Sem Ursos (No Bears) (Khers nist)

4/30/2023 09:13:00 PM |

Não é com grande frequência que conferimos obras iranianas, pois é uma cultura bem diferente, aonde o orçamento é pequeno e as ideias não podem ir tão além, então ver "Sem Ursos" é quase uma experiência audiovisual intensa aonde o diretor entra no meio do filme e nos mostra duas histórias de amores proibidos e toda a desenvoltura do diretor filmando elas e se metendo aonde não deveria, sendo algo cru, mas que envolve bastante e impacta como se estivéssemos no meio também, ou seja, é genial e muito gostoso de ver, sendo que não é para todos, mas quem conferir certamente vai se surpreender com a loucura passada pelo diretor e sua equipe.

O longa nos mostra duas histórias de amor paralelas em que os parceiros são frustrados por obstáculos ocultos e inevitáveis. A narrativa apresenta a força da superstição e a mecânica do poder.

Como a maioria das tramas iranianas que chegam por aqui são do diretor e roteirista Jafar Panahi, o estilo dele acaba já sendo mais conhecido, e aqui sua ousadia foi muito bem encaixada, trabalhando com envolvimento e síntese sem perder a essência, tanto que ficamos pensando o quanto é real e o quanto é ficção que estão fazendo na tela, e no meio dessa brincadeira vemos o desenrolar conflitivo de tudo sendo imponente e bem encaixado, criando situações que por vezes parecem embaraçosas outrora parecem bem a vontade dos moradores das cidades, e nesse jogo de gravar a vida real, quem acaba submetido no meio de tudo é o público, pois vemos o ambiente sendo intensificado com as tradições da vila, o diretor aparentemente a vontade, mas também correndo risco com o lado que tomar, e com os dois atos finais de ambas as histórias indo para o pior, o resultado mostrou que experimentar usar com as pessoas num país aonde tudo é praticamente proibido é fazer com que outras pessoas entrem em risco desnecessário e ruim. Ou seja, é um filme genial, simples e muito bem feito que mostra sem precisar de explosões a realidade crua funcionando para todos.

Sobre as atuações, por incrível que pareça o diretor Jafar Panahi é o protagonista da trama fazendo o diretor de outra trama, ou seja, uma versão fictícia dele mesmo, e isso acaba sendo bacana de ver, pois ele interage e desenvolve um filme menor ao mesmo tempo que amplifica seu filme real, e nesse vai e vem de intensidades, ele se doa e consegue chamar muita atenção com o que faz, sendo imponente de estilo e até trabalhando alguns trejeitos faciais, o que é estranho de ver um diretor fazendo. Quanto aos demais, na vila que está vivendo vale destacar claro Vahid Mobasheri com seu Ghanbar e Naser Hashemi como o delegado da vila, pois ambos foram os que mais interagiram e trabalharam as situações ali, já na trama que está sendo dirigida pelo diretor à distância, os destaques ficaram claro para o assistente de direção local Reza Heydari e para Mina Kavani com sua Zara por se expressarem bem e darem as devidas nuances para tudo ali.

Visualmente o longa foi bem colocado numa vila cheia das tradições locais, com alguns conceitos complexos e bem trabalhados, com algumas ruas bem de difícil acesso para os carros no meio subidas, curvas e tudo mais no meio da areia, mostrando também um pouco da cultura local com a gastronomia e reuniões, enquanto do outro lado da fronteira vemos uma cidade até que bem movimentada, algumas interações em um bar e em alguns mercados, envolvendo negociações de passaportes.

Enfim, é um tremendo filmaço, que com toda certeza não é para todos, pois alguns vão achar diferente demais, mas que é a base de todo bom Festival, pois mostrar as diferenças culturais de outros países com tramas que ousam em linguagens diferentes, e principalmente que funcionam acaba sendo muito bom de ver, então com certeza recomendo para quem gosta de experimentar novidades e ver experimentos também. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas já vou para meu penúltimo filme do Festival Filmelier, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Uma Nova Paixão (Dirt Music)

4/30/2023 06:09:00 PM |

Tramas envolvendo romances proibidos são daqueles estilos que você passa na porta de uma livraria e já cai no seu pé pelo menos uns 10 livros, e que se você olhar para a tela inicial de qualquer streaming vai encontrar mais outra toneladas de filmes, mas sempre arrumam um novo caso para desenvolver, afinal os fãs do estilo são sedentos por mais e mais, mesmo que já saibam exatamente o que vai rolar nas primeiras cenas. E claro que o pessoal da Austrália também sabem brincar com o estilo, afinal com tantos lugares paradisíacos na encosta, dá para fazer um road-movie quase que só andando pelas ilhas que rodeiam o país, e é bem isso o que quase vemos com "Uma Nova Paixão" aonde a protagonista se envolve com um rapaz meio que misterioso da cidade de pescadores, aonde praticamente todos se colocam contra ele, vemos alguns conflitos meio que se entender, e uma paixão se desenvolve tão rápido que realmente parece coisa de filme, vamos vendo alguns flashes do passado aonde o rapaz tocava numa banda folk com a família, e sempre muitas memórias resultando em algo bonito de ver, mas que parece sempre faltar algo, e claro depois durante a busca da moça pelo rapaz soa tudo meio artificial e fácil demais, de tal forma que faltou emoção e uma conexão maior para chamar atenção mesmo, não sendo algo ruim de ver, mas que dava para ir além. Ou seja, a parte dramática até funciona, vemos alguns atos bem intensos, mas o romance precisava de mais densidade para chamar atenção e não ser tão falso, mas que dentro do estilo proposto as pessoas nem ligam para esses elos falsos, e sendo assim, funciona.

A sinopse nos conta que presa em um relacionamento sem amor com o lendário pescador local Jim Buckridge, a desanimada Georgie se apaixona por Lu, um jovem caçador que está invadindo o território de seu parceiro tirânico. Um solitário reticente com um passado trágico que desistiu de sua vida como músico, Lu tem medo de deixar Georgie entrar. Mas sua atração fervorosa leva a melhor sobre eles, e segredos são descobertos que mudarão suas vidas. Quando Jim descobre sobre o caso, Lu foge para o terreno punitivo sem intenção de voltar, e Georgie sai em uma perseguição para trazer seu amante de volta.

Diria que o diretor Gregor Jordan e o roteirista Jack Thorne trabalharam bem o livro de Tim Winton de tal forma que o visual em si compensa bem mais que a história, afinal vemos duas relações meio que jogadas na tela sem que elas fiquem criativas, pois nem chegamos a entender facilmente como o relacionamento da jovem está desgastado, nem como a paixão da moça se dá apenas em dois encontros, soando tudo muito fácil, e claro depois de uma busca intensa por vários lugares, facilmente o jovem ouve sua canção quase morrendo e estava do ladinho de onde eles estavam já dias. Ou seja, uma base fácil demais de ser entregue, mas que como todo romance é funcional dentro da proposta, mostrando mais do mesmo, que agrada de certa forma.

Sobre as atuações, diria que Kelly Macdonald até deu um bom tom para sua Georgie, parecendo meio que desanimada, meio que perdida na vida, mas contando com um ar bem emocional que dá voz para a trama, de tal forma que até poderia ter feito alguns atos mais desesperados, mas não desapontou ao menos. Já Garrett Hedlund botou o corpo e a voz para jogo com seu Lu Fox, de forma que gravou algumas das canções da trama, desenvolveu bem a personalidade de uma maneira densa bem colocada e fez sua viagem punitiva de um modo interessante, mas cheia de falhas de roteiro que atrapalharam um pouco, não sendo algo ruim, mas que dava para enganar mais, não sendo culpa do ator que fez bem as cenas, mas sim do roteiro. David Tenham trabalhou seu Jim Buckridge com semblantes mais fechados e emoções bem a flor da pele, porém não se desenvolveu, de forma que nem chegamos a ficar com raiva dele, e isso é uma falha, pois o ator poderia ter explodido mais. A base em si é somente do triângulo amoroso, mas ainda tivemos outros bons personagens de encaixe, valendo dar destaque para George Mason com seu Darkie, Julia Stone com sua Sal e claro a garotinha Birdie que aparece em quase todas as cenas do protagonista que foi vivida por Ava Caryofyllis.

Visualmente a trama é belíssima, mostrando praias incríveis, rochedos quebradiços, um mar brilhante sempre ao fundo, uma casa de praia toda de vidro e até mesmo o deque no meio do nada teve seu charme, além da casa do protagonista no meio do nada com muitas lembranças soltas, de forma que sendo quase um road-movie vemos o personagem principal pegando várias caronas, conhecendo pessoas diferentes, de tal forma que certamente no livro nos é dito muito mais conexões com tudo, tendo mais detalhes, mas aqui não ousaram tanto, porém do nada no meio do nada o protagonista surgir com uma vara para pescar foi abusar demais de nossa inteligência.

Como todo bom filme romântico, a melhor parte fica a cargo da trilha sonora, e aqui como a família do personagem principal tinha uma banda os atores acabaram gravando boas canções num estilo meio folk que deu ritmo e agradou bastante para ouvir tanto durante o longa quanto depois aqui nesse link.

Enfim, é um filme gostoso de ver, que se não fosse algumas falhas técnicas dentro de um roteiro rápido de resoluções e talvez se tivessem colocado uma química melhor entre os protagonistas agradaria até mais, mas quem gosta do estilo nem deve notar tanto isso, pois a trama ao menos funciona e dá para recomendar. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto daqui a pouco com mais textos do Festival Filmelier, que está acabando, então aproveitem para conferir nesses últimos dias, e deixo aqui meus abraços e até logo mais.


Leia Mais

A Sindicalista (La Syndicaliste) (The Sitting Duck)

4/30/2023 01:59:00 AM |

Dramas policiais conseguem ser daqueles estilos que mais gosto de conferir, pois a brincadeira de tentar descobrir algo, acusar várias pessoas e imaginar todas as possibilidades é algo que sempre instiga bastante, e quando é colocado em cima de uma história real, com envolvimentos políticos gigantescos a trama caba sendo ainda mais complexa de ver, de tal forma que o longa francês "A Sindicalista" acaba sendo bem envolvente, cheio de atos marcantes e tensos, mas que poderiam ter colocado um ritmo mais dinâmico para causar um pouco mais, principalmente com os resultados finais reais, já que não quiseram dar uma vertente mais ficcional, dava para não ter pesado tanto a mão. Ou seja, não é um filme genial, mas é tão bem interpretado pela protagonista, cheio de situações impactantes que talvez se tivessem brincado só um pouco mais com os atos de julgamentos, e ter dado algumas nuances maiores, o resultado seria incrível.

O longa nos conta a história real de Maureen Kearney, a principal representante sindical de uma multinacional francesa de energia nuclear. Ela se tornou uma delatora, denunciando acordos ultrassecretos que abalaram o setor nuclear francês. Sozinha contra o mundo, ela lutou com unhas e dentes com ministros do governo e líderes da indústria para trazer à tona o escândalo e defender mais de 50.000 empregos... Sua vida virou de cabeça para baixo quando ela foi violentamente agredida em sua própria casa... A investigação é feita sob pressão: o assunto é delicado. De repente, novos elementos criam dúvidas nas mentes dos investigadores. A princípio uma vítima, Maureen se torna uma suspeita.

O diretor e roteirista Jean-Paul Salomé soube desenvolver bem a história real que aconteceu em 2012 na França e se desenrolou por vários anos com intensidades no processo e muitas articulações em cima de tudo, afinal a personagem principal real se envolvia com políticos e empresas do mais alto escalão no país, tinha conversas com empregados do setor nuclear em vários outros países e o desenrolar de seu abuso em sua casa acabou virando manchetes de jornais e a investigação acabou sendo ainda mais pesada do que o abuso em si, sendo algo bem marcante de ver, e claro que todas essas articulações soaram bem feitas pelo diretor, que conduziu elementos abertos bem encaixados, fez indagações bem trabalhadas pelos protagonistas, e levou suas cenas para um rumo intenso que funcionou bastante na tela, só diria que talvez um pouco mais de ritmo e ter trabalhado mais alguns julgamentos daria uma força maior ainda, mas o resultado funciona e brinca bastante com o público deixando a dúvida de quem fez e quem foi o mandante, ou ela armou tudo, podendo ser que nunca teremos as respostas nem na tela, nem no caso real.

Sobre as atuações, sabemos bem que Isabelle Huppert domina em qualquer personagem que a colocar, pois é perfeita sempre, e aqui com sua Maureen Kearney ela teve muita desenvoltura cênica para brilhar em todos os atos, trabalhando bons trejeitos, sendo intensa do começo ao fim e colocando seus diálogos num nível que não tem como não fixar o olhar enquanto atua. Grégory Gadebois fez seu Gilles Hugo como um bom marido e parceiro, trabalhando alguns olhares de confiança na esposa e também desapontamento por ela não sair dessa vida perigosa, e conseguiu ser intenso nos momentos que o filme precisou dele, sem claro passar por cima da protagonista. Pierre Deladonchamps fez o investigador Nicolas Brémont com inseguranças demais, não tendo o impacto que um personagem desse porte deveria ter, tanto que no segundo julgamento fez algumas caras de medo que chegam a ser decepcionantes. Já Yvan Attal deu um porte bem marcante para seu Luc Oursel, mostrando atitude e dinâmicas intensas e bem encaixadas para o papel, sendo um bom articulador e agradando como sempre faz. Ainda tivemos outros bons personagens em cena, mas sempre ficando em segundo plano para que não tivessem tantas quebras e acabasse virando uma série, valendo destacar Aloïse Sauvage com sua Capitã Chambard, Christian Hecq com seu Tirésias e claro Marina Foïs com sua Anne Lauvergeon.

Visualmente a equipe de arte foi bem ampla nas escolhas das locações, com uma casa bem requintada da protagonista, com vários ambientes interligados e claro a representação do crime sendo mostrada de diversas formas, tem sua casa de campo bem imponente, várias cenas em salas de julgamentos e na delegacia, alguns elos tensos nos exames no instituto médico legal, sendo até abusivos para representar o abuso, e claro algumas cenas com a protagonista nas usinas com os trabalhadores, senão não teria motivo para um sindicato. Ou seja, tudo foi bem representado e montado para chamar atenção aos detalhes, mas ainda dava para ter uma perícia mais chamativa na tela, afinal o espectador que curte esse estilo de filme gosta de investigar também com boas pistas.

Enfim, é um filme bem atuado, cheio de boas nuances e que funciona dentro do que se propõe no gênero que é ir dando linha para o público fazer os devidos julgamentos, confundir com hipóteses prováveis, e desenvolvendo algumas possíveis reviravoltas, de tal forma que vale a conferida para conhecer o caso, mas que valeria talvez o texto cair nas mãos de um diretor hollywoodiano ou quem sabe um espanhol, que aí sim a trama pegaria fogo, então vale a dica. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, e já estou quase no fim dos longas do Festival Filmelier, mas ainda tem mais quatro dias para quem não viu algum conferir eles, então não perca a oportunidade, fiquem com meus abraços e até amanhã.


Leia Mais

Rodeio Urbano (Rodéo)

4/29/2023 09:09:00 PM |

Já tivemos muitos filmes de rua e urbanidade aonde vemos jovens ladrões e suas intenções que vão muito além, um deles é sucesso absoluto e já está para estrear sua 10ª continuação, e com o longa francês "Rodeio Urbano" ou simplesmente "Rodeo", vemos algo bem intenso por parte da protagonista, não vemos grandes ambições de ser um filme que chame atenções em cima de algo a mais, não vemos grandes interpretações também, afinal a maioria é estreante na telona, porém o resultado funciona bastante e acaba agradando com um estilo cru bem feito, aonde o barulho das motos domina e a cena criminosa aparenta mais real que muitos filmes de ação. Não por menos levou grandes premiações, que mesmo não sendo algo que agrade todo mundo, tem seu público e facilmente chama a atenção por onde passa.

A sinopse nos conta que Julia, uma jovem desajustada apaixonada por pilotar, conhece um grupo de pilotos de moto que voam a toda velocidade e fazem acrobacias. Ela começa a se infiltrar em seu mundo dominado por homens, mas um acidente põe em risco sua capacidade de se encaixar.

Diria que a diretora e roteirista Lola Quivoron levou para Cannes em 2022 exatamente algo que eles tanto desejam ver que é a liberdade artística bem incorporada na alma de um filme, aonde conseguiu passar emoção e funcionalidade na tela, não recaindo para abstrações nem floreando algo que é comum num grupo de ladrões de motos, de tal forma que a trama segue quase sem freio do começo ao fim, e com isso vemos um estilo próprio bem criado, aonde tudo funciona rapidamente e de tal forma que não conseguimos tirar os olhos da tela. Ou seja, é perfeito para a proposta e mostra que a diretora sabia muito bem o que desejava mostrar, sem erros visuais, mas com muitos riscos nas gravações, o que deu o charme para a produção completa e assim venceu o prêmio Coup de Coeur no Un Certain Regard do Festival de Cannes 2022.

Como a maioria dos atores são estreantes e não profissionais de atuação, a trama acabou fazendo com que a diretora imergisse no mundo dos pilotos de moto e assim não espere ver grandes trejeitos nos personagens, nem grandes diálogos, mas ainda assim não soou falso nem artificial na tela, e isso foi um grande trunfo por parte da direção. Claro que o destaque do filme ficou para a protagonista Julie Ledru com sua Julia bem direta nas cenas, fazendo algumas caras e bocas para se impor no meio de tantos homens, mas segurou bem a responsabilidade e agradou demais em cena, sendo perfeita para o papel e chamando muita atenção como deve acontecer com o papel principal. Yannis Lafki também foi bem nas cenas que entregou com seu Kaïs, não sendo explosivo, mas conseguindo dominar tudo como apoio da protagonista. Quanto aos demais, cada um teve sua proposta, alguns com estilos mais fechados, outros mais briguentos, mas valendo destacar apenas Anthonia Buresi com sua Ophélie simples e bem colocada como a mulher do dono da gangue que está preso, não sendo algo chamativo, mas fazendo bem as cenas que dão novas intenções para a protagonista.

Visualmente a trama mostra bem um lado urbano que vemos desse pessoal que pilota motos nas ruas, fazem seus shows de acrobacias e vivem no limite do perigo, misturando também com o lado mais criminoso e com isso vemos uma garagem de desmanche, vários tipos de motos e roubos bem imponentes, mostrando que a equipe de arte também imergiu bem para conhecer esse mundo e passar arte na tela, agradando bastante.

Enfim, é um filme bem intenso e marcante, que pela sinopse e pelo trailer jurava que não iria gostar da ideia funcionando, mas o resultado é tão bem feito e marcante que me agradou bem mais do que o esperado, então para quem ainda tiver sessões dele no Festival Filmelier, pode ir sem medo, e o longa estreia comercialmente em breve então já fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda tenho mais um para conferir, então abraços e até daqui a pouco.

PS: Diria que vale um 8,5 de nota, mas sem trabalhar com notas quebradas 8 acho que seria pouco.


Leia Mais

Tesla - O Homem Elétrico (Tesla)

4/29/2023 05:39:00 PM |

Como a narradora cita no filme "Tesla - O Homem Elétrico" se pesquisarmos pelo nome de Nikola Tesla na internet encontraremos bem poucas fotos reais do inventor por ele ser uma pessoa mais reclusa dos eventos, e claro também por ter feito algumas amizades não muito boas que lhe fizeram perder dinheiro, e nessa versão da história que pude conferir no Festival Filmelier de Cinema, diria que faltou um pouco de atitude dos executores para criar um filme mais dinâmico sobre a história, aliás até temos um bom filme sobre o protagonista em "A Batalha das Correntes", de tal forma que com o excesso de narração e a desenvoltura escolhida para mostrar os percalços do protagonista, o resultado aqui acabou me dando tanto sono que raspei a trave de desistir dele, e olha que isso é algo bem difícil de acontecer. Ou seja, é uma trava cansativa, com cenas meio que puladas de época, e com um estilo que não floreia tanto as atitudes e estilos que a trama poderia desenvolver, parecendo ter sido feito meio quase como um documentário em homenagem ao inventor com algumas cenas ficcionais no meio para dar estilo, e isso não convenceu como deveria.

O longa nos mostra uma visão livre do inventor visionário Nikola Tesla, suas interações com Thomas Edison e a filha de J.P. Morgan, Anne, e seus avanços na transmissão de energia elétrica e luz.

O mais engraçado de ler na sinopse é que o diretor e roteirista Michael Almereyda quis trabalhar uma visão livre da ideia, e nem sempre podemos ter tanta liberdade expressiva em uma trama que usa personagens reais como é o caso aqui, de forma que a estrutura do longa até é coerente de certa maneira, tendo alguns atos bem criados e trabalhando a cenografia bem colocada dentro de alguns inventos, porém a história não tem uma fluidez característica que funcionasse bem, parecendo nem ser uma ficção nem um docudrama como muitos podem considerar, mas sim algo que falhou em tantas coisas que acabaram se perdendo no meio do resultado precisando de um excessivo número de cenas narrando tudo ao invés de um desenvolvimento funcional comum de ambos os casos.

Nesse estilo de filme é até difícil falar das atuações, pois os personagens até ficaram bem parecidos com algumas fotos que existem dos reais na internet, mas seus desenvolvimentos parecem não ir muito além para chamar a responsabilidade para si ou se colocar de maneira bem impositiva para que o papel fluísse realmente, e desse modo mesmo gostando do estilão que Ethan Hawke deu para o seu Nikola Tesla, vemos um homem exageradamente sério, com uma personalidade forte, aonde o ator até convence bem no que faz, mas sendo o protagonista da trama que leva o seu nome dava para ter feito muito mais. Eve Hewson até que funcionou com sua Anne Morgan e claro como narradora do filme, afinal vemos algo como se fosse a visão dela sobre o personagem principal, e seu tom foi bem colocado, trouxe um estilo bem pontual e fez o que tinha de fazer em cena, soando interessante ao menos. Ainda tivemos outros bons atores em cena, mas nenhum criando atos que marcassem realmente, valendo apenas citar os atos de Kyle MacLachlan com seu Thomas Edison sendo arrogante de certa maneira, mas com classe para mostrar seus ganhos em cima da ideia do protagonista.

Visualmente a trama até teve alguns momentos bem trabalhados e representativos de maneira a mostrar algumas loucuras com raios, mostrando a bobina de Tesla que tantos gostam atualmente, a representação de uma das primeiras cadeiras elétricas para execuções, algumas festas de ricos e várias conversas usando velas, além de algumas situações bizarras como protagonistas discutindo com sorvetes, andando de patins, jogando tênis escondido, entre outros, parecendo que a liberdade de visão foi algo meio fora dos prumos para a equipe de arte.

Enfim, não vou falar que é um filme totalmente ruim, sendo algo mediano que se perderam com o que queriam mostrar na tela, resultando em algo extremamente cansativo, e que não dá para recomendar ao certo, e olha que quando vi os filmes do Festival acreditei que esse era um dos potenciais a melhor de todos, e fui bem surpreendido negativamente. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda tenho muitos outros para conferir e escrever para vocês, então abraços e até breve.


Leia Mais

O Chamado 4 - Samara Ressurge (貞子 DX)trabalç (Sadako DX)

4/29/2023 01:53:00 AM |

Tem alguns filmes de terror que possuem propostas tão inusitadas que já nascem cômicos por natureza, e não lembro se fiquei assustado alguma vez com qualquer uma das muitas versões que já tiveram da saga "O Chamado", mas rir do começo ao fim acredito que hoje com "O Chamado 4 - Samara Ressurge" tenha sido a primeira vez, pois abusaram demais da inteligência do público com tantas coisas engraçadas, desde um guru maluca até uma garota "ultra-inteligente" que tenta colocar a ciência em todos os fenômenos, ajudada por um personagem que se esconde atrás de imagens de gato, ou seja, só de ler isso que escrevi já começo a rir de lembrar de tudo o que vi, e isso quer dizer que o filme seja ruim? Sim, se analisarmos a ideologia de um filme de terror, mas com o tanto que ri de tudo, ainda mais com a sacada final do longa e a cena no final dos créditos então, posso dizer que foi ótimo, valendo demais como comédia. Então se você está triste, vá conferir o longa que é garantido que vai sair muito feliz com o resultado, só não espere se assustar sem ser com os gritos do protagonista.

O longa nos conta que as pessoas que assistem a um vídeo amaldiçoado morrem repentinamente. Essas mortes ocorrem em todo o Japão. Ayaka Ichijo é uma estudante extremamente inteligente com um QI de 200 que terá que revelar o mistério do vídeo amaldiçoado para salvar a vida de sua irmã mais nova que assistiu para se divertir. A trama segue Ayaka Ichijo, uma estudante que é cética em relação ao vídeo e à lenda que o cerca, que se tornou uma sensação viral. Ela logo descobre que sua irmã Futaba viu uma cópia da fita e descobre que a morte dela não ocorrerá em sete dias, mas em 24 horas, levando-a a desvendar a maldição de Sadako para salvá-la.

Diria que nem os diretores de paródias cômicas tiveram uma ideia tão bem sacada como a do diretor Hisashi Kimura e do roteirista Yuya Takahashi, pois a ideia desse novo longa ainda é fugir da morte premeditada após ver o vídeo, porém tudo é engraçado na tela, desde os protagonistas bobos, as ideias do que seria a maldição versus realidade, e para piorar o antídoto chega a ser tão ridículo de tal forma que funciona para a ideia de vírus e efeito viral, então como terror mesmo talvez alguns se assuste com algumas cenas de aparições rápidas de personagens aleatórios (não da Samara), mas do restante vão é rir mesmo de tudo o que foi feito.

Sobre as atuações, posso dizer que Fuka Koshiba entrou bem na essência de sua Ayaka, sendo uma garota bem centrada, totalmente cética com relação a maldição, mas que tem um tique meio estranho de fazer uns gestos na orelha para pensar, e isso ficou muito bobo de se ver, porém a atriz teve dinâmicas rápidas, alguns movimentos bem trabalhados e o resultado ao menos diverte com suas sacadas. Já Kazuma Kawamura exagerou demais em seu Oji, gritando até pra um mosquito que passasse na rua, tendo um tique de passar o dedo no rosto meio que romantizado, e sendo daqueles personagens que ficamos pensando o motivo de alguém colocar ele na tela se não for para rir, ou seja, um palhaço total. Yuki Yagi trabalhou sua Futaba como toda adolescente comum, sendo desesperada com o que vai acontecendo, mas bobinha de tudo, sendo até gracioso seu medo. Outro que viajou completamente nos trejeitos exagerados foi Hiroyuki Ikeuchi com seu Mestre Kenshin, de forma que deu o tom da trama, mas fez bons atos junto da protagonista, embora seja uma piada pronta como muitos charlatões mundo afora. E por último vale destacar Mario Kuroba com seu Bunka, ou melhor o cara da cara de gatinho, que apareceu em 90% das suas cenas mascarado seja como gatinho nos vídeos online ou com uma máscara de gás gigantesca nas cenas junto dos demais personagens, só aparecendo mesmo com sua cara a limpo na última cena, mas foi um bom pesquisador e junto da protagonista foi solucionando o caso.

Visualmente gostei da sacada do novo estilo do vídeo aonde a Samara sai do poço na TV do cara e já está com uma câmera online vendo a frente da casa do corajoso, ainda tivemos bons elementos da cultura japonesa, alguns programas de TV exagerados e algumas boas locações como um templo, a casa das garotas, uma escola tradicional e alguns restaurantes, de modo que tudo é simples, e até mesmo os vários personagens que se transformam em Samara foram bem trabalhados no estilão das pegadinhas do Silvio Santos, ou seja, zoeira total com tudo.

Enfim, não sei como tentaram classificar o longa como terror, pois passa bem longe de algo que assuste, que tenha cenas violentas ou impacte como qualquer outro do gênero, sendo bem mais próximo das paródias que fizeram que do longa original, então se antes não tinham enterrado a franquia, agora foi de vez, ao menos que vire uma comédia de vez, pois nesse sentido funcionou demais, então não se assuste também com a minha nota, afinal estou dando mais pela comédia que vi que ri muito do que como filme de terror, e assim sendo recomendo conferir ele dessa forma. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve agora com os últimos filmes do Festival Filmelier que não conferi, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Os Cavaleiros do Zodíaco - Saint Seya: O Começo (Knights of the Zodiac)

4/28/2023 09:47:00 PM |

Costumo dizer que ver um filme que pode ou não ter continuação na dependência de uma boa bilheteria é algo arriscadíssimo, principalmente se o nome da trama já chama o começo como é o caso de "Os Cavaleiros do Zodíaco - Saint Seya: O Começo", mas não vou falar em momento algum que o que vi na tela seja algo ruim, pois traz um bom entretenimento, tem boas lutas, e uns efeitos digamos razoáveis, porém é uma história bem de origem, e completamente fora do que lembro dos desenhos que vi na infância. Ou seja, é algo que acreditaram no potencial e reinventaram totalmente uma base para que o treinamento funcionasse, e talvez víssemos uma franquia realmente na tela, afinal os mangás e os animes tem de toneladas, e representar tudo na tela seria algo totalmente improvável, então veremos o que vai rolar, mas espero que dê frutos, pois fãs a saga tem aos montes, porém ainda não vi tanta animação por parte dos que viram o longa.

O longa acompanha Seiya (Mackenyu), um lutador muito habilidoso que participa de competições por dinheiro. Durante uma de suas lutas, Seiya acaba descobrindo que tem poderes, e atrai a atenção do magnata Kido (Sean Bean). Kido encarrega o jovem de realizar uma importante missão: proteger sua filha, Sienna (Madison Iseman), que é a reencarnação da deusa Athena. Junto a outros quatro guerreiros, Seiya agora deve dedicar-se fortemente à tarefa, já que ele pode ser uma das únicas pessoas capazes de manter a deusa - e, consequentemente, a humanidade - em segurança.

Outro problemaço do filme foi a escolha de um diretor sem grandes trabalhos, pois polonês Tomasz Baginski é quase um iniciante, e com o roteiro de Josh Campbell, Matt Stuecken e Kiel Murray que até fizeram alguns nomes dramáticos interessantes como "Cloverfield, Rua 10", "Pesadelo nas Alturas" e "Uma Chance Para Lutar", tentaram aqui criar algo muito novo para chamar atenção e ir além, mas a ousadia cobra um preço geralmente bem caro, e com uma trama tão conhecida e com uma base fanática sedenta de símbolos que conhecem como a palma da mão, como é o caso aqui, o risco é de queimarem totalmente e nem darem chance de arrumar depois com as continuações. Ou seja, não afirmaria que o que o polonês fez foi ruim de ver, só demorou demais para engrenar, e acabou parando com tudo bem no começo da saga, então veremos se os produtores vão bancar as sequências, pois não acredito tanto no resultado.

Outro problema bem grande do filme ficou a cargo das atuações, pois como muitas cenas precisavam de lutas, nesse sentido vemos algo muito realista e bem feito, mas quando precisavam dialogar, aí entra frases meio que sem impacto que nem os atores mais experientes acreditavam que estavam dizendo aquilo, de forma que deram um jeito de Sean Bean ficar bem em segundo plano com seu Alman Kido, sendo usado como base de tudo do recrutamento, mas não vemos seus primeiros trabalhos, e ainda faz cenas tão jogadas que ficou até feio para ele, de modo que caberia um ator bem mais desconhecido para o que o papel pedia. Já Mackenyu com seu Seya lutou bastante, foram satisfatórios na escolha de um ator japonês ao menos, e até teve um certo charme para conquistar as fãs mulheres, só veremos como vai seguir pra frente, pois vai protagonizar ainda mais do que o que fez aqui como treinamento apenas. Diria que Madison Iseman também caiu bem com sua Sienna/Saori (aliás ver legendado foi um porre com eles falando um nome e legendando outro como a personagem é conhecida no Brasil), mas fez bons trejeitos, teve carisma em cena e acabou agradando sem soar artificial. Agora falando em artificial Famke Janssen com sua Guraad ficou muito estranha, fez caras e bocas deslocadas e nem chamou a responsabilidade como uma vilã deveria fazer, o que é uma pena, pois a atriz é boa. Ainda tivemos outros bons personagens que fizeram boas participações como Mark Dacascos com seu Mylock e Nick Stahl com seu Cassios, porém o destaque mesmo que sendo apenas pelas cenas de luta e pouco pela atuação ficou com Diego Tinoco com seu Fênix/Ikki, que também deve ser mais usado nas continuações.

Visualmente a trama até que foi interessante com algumas aeronaves e soldados parecendo "G.I. Joe - Comandos em Ação", bem imponentes, uma mansão com controle automático em caso de eventos dos cosmos dos personagens, uma ilha com pedras voadoras aonde tivemos o treinamento com tudo flutuando, um castelo com uma máquina bem cheia de raios aonde vemos uma explosão bem marcante, e antes de tudo um octógono bem trabalhado de lutas clandestinas, tendo durante todos os momentos muitos tiros e efeitos um pouco estranhos, mas que funcionam dentro da proposta ao menos.

Enfim, volto a frisar que o filme não é ruim, tendo atos divertidos e boas lutas para nós entreter, porém para um começo apenas foi bem pouco, ainda mais para algo tão conhecido e marcante como foi a franquia no imaginário de quem leu tudo, e também de quem viu os desenhos, então agora é esperar que melhorem nas continuações (se houver), e ver no que vai dar afinal estreou hoje lá fora, e a crítica geral está bem mista, então veremos o que o público fã mesmo vai dizer, e claro eu diria que recomendo com muitas ressalvas, mas se você gostar das lutas sem ligar para história, pode ir de boa. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Deixados Para Trás - O Início do Fim (Left Behind: Rise of the Antichrist)

4/28/2023 01:39:00 AM |

Antes de mais nada, já vou pedir para que quem for conferir o longa "Deixados Para Trás - O Início do Fim" não tente ligar os atores do filme anterior, "O Apocalipse", com os atores atuais, pois todos foram trocados e chega a ser até engraçado já que hoje mais cedo conferi o novo filme de Nicolas Cage, e aqui o protagonista do longa anterior Ray que foi interpretado por Cage aqui virou o diretor Kevin Sorbo, entre muitas outras mudanças de ideologia e tudo mais, e confesso que estava muito curioso para ver o que ocorreria aqui na continuação, afinal o pouco que lembro do longa de 2014 era a grandiosa destruição de tudo, e claro o sumiço de várias pessoas que aqui é tanto falado no novo filme, mas se lá a base bíblica foi usada para algo mais aterrorizador, aqui deram uma amenizada colocando o anticristo como querendo uma nova ordem mundial, ou seja, é daquelas tramas mais conspiratórias possíveis aonde algumas pessoas acabam até acreditando fielmente por serem das igrejas e tal, mas que numa ficção visual dava para melhorar muita coisa para soar mais interessante ao menos.

A sinopse nos conta que seis meses atrás, milhões de pessoas desapareceram sem deixar vestígios e o caos tomou conta do mundo. Muitos acreditam que o governo está por trás de tudo, outros defendem que a Bíblia já havia previsto os desaparecimentos há milhares de anos. Desesperado por respostas em um mundo cheio de medo e mentiras, o jornalista Buck Williams decide ir até o fim em busca da verdade e de salvação.

Se lá em 2014 o diretor Vic Armstrong trabalhou um lado bem mais ficcional e impactante em cima do roteiro Paul Lalonde, agora os produtores optaram por um diretor digamos mais cristão que focasse mais em cima das palavras da Igreja e menos em loucuras explosivas, de forma que Kevin Sorbo que já dirigiu outras obras religiosas pegou algo que muitos acreditam estar chegando, no caso o arrebatamento de pessoas, e trabalhasse mais as ideias da trama enfatizando motivos de alguns pastores de almas não sumirem, de que a mídia está apenas tentando enganar a todos com o anticristo, que a ciência e os fatos são todos falsos e só a Bíblia está correta, e por aí vai, de tal maneira que o filme até traz conteúdo para esse público que certamente sairá da sessão orando e falando muitas coisas (aliás de apenas uma olhada nos comentários do trailer no Youtube que já vai ficar por dentro do público-alvo). Ou seja, não diria que o filme seja algo ruim, mas que mudou completamente o vértice e ficou agora somente para o público religioso, isso aconteceu com todas as letras.

E se estamos falando de um filme que caiu bem mais para um cunho religioso o que acaba acontecendo fronte às atuações? Sim, eliminaram praticamente todos os atores conhecidos do filme anterior e vieram com atores das produções religiosas cristãs, que sabemos que não são lá grandes chamarizes nem para filmes comerciais, muito menos impactando em algo que nos convença do que estão mostrando na tela, e assim sendo ao menos o diretor Kevin Sorbo não ficou como protagonista, já que seu Ray acaba ficando apenas dentro da igreja tentando descobrir coisas que não viu quando sua mulher e filho desapareceram, analisando a Bíblia do começo ao fim em poucas horas e querendo divulgar a palavra para todos os possíveis, ou seja, básico e sem grandes expressões. O filme é inteiramente narrado pelo Pastor Bruce Barnes, vivido aqui por Charles Andrew Payne, que chega a cansar com o tanto de ideias que planta na trama, e nos atos que apareceu ficou meio que secundário demais em cena, ou seja, o que vale são suas palavras e não seus trejeitos. Agora falando do protagonista da trama, o jornalista Buck Williams que aqui foi feito por Greg Perrow até tentou ser impactante nas dúvidas conspiratórias, trabalhou quase que 80% do filme com um ar investigativo bem pautado em cima de tudo, sem crer muito na religiosidade, mas bastou a namorada vivida por Sarah Fisher dar um crucifixo para ele e ele ver algo numa fala, e pronto, lá estava rezando no banheiro e pronto para evangelizar todo o mundo, não convencendo com o estilo de personificação que fez. Quanto aos demais, tivemos muitos personagens que dão as conexões para a trama, sem grandes chamarizes ou expressionismos que chamassem a atenção, valendo destacar apenas Paul Cowling como Cothran, uma espécie Elon Musk das mídias querendo ter o controle de tudo, e Bailey Chase como Nicolae, um político da Romênia que deseja se tornar o único líder mundial através da ONU, ou seja, a velha briga Igreja versus política que sempre dá em algo, mas com atuações bem básicas que valem mais os personagens do que os atores realmente.

Visualmente se no primeiro filme explodiram o orçamento lá em cima apenas com o salário de Cage de 3,5 milhões, aqui a produção teve menos que esse valor para fazer tudo, e são muitos atores em cena, ou seja, sobrou algo bem básico para uma reunião da ONU ser num anfiteatro sem nenhum detalhe, tendo uma igreja inteiramente fechada apenas com alguns bancos e tudo ao redor destruído, um sala de um hacker menor que meu quarto, e um jornal aonde só vemos realmente a bancada e alguns elementos de lado, além disso uma casa simples, um consultório sem grandes elementos e um minúsculo avião apenas para no final jogar alguns folhetos, não sendo algo ruim, afinal muitos filmes simples foram muito bem com pouco, mas ficou parecendo faltar tudo na tela para chamar mais atenção.

Enfim é daquelas obras que foram feitas e muitas vezes nem sabemos o real motivo, mas como já disse lá fora a Igreja Cristã tem muitos filmes lançados por ano, e conseguem mostrar suas palavras no cinema, o que as vezes funciona também mundo afora, então nesse caso, o filme vai agradar esse público, do contrário é melhor nem passar perto, pois não vai funcionar com você como acontece com o jornalista do filme. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe (Renfield)

4/27/2023 09:44:00 PM |

Costumo dizer que ver algumas tosqueiras de vez em quando é válido, afinal nem só de obras-primas vive o cinema mundial, e se tem um cara que gosta de entrar numa trama bem tosca é Nicolas Café, de modo que aqui em "Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" escolheram os maquiadores mais bizarros possíveis para que ele ficasse muito estranho com seu Drácula, porém como ele só aparece as vezes ficou válido, afinal a trama é sobre relacionamentos tóxicos com chefes e sair quebrando todos os gangsters da máfia que aparecer para atrapalhar a amada do servo. Ou seja, é tanto sangue e decepações por metro quadrado que chega a escorrer na tela, e que brincando bem com um texto ácido, o resultado acaba indo até além do que poderia. Claro que está bem longe de ser algo perfeito de ver na tela, mas é divertido e entrega algo que o público desse estilo gosta, só não esperem uma história muito preparada, que aí a ação ficaria em segundo plano e não era o que desejavam.

O longa conta a história de Renfield, o leal capanga do temido Conde Drácula. Renfield se dedica totalmente a servir o Conde e obedece prontamente todas as suas ordens, incluindo encontrar as presas perfeitas para que o vampiro possa continuar vivendo por toda a eternidade. Porém, após tantos séculos de servidão, Renfield finalmente tem um momento de lucidez e decide que quer deixar seu posto para começar uma nova vida longe do “chefe” - vontade que se intensifica ainda mais quando ele acaba se apaixonando.

Diria que o diretor Chris McKay e os roteiristas Ryan Ridley e Robert Kirkman pensaram em como poderiam fazer uma história com Drácula em um mundo moderno aonde as pessoas precisam se preocupar com a forma que se relacionam, e a subserviência é um mal que as pessoas aceitam naturalmente, e a única resposta era fazer algo tão bizarro que ainda fosse divertido e cheio de ação, e assim o resultado criativo saiu a trama que vemos na tela, aonde não podemos esperar cenas certinhas e bem trabalhadas, mas sim muita pancadaria e mutilações, que funcionam dentro da proposta, mas para isso você tem de se desligar por completo de qualquer coerência. E como estava disposto a isso hoje, posso dizer que o filme funcionou bem, e talvez um pouco mais do passado na tela ao invés de uma rápida explicação do protagonista cairia melhor, mas aí eu estaria querendo demais.

Sobre as atuações, diria que Nicholas Hoult caiu bem na personalidade que seu Renfield precisava, um servo disposto a lutar bastante, ficando bem maluco após suas refeições de deliciosos insetos, e se jogando completamente para boas cenas de lutas, de modo que seu ar introspectivo em algumas cenas soaram exageradas dentro do estilo zen, mas funcionou bem e acabou agradando. Falar de Nicolas Cage é sempre bater na mesma tecla, pois ele aceita demais papéis bizarros, e aqui o seu Conde Drácula até tem uma personalidade gananciosa e desesperada pelo poder supremo, mas seus trejeitos são tão exagerados que não impactam como poderia, não sendo algo ruim de ver dele, mas bem longe de algo bom também. Awkwafina precisa parar de aceitar papéis que tenham uma necessidade de romantização, pois ela não encaixa quimicamente com ninguém, sendo até meio estranho a forma que o protagonista se apaixona por sua Rebecca, e ela também nem porte para policial tem, ou seja, foi bem no que fez, mas não pareceu ela, tirando claro os atos gritantes. Quanto aos demais, diria que poderiam ter explorado um pouco mais dos mafiosos vividos por Ben Schwartz com seu Teddy Lobo e sua mãe vivida por Shohreh Aghdashloo com sua Bella Lobo, pois eles mostraram personalidades interessantes e bizarras que iriam cair bem na trama, mas fizeram apenas o básico, e Brandon Scott Jones com seu Mark foi um bom palestrante ao menos, não sendo algo marcante, mas que deu encaixes.

Diria que o grande ponto positivo da trama ficou a cargo da equipe de efeitos especiais e de próteses, pois o tanto de pedaços de corpos que saem voando nos ambientes, seja numa lanchonete estranha, numa reunião de grupo de apoio, numa mansão ou num aglomerado de apartamentos, vemos tudo ser destroçado com muita perfeição e sangue esguichando para tudo quanto é lado, mostrando que a equipe não quis economizar nesse sentido, e o resultado agrada bastante, então fizeram bem.

Enfim, volto a frisar que fui esperando ver algo tosco, e me entregaram esse resultado, o que foi satisfatório de ver, além de boas músicas bem encaixadas nos devidos momentos de ação, mas recomendo o longa somente para quem gosta de uma ação bizarra desenfreada sem muita história para funcionar, senão vai sair desapontado da sala, pois nesse sentido ele é bem fraquinho. Então com essas ressalvas, vá sem esperar muito e ria das tosqueiras, pois uma vez na semana faz bem pra alma. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas hoje ainda vejo mais um, então abraços e até daqui a pouco.
Leia Mais

Star+ - Império da Luz (Empire of Light)

4/27/2023 06:12:00 PM |

Já disse isso outras vezes, mas sei que é algo que não dá para prever, mas tem muito filme que é lançado em anos errados e acabam concorrendo com gloriosos trabalhos iguais ou tão bons quanto eles, e infelizmente foi isso o que ocorreu com "Império da Luz", pois não podia ter sido lançado no ano passado nos cinemas, e nem agora no começo desse ano, afinal é o filme que quem ama cinema tem de ver, rever, refletir, ver mais uma vez e assim por diante, afinal aquele facho de luz que ilumina a sala escura e nos tira do mundo real ao menos por algumas horas, é incrível, o ambiente é tenso e tudo o que ocorre ali com funcionários muitas das vezes nem sabemos, e todos tem seus problemas, assim como os personagens da trama, e é brilhante ver tudo o que o diretor nos mostra, sendo impactante, arrepiando em diversos momentos e funcionando por demais a cada ato. Aí vem a pergunta, o que ele fez de errado para não ser o ganhador de todos os prêmios, já que é tão bom quanto o que ganhou, e a resposta é rápida e direta: "Não sei!". Ou melhor, diria que posso imaginar que não tenha agradado alguns, que talvez o diretor exagerou em colocar mais do que um tema só para trabalhar, ou então o segundo problema que é o racismo não tenha agradado tanto a Academia que muitos sabemos que tem sérios problemas com isso, ou seja, vou preferir pensar que era o ano de "Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo" de obra premiada, e esse ficará no coração, pois simplesmente amei cada segundo do filme, e vou recomendar demais para todos.

O longa é uma história de amor ambientada em um belo cinema antigo na costa sul da Inglaterra na década de 1980. Um filme sobre a conexão humana e a magia do cinema. Seguimos Hilary, uma gerente de cinema deprimida, que trabalha no cinema Império (Empire) enquanto no plano de fundo há a recessão britânica de 1981, causando desemprego e racismo gratuito ao longo do país. Apesar de tudo, ela tem um emprego simples, vender ingressos, checar os ingressos, limpar as salas e etc. Ao seu lado, outros empregados: um gerente mal-humorado e pomposo, Sr. Ellis, o dedicado projecionista Norman e os assistentes Neil e Janine. Mas Hilary cada vez mais entra em um profundo estado de solidão e tristeza, mesmo em tratamento. Mas então o Império contrata um novo vendedor de ingressos, Stephen, um jovem negro que tem uma conexão instantânea com Hilary. Esta, é a história deles.

Diria que o diretor e roteirista Sam Mendes quis dar um presente para o público amante de cinema após ser tão premiado com "1917", pois a trama é uma carta completa do que provavelmente viu nos anos 80 na Inglaterra, de suas primeiras experiências nas salas escuras, das histórias que provavelmente ouviu das pessoas que trabalharam e trabalham nos cinemas, e tudo mais, afinal tudo está na tela, de tal maneira que eu me vi ali vivendo esse filme junto das pessoas que conheço também nos diversos cinemas que frequento e converso, afinal elas estão ali com seus problemas também, muitas vezes apenas trabalhando, nunca vendo um único filme que fosse, enquanto nós estamos lá curtindo e apagando a realidade ruim que vivemos num dia cheio de trabalho, e claro sempre com regras a cumprir, sofrendo com clientes ruins, surtando com os problemas também, e muito mais. Ou seja, o diretor conseguiu dar voz a algo que vou todo dia, e as vezes nem vejo, mas que merece ser visto, afinal o cinema como pessoa também tem seus batimentos cardíacos, suas pernas nas engrenagens e está ali para nos atender, e não pode ser deixado de lado também. Além disso, ele nos mostra o mundo racista que vivemos e que naquela época era pior ainda, sendo bem cru em tudo, e emociona demais com uma mão firme e incrível que faz valer cada segundo na tela. Sendo assim, Sam Mendes pode não ter ganho os prêmios de direção, Roger Deakins pode não ter ganho o Oscar de fotografia pela trama, e nem Olivia Colman e todo o elenco ter ganho premiações com o que fizeram aqui, mas se eu posso tirar o chapéu para eles, isso vai acontecer sempre daqui para frente, pois foi algo incrível o que assisti hoje.

Sobre as atuações, cada um foi brilhante no que podia fazer na tela, não sendo nem mais nem menos importante, agradando com olhares, trejeitos, atitudes e muitas dinâmicas perfeitas para o papel que desempenharam, agradando demais, e para começar temos de falar de Olivia Colman como a gerente do cinema Hilary, que tirando os abusos que espero que nunca tenham ocorrido com minhas amigas gerentes de cinema, o restante já vi muito acontecer, já vi as expressões aéreas por vezes com o tanto de coisas que têm para fazer, e a atriz tirou detalhes demais em tudo de tal forma que chega a impressionar, sendo mais um brilhante trabalho na sua carreira gigantesca. Micheal Ward também brilhou muito como um assistente do cinema, fazendo de seu Stephen quase que um símbolo de muitos que acabam trabalhando e se encantando com tudo o que veem naquele ambiente incrível e mágico, mas também vemos muito do racismo que sofre e o ator foi preciso em tudo, ou seja, perfeito nos devidos atos. Colin Firth foi bem intenso como o dono do cinema Sr. Ellis, tendo algumas cenas bem impactantes e fortes, e mesmo não aparecendo tanto foi importante para a trama, fazendo bons trejeitos e diálogos. Sei que muitos nunca entraram numa sala de projeção, e hoje com o digital, um pouco da magia do cinema sumiu para os projecionistas, e o pequenino Toby Jones fez exatamente como muitos que conheço com seu projecionista Norman, amando aquela sala com todas suas forças, sabendo cada vírgula dali, e com certeza aprendeu muito com os que já foram para passar toda essa noção, ou seja, perfeito. Ainda tivemos ótimas cenas com os assistentes Tom Brooke com seu Neil e Hannah Onslow com sua Janine, de forma que a equipe toda da trama foi brilhante em tudo.

Visualmente o longa também é incrível, contando com um cinema de rua bem imponente e majestoso, de vários andares e salas, mas apenas com algumas funcionando e toda a parte de cima abandonada aonde tinha restaurante e outras salas, vemos uma projeção incrível com dois projetores intercalados, fotos de vários artistas colados, letreiros perfeitos, bombonière clássica, bilheteria de tickets com conferência de valores, atos imponentes de violência racista pelos skinheads, vemos também alguns atos nas praias com os protagonistas, alguns atos intensos na casa da protagonista no seu momento mais surtado, e claro a grandiosa estreia do filme "Carruagens de Fogo" com toda a pompa dos políticos da cidade, ou seja, um filme completo, muito bem pesquisado e que chama atenção demais.

Enfim, é daqueles filmes tão perfeitos que facilmente irei colocar entre os melhores que já vi em minha vida, sendo marcante, impactante e cheio de tantas nuances que só de estar escrevendo me arrepiei pensando em alguns momentos da trama, ou seja, simplesmente maravilhoso e que indico demais para todos que gostam de cinema, e para os amigos que trabalham com o cinema passa a ser algo obrigatório de ver, então deem o play e boa sessão, uma pena que não veio para as salas escuras daqui, pois merecia demais toda a pompa mostrada na tela ser vista numa telona. E é isso meus amigos, volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Querida Zoe (Dear Zoe)

4/27/2023 01:27:00 AM |

Assisti ao filme "Querida Zoe" no Festival Filmelier, porém é o filme mais comercial que já vi inserido num festival, de modo que se a distribuidora que tem os direitos dele colocasse um marketing considerável em cima da trama, certamente venderia até mais ingressos que muitos dramas adolescentes que já vi nos cinemas em sessões tradicionais, pois o filme tem muito envolvimento em cima da protagonista (que tem sua base de fãs bem grande por "Stranger Things" e tudo mais que tem feito muito bem), tem um romance gostoso de ver, e toda a base emocional é incrível, ou seja, é aquele pacote completo que a maioria dos jovens curtem ver, envolver e se emocionar, que talvez alguns podem até achar que não vão gostar num primeiro momento, mas da metade para frente tudo se encaixa bem e é muito gostoso ver tudo funcionando. Então vou torcer para um lançamento oficial no Brasil, seja nos cinemas comercialmente ou em uma plataforma decente de filmes, que cair para locação é o mesmo que nada.

A sinopse nos conta que quando Tess e sua família sofrem uma perda inimaginável, ela encontra apoio de uma fonte surpreendente: seu pai biológico - um adorável preguiçoso do lado errado dos trilhos - e o charmoso, mas perigoso delinquente juvenil vizinho.

Não conhecia a diretora Gren Wells, aliás esse é apenas seu segundo longa-metragem, porém posso dizer que as escolhas que fez em cima do roteiro de Philip Beard, Marc Lhormer e Melissa Martin foi totalmente acertada, pois brincou com um tema difícil de lidar que é o luto e usando algumas bases bem tensas misturadas com um ar romanceado meio que problemático, ou seja, tudo o que poderia dar muito errado, mas que funciona bem, e por incrível que pareça, mesmo tendo muita narração o longa não tem um ar cansativo, pelo contrário, passa voando o tempo de tela e acaba sendo muito gostoso de ver. Ou seja, diria que se a diretora quiser seguir esse rumo está num nicho muito bom de ganhar público e envolver a todos, sendo que tem a mão boa para escolhas de ângulos e sendo criativa dentro de um estilo tão comum de repetições.

Sobre as atuações, posso dizer que vamos cansar de ver Sadie Sink nas telas, pois a atriz é muito boa para ficar presa em uma série, e todos os produtores já viram isso e vão usar ela em seus filmes, e aqui com sua Tess teve toda a possibilidade que ainda não lhe tinham dado de um protagonismo puro, sem depender de outros como vinha acontecendo, e ela domina o papel, trabalha trejeitos tristes com muita facilidade e chama o filme para si em alguns atos até exagerados demais, mas que ainda assim a faz brilhar, ou seja, tem domínio do que faz bem e vai voar muito. Kweku Collins fez sua estreia aqui com seu Jimmy, e foi muito gostoso de ver seu par completamente diferente com a protagonista, fazendo alguns atos mais intensos aonde precisou ser expressivo e outros mais romanceados que até foram bonitos de ver, ou seja, pode ir além e tem potencial. Theo Rossi tem costume de pegar papeis mais densos e briguentos, mas aqui seu Nick mesmo tendo problemas com a lei tem um ar emocional gostoso com a filha, foi carinhoso e bem encaixado e conseguiu ter uma química incrível com a protagonista, de forma que suas cenas têm até um certo brilho de tela, ou seja, foi bem escolhido. Tivemos ainda outros bons personagens em cena, com destaques para o ar explosivo e desesperado da mãe vivida por Jessica Capshaw, o padrasto meio que depressivo pela tragédia bem feito por Justin Bartha que quase nem precisou falar nada em cena, mas sem dúvida as garotinhas Vivien Lyra Blair com sua Emily e Mckenzie Noel Rusiewicz com sua Zoe brilharam nas cenas secundárias, e deram um bom tom para o conjunto.

Visualmente o longa foi bem trabalhado pela equipe de arte, usando alguns elementos do fatídico dia 09/11/2001, mostrando depois como foi a tragédia da família que vemos no filme quase que inteiro apenas flashes da memória da garota, tivemos todo o fato dela adorar desenhar então temos desenhos bem trabalhados de pessoas nas paredes e depois durante os créditos mostrando o caderno inteiro muito bem montado, tivemos as boas comparações de bairros mostrando a casa chique que vivia com a mãe porém destroçada pela tragédia com tudo muito bagunçado, já no subúrbio uma casa bem simples, mas com vida e mesmo tendo os diversos defeitos alegre e cheia de detalhes aonde a garota passa a ter luz, as tradicionais passagens de escada entre os sobrados, muitas cenas no parque Kennywood, e claro algumas cenas em igrejas, em comemorações e o destaque ficando para o carro do pai da garota bem marcado para o estilo de venda dele, e os lindos filhotinhos de cão pastor.

Enfim, é um filme bem interessante, gostoso de ver, jovial e totalmente funcional sem ser aqueles romances melosos e cansativos, que tem um tom dramático bem encaixado, que funciona dentro da proposta da trama e faz valer bastante a recomendação de conferida para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Os Filhos dos Outros (Les Enfants Des Autres) (Other People's Children)

4/26/2023 09:14:00 PM |

Muitas mulheres tem o desejo de ter um filho e não conseguem, mas ainda assim passam pelas vidas de outras crianças que tratam tão bem como se fossem delas, seja sendo madrasta, tias, professoras, e tudo mais, criando um carinho e envolvimento, passando lições e tudo mais, mas ainda assim são "Os Filhos dos Outros", e o longa francês consegue trabalhar tão bem essa comovente história, desenvolvendo bem a personagem e emocionando com muita leveza, sendo daquelas tramas tão leves e gostosas que acabamos nem vendo o tempo passar, que até podem não fazer o público que está vendo refletir sobre o tema, mas que agrada tanto que o resultado marca na pessoa. Ou seja, é daqueles que certamente lembrarei quando me pedirem algo do tipo, pois é uma vivência tão bonita na tela, que acerta em cheio na consciência.

A sinopse nos conta que Rachel ama sua vida, seus alunos, seus amigos, seu ex, suas aulas de violão. Quando ela se apaixona por Ali, ela se aproxima de sua filha de 4 anos, Leila. Ela a aconchega, cuida dela e a ama como uma mãe... o que ela não é. Ainda não. Rachel tem 40 anos. O desejo de ter uma família própria está crescendo e o tempo está passando. É tarde demais?

Diria que a diretora e roteirista Rebecca Zlotowski não quis criar um longa que tivesse dinâmicas fortes e cheias de desenvolturas, mas que passasse bem a mensagem em cada ato, que tivesse sempre um bom sentimento e se intensificasse com a presença e a história da protagonista, tanto que no final me peguei falando 'qual motivo de um epílogo?' e a resposta veio como uma flecha no peito, mostrando como a personagem marcou a vida de um outro filho, e assim o resultado da direção pode até não aparecer como algo cheio de expressividades, cheio de reviravoltas (embora não esperasse o que acontece quase no fim), mas sim é entregue algo bem feito e marcante como deve ser, e principalmente como um bom longa francês deve ser, e isso ela fez com minúcias.

Sobre as atuações, acostumei a ver a atriz Virginie Efira com atuações explosivas e tensas no ano passado, e aqui com sua Rachel mais centrada, doce e até mais bonita acabei vendo uma outra pessoa em cena, e isso é muito bom, pois mostra sua versatilidade, e aqui ela impõe tudo e mais um pouco com personalidade, com dinâmicas e principalmente com muito envolvimento, agradando na medida certa, passando mensagem, e emocionando bastante com tudo o que entrega, sendo perfeita para o papel. Roschdy Zem trabalhou bem seu Ali, sendo um bom par para a protagonista, marcando com um bom estilo, e sendo claro daqueles homens que acabam desapontando algumas mulheres quando elas mais precisam, ou seja, o ator foi perfeito, o personagem não. Chiara Mastroianni apareceu em poucas cenas com sua Alice, mas fez bem a mãe da garotinha, e mostrou sempre a gratidão pelo que a protagonista fez com sua filha, sendo graciosa de estilo e caindo bem no que fez. Agora graciosa demais e fofa foi Callie Ferreira-Goncalves com sua Leila, nem parecendo ter apenas poucos anos de vida, sendo muito bem encaixada em todas as cenas e emocionando bem quando precisou, fazendo algo que crianças atrizes bem mais velhas não conseguiriam expressar tão bem. Quanto aos demais cada um teve sua importância, não aparecendo tanto quanto poderiam, mas marcando com o estilo que a trama precisava, valendo destacar apenas o jovem Victor Lefebvre com o ato final de seu Dylan, que demonstrou tudo o que a protagonista fez por ele na escola e na vida dele.

Visualmente a trama trabalhou boas cenas numa escola, no apartamento de Ali bem recheado de detalhes de uma criança morando, mostra passeios de férias numa cidade com shows de cavalos, vemos sempre o final das aulas de judô da garotinha e toda a religiosidade da família da protagonista, sendo bem simbólico com todos os elementos cênicos presentes na tela, não sendo uma grandiosa produção por parte da equipe de arte, mas sendo bem corretos com os devidos elementos marcantes que acabam agradando e acertando bastante.

Enfim, é daqueles filmes que entram na memória e agradam em cheio quem confere, sendo bem válido a recomendação para todos e principalmente para que valorizem quem está lhe dando suporte para algo, seja ela sua mãe verdadeira, ou alguém que está sendo uma mãe para você em algum momento, e isso faz toda a diferença, e para as mulheres que sonham em serem mães, as vezes vocês já têm um filho do outro que está fazendo por você, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Blue Jean

4/26/2023 01:04:00 AM |

Diria que o longa "Blue Jean" pode ser definido em pouquíssimas palavras, e a principal é sentimento, pois quem não se colocar na pele da protagonista numa época controversa e dura para os homossexuais não vai entender uma palavra sequer da trama, já quem fizer esse experimento, independentemente de sua vida normal, certamente sairá da sala meio que baqueado com praticamente 95% do que viu, e feliz com a forma escolhida para fechar a trama, pois o filme pode até parecer um pouco arrastado, mas não ele tem apenas 97 minutos e muitos sentimentos na tela aonde vemos a protagonista ao mesmo tempo que tenta se defender, também tenta sobreviver, e defender suas demais, tentando ser ela sem poder ser ela. Ou seja, chega a ser até difícil dizer qualquer coisa sobre o filme, pois é um misto entre sentimentos e imagens, e o resultado é único e bem bonito de ver, agradando de um jeito tão bem colocado que chama muita atenção.

O longa nos situa na Inglaterra em 1988 quando o governo conservador de Margaret Thatcher está prestes a aprovar uma lei que estigmatiza gays e lésbicas, forçando Jean, uma professora de educação física, a viver uma vida dupla. À medida que a pressão aumenta de todos os lados, a chegada de uma nova garota na escola catalisa uma crise que vai desafiar Jean profundamente.

Fiquei pensando o tanto que a diretora e roteirista Georgia Oakley se preparou para o que entregou na tela, pois seu filme não é dos mais difíceis de se fazer, mas teve todo um trabalho estrutural e sentimental em cima das atitudes na tela, de forma que a protagonista precisava passar todas as nuances da trama em olhares, trejeitos e vivências, e não tanto em diálogos, pois coube à essa parte ser pontual e direto nas colocações contrárias aos desejos e sentimentos da protagonista, de tal forma que vemos um filme acontecendo por parte dos atos sentidos pela personagem e outro nas dinâmicas ditas ao seu redor de um mundo totalmente contrário à sua opção, sendo olhada torto por onde quer que fosse, ouvindo que tudo o que faz é errado, e mais do que isso, os acontecimentos próximos à ela dizem tudo isso em sua fronte. Ou seja, o que vemos no trabalho de direção é nada menos do que uma sensibilidade aguçada para ser representativa de uma época e também tentar mostrar que muito já foi mudado, mas que ainda pode ser melhor, afinal o que querem não é mais direitos, mas sim os mesmos direitos que todos os seres humanos têm.

Sobre as atuações sem dúvida alguma todos os méritos vão para Rosy McEwen com sua Jean que trabalhou olhares de todos os tipos para uma única personificação, parecendo em alguns atos estar com medo de ser quem é, outras vezes trabalhando sua paixão, e por muitas vezes pensando em tudo o que está acontecendo com ela, com sua aluna, com o mundo e tudo mais, trabalhando de uma maneira forte, mas sem causar na tela, vivenciando cada momento com dinâmicas bem diretas, e resultando em algo quase que perfeito, e que impacta como deveria acontecer. Quanto as demais vemos personagens de todos os tipos, desde as amigas explosivas da protagonista na noite, passando pela sua amada bem imponente que Kerry Hayes fez em com sua Viv, totalmente diferente e bem encaixada em todas as cenas, vemos também as nuances da jovem Lucy Halliday ainda aprendendo a viver no mundo confuso com sua Lois, tendo cenas meio que amedrontadoras, e por vezes até se soltando mais, mas sempre acuada na escola, e claro tivemos o lado estranho de Lydia Page com sua Siobhan bem direta de contraponto, além de outros que tiveram claro atos bem homofóbicos e impactantes para o que o filme precisava mostrar, mas sem chamar grandiosos destaques, valendo apenas a menção para Aoiffe Kennan como a irmã da protagonista que tem uma estrutura bem clássica da família tradicional mundial.

Visualmente o longa conseguiu trabalhar muito bem os ambientes dos anos oitenta, mostrando uma escola bem tradicional com as garotas jogando netball (algo bem parecido com o basquete e que era chamado inclusive de basquete para mulheres), usando os tradicionais uniformes de época, vemos alguns bares e boates comuns dos grupos homossexuais, e até mesmo um apartamento somente de lésbicas bem marcado no final com o grande sentido da trama, além disso tivemos os detalhes de carros, de TVs, rádios e placas bem marcantes do momento, mostrando que a equipe pesquisou bem as referências para que o filme funcionasse bem.

Enfim, é um filme interessante de ver, refletir e sentir, que talvez pudesse ter um ar mais dinâmico e talvez alguns atos mais diretos para que não funcionasse apenas para um público apenas, afinal muitos precisam enxergar a mensagem e pensar melhor em seus atos, mas ainda assim vale com certeza a conferida e a recomendação. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal ainda falta muitos longas do Festival Filmelier, e vem ainda mais uma semana de estreias, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Ninguém é de Ninguém

4/25/2023 01:43:00 AM |

Já ficou até chato o tanto que falo isso, mas vou frisar mais uma vez que o cinema nacional deveria grudar nas obras da doutrina espírita e em vários outros livros religiosos, pois tecnicamente é um cinema que chama público, que quem gosta indica, e que basta não forçar a barra e seguir o que já está escrito que vai funcionar. Claro que aí entra outro fator que particularmente não é de meu agrado, mas que muitos gostam de ver que é o estilo novelesco que a maioria das obras são escritas, com vários personagens, conexões, reflexões e narrações de todo o tipo para funcionar da forma que foram escritos, mas é um gosto pessoal, então pode ser que o que não funciona para um funciona para o outro, e é bem em cima disso que diria que o longa "Ninguém é de Ninguém" tem toda essa base, entregando a primeira metade num estilo que você já viu em praticamente todas as novelas com maridos/esposas perturbados pelo ciúmes, com atitudes dominantes em cima dos seus cônjuges, e até forçando um pouco a barra, mas que encaixa para que o segundo ato recaia mais para o lado espiritual, aonde vemos um pouco da definição de espíritos obsessores, de trabalhos espirituais bons e ruins, e tudo o que quem conhece um pouco da doutrina já terá algumas bases, mas quem não conhecer talvez até estranhe um pouco, mas nada que atrapalhe a experiência cinematográfica, pois vai lembrar um pouco da novela "A Viagem" entre outros bons exemplares. Ou seja, é um longa que talvez pudesse ter sido melhor refinado para ter as devidas divisões de espaço melhores, pois vemos um começo bem alongado, um miolo na medida da entrega, e uma finalização tão rápida que praticamente a ideia do conceito de vidas passadas é dita em uma narração de menos de cinco minutos, e assim falha nesse ideal, porém é algo que chama a atenção e funciona bem para quem gosta do estilo.

Baseado no livro homônimo de Zíbia Gasparetto, o longa segue o casal Gabriela e Roberto, casados e com dois filhos. Roberto perdeu o emprego e quem sustenta a casa é Gabriela, mas com o passar do tempo ele se vê preso a um ciúme doentio pela esposa, seguindo-a em qualquer lugar, fantasiando que sua esposa está tendo um caso com o chefe dela. Dr. Renato e sua esposa Gioconda também são um casal que está passando por dificuldades. O ciúme, o desespero e a falta de confiança fazem com que esses dois casais tenham suas vidas entrelaçadas por mentiras, relacionamentos desgastantes e tragédias. A medida que os cônjuges se prendem a fantasias irreais de seus pares, a história vai se desenvolver.

Sabemos que o diretor e roteirista Wagner de Assis já entregou grandes clássicos do estilo espírita e também algumas bombas do gênero, mas se tem algo que é sua marca é ousar dentro da proposta que lhe é entregue, pois aqui dava facilmente para ele pegar o livro da Zíbia Gasparetto e colocar inteirinho na tela sem ser criativo com nada, mas ele optou por trabalhar as essências de tudo, deu as devidas nuances para o lado negro de alguns espíritos, foi direto e certeiro em não trabalhar com um famoso preconceito nas cenas com o "comprador de almas", e diria que trabalhou bem com as imagens duplas dos espíritos, pois dava até para melhorar a composição visual, mas dava para ficar muito pior (aliás seu próximo trabalho, que muitos estão esperando há 13 anos, teve divulgado o primeiro trailer nessa semana, e espero que a equipe de pós-produção trabalhe sem parar até o dia do lançamento, pois está bem falso), e com isso diria que a história em si foi funcional, e o trabalho do diretor foi bem executado, apenas dava para melhorar bastante a divisão de tempo, e isso vou bater demais na tecla.

Sobre as atuações, diria que todos os protagonistas foram bem encaixados e conseguiram expressar bem o que seus personagens precisavam, de modo que Carol Castro fez bem sua Gabriela, trabalhou trejeitos bem clássicos de empresárias, teve atos românticos, expressões de desespero e até alguns bem estranhos de ver, mas segurou bem a personagem até o final e funcionou no que precisava fazer, agradando de certa forma. Já Danton Mello diria que leu o roteiro e desenvolveu seu Roberto já como obsessor antes mesmo de morrer, sendo até exagerado em alguns atos de pertencimento, e isso chegou a incomodar um pouco, o que é acertado de se fazer nesse caso, mas dava para maneirar com alguns trejeitos aéreos que funcionaria melhor. Rocco Pitanga caiu bem na personalidade de seu Renato, fazendo imposições tradicionais de advogados, falando com um certo requinte, e chamando alguns atos para si, mas ainda dava para não ficar tão acuado em alguns momentos, parecendo não estar tão confortável, e aí se soltando mais chamaria mais atenção. Já Paloma Bernardi trouxe uma explosão total para sua Gioconda, criando atos fortes, desenvolvendo uma personalidade até meio que de louca em alguns atos, e o resultado ao menos foi de sucesso para o que pedia o papel, acertando bastante. Ainda tivemos alguns atos bem doces e trabalhados com a empregada vivida por Renata Castro Barbosa, alguns atos rápidos com o investigador vivido por Stepan Nercessian, algumas interações bacanas com a secretária vivida por Gleice Damasceno, e até alguns atos meio que densos para o papel meio que místico de Charles Myara, ao ponto que a equipe foi bem ousada no que fez.

Visualmente a trama trabalhou um escritório de advocacia num prédio chique, duas casas bem imponentes de classe alta, com a do chefe sendo daquelas com até elevadores e bem requintada na decoração, um centro espírita, uma obra parada e um hospital, sem grandes detalhes de elementos, com destaques mesmo para as cenas no quarto dos protagonistas aonde acontecem mais coisas, e claro diria que a equipe de computação e edição brincou bastante com as imagens desfocadas para os espíritos, transformando o protagonista num ser meio cinzento e dando algumas nuances mais chamativas que funcionaram bem.

Enfim, volto a dizer que é uma trama que tem alguns defeitos pesados que já falei bastante, mas que tem boas virtudes e que funciona bem para quem conhece o livro e a doutrina espírita, não sendo bem um filme que quem não crê nas ideias vai aderir, ou até mesmo gostar do que vai ver, então digo que recomendo mais para os fiéis desse tipo de ideais. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto mais a noite com outros textos, então abraços e até breve.


Leia Mais