa, porém tirando esse detalhe ele fez boas cenas de explosão, cenas bem intensas de tiros, e claro o famoso desespero de soldados no meio do caos, o que acabou sendo imponente e bacana de ver, e claro mostrando que tudo está congelado, a sacada de patinadores foi bem elaborada e funcional. Ou seja, o diretor mostrou serviço com um orçamento apertado, trabalhou bem vários elementos do estilo, e acabou criando algo que até dá para curtir, porém poderia ter ido muito além com apenas alguns minutos a mais mostrando o começo da guerra, o estilo de convocação e tudo mais, que aí sim toda a imponência até o final funcionaria melhor.

Sobre as atuações, diria que Noomi Rapace ficou um pouco estranha com cabelos cacheados e ruivos, parecendo que o papel não era para ser dela e conseguiu entrar meio que de alguma forma não muito usual, mas a atriz que sempre faz bons olhares, e se entrega do começo ao fim para que sua Caroline Edh flua e seja bem imponente, agradando com trejeitos e desenvolturas com armas (afinal já fez tantos filmes empunhando que já age até naturalmente). O personagem de Jakob Oftebro, Nylund, é daqueles que conseguem nos confundir tanto que no final já nem sabemos se torcemos para ele viver ou morrer, pois tem atos que parece ir para um lado, logo em seguida tá contra, depois volta a estar a favor, parece morrer, depois surge na outra cena, e assim vai, de modo que seus olhares foram bem marcantes, e mostrou atitude pelo menos, mas poderiam ter falado para ele ir num rumo só que agradaria mais. Quanto aos demais, a maioria dos soldados do grupo até tem boas conexões, mas não vão muito além, tem Dar Salim um tom mais saudoso e cheio de força com seu Malik, Ardalan Esmaili mostrando com seu Karimi mais o desespero para conseguir falar com a namorada de outro batalhão por um rádio, sendo um despreparo imenso para alguém que tem de ficar escondido, e ainda o mais jovem do pelotão Erik Enge trabalhando bem seu Granvik com estilo próprio para que fosse marcante dentro de alguém que era para estar morto e preferiu se alistar do que fugir, ou seja, tem boas histórias no miolo de todos, mas nenhum chamou tanta atenção.

Visualmente o longa tem um bom estilo, chega a dar até frio com tanto gelo e vento para todos os lados, e que contando com muitas armas, tiros, explosões, os soldados vão patinando bem tentando sobreviver entrando em navios abandonados, piers, passando por mortos congelados na água, e muito sofrimento até chegar na base do outro lado aonde temos uma estrutura bem chamativa de vários andares com preparações de armas químicas, muitos soldados, helicópteros e tudo mais que deu uma grandiosidade para a trama.

Enfim, é um filme com uma pegada interessante, com boas cenas de ação e com um desenvolvimento que impressiona bastante, porém volto a frisar que faltou situar melhor tudo para que a trama toda tivesse um envolvimento por completo, mas ainda assim vale o passatempo, e fica sendo uma indicação para o pessoal que gosta de ver filmes de ação/guerra meio que diferentes do usual. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Águas Profundas (Deep Water)

3/20/2022 06:23:00 PM |

O mais bacana de um filme de suspense misturado com drama é que você começa intrigado com o que é mostrado, passa pelo momento de duvidar da veracidade das coisas, se irrita com alguns personagens e situações, para no final ficar revoltado com o que é entregue (ou em raros casos com o queixo no chão se surpreenderem você com algo), e essa base funciona muito para longas literários do estilo, já que não é necessário criar uma história, mas sim apenas adaptar de uma maneira condizente algo já preparado, e com a estreia da semana da Amazon Prime Video, "Águas Profundas", vemos isso perfeitamente na tela, funcionando muito bem, causando conflitos ao pensarmos em casais tão cúmplices da forma dos protagonistas, ao ponto que acabamos esperando até algo a mais para o fechamento, o que acaba não acontecendo. Ou seja, é um filme digamos bem intrigante, que tem uma proposta ampla e atuações bem marcantes, mas que poderiam ter melhorado o final (não sei dizer se no livro em que é baseado é da mesma forma) para não soar tão claro, mas de certo modo deu certo.

O longa segue Vic e Melinda Van Allen, um casal que sente prazer em fazer brincadeiras psicológicas e estão passando por problemas no casamento, adiando um divórcio através da abertura do relacionamento. Melinda pode ter quantos amantes quiser, apenas havendo a regra de não abandonar a família que pertence. Em uma de suas escapadas, um dos amantes da mulher é achado morto e Vic acaba tomando o crédito, com a intenção de assustar a esposa e fazê-la voltar para casa. Após o assassino ser achado, Vic passa a ser a piada da vizinhança. Quando amantes de sua esposa começam a morrer de maneira misteriosa, a vida do rapaz sai de controle, tomando um caminho inesperadamente obscuro e tornando-o o principal suspeito pelo desaparecimento dos velhos e novos amantes da esposa.

Podemos dizer que o diretor Adrian Lyne é um especialista nesse estilo de filmes envolvendo paixões ardentes, mistérios com pitadas mais quentes, e dramas românticos não tão leves, e com isso a escolha dele para dirigir o livro de Patricia Highsmith que tem essa pegada foi bem certeira, pois ele deu muitas camadas para os protagonistas, trabalhou bem a expressividade dos atores para que não ficassem nem leves nem explosivos demais, e o principal, fez com que o longa não tivesse cara de livro com capítulos e páginas passando, tendo uma fluidez marcante, várias situações bem trabalhadas, e um desenvolvimento que dá inicialmente para se pensar que vai ter algo diferente, mas que logo no miolo já vemos que não, que é realmente tudo o que está sendo mostrado, ou seja, é um filme direto na proposta que funciona bastante, que mostra um relacionamento bem ousado, e que principalmente com o final escolhido mostra a cumplicidade mútua no caso, que vai chamar muita atenção e talvez fazer com que alguns não curta tanto a ideia, mas que foi uma escolha bem pautada foi.

Sobre as atuações, a base toda fica em cima do casal Ben Affleck e Ana de Armas, e ambos se entregam demais com diálogos e olhares bem fortes, sabendo segurar para cada um seus devidos atos marcantes, e principalmente não deixando que o filme se solte fácil, ou seja, uma química perfeita e cheia de desenvolturas que agrada do começo ao fim. Agora falando individualmente, Ben Affleck fez seu Vic de uma maneira séria, imponente, misterioso e cheio de nuances para fazer o público duvidar dele, mas também ter certeza de que não seria apenas um corno que aceita qualquer coisa, e com as desenvolturas que a trama leva vemos também em seu ar cumplicidade demais em tudo, mostrando todas as facetas que como um bom ator sabe fazer. Do outro lado tivemos uma Ana de Armas mais uma vez sedutora e sensual (já está ficando até chato falar isso em todo filme dela, dá pra colocar logo como um monstro do pântano de vez?), e também meio pirada da cabeça com tudo o que faz com sua Melinda, mas trabalhando o corpo com muito impacto ela conseguiu chamar a atenção com energia e ser bem precisa em tudo o que faz. Quanto dos demais, tivemos vários grandes nomes passando pela trama, cada um entregando um pouco de si seja no carisma de Lil Rel Howery com seu Grant e Devyn Tyler com sua Mary, ou seja por todo o charme dos três amantes que apareceram em cena vividos por Brendan Miller como Joel, Jacob Elordi como Charlie, e Finn Wittrock como Tony, cada um demonstrando seus conhecimentos e desenvolturas, mas sem dúvida o grande destaque do elenco de apoio ficou para Tracy Letts bem desconfiado de tudo com seu Don, indo para cima, fazendo indagações e marcando o cerco em cima do protagonista, ou seja, fixou o olhar e fez tudo. E claro que preciso citar a garotinha Grace Jenkins que foi muito graciosa com sua Trixie, e tem um bom tino de atuação e presença cênica.

No conceito visual nos é mostrado um grupo de pessoas bem ricas, afinal as festas são luxuosas, cheias de requinte, piscinas, bebidas, roupas chiques e tudo mais, mostrando que o casal praticamente já não dorme na mesma cama, cada um com seu quarto na casa, e também um hobby meio exótico do protagonista de ter vários caracóis, lesmas e afins no porão da casa, temos também vários passeios de bicicleta, um estúdio aparentemente abandonado, alguns lances em bares, mas basicamente tudo rola mesmo na água aonde temos os sumiços, ou seja, a equipe de arte se olharmos a fundo foi bem básica, mas tudo foi minucioso e representativo para os devidos momentos, e também muito provável para mostrar elementos que estão no livro, ou seja, não chega a ser muito misterioso cada elo da trama, mas tudo está em cena.

Enfim, é um filme bem intenso com uma proposta ousada e cheia de boas facetas, que talvez pudesse segurar um pouco mais o mistério para ser completo, mas que de certa forma agrada bastante com o que é entregue, valendo a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Drive My Car (Doraibu Mai Kâ) (ドライブ・マイ・カー)

3/19/2022 10:18:00 PM |

Olha, que saudade que estou dos filmes de no máximo duas horas, duas horas e dez que já eram bem longos, mas que funcionavam completamente, pois cada dia aparecem com tramas ainda maiores , com sínteses pensantes e dramaticidades gigantescas que muitas vezes só se você realmente entrar no clima consegue gostar, mas é o que anda dominando o momento, e hoje eis que é um dos bem cotados na premiação do Oscar desse ano tanto para filme quanto para longa internacional, ou seja, mesmo que você não ame o estilo acabará ouvindo falar muito sobre o longa japonês "Drive My Car", e posso dizer que a essência trabalhada nele diz bem através de símbolos de ter alguém dirigindo sua vida, de como você dá a direção para algo, e muito mais, sendo daqueles que muitos podem se envolver e emocionar e outros talvez irão dormir na sala, afinal as três horas de projeção são bem densas e sem grandes atos de explosão o resultado só é seguro se entrar completamente na ideia da trama e passar a se enxergar em algo ali, afinal do contrário tudo acaba sendo apenas pesado. Ou seja, é o famoso filme clássico de festivais, que muitos amam e muitos também odeiam, que brinca bem com o simbolismo da direção, e acaba envolvendo bem, mas que daria facilmente para queimar uns 40 minutos para ficar perfeito e não cansar tanto.

O longa segue duas pessoas solitárias que encontram coragem para enfrentar o seu passado. Yusuke Kafuku é um ator e diretor de sucesso no teatro, casado com Oto, uma mulher muito bonita, porém também uma roteirista com muitos segredos, com que divide sua vida, seu passado e colaboração artística. Quando Oto morre repentinamente, Kafuku é deixado com muitas perguntas sem respostas de seu relacionamento com ela e arrependimento de nunca conseguir compreendê-la completamente. Dois anos depois, ainda sem conseguir sair do luto, ele aceita dirigir uma peça no teatro de Hiroshima, embarcando em seu precioso carro Saab 900. Lá, ele conhece e tem que lidar com Misaki Watari, uma jovem chauffeur, com que tem que deixar o carro. Apesar de suas dúvidas iniciais, uma relação muito especial se desenvolve entre os dois.

Diria que o diretor e roteirista Ryûsuke Hamaguchi foi bem centrado na ideia completa do seu longa, afinal ele por incrível que pareça é baseado em um conto de pouquíssimas páginas que acabou sendo incrementado com toda a intensidade dramática, teve os devidos símbolos incorporados, toda a parte das histórias dos personagens para que o público se conecte a eles, e um desenvolvimento preciso de situações que vamos criando bons vínculos, vamos acreditando e se envolvendo com tudo, vemos suas devidas opiniões sobre as atitudes de cada um e de como a situação completa é dirigida, e ele mesmo se dá ao luxo de várias subdireções, que acabamos entrando claro na síntese principal da trama, de como é dirigir a própria vida, dirigir uma peça, dirigir a si mesmo dentro de uma peça, ter a direção de algo seu, e por aí vai, que ainda incorporando todo o lado do luto, da culpa pela morte de alguém, de poder ter feito algo para mudar outra coisa, e muitos outros pontos que facilmente dá para analisar. Porém toda essa dinâmica é centrada, tem seus devidos motes e acaba sendo ampla demais dentro da discussão toda, o que fez com que o filme ficasse um pouco mais alongado do que necessitaria, e assim sendo perdendo um pouco da dinâmica considerada saudável, o que mais cansa do que agrada realmente, fazendo com que se ouvisse na metade alguns bocejos durante a exibição.

Sobre as atuações, diria que o ar sério é algo de praxe dos atores japoneses, tanto que na maioria dos filmes vemos eles explodirem com trejeitos que saiam do eixo, e aqui Hidetoshi Nishijima foi bem direto no que precisava passar com seu Yusuke Kafuku, ao ponto que vemos toda sua essência bem moldada com tudo o que lhe acontece, vemos ele ir passando o sentimento de estar cada vez mais envolvido com o ambiente enquanto ainda pensa no que aconteceu no passado, e isso tudo através de poucas palavras, poucas dinâmicas, mas muito sentimento, o que acaba chamando muita atenção. Da mesma forma Toko Miura dá para si um ar bem fechado, sendo uma jovem motorista sem muita imposição, mas que ao contar o motivo de dirigir tão bem traz uma síntese tão forte no tom da voz de sua Misaki que impacta demais, e depois na cena da casa dela destruída então o ar forte volta a predominar e trazendo o sentimento exato que precisava demonstrar, mostrando ser uma atriz de primeiríssima linha que chama muita atenção e agrada demais. Quanto aos demais daria leves destaques para toda a expressividade no gestual da muda Yoon-a vivida por Park Yu-rim, todo o estilo meio que explosivo, meio que sem rumo de Masaki Okada com seu Takatsuki, e claro pelo estilo mais solto da mulher do protagonista na primeira parte do filme, aonde Reika Kirishima se joga bem com sua Oto.

Visualmente o longa tem muito simbolismo nos atos da peça Tio Vânia de Chekhov, tem muita síntese na casa do protagonista no primeiro ato, e muitos envolvimentos em bares e nos ensaios da peça, mas basicamente todo o longa se passa dentro do Saab 900 Turbo vermelho, aonde a jovem faz o passageiro nem sentir a gravidade com a maciez que dirige (muito bem explicado o motivo disso) e assim quase temos um road-movie pela cidade de Hiroshima, ou seja, a equipe de arte brincou pouco, mas fez bonito com o que precisou entregar.

Enfim, é um longa que como disse não encantará um público muito abrangente, ficando mais próximo do pessoal que curte um festival e que tem muita calma para entrar no clima completo da trama alongada de três horas de projeção, mas que é bem envolvente e interessante do começo ao fim, sendo daqueles que impactam de certa forma com todo o simbolismo, então fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até breve.


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A Espera de Liz

3/19/2022 02:14:00 AM |

Sempre vou preparado com algumas pedras no bolso quando vou conferir longas introspectivos, pois na maior parte das vezes os diretores não costumam entregar sua opinião pessoal jogando finais nada a ver com todo o desenvolvimento, ou então abrem tantas vertentes durante a exibição que acabam não sabendo exatamente como fechar o filme resultando em algo confuso ou sem nexo algum, mas felizmente o diretor Bruno Torres foi bem centrado e deu um fechamento para seu longa de estreia "A Espera de Liz" que tem toda uma desenvoltura bem fechada, cheia de nuances travadas pelas protagonistas, com uma dúvida depressiva pairando no ar durante quase toda a exibição, uma fotografia incrível bem marcante do sul do país e de algumas paisagens venezuelanas, mas quando tudo parecia ter um norte fechado e pontual eis que o diretor resolveu atuar, colocando algo que mudou completamente todo o vértice e abriu ainda mais as possibilidades de fechamento, mas uma frase no telefone e um reencontro final foi escolhido, e a desenvoltura é bem completada. Ou seja, é um filme que muitos vão achar extremamente estranho, mas é interessante dentro do contexto todo, por incrível que pareça não é uma obra que dê sono (e olha que a sessão por aqui está bem tarde e fui conferir depois de uma semana bem cansativa de trabalho), e tendo um fechamento convincente até foi bem executado ao ponto de podermos indicá-lo, só não espere algo memorável, pois aí já era pedir demais.

O longa nos conta que Liz está vivendo um momento de incertezas na vida, seu cônjuge desapareceu e ela não sabe de mais nada na vida, caindo em uma profunda depressão. Sem saber o que fazer ou à quem recorrer, ela decide procurar respostas para compreender o motivo do desaparecimento de seu companheiro Miguel. Em meio às buscas por explicações esclarecedoras, Liz recorre a Lara, sua irmã mais nova, para apoio em sua jornada. Juntas na mesma casa por alguns dias, aos poucos, as duas resgatam a relação que tinham quando crianças, antes turbulenta. Tornando-se mais intensa a cada dia, ambas revisam seus passados com a outra, fortalecendo o amor e a admiração. Mas, não querendo magoar a irmã, Lara guarda o segredo que desvenda o desaparecimento de Miguel. Enquanto Liz continua procurando por respostas, ela mesma encontra as respostas para si mesma que a faz desabrochar e achar o poder de sua individualidade.

Diria que o ator Bruno Torres querendo ir além criou bem toda a perspectiva ao desenvolver o roteiro junto da atriz Simone Iliescu, e pensar bem em como dirigir ambos para que o filme fluísse bem, ao ponto que vemos ambos em seus momentos reflexivos, sozinhos, e principalmente refletindo sobre a solidão que sentem e como isso lhe faz bem ou mal, e assim o longa tem uma abertura ampla para os dois lados da tristeza e do se autoconhecer, que acaba funcionando bastante e não incomoda facilmente como geralmente ocorre com o estilo, ou seja, acabamos vendo algo que tem uma intensidade dramática bem alta que envolve e engloba bem os personagens, fazendo com que o público entre na mesma onda reflexiva, e assim vamos pensando em várias possibilidades sobre todos em cena, e isso é quase um exercício bem dosado e intenso. Ou seja, a ideia completa do longa é bem bacana, tem toda uma perspectiva forte, e até poderia ser melhor montada eu diria, pois os atos de Bruno todos no final acabaram sendo quase um epílogo na trama, e assim meio que do nada ficamos pensando se é uma memória do passado, ou o que desejavam passar com aquilo, para aí somente após o telefonema juntarmos as peças e tudo funcionar, ou seja, poderia ser melhor em vários sentidos.

Sobre as atuações Simone Iliescu se doou tanto para sua Liz, que chegamos a pensar até que o marido está morto ou algo do tipo pelo tamanho da introspecção que a jovem se joga, e usando e abusando de olhares bem expressivos, de movimentos densos e todo um gestual forte acaba nos permeando de muita emoção e uma síntese bem marcante, ou seja, se jogou demais e acertou perfeitamente no que fez. Rosanne Mulholland foi muito emotiva com sua Lara, entregando uma nuance perfeita junto da outra protagonista, criando uma química singela, marcante e cheia de intenções mostrando estar bem conectada com o que a personagem necessitava, e assim sendo uma grata surpresa em cena. O diretor Bruno Torres atuando até foi bem denso, deu boas perspectivas ao papel, chamou a responsabilidade expressiva para si em diversos atos, mas seu papel acaba sendo algo meio que desnecessário para a trama, ao ponto que poderia ser apenas uma referência emotiva para as jovens e isso funcionaria apenas por telefone, sem a necessidade do gasto cênico na Venezuela, mas já que gravou, ao menos não decepcionou. Quanto aos demais, diria que enrolaram demais na festa, sendo uma cena imensa quase que desnecessária para a trama, aonde com certeza gastaram muito para apenas colocar as jovens no miolo já deprimidas, mas já que foi feita e tendo de falar das atuações daria o destaque para exagerada atuação de Murilo Grossi com seu Martinelli, pois os demais foram quase tão figurantes que mesmo os pais das moças não deram muito para o longa, parecendo até meio que jogados na produção.

Visualmente o longa é lindíssimo, pois ambientado no sul do país com as famosas araucárias sendo mostradas a todo momento, um clima frio e chuvoso cheio de neblina para necessitar até acender uma lareira e botar as echarpes no pescoço, tendo uma festa imensa de início, e ainda contando com muito simbolismo entre o dar a luz com fotografia, mostrando elementos de tudo quanto é tipo para criar essa ambientação, agradando bastante com tudo, além claro das belíssimas cenas na Venezuela, que volto a frisar que foi um gasto desnecessário, mas que já que quiseram fazer, fizeram bem feito, com uma gramatura de imagens até meio estranha parecendo ser algo de época, com um tom forte e simbólico para representar bem a solidão, ou seja, a equipe de arte e de fotografia brincou, teve suas alegorias bem usadas e ousadas, e agradou.

Enfim, é um filme denso, com uma proposta determinada em cima de toda a solidão, introspecção, memórias, sentimentos e claro a criação em si, que quem gosta de filmes artísticos vai entrar completamente no elo da trama, mas quem não for desse time vai acabar dormindo ou reclamando demais, então é daqueles com um público bem determinado que vale a indicação, mas com algumas ressalvas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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