Retrospectiva 2024

12/31/2024 05:31:00 PM |

E lá se foi mais um ano, aonde tivemos muitas alegrias, emoções e também tristezas com os filmes que apareceram para conferirmos, também ficamos bravos com muitos longas que não apareceram na cidade para conferirmos, mas fazer o que né, os cinemas ainda vivem do lucro e acham que só tramas dubladas levam público para suas salas... Mas hoje não é o dia para lamúrias e sim fazer como todo ano aquele levantamento numérico que gosto tanto de preparar no último dia, então vamos lá!

Até tentei, mas passei bem longe de chegar a igualar o recorde do ano passado, e "só" conferi 397 filmes com uma média também abaixo da do ano passado de 6,8 que claro em sua maioria vista nos cinemas:
  • 179 filmes no cinema
  • 85 filmes em cabines de imprensa
  • 74 filmes na Netflix
  • 50 filmes na Amazon
  • 4 filmes na AppleTV+
  • 4 filmes na Disney+
  • 1 filme no Telecine
E felizmente tivemos um excelente ano para o cinema nacional com 65 longas, tendo uma grandiosa chance de premiação para "Ainda Estou Aqui", o retorno de um clássico nosso "O Auto da Compadecida 2", mas que nenhum dos dois foi o melhor longa nacional na minha opinião e vou falar mais dele abaixo.

Esse ano também fui bem "malvado" dando apenas 8 notas máximas, que claro serão os citados aqui como os melhores desse ano (que claro chegaram nesse ano por aqui, alguns já concorrendo a prêmios em 2023) na minha opinião, estando todos com os devidos links para ler a crítica completa, então vamos lá:
  • Robô Selvagem - uma animação sensacional fora dos padrões, que emociona e traz mensagens lindíssimas;
  • A Substância - fazia tempo que um terror não impactava tanto, juntando personalidade e ótimas atrizes;
  • A Jovem e o Mar - uma biografia impressionante com nuances e entregas tão perfeitas que me emocionou além do normal;
  • Proibido a Cães e Italianos - uma animação simples, porém perfeitíssima contando a história da imigração pelos olhos da família do diretor que impacta no famoso estilo de massinhas;
  • Grande Sertão - sem dúvida o melhor longa nacional em anos, aonde o diretor conseguiu trabalhar o livro original em uma trama futurista bem colocada no Brasil atual;
  • 20 Dias em Mariupol - é raríssimo eu gostar de documentários, mas a entrega aqui da equipe que foi para cobrir a saída do povo da cidade, e quase que não conseguiu, tendo a cidade varrida do mapa dias depois de conseguirem fugir foi de um impacto emocional que nunca imaginei ver;
  •  A Sociedade da Neve - outra biografia da história de pessoas que morreram e os que sobreviveram após a queda de uma aeronave no meio dos Andes, sendo imponente e forte de ver;
  • Divertida Mente 2 - uma das continuações que todos esperavam há anos e que conseguiu vir ainda melhor que o original, fazendo muitos lavarem os cinemas.
Vou citar ainda dois filmes que eu raspei de dar nota máxima, mas que ganhariam uma boa honraria: Nove Dias e Nascida Para Você.

Não gosto de colocar as bombas na retrospectiva, mas como esse ano foi algo fora dos padrões, com 37 filmes bem abaixo da média, vou colocar aqui dois que nem pagando muito eu reveria, e que só não dei nota 0 por não ter realmente a imagem pronta de 0 coelhos, mas que mereciam: "Megalópolis" e "Vidente Por Acidente"; e duas bombas que fui meio que bonzinho demais para não dar nota menor: "Borderlands" e "Hellboy e o Homem Torto".

E é isso meus amigos, não quis me estender muito, afinal muitos estão se preparando para a noite, e apenas quis deixar tudo preparado na tela.

Abraços e que 2025 seja cinematográfico para todos!

Fernando Coelho

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Amazon Prime Video - Livre: Encanto Criminal (Libre) (Freedom)

12/31/2024 01:17:00 AM |

Muitas vezes vejo algumas biografias que fico pensando o quão malucas algumas pessoas eram nos anos 70/80, ao ponto de um ladrão cometer diversos assaltos e sempre que era preso dava um jeito de fugir, provocando ainda o inspetor de polícia, para visitar sua amada, e claro cometer mais crimes! Ou seja, a trama francesa da Amazon Prime Video, "Livre - Encanto Criminal", nos conta a vida de Bruno Sudak, com uma imposição floreada que logo é avisado no começo que tiveram liberdades criativas para que a ficção ficasse mais intensa, mas ao ler um pouco sobre o assaltante vemos que ele era bem ousado e que sem nunca ter dado um tiro conseguiu roubar muitos mercados e joalherias durante os anos 80, sempre com fugas bem marcantes. Claro que essa tramas nas mãos de produtores americanos ficaria algo intenso, com nuances bem próprias, mas na versão francesa acabaram trabalhando mais a essência do personagem, e isso acabou dando um bom gracejo para o longa, sem precisar ficar apelativo, além de uma boa desenvoltura na estrutura do filme.

O longa faz uma viagem ao tumultuado rastro de Bruno Sulak, um verdadeiro Arsène Lupin do século XX. Sendo um ladrão extravagante, amigo fiel e ícone da liberdade, Bruno Sulak deixou sua marca na história do mundo do crime com seus assaltos não a diversas joalherias e conseguiu ganhar sua fama na França entre os anos de 1970 e 1980, devido a todo seu charme e carisma. Além de ganhar muito dinheiro, Sulak ganhou também o povo, por conta de seu histórico de assaltos sem nunca ter disparado um único tiro e nem ter cometido nenhum tipo de violência, virando, assim, o seu modus operandi. Embora ativamente procurado por George Moréas, um comissário de polícia inconformado e tão durão quanto perspicaz, Sulak conseguiu escapar diversas vezes da prisão para encontrar Annie, sua amante e cúmplice, tornando-se assim o inimigo público número 1 da década de 80.

O estilo da diretora e roteirista Mélanie Laurent é daqueles que conhecemos bem tanto por já ter visto obras na função, quanto atuando bastante em diversos longas franceses, e o mais bacana é que ela sempre projeta desenvolturas rápidas na tela, brinca com os personagens, e dificilmente vemos algo muito preso na tela, ao ponto que essa fluidez acaba funcionando e agradando quem procura um longa com mais facetas. Claro que sendo dessa forma, muitas vezes algo que teria um tom mais dramático acaba recaindo para sacadas mais cômicas ou menos elegantes, mas ainda assim faz fluir bem o que pega para chamar e consegue soar marcante com seus meios, ao ponto que aqui dava para fazer diversos tipos de filme, mas sua escolha foi bem alocada na tela e o resultado agradou, pois deu tanto as nuances de uma trama de gato e rato com a perseguição do policial, mas também mostrou um ladrão com uma desenvoltura clássica e sem ser bruto.

Quanto das atuações, Lucas Bravo entregou muita personalidade e charme para seu Bruno Sulak, ao ponto que as caixas dos mercados ficavam até bem apaixonadas pelo assaltante, e claro que brincando com bons trejeitos e dinâmicas conseguiu ter estilo e não soar falso na tela, ousando com sacadas e traquejos funcionais para que o personagem fosse marcante. Yvan Attal foi bem simples de trejeitos, mas fez com que seu George Moréas tivesse como meta de vida prender o assaltante famoso independentemente de como fosse feito isso, mas não sendo bruto com ele, e sim dialogando e até tendo uma certa empatia com a fama do ladrão, algo que um bom ator conseguiu demonstrar quase como um lorde. Léa Luce Busato foi também bem graciosa e apaixonada pelo protagonista com sua Annie, tendo atos sensuais e dinâmicas até bem amorosas convincentes de fazer o personagem se entregar para ela também. Ainda tivemos outros bons personagens e atores, de modo que Steve Tientcheu fosse marcante com seu Drago, e Radivoje Bukvic ficasse tão bem encaixado e carismático com seu Steve que ficássemos magoados com o final que lhe foi dado.

Visualmente a equipe de arte trabalhou aos montes, e não apenas nas locações envolvendo grandes joalherias, hotéis marcantes e supermercados bem amplos, mas sim por fazer tudo isso com um conteúdo de época, figurinos, carros, e mesmo a decoração dos ambientes ao ponto de que tudo ficasse bem crível, e quem pensa que a diretora facilitou a vida deles, que nada, tudo com planos bem abertos para valorizar tudo o que fizeram e mostrar um trabalho preciso e interessante na tela.

Enfim, é um filme que já tinha colocado há algum tempo na minha lista (afinal foi lançado no final de Outubro), mas que não tinha botado muita fé nele, mas que acabei gostando até mais do que esperava e valendo como um bom fechamento do ano de 2024. Então fica a recomendação, e eu fico por aqui hoje, voltando mais tarde apenas com uma retrospectiva do que foi melhor e pior nesse ano complexo, porém interessante, e é isso meus amigos, deixo vocês por enquanto com meus abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - A Hora Do Silêncio (The Silent Hour)

12/29/2024 11:53:00 PM |

Algo engraçado de ver em longas de suspense policial é que quando você acha que os malvados são traficantes, assassinos sanguinários ou mafiosos, passa meia hora de tela, e pronto, chega alguns policiais para ajudar, se cumprimentando e logo você vê que policial corrupto é mato mundo afora. E com o longa da Amazon Prime Video, "A Hora Do Silêncio", já com poucos minutos dá para perceber que não tem algo muito normal acontecendo ali, mas que souberam segurar bem durante toda a trama, apenas usando um prédio meio que abandonado com fugas e armações bem trabalhadas para que a dinâmica funcionasse. Claro que o longa poderia ser tranquilamente com outro envolvimento, com personagens policiais normais ou até com o que quisessem fazer, pois a surdez do protagonista só faz com que ele crie um vínculo rápido com a garota que ia ser morta, pois o restante é apenas uma caçada de gato e rato entre os andares.

O longa nos mostra que o detetive de Boston, Frank Shaw, retorna ao trabalho depois que uma lesão que alterou sua carreira o deixa com perda auditiva permanente. Com a tarefa de interpretar para Ava Fremont, uma testemunha surda de um assassinato brutal de gangue, eles se encontram encurralados em um prédio de apartamentos prestes a ser condenado quando os assassinos retornam para eliminá-la. Isolados do mundo exterior, esses dois estranhos devem se apoiar um no outro para enganar assassinos que não conseguem ouvir chegando, em sua única esperança de sair vivos.

Diria que faltou para o diretor Brad Anderson fazer aqui o que ele entregou na trama "Fratura" ou em "Chamada de Emergência", que é o dinamismo sem exageros, pois em ambos os casos você acaba se conectando com os personagens principais, sentindo a pressão de tudo o que está acontecendo e com todo o envolvimento ao redor, pois aqui temos até um pouco de tensão, mas que não tem algum diferencial, e mesmo toda a situação sendo marcante, o estilo pedia alguma novidade para que o filme fluísse melhor. Ou seja, o diretor quis ser seguro na tela, e com isso acabou entregando algo que já vimos tantas vezes que já sabemos exatamente o que vai acontecer, tanto que quando o amigo chega já dava até para saber tudo.

Quanto das atuações, gosto que Joel Kinnaman sempre se entrega para seus personagens, de modo que aqui seu Frank tem uma pegada bem certinha e procura trabalhar os trejeitos com estilo, porém teve muitas falhas para alguém que não estava escutando nada sem o aparelho, que claro podemos usar a desculpa de já ter prática com lutas e um "sexto sentido", mas dava para dar uma trabalhada melhor para parecer realmente surdo. Sandra Mae Frank entregou também boas dinâmicas junto com o protagonista, fazendo com que sua Ava soubesse usar bem a linguagem de sinais, afinal é realmente surda, e conseguindo dinamizar seus atos foi segura no que entregou na tela. Ainda tivemos alguns bons momentos com Mekhi Phifer com seu Lynch imponente e cheio de desenvolturas, e Mark Strong bem colocado com seu Doug Slater, mas sem grandes brilhantismos para chamar tanta atenção.

Visualmente podemos dizer que a equipe de arte precisou de duas locações bem básicas, no começo um porto cheio de containers, e depois um prédio aparentemente desocupado, aonde as cenas se deram nas escadas, no apartamento da jovem surda e entrando em alguns outros como o da velhinha e do rapaz que trabalha com músicas, não tendo nada que fosse muito além ou impactasse realmente na tela, ou seja, o básico do estilo, com uma iluminação bem acinzentada para dar um tom de suspense, mas que não foi muito além.

Enfim, é um filme que não é ruim, mas que traz coisas tão corriqueiras de outros longas que acabou nem fazendo os atores brilhar, nem o diretor que já fez outros suspenses policiais de primeira linha, então acaba sendo um passatempo razoável que até entretém, mas que não leva nada a lugar algum. Sendo assim fica a recomendação como algo mediano apenas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o último texto do ano, antes claro da retrospectiva, então abraços e até logo mais.


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Adrenalina Pura - Impulso (Impulse)

12/29/2024 12:43:00 AM |

É interessante quando chega para conferir alguns filmes que você imagina o desenrolar, mas que tem algumas entregas meio que fora da curva, que claro passa longe da perfeição, mas que entretém sem cansar e se desenvolve bem na tela. E quando dei o play na cabine do filme "Impulso", que estreia dia 30/12 dentro do Canal Adrenalina Pura para os assinantes, logo de cara já levei um susto com o que iriam entregar, pois a primeira cena já é meio que proibida para menores, mas logo depois com o desenvolvimento vamos vendo o famoso jogo de poder entre políticos, jornalistas e seitas, aonde pode se esperar de tudo, e o resultado final consegue surpreender positivamente, tendo um único grande porém, que é o de não fechar na tela, deixando abertura para uma continuação. Ou seja, é um filme que tem entrega e desenvoltura, mostrando um pouco das dinâmicas que muitos que entram para algumas seitas caem, e como muitos famosos e políticos acabam se jogando aonde não deveriam e sofrem depois com as consequências, sendo uma trama simples e direta, que agrada quem não esperar muito do longa.

O longa nos conta que Sofia é uma jornalista ansiosa para deixar sua marca, mas consumida por teorias da conspiração. Enquanto ela conecta algumas mortes aparentemente isoladas de pessoas famosas, ela é puxada para a órbita de Zane, o líder mercurial de uma cabala global que conta com magnatas da mídia, políticos e elites de Hollywood entre seus membros. Uma vez que Sofia descobre quão profundos são os laços desse governo paralelo, ela se concentra na tarefa impossível de derrubá-los.

Não conhecia o trabalho do diretor Patrick Flaherty, mas posso dizer que ele teve estilo com o roteiro do estreante Will Hischfeld, ao ponto que a trama tem seu desenho cênico bem encontrado na tela, tem desenvoltura e até cenas bem intensas para prender o espectador, que claro poderia até ter ido mais além nos diálogos, mas que não incomoda e funciona. Claro que é um filme bem básico dentro do estilo seitas e poder, colocando russos no meio e toda uma pegada sexual que de certo modo até daria para criar algo a mais, mas que funciona e que junto de um fechamento mais simples, o resultado acaba rumando para algo que quem já viu muitos filmes do estilo liga rapidamente. Ou seja, é um filme que funciona e que até poderia ser mais curto, mostrando que o diretor já sabendo do potencial elaborou uma formatação para ter continuação, mas não desaponta e isso é o que importa.

Quanto das atuações, Dajana Gudic trabalhou com personalidade para que tanto sua Sofia quanto sua Theda tivessem personalidades bem diferentes e visuais também bem imponentes, sendo bonitas e intensas, de modo que mesmo seus diálogos sendo secos demais, chamassem atenção e fossem marcantes, mas com um detalhe crucial: muito teatrais, ao ponto que parecer explodir mais do que precisava. Nick Cassavetes fez de seu Zane, o famoso chefão de tudo, que muitos respeitam e outros apenas temem, mas num primeiro momento pareceu um pouco jogado de lado. Poderiam ter trabalhado Lou Ferrigno Jr. com uma pegada mais investigativa, pois pareceu num primeiro momento explosivo e desesperado para aparecer com seu David, depois ficou muito em segundo plano, para ter um final aberto para a continuação, ou seja, faltou. Rob Kirkland trabalhou seu governador Hughes de uma forma direta e certeira, tendo um fechamento literalmente intenso que até surpreende, mas sua recaída no miolo foi muito solta para os princípios do personagem. Quanto aos demais a maioria foi solto na tela sem muito para entregar, valendo um leve destaque para Miraj Grbic com seu Niko, mas sem grandes atos marcantes.

Visualmente a trama trabalhou basicamente uma mansão gigante com um porão aonde a seita se reunia, com os tradicionais sacrifícios e passagens de crescimento na hierarquia com cachecóis de cores diferentes, vemos alguns atos em um iate também, uma redação de uma emissora de TV/jornal, alguns atos sexuais comprometedores de submissão, e algumas casas mais simples dos protagonistas, mas tudo bem subjetivo sem grandes anseios de mostrar um grandioso orçamento, sendo simples e efetivo no que precisavam entregar.

Enfim, é um filme com uma pegada interessante e com uma boa entrega cênica, que talvez pudesse ter ido até mais além, mas que funciona na tela, e que se não largasse uma ponta aberta para continuação, e sim enxugado cenas desnecessárias para que ficasse completo em um único filme agradaria até mais, mas nada que incomode, então fica a dica para a conferida dentro do canal Adrenalina Pura que fica dentro das principais plataformas de streaming. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo os amigos da Sinny Assessoria pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas.


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Sonic 3 - O Filme (Sonic the Hedgehog 3)

12/28/2024 02:44:00 AM |

Outro dia numa conversa com amigos falei que um dos poucos jogos que foram bem retratados na tela, principalmente pela briga fãs com produtores foi o Sonic, pois souberam brincar com o personagem veloz, colocar comicidade e ir introduzindo os principais vilões e amigos aos poucos na trama de modo que o público fosse assimilando e se divertindo com tudo, não forçando para que ficasse fiel ao jogo, mas sim fiel com a personalidade e a desenvoltura dos personagens. Claro que para isso foi necessário muita pesquisa e muitos erros em eventos testes, mas que ao final, o resultado foi bem bacana com o primeiro filme, incrível com um segundo longa, e agora no terceiro mesmo agradando bastante com toda a entrega forte acabou ficando levemente forçado e acelerado demais, ou seja, "Sonic 3 - O Filme" é o famoso longa aonde a garotada que joga o game vai enxergar tudo e mais um pouco do que pediu, mas que quem não está mais tão familiarizado com a franquia acabará saindo da sessão quase que sem fôlego com tudo o que verá na telona. Friso que não ficou algo ruim, pois a trama funciona, a história é bacana, mas colocar logo de cara um dos principais personagens da franquia sem desenvolver tudo de uma forma melhor fará com que muitos se percam na conexão de tudo o que é mostrado.

Dando continuidade aos eventos dos longas anteriores, a história segue o ouriço velocista Sonic, o guerreiro equidna Knuckles e a raposa voadora Tails, que agora formam uma aliança para proteger a poderosa Esmeralda Mestra. Contudo, uma nova ameaça surge quando os militares da G.U.N., uma força especial secreta, descobrem que o corpo do Dr. Eggman desapareceu do local onde ocorreu a batalha final, levando a uma nova perseguição cheia de perigos, reviravoltas e ação alucinante. À medida que enfrentam esse novo inimigo, o trio de heróis precisará se unir mais do que nunca para impedir que uma catástrofe ainda maior aconteça. Eles também devem confrontar segredos do passado de Sonic e de Eggman, que podem mudar o destino do mundo.

Sempre vou falar isso, mas se uma franquia vem dando certo, não se deve mudar jamais o diretor, e embora futuramente Jeff Fowler acabe sendo conhecido apenas como o cara que fez vários filmes de um mesmo personagem, ele já sabe aonde vai trabalhar, com qual essência colocar cada momento, e claro que junto da Sega vem chegando até ele muito material para que cada vez mais conhecendo tudo, vá incrementando para que tudo vá além. Claro que volto a falar que talvez fosse melhor desenvolver um pouco mais o Shadow para que aí sim entrasse na briga mesmo com Sonic, pois com pedaços soltos meio que jogados para quem não conhece a história completa, o resultado acabou ficando meio que aleatório demais, mas para quem conhece como os garotinhos atrás de mim na sessão, a cada ato eles falavam quem era o que, quem estava aparecendo, e até algumas falas de forma bem assustadora quase que magicamente (mas que já tinham aparecido no trailer e que certamente decoraram ao ver 200x). Ou seja, acabou sendo uma direção ousada e bem alocada na tela, mas rápida demais até para um personagem velocista, mas que quem não se incomodar com esses detalhes acabará curtindo bastante.

Diferente do que aconteceu com os outros dois filmes, infelizmente esse só veio com cópias dubladas para o interior, e são tantas piadinhas que acabaram jogando na tela que em alguns atos chega a dar vergonha alheia, mas não vou entrar em detalhes disso, senão vou apenas reclamar, então falando especificamente dos personagens, conseguiram colocar um Shadow fortíssimo, imponente e vingativo, que não se prende a nada nem ninguém, querendo acabar com tudo e todos que estiverem no seu caminho contra o objetivo que o Dr. Gerald Robotnik determinou de acabar com tudo, sendo esse bem interpretado por um Jim Carrey em dobro na tela também fazendo Ivo Robotnik mais abobalhado que o normal, sendo daqueles personagens que o ator adora fazer para ganhar dinheiro se divertindo. O time Sonic com Knuckles e Tails foi bem montado, com cada um da sua forma enfrentando e competindo ao mesmo tempo, com boas sacadas e desenvolturas dentro da trama. Enquanto os demais humanos diria que apenas foram passear, e a dublagem conseguiu deixar eles ainda piores, ou seja, era melhor ter deixado só os bichinhos, e talvez valorizar mais a história de Shadow e Maria, que foi bem representada por Alyla Browne.

Visualmente a interação entre os personagens e os ambientes "reais" das cidades ficou bem bacana, tendo uma boa prisão, cenas interessantes e bem intensas na rua, um antigo laboratório destruído bem bagunçado e também alguns atos interessantes numa grandiosa nave, além de uma central toda tecnológica que acaba sendo facilmente invadida pelos personagens, e claro boas texturas e desenhos gráficos computacionais na tela, ou seja, o famoso pacote completo que funciona e envolve, mostrando que a equipe de arte não economizou.

Enfim, muitos estão colocando o longa como o melhor da franquia, e diria que para quem for fã que joga o jogo ainda e conhece detalhadamente todos os personagens, sim, é algo que ficou bem completo, tendo inclusive duas cenas pós-créditos (então não saiam da sala!), mas que quem não conhece muito acabará bem perdido com tudo o que acontece, mas acabará se divertindo com o resultado, que acredito que com as vozes reais talvez ficasse ainda melhor. Ou seja, como sou do segundo time, o que jogou muito no passado, mas hoje não conhece mais quase ninguém dessa história toda, acabei achando tudo muito corrido, e abaixo do que vi no longa anterior, e assim sendo fica a dica mais para quem for fã conferir na telona. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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O Auto da Compadecida 2

12/27/2024 01:26:00 AM |

Desde o começo do ano falava que o meu maior medo de 2024 era estragarem um clássico que sem dúvida alguma é um dos melhores filmes que o país já produziu, que mesmo muitos conhecendo apenas a série que passou, outros viram o longa, peças de teatro adaptadas e todo tipo de material embasado nos personagens e na história de "O Auto da Compadecida", mas como o mundo anda sem criatividade para coisas novas, e algo que foi muito bom sempre pode dar mais um caldo, eis que chegou o dia de conferir "O Auto da Compadecida 2", 24 anos após o original, e felizmente o diretor não jogou fora tudo de bom que nos foi mostrado lá, usando pedaços do original e incrementando situações novas com a mesma pegada, sem que ficasse forçado ou apenas jogado na tela, brincando com os protagonistas e com as situações, criando desenvoltura e sabendo aonde trabalhar. Claro que está bem longe da perfeição que foi o primeiro longa, principalmente por três grandiosos detalhes: o politicamente correto, que mesmo o filme envolvendo politicagem, não bateu pra valer em preconceitos e tudo mais que daria para brincar sem ofender e funcionar melhor (lembrem-se das piadas que João fez com Jesus negro, e aqui nem deu meia sacada com a Nossa Senhora de Taís Araújo!); depois que os personagens estão bem cheinhos para quem passa fome no sertão; e por último que mesmo sendo embasado em um livro teatral, a trama raspou a trave de ficar novelesca, mas felizmente esse "erro" acabou sendo um acerto, pois a teatralidade deu um estilo gostoso de conferir, e mesmo os dois primeiros detalhes não fizeram mal para a trama, mas o motivo eu não sei, só sei que foi assim!

A sinopse nos conta que depois de 20 anos desaparecido, João Grilo retorna à pequena Taperoá para se juntar ao seu velho companheiro Chicó. Acontece que agora ele é recebido como uma celebridade na cidade. Afinal, reza a lenda que havia sido morto por bala de espingarda e ressuscitado após um julgamento que tinha o Diabo como acusador, Nossa Senhora como defensora e o próprio Jesus Cristo como juiz. Disputado como principal cabo eleitoral pelos dois políticos mais poderosos da cidade, ele faz de tudo para finalmente aplicar o golpe que vai lhe render muito dinheiro e, quem sabe, vida mansa – como se fosse possível que ele se aquietasse. Só que nada sai como planejado e ele terá que recorrer à Compadecida novamente.

Diria que após 14 anos descansando desde "O Bem Amado", o diretor e roteirista Guel Arraes voltou com a corda toda entregando no mesmo ano dois ótimos filmes, sendo "Grande Sertão" bem imponente e o melhor nacional desse ano, e agora voltando lá pro seu xodó do começo do século, que foi realmente seu primeiro filme para cinema, e que todos o questionavam quando iria fazer uma continuação, mas que sempre falava que precisava maturar melhor a ideia para não entregar algo jogado sem grandes anseios, já que o original veio diretamente de um texto de Ariano Suassuna para teatro, enquanto agora precisariam criar algo novo sem a mente do grande escritor, mas buscando uma essência que não ficasse fora do que ele imaginaria, e com Flávia Lacerda que foi sua assistente lá em 2000 agora assumindo o longa junto dele conseguiram brilhar ao ponto de vermos algo ainda mais teatral que o original, aonde por pouco os protagonistas não quebraram a quarta parede para conversar com o público, que aí sim impactaria mais ainda. Ou seja, posso claramente falar que foram seguros para não ousar e virar algo espantoso, mas que também não ficaram presos ao passado, e com isso o resultado emociona pelo saudosismo e diverte pela formatação bem desenvolvida que acabaram entregando.

Quanto das atuações, o talento de Matheus Nachtergaele é daqueles que sobressai aonde quer que ele entre, sendo um papel pequeno ou o protagonista, e aqui nem parece que seu João Grilo foi feito há 14 anos, pois entregou com a mesma personalidade, as mesmas sacadas e trejeitos, e ainda mais carismático, tendo uma desenvoltura cênica que você praticamente quer ver e rever ele muitas vezes fazendo isso, ou seja, perfeito demais do começo ao fim. Quem me conhece sabe que reclamo muito do estilo de atuação de Selton Mello, mas se tem um personagem dele que amo ver é Chicó, e aqui embora não entregue a mesma desenvoltura incrível que fez lá nos anos 2000, ainda teve boas sacadas, trejeitos e o mesmo jeitão abobado e medroso que cativa o público, sendo poético e bem desenvolto, agradando e funcionando bem, claro que do seu jeito, mas sem errar ao menos, e convencendo o público com sua entrega. Diria que os novos personagens que estão disputando o cargo de prefeito foram bem colocados com Humberto Martins fazendo um fazendeiro rústico bem carregado com seu Coronel Ernani, e Eduardo Sterblitch como o dono da loja, da rádio e locutor Arlindo com sacadas bem colocadas e divertidas, aonde ambos deram algumas forçadas de barra, mas caíram muito bem no que precisavam fazer. Ainda tivemos Fabiula Nascimento com sua Clarabela cheia de traquejos chamativos e claro a volta de Virginia Cavendish com sua Rosinha agora mais rústica e fogosa como uma caminhoneira. Ainda sobrou espaço para um Luis Miranda todo sacana com seu Antônio do Amor, principalmente ao se fazer de bispo, e Taís Araújo até trabalhou sua Compadecida com boa desenvoltura, mas exagerou um pouco na teatralidade.

Visualmente a trama está muito bem feita, parecendo ser até uma cenografia meio que de longas de stop-motion (que aliás a técnica foi usada para desenvolver as histórias de Chicó), mas na própria cidade cheia de casinhas, com um sertão bem trabalhado, tudo bem destruído, abandonado e rústico quase como uma cidade fantasma, com elementos cênicos bem encaixados para desenvolver desde a loja de eletrodomésticos com crediário abusivo, uma rádio local bem trabalhada com tudo muito colorido, uma festa da padroeira totalmente politizada com comício duplo e uma igrejinha bem singela, mas abandonada e destruída, toda a sacada da alimentação de sopa de osso, e muito mais deram nuances para que o filme tivesse um olhar envolvente e bem representativo, fora a ideia do inferno mais árido ainda que o sertão, e claro o diabo e deus representado a semelhança do indivíduo.

O longa também contou com ótimas escolhas musicais, contando com Maria Bethânia com sua "Fiadeira", João Gomes com uma nova versão de "Canção da América" no estilo do piseiro, entre muitos outros para dar uma movimentação mais interessante para a trama, e que pasmem, sendo um longa nacional temos o link com todas as canções para curtirem, então aproveitem!

Enfim, é um filme que representou bem o original, trouxe alguma novidade que funcionasse sem estragar o saudosismo e trabalhou com uma pegada funcional, divertida e gostosa de conferir, aonde o público riu bastante e se envolveu com o que foi entregue, só diria que os cinemas erraram em um único detalhe: o excesso de sessões, pois tem o longa praticamente a cada 20 minutos em todos os cinemas, e assim as salas não vão lotar para ser ainda mais envolvente ver tudo abarrotado, mas que vale a conferida e mesmo não superando o original agrada bastante, então Suassuna pode ficar deitadinho no caixão que não vai precisar se revirar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Viver (Living)

12/26/2024 01:35:00 AM |

Se você acha que hoje existe muita burocracia quando vai na prefeitura pedir algo que lhe mandam de um setor para o outro, e que nada parece ter andamento, o longa "Viver" pode lhe dar alguns gatilhos emocionais, possíveis de você desejar socar a TV, mas como isso é um mero detalhe desse longa que quase deu um Oscar para Bill Nighy, mas que não tinha sido lançado no interior e agora chegou na plataforma da Amazon Prime Video, vemos bem toda a síntese de um homem que ao saber que em breve irá partir por uma doença crônica, resolve mudar suas atitudes e viver realmente tudo o que um dia pensou ser, sem se grudar no mundo burocrático de papeis aonde ninguém (ou quase ninguém) consegue fazer algo bom. Ou seja, num dia como hoje aonde as pessoas desejam um amor ao próximo, o longa traz um quentinho para o coração com uma atuação belíssima e muito envolvimento com pano de fundo os anos 50 numa Londres clássica e bem cheia de contrapontos, aonde muitos vão se envolver e o resultado embora simples, agrada bastante.

O longa nos mostra que funcionário público veterano de uma repartição burocrática na reconstrução da Grã-Bretanha após a Segunda Guerra Mundial, Williams empurra papelada em um escritório do governo, quando é diagnosticado com uma doença fatal. Viúvo, ele esconde a condição de seu filho adulto, passa uma noite de devassidão na companhia de um escritor boêmio e estranhamente evita seu escritório. Mas depois que uma ex-colega de trabalho animada, Margaret, o inspira a encontrar significado em seus dias restantes, Williams tenta salvar um projeto de reconfiguração modesta do purgatório burocrático.

Posso dizer que facilmente o diretor Oliver Hermanus soube brincar bem em adaptar a história do filme "Ikiru" (1952) de Akira Kurosawa para algo mais próximo do mundo que conhecemos, afinal a burocracia japonesa é daquelas que muitos não conseguem compreender, e aqui vemos algo que casualmente muitos já conviveram no dia a dia, e fazendo uma versão simples, porém bem alocada, o resultado acabou surpreendendo tanto pela cativante atuação quanto pela desenvoltura de entrega na tela, pois muitos sonham em serem melhores, mas não veem que podem fazer isso de uma maneira simples no seu próprio ambiente, e claro bem antes de começar a preparação para partir. Ou seja, é um filme que tem pegada, e que talvez se fosse mais direto e menos quebrado, o resultado seria ainda melhor, mas da forma feita ainda vai pegar muitos pelo emocional.

Outro ponto muito satisfatório do longa é um elenco afiadíssimo e cheio de bons atores, porém com personagens tão secundários que apenas o protagonista e mais um ou outro consegue se destacar, o que é uma pena, pois valeria ter trabalhado mais alguns nomes da trama. Claro que o destaque máximo que conseguiu sua primeira indicação ao Oscar pelo personagem vai para Bill Nighy com seu Williams cheio de nuances, expressivo na medida para cada ato ser de uma forma mais diferenciada que o outro, e que ousando de traquejos bem colocados acabou envolvendo bastante do começo ao fim. Aimee Lou Wood também foi muito bem com a entrega de sua Margaret Harris direta e com olhares tão bem alocados para cada ato seu que acaba se desenvolvendo até mais do que precisaria na tela, o que é sempre bom de ver também. Alex Sharp trabalhou seu Peter Wakeling meio que em segundo plano, mas funcionou dentro do que o filme pedia, e talvez se o diretor ousasse uma entrega maior do personagem o resultado acabaria indo para rumos bem interessantes. Ainda tivemos outros bons nomes na tela, mas como ficaram mais presos não tivemos tanta explosão na tela, valendo um leve destaque para Tom Burke que levou o senhorzinho para uma boemia bem bacana de ver na tela.

Visualmente a trama mostra muito do processo burocrático dentro de um órgão do governo, fazendo as pessoas mudarem de andares, salas, papeladas e mais papeladas e ninguém querendo resolver casos simples, vemos a casa simples da família do senhorzinho, alguns ambientes boêmios bem marcantes, restaurantes, e claro a reconstrução da cidade pós-guerra, com figurinos na medida e todo um envolvimento cheio de símbolos bem encaixados.

Enfim, é um filme simples, porém bem efetivo que talvez emocionasse mais com poucos ajustes, mas que ainda assim vale o play, afinal muitos assim como eu não viram na época que ele concorreu ao Oscar, por ser de uma distribuidora que não leva tantos filmes para os cinemas do interior, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com um dos filmes mais esperados pelos brasileiros há muito tempo, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Os Assassinos ao Lado (Manželé Stodolovi) (Mr. and Mrs. Stodola)

12/24/2024 12:12:00 AM |

Muitas vezes sou enganado pela embalagem de um longa, pois na maioria das vezes só leio rapidamente a sinopse curta para ver se me interessa para dar play nos longas dos streamings (dos cinemas vejo todos, então a surpresa é completa algumas vezes), e hoje foi desses dias que li a sinopse de "Os Assassinos ao Lado" e pareceu uma boa, afinal um drama baseado numa história maluca e real da República Tcheca, aonde um casal sai cometendo assassinatos com os velhinhos da região aonde moram para roubá-los fazendo tudo parecer acaso da normalidade, mas o filme tem uma pegada amorosa tão boba e sem nexo, com dois protagonistas sem carisma algum, com trejeitos que nem o vizinho mais social acreditaria neles, que o resultado você fica pensando em trocar de filme do começo ao fim, e ainda estou me perguntando como sobrevivi à quase duas horas de duração. Ou seja, já fiz o serviço para vocês, então não deem o play e tá tudo certo, mas vou falar mais um pouco os motivos abaixo.

A sinopse nos conta que Jarda e Dana são um jovem casal que vive numa pacata aldeia onde todos os moradores se conhecem bem. Com a visão de obter dinheiro facilmente, eles decidem roubar seu velho vizinho solitário, que Jarda mata no processo. Para sua surpresa, a polícia aceita quase automaticamente a morte violenta do reformado como um acidente e não se interessa mais pelo caso. Isto leva Jarda à ideia de que os idosos são vítimas fáceis não só de pequenos furtos, mas também de homicídios. Não há como voltar atrás, Dana passou a gostar do poder sobre suas vítimas e da estranha sensação de aventura de conquistar a polícia. Jarda se encontra em uma encruzilhada onde tem a chance de deixar Dana, mas falha e deve enfrentar as consequências de seus crimes. Os brutais assassinatos estavam intimamente relacionados com o seu relacionamento, um quadro de dependência e manipulação mútua, do qual nenhum deles poderia sair vitorioso.

Diria que o diretor e roteirista Petr Hátle até tentou fazer com que seu filme tivesse uma fluidez interessante com vários tipos de assassinatos e um final de reconstrução bem trabalhado aonde tudo muda um pouco dentro do desenvolvimento, porém o longa é alongado e arrastado demais, os personagens não convencem com uma paixão inexistente e a desenvoltura da trama fica exageradamente presa apenas no casal, ao ponto que todos os demais nem como coadjuvantes servem, sendo apenas meros figurantes, alguns com falas, outros nem isso, e assim sendo mesmo que a trama tenha uma pegada realista por ter sido baseada em um casal de criminosos real, o resultado não avança na tela, mostrando que faltou realmente uma direção e um desenvolvimento de roteiro melhor para funcionar.

Quanto das atuações, já falei que o casal não entregou química nem carisma, mas Jan Hajék até tentou fazer com que seu Jarda tivesse uma personalidade e uma certa adoração pela namorada, que fica claro que nunca desejou realmente ser uma mulher dona de casa e fora das festas, e que com a possibilidade de ganhos extras com os roubos/assassinatos fez o cara de capacho para resolver suas paradas, ao ponto que o jovem ator até entregou alguns olhares e trejeitos, mas não convenceu. Já Lucie Zácková trabalhou sua Dana com trejeitos bem diretos de uma pessoa interesseira e que estava disposta a arriscar tudo, desde que a culpa recaísse em outros, tendo claro seu melhor ato emocional com o policial ao entregar o marido de mão beijada, mas tirando isso não fluiu como deveria, apenas tendo múltiplas personificações.

Visualmente a trama teve bons assassinatos, casas bem antigas, e ambientes sem muito para chamar a atenção, sendo algo mais rústico por ser uma aldeia mais velha, aonde até mesmo o apartamento aonde vão morar após casarem tem um semblante antigo, ou seja, a equipe de arte não brincou com muitos elementos cênicos, mas ao menos representou o que tinha para mostrar.

Enfim, é um filme fraco demais, que sinceramente ainda não sei aonde queriam chegar na transposição da história real para o longa, aonde talvez pudessem ter criado uma tensão maior, ou uma desenvoltura mais passional para o casal, mas que ao final realmente ficamos pensando o motivo de ter dado o play nele, então estou ajudando a não gastar preciosos 100 minutos da sua vida, e fico por aqui hoje, voltando em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Aquele Natal (That Christmas)

12/22/2024 04:45:00 PM |

Não dá para ficar sem uma boa animação natalina da Netflix para o final de ano! De modo que já virou uma tradição da plataforma de streaming, e tendo algumas que acabaram ficando premiadíssimas pela entrega que conseguiram, afinal escolhem temas sempre bem contundentes para não ser apenas algo jogado na tela, mas sim passar mensagens e envolvimentos interessantes da época ao ponto de cativar tanto os menorzinhos, quanto todos os demais das famílias que irão curtir assistindo junto. E não foi diferente com o longa "Aquele Natal" aonde vemos uma pequena cidadezinha aonde o Natal acaba virando o caos com uma nevasca gigantesca que transforma todos os pequenos problemas da época em dinâmicas complexas que cada um precisará de muito mais para salvar o dia tão importante e simbólico do ano. Claro que passa bem longe de ser um filme emocional forte e cheio de pegadas, mas a entrega funciona bem e agradará quem gosta de uma animação simples, bonita e com personagens divertidos.

O longa nos mostra que uma cidade e seus cidadãos passam pela pior nevasca já vista na história, o que modifica os planos de fim de ano de todos. Um Natal até então inesquecível faz uma comunidade repensar o verdadeiro valor das festividades neste conto que reúne uma série de histórias interconectadas sobre amor, família, solidão e amizade. Vários imprevistos surgem, como o pai do jovem Danny que não consegue chegar a tempo em casa, um grupo de pais que fica preso na estrada cheia de neve, e o próprio Papai Noel que se encrenca no meio de sua expedição anual para entregar presentes. Com as comemorações natalinas se aproximando, os moradores de Wellington precisa se ajustar às circunstâncias e, talvez, confiar que um milagre de Natal possa transformar suas realidades.

Diria que a estreia do diretor Simon Otto foi até que bem segura, afinal adaptando para as telas o livro de Richard Curtis, que é uma trilogia infantil e quem sabe a companhia lance os demais, ele conseguiu chamar a atenção dentro do espírito natalino de não ser apenas uma celebração, mas sim unir pessoas diferentes para que em prol de salvar algo encontrem motivações, e com uma pegada simples, porém sentimental e gostosa de conferir acaba fluindo na tela com imagens interessantes, texturas leves e toda uma dinâmica bacana de curtir. Ou seja, não posso dizer que seja o melhor filme do estilo, mas o diretor não errou ao ponto de ficar algo esquecível, mas sim conseguiu mostrar serviço e levar a magia do Natal para a tela de forma que tanto os menores quanto os maiores vão se divertir com a entrega.

Quanto dos personagens, posso dizer que o jovem Danny teve uma boa participação emocional com uma voz tocante de Luiz Henrique Amorim, conseguindo passar a mensagem da solidão na época natalina junto com a mesma pegada da professora rigorosa, mas cheia de personalidade. Tivemos as garotinhas gêmeas Sam e Charlie que simbolizaram bem o lado da criança comportada durante o ano e aquela que fez muitas confusões, mas que por um bom motivo ainda foi lembrada pelo Papai Noel. E claro tivemos todas as crianças que comemoraram um Natal diferente dos chatos e tradicionais dos outros anos enquanto seus pais ficaram presos na nevasca, mostrando que mudanças são sempre bem vindas, mas que precisa ter cuidado para os riscos que podem acontecer.

Visualmente o longa teve um desenho com boas texturas, não sendo daqueles que chamam tanta atenção, mas que funciona pelas cores, pelos símbolos e claro que conseguindo trabalhar bem com o branco extremo da neve, muito acabou destacando com bons brinquedos, com ideias de Física para aprender a fazer bonecos e casinhas, e tendo um jantar bem bonito e simbólico, uma busca pela garotinha perdida bem marcante, e claro um fechamento cheio de tradições, aonde as cores e o resultado mostraram que a equipe trabalhou bons traços e intenções.

Enfim, é uma animação simples, porém bonita e bem trabalhada, que serve como um bom passatempo na tela da TV, aonde quem conferir não irá se desapontar com o resultado. Claro que dava para ir muito mais além, mas como tramas natalinas não desejam chamar tanta atenção na tela, o resultado agrada. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda devo conferir mais um longa, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Batalhão 6888 (The Six Triple Eight)

12/21/2024 01:47:00 PM |

Se tem algo que sempre vou apoiar é tramas históricas contando algo que sequer ouvimos falar alguma vez, mas que trazendo contexto consegue envolver, emocionar e passar na tela algo que certamente valeria ser falado nos livros de História, e hoje ao conferir o longa da Netflix, "Batalhão 6888", vemos como na época da Segunda Guerra Mundial, mulheres negras que se alistavam para o exército eram deixadas de lado até o dia que Roosevelt resolveu mandar elas para a Europa, mas não para combater efetivamente, mas para dar fim em milhões de cartas que não chegavam nem dos soldados para seus parentes, nem dos parentes para os soldados, apenas sendo empilhadas em hangares vazios que logo lotavam de sacos fechados, mas que mesmo com muito preconceito conseguiram ganhar o respeito depois quando o que fizeram passou a motivar os soldados no combate com notícias. Ou seja, vemos o racismo empregado tanto em serem mulheres, quanto mais a serem negras, em posições de liderança que sequer eram lembradas, mas que foram importantes a sua maneira para algo marcante e bem colocado no período. Claro que o filme tem todo esse cunho social imponente, que muitos vão falar que é apenas algo de rótulos, mas conseguiram ir mais além e emocionar com a pegada entregue.

O longa reconstrói a jornada de um grupo de mulheres negras que fizeram a diferença em meio ao cenário devastado e ao espírito exaurido de um país em conflito. Essa inspiradora história se passa no auge da Segunda Guerra Mundial, em 1943, quando as ofensivas de guerra se intensificam e as prioridades governamentais se voltam para as estratégias balísticas. É assim que, durante três anos, milhares e milhares de cartas se acumularam em balcões das forças armadas, esperando serem enviadas para os campos de batalha. Um batalhão inteiramente feminino, então, é convocado para resolver esse problema. O 6888º Batalhão do Diretório Postal Central, com suas mais de 800 oficiais, correm atrás de cumprir sua missão, levando esperança, conforto e lembranças para os soldados no front, apesar das descrenças e dos encorajamentos racistas e machistas da corporação.

O diretor e roteirista Tyler Perry tem um estilo próprio bem marcante de valorizar bem seus protagonistas, e aqui contando uma história praticamente desconhecida, usando como base alguns poucos registros, e claro relatos de algumas sobreviventes ainda do batalhão (a protagonista aparece ao final com seus 100 anos lendo uma carta), conseguiu desenvolver algo bem marcante e forte, principalmente nos atos finais, aonde vemos claro toda a sensação de racismo e machismo incorporado na época que até hoje ainda existe algo do estilo, mas que na época era escancarado, e que sabendo com que partes desenvolver na tela, afinal poderia usar como base a história de qualquer uma, mas optou por dois nomes principais, ele fez uma trama fluida, imponente e bem desenvolvida, aonde a história em si fala muito, mas que a personificação das protagonistas fala muito mais na tela.

Quanto das atuações, sem dúvida alguma o longa começou parecendo que seria de uma forma, mas quando Kerry Washington entrou em cena com sua Major Charrity Adams, o filme se transformou por completo com toda a postura e imposição que a jovem deu para sua personagem, sendo intensa de estilo e marcante com tudo o que sofre frente aos demais soldados homens de mesma patente ou inferior, e seus atos finais então são de arrepiar e aplaudir. Já Ebony Obsidian trabalhou sua Lena com uma pegada mais representativa, afinal é ela quem está viva até hoje e deu detalhes para a equipe de roteiro/direção, mas foi bem sensível e trabalhada nas emoções já que tinha tanto o namorado quanto o futuro marido na guerra, e sem ter recebido as cartas era seu sonho achar alguma direcionada a ela no meio da tonelada, ou seja, foi bem no que fez. Já Dean Norris fez com seu General Halt o auge do machismo e racismo com trejeitos fortes e intensos, e sabendo se portar bem como alguém do estilo para que o personagem ficasse real e o público o odiasse no mesmo estilo que as demais personagens. Gregg Sulkin apareceu pouco com seu Abram David, mas conseguiu passar um carisma e sendo diferente dos demais até conseguiu chamar atenção. Tivemos muitos outros bons personagens, mas só a rápida reunião de Sam Waterston, Susan Sarandon e Oprah Winfrey como o Presidente Roosevelt, sua esposa Eleanor e Mary McLeod Bethune decidindo as ordens para o batalhão foram marcantes e bem colocados na tela, mesmo que de forma bem rápida, porém direta.

Visualmente o longa foi bem representativo, embora tenham economizado com sangue e próteses, pois sabemos de muitos outros filmes de guerra, que as explosões e tiros que aconteceram não eram tão limpinhas como mostra na trama, mas tivemos atos no front simbólicos bem colocados, e também todo o processo de treinamento das garotas para servir no exército, além da montagem do alojamento aonde elas foram jogadas e conseguiram fazer algo mais "humano" para viverem e destrincharem as milhões de cartas e materiais, tivemos a representação também de uma cidade bombardeada com algumas bombas não detonadas, e um cemitério imenso separado por datas para que a família pudesse localizar o túmulo mesmo que representativo, ou seja, uma cenografia bem trabalhada com figurinos, carros e tudo mais da época.

Enfim, é um filme que entrega tudo o que promete na tela, que envolve e emociona, porém poderiam ter feito algo mais imponente para impactar ainda mais durante todo o longa e não apenas nos atos finais, pois ficou muito representativo sem pesar na densidade dramática, e isso pode fazer com que alguns não tão fãs do estilo não se conectem com o longa logo de cara, mas ainda assim vale com toda certeza o play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Mufasa: O Rei Leão em Imax 3D (Mufasa: The Lion King)

12/19/2024 12:35:00 AM |

Quando foram lançar o live-action de "O Rei Leão" lá em 2019 o meu maior medo era de como iriam estragar a magia do desenho, afinal a animação foi meu primeiro filme nos cinemas e aonde começou toda minha paixão por esse mundo dos filmes e não queria que ficasse ruim, mas fiz as ressalvas na época e tudo bem, porém agora com "Mufasa - O Rei Leão" estava com expectativas quase nulas de tudo, afinal é algo que não havia sido contado ainda, sendo uma história completamente nova, com uma pegada ainda mais lúdica que o original, mas que mostraria como Mufasa e Scar (que ainda não tinha conquistado esse nome) se conheceram e viveram sua jornada pelo ciclo da vida, e dessa forma acabei gostando do que vi na tela, pois o visual ficou incrível, numa computação gráfica bem melhorada, efeitos tridimensionais muito bem utilizados na tela tanto para coisas saírem quanto para dar uma profundidade de campo maravilhosa, porém já adianto é lotado de canções do começo ao fim, e como é uma história que está sendo contada durante o tempo de uma tempestade para a leoazinha filha de Simba por Rafiki, a trama é bem alongada, ao ponto de mesmo não cansando parecer ter facilmente mais de 3 horas, quando realmente tem apenas 118 minutos. Ou seja, se você gosta do estilo Disney musicais, pode ir conferir que vai gostar bastante, mas se esse não é algo que te agrade, não será com esse filme que irá se apaixonar pelo estilo, então é aguardar pelas bilheterias, e ver se vão insistir em mais histórias dos leões, ou se vão parar por aqui.

A trama tem a ajuda de Rafiki, Timão e Pumba, que juntos contam a lenda de Mufasa à jovem filhote de leão Kiara, filha de Simba e Nala. Narrado através de flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino, além de revelar a ascensão de um dos maiores reis das Terras do Orgulho.

O estilo do diretor Barry Jenkins é meio seco demais, e já vimos isso em várias de suas obras que não se abrem facilmente na tela, e isso acabou pesando um pouco aqui, pois diferente de uma animação que se vertesse para a criançada, o resultado na tela ficou bem mais adulto do que o natural, e isso não é ruim, só que vai acabar pegando alguns pais meio que desprevenidos para explicar algumas situações mais densas dentro da trama, claro que não é nada pesado, mas não tem a leveza que Jon Favreau deu para o longa antecessor, e assim o resultado na tela ficou seguro demais, e com canções digamos "preguiçosas", e digo de cara o motivo disso, pois estamos acostumados que em musicais as canções fiquem ecoando na cabeça pela sonoridade e simbologia, e não por repetições para dar rimas, e aqui ocorre isso a todo momento, mas que mesmo bonitas pelas letras, amanhã não lembrarei de mais nenhuma delas, ou seja, faltou trabalhar um pouco mais o envolvimento para que o filme ficasse melhor encaixado. 

Já disse que animações não ligo de ver dublado, afinal sei que a voz de um leão não da forma entregue por qualquer um que colocasse ali, então pelo melhor horário optei em ver na nossa língua, e felizmente o sincronismo movimento de bocas e vozes ficou muito bom, dito isso, ver todos os bichos correndo na tela não soaram falsos em momento algum, pelo contrário, em alguns momentos até parece que estamos vendo algum desses documentários da National Geographic, mas com uma boa pegada e claro falação e canções. Dito tudo isso, os personagens principais Mufasa e Taka quando pequeninos foram bem dinâmicos, tendo um envolvimento bem colocado e muita explosão característica de leõezinhos jovens, com vozes mais estridentes, mas bem colocadas de Lorenzo Tarantelli e Cauê Enzo, depois quando já adultos os tons foram mais fechados e densos com Pedro Caetano e Hipólyto, mas entregando na tela muita personalidade e desenvoltura. Ainda tivemos boas entregas da leoa Sarabi que Luci Salutes conseguiu brincar bastante com facetas mais sérias, mostrando uma personagem bem determinada e forte de estilo, e o jovem Rafiki muito bem colocado como um ser diferenciado desde pequeno que Eduardo Silva soube segurar com boas dinâmicas, além de um Zazu interessante e completamente cheio de traquejos bem marcados. Fora que não posso deixar de lados os vários leões brancos que liderados pelo Kiros na voz de Fábio Azevedo acabou combinando e sendo bem imponente.

Visualmente a trama é belíssima tanto nos atos iniciais mostrando um lugar árido e bem seco, para depois termos uma savana tradicional, passando por montanhas cheias de neve até chegar no paraíso tão sonhado e imaginado como lenda pelos personagens, tendo muitas texturas, cenas com água, pássaros, borboletas e tudo mais para ter nuances nas cantorias e desenvolturas cênicas, de modo que volto a frisar o quão realista ficou tudo para parecer um desses programas com animais na tela, e já puxando para o lado do 3D, felizmente tudo praticamente sai da tela, tudo tem profundidade de campo, e tudo tem detalhes de sombras e dimensões, ou seja, um pacote completo para quem gosta de ver longas na tecnologia e claro não ser apenas um ingresso mais caro.

Enfim, como disse conferi o longa dublado, e talvez veja ele legendado para ver se as canções melhoram na versão original (e não soem tão esquecíveis), mas como não é algo que incomode quem gosta de musicais, principalmente pelo resultado visual e uma história bacana (essa sim que iremos lembrar pelas boas conexões e dinâmicas que ligam bem ao original), posso dizer que gostei do que vi (não amei), e assim sendo posso dizer que recomendo a trama para todos, com a ressalva que talvez a criançada não pegue tanto a ideia, mas ainda gostarão dos leõezinhos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - A Virgem Vermelha (La Virgen Roja) (The Red Virgin)

12/16/2024 11:57:00 PM |

Já disse algumas vezes como é interessante conhecer personagens marcantes da História que sequer um dia ouvimos falar, e mais ainda quando é alguma pessoa que seus atos foram apagados por algum tipo de acontecimento, pois você acaba vendo pessoas que eram completamente diferenciadas em determinado momento, mas que depois acabaram de forma que ninguém, ou quase ninguém conhecesse. Por exemplo, a vida de Hildegart Rodriguez, que foi criada pela mãe para ser uma mulher do futuro, totalmente independente, sabendo de tudo e mais um pouco e influenciando na política, na sexualidade e na vida das mulheres, isso tudo nos anos 30, ou seja, o longa da Amazon Prime Video, "A Virgem Vermelha", tem uma pegada marcante e chamativa, mostrando um projeto que a mãe determinou criar sua filha num molde bem fechado, instruindo ela com uma formação teórica imponente que acabou dando frutos a vários livros e artigos aonde uma jovem completamente fora dos padrões conseguiu passar ideias revolucionárias com tudo o que fez, mas a loucura final da trama mostra que o complexo mundo entre criador e criatura é algo que ainda não temos como entender, e nem sempre dá certo.

A sinopse nos conta que Hildegart foi concebida e educada pela sua mãe Aurora para ser a mulher do futuro, tornando-se uma das mentes mais brilhantes de Espanha na década de 1930 e uma das referências europeias sobre a sexualidade feminina. Aos 18 anos, Hildegart começa a vivenciar a liberdade e conhece Abel Velilla, que a ajuda a explorar um novo mundo emocional e a se distanciar do ninho de ferro materno. Aurora teme perder o controle sobre a filha e faz de tudo para evitar que Hildegart se afaste. As duas mulheres se enfrentarão durante uma noite de verão em 1933, pondo fim ao “Projeto Hildegart”.

Diria que a diretora Paula Ortiz foi muito segura na escolha do estilo de seu filme, pois facilmente dava para colocar a trama como um drama mais denso com uma pegada mais solta, porém ao escolher algo mais próximo de um suspense, o resultado ficou ainda mais marcante, pois mesmo sendo uma história real, o longa acabou indo para rumos quase tão ficcionais e intensos que você chega a se envolver mais com as personagens, torcendo para a jovem conseguir dar uma saidinha, e até meio com medo da mãe, de modo que talvez o ato clímax pudesse ter sido melhor desenvolvido, mas ainda assim mostrou ser uma diretora com presença e conhecimento do que desejava entregar, pois a escolha que fez poderia dar muito errado e sua trama acabar ficando absurda, mas com uma leveza pontuada nas nuances acabamos vendo tudo fluir bem e funcionar demais.

Quanto das atuações, sem dúvida alguma o estilo bem marcante e forte de Najwa Nimri com sua Aurora é algo para todas as atrizes de suspense fazerem aula, pois ela trabalhou como uma mulher rígida, determinada e tão cheia de impacto nos diálogos e trejeitos que chega a dar raiva, ou seja, cumpriu seu papel melhor do que o esperado. A jovem Alba Planas também segurou muito bem o estilo de sua Hildegart, criando traquejos e desenvolturas bem acima de sua idade na tela, mas não perdendo o tom juvenil, ao ponto que conseguiu amarrar sabiamente cada detalhe novo e apaixonado com ares gostosos de ver, mas também tensos por saber que a mãe poderia acabar com tudo, ou seja, foi bem no que precisava fazer e agradou. Ainda tivemos ótimos atos com Aixa Villagrán com sua Macarena despojada, cheia de envolvimentos com a garota, e passando bem a síntese da mulher da época que sofria abusos, mas tinha de se manter de pé, pois nada nem ninguém estaria ao seu dispor; e também o jovem Patrick Criado conseguiu mostrar um envolvimento e carisma bem gostoso de observar na relação com as protagonistas, ou seja, tivemos bons coadjuvantes para não deixar que o longa ficasse solto na tela nos demais atos fora do apartamento da família.

Visualmente a trama tem uma boa entrega na tela também, mostrando todo o processo de ensino, de treino, de leituras e datilografias da garotinha desde pequena até sua maioridade, vemos as mudanças de cabelo, o apartamento rico, porém simples, todas as pichações no hall do prédio com palavras e frases fortes contra as mulheres, e as várias reuniões do partido aonde participavam membros imponentes do partido socialista da Espanha, vemos os vários livros publicados pela jovem, um bar dançante, e claro no começo toda a revolução da proclamação da República e o fim da monarquia no país, sendo uma trama emblemática, cheia de símbolos e elementos bem trabalhados na tela, mostrando uns anos 30 bem pautado nas mudanças do país, e assim a equipe de arte foi precisa com a entrega minuciosa que fez.

Enfim, é um filme bem inteligente e diferente dos padrões, aonde a história convence e funciona na tela, não precisando ser algo para pesquisarmos depois, embora a curiosidade bata para ver se realmente muitas coisas ocorreram, e pasmem, aconteceram! Ou seja, é uma boa indicação do estilo, tanto como suspense dramático quanto de biografia, e assim fica sendo a dica para dar play nele na plataforma. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Adrenalina Pura - Charlie em Ação (Fast Charlie)

12/15/2024 11:52:00 PM |

Se tem um estilo que nunca sai de moda é o de conflitos entre mafiosos, aonde os protagonistas saem atirando e articulando tudo para resolver seus problemas na bala, ou através de informações que outros não tenham. E a sacada do filme "Charlie em Ação", que está atualmente para locação dentro da Amazon Prime Video, e que a partir do dia 01/01/25 estará disponível para dar o play dentro do canal Adrenalina Pura, traz bem essa essência, com um grande ator entregando um ar mais clássico para o estilo, aonde talvez um pouco mais de história chamaria mais atenção, para que não ficasse um ato solto, mas ainda assim o resultado acaba agradando, tendo uma boa pegada e desenvoltura na tela, aonde quem conhece o estilo sabe bem como tudo vai acabar, mas sempre torcemos para tudo rolar e ser diferenciado.

O longa conta a história de Charlie, que trabalha há duas décadas como braço direito de Stan, um chefão do crime que ele considera como um pai. Quando Stan e todo o seu grupo são brutalmente traídos e assassinados por outro cartel, Charlie embarca em uma perigosa jornada de vingança, enfrentando o submundo do crime e contando com o apoio de Marcie, viúva de uma das vítimas.

O diretor Phillip Noyce é daqueles que há muito tempo entrega boas tramas dos mais diversos estilos, e aqui ele soube brincar bem com um estiloso gangster e sua busca por vingança, mas mais do que isso, como não podem sair matando os inimigos, a busca por algo que pudesse lhe dar o sinal verde para a execução, e com o estilo do diretor que costuma trabalhar ambientes mais amplos, aqui ele conseguiu segurar sua trama com uma boa entrega, com personalidade no estilo, mas também mostrou que desejava algo a mais no longa, e com isso trabalhou dinâmicas mais rápidas para que o filme tivesse um conteúdo maior e não apenas os atos de tiros jogados. Ou seja, o diretor soube usar o que tinha nas mãos para que o filme ficasse mais marcante e denso, porém não dá para aumentar um roteiro na direção, e com isso vemos atos corridos, e isso pesou um pouco na dinâmica da trama.

Quanto das atuações, Pierce Brosnan tem um estilo tão clássico de galanteio que mesmo quando estiver com 200 anos vai ter mulheres jovens que vão querer casar com ele, e aqui seu Charlie tem personalidade e estilo para matar, não sendo apenas um capanga, mas cuidando do chefe, tendo dotes de cozinheiro, e ainda sabendo entrar com classe aonde vai, ou seja, um mafioso das antigas com charme e imponência, que talvez soasse um pouco forçado pela idade do ator, mas que acabou saindo bem na tela. Em um primeiro momento achei que Morena Baccarin fosse ser apenas um enfeite cênico na trama com sua Marcie, mas depois quando volta a participar dos atos do longa até entrega bons traquejos, só exagerando em pouco na desenvoltura química com o protagonista, mas caiu bem para o que o longa pedia. Ainda tivemos alguns bons atos com os demais atores, mas a maioria foi apenas conexão para com os protagonistas, valendo um leve destaque para o principal inimigo do outro lado que Gbenga Akinnagbe fez com seu Beggar meio sem muita imposição, e claro o chefe do protagonista, que já doente entregou atos carismáticos bem marcantes na personificação de James Caan que morreu já há algum tempo realmente.

Visualmente a trama trabalhou bons atos no mundo do crime, andando por casas mais rústicas, clubes e cassinos clandestinos, e até desovas em lagos cheios de jacarés e carros abandonados, tendo poucos elementos cênicos para usarem sem ser as armas, mas tendo uma boa caça ao cofre do primeiro morto, e ex-marido da protagonista que poderia conter a prova, andando por prédios e tudo mais de uma maneira bem colocada, aonde a equipe de arte não economizou em ambientar com um clima mais de gangsteres mesmo.

Enfim, é um longa simples, mas que tem uma boa pegada para quem curte o estilo, que vindo de um diretor bem premiado poderia ter ido bem mais além, mas ainda assim funciona na tela e agrada quem quiser um bom passatempo de ação. Então fica a dica para conferir ele logo mais dentro do Canal Adrenalina Pura, e eu fico por aqui agradecendo os amigos da Sinny Assessoria pela cabine, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Bagagem de Risco (Carry-On)

12/15/2024 06:54:00 PM |

Sabemos bem o quanto a Netflix ama filmes com bases natalinas, de modo que chega Novembro e só falta pintarem o fundo de tela de verde e vermelho para que você não se perca com a quantidade de filmes do estilo que eles compram e/ou produzem, e como todo bom Natal nos EUA, além de neve o que explode são os voos e conflitos dentro dos aeroportos, e a sacada do longa "Bagagem de Risco" não é tão original, de alguém não identificado sequestrar a família da algum policial ou responsável por algo e ir cobrando atitudes não muito amistosas para que algo de ruim seja feito sem ser pelas mãos dos terroristas, e claro que contando com muita ação, cenas tensas e muito envolvimento, o resultado acaba funcionando bastante com os dois protagonistas bem conectados e cheios de imposição em seus atos. Ou seja, é daqueles que tem muita coisa improvável de acontecer, alguns atos que você tem toda a certeza que jamais aconteceria, uma bomba que embora seja cheia de coisas mortais e cheia de passos, o cara acaba decorando a sequência de execução de uma vez só. Então se você curte essa pegada de ação, terrorismo e confusão em aeroportos, é só dar o play e curtir bastante.

O longa nos mostra que Ethan Kopek, um jovem agente da TSA, enfrenta o desafio mais difícil de sua carreira na véspera de Natal. Ele é chantageado por um viajante misterioso, que o obriga a deixar um pacote perigoso passar em um voo. A chantagem é pessoal, pois o vilão ameaça a namorada grávida de Ethan. Com sua vida e a de sua família em risco, Ethan precisa usar todas suas habilidades e recursos para enganar o chantagista e evitar um desastre aéreo. Mas, à medida que a tensão aumenta e o prazo se aproxima, Ethan começa a questionar se está apenas cumprindo ordens ou se há mais algo em jogo. O destino do voo e a vida de centenas de passageiros dependem de suas ações.

O diretor Jaume Collet-Serra tem como marca sua filmes com muitas dinâmicas de ação e por vezes ignora certos detalhes que seriam vistos como erros, que claro em filmes desse porte temos de deixar de lado, senão nem entramos no clima, e a pegada aqui é bem trabalhada em cima do desejar crescer por parte do jovem rapaz, que vê bem rapidamente toda a forma de tentar sair do conflito, sobreviver e fazer sua amada também sobreviver, usando de artifícios legais e ilegais, ou seja, o diretor brincou com o roteiro usando boas facetas, algumas improváveis e outras bem marcantes, principalmente por aparentemente ter sido o longa gravado realmente dentro de um aeroporto com muitos figurantes, e assim o resultado teve dinâmicas bem impressas e desenvolturas bem pegadas, que alguns vão reclamar muito de tudo, mas quem curte o estilo, e também o diretor vai entrar fácil na onda e acabará brincando com toda a essência da trama e da ideia, que mesmo não sendo tão original, não ficou requentada.

Quanto das atuações, confesso que acostumei tanto com Taron Egerton fazendo personagens com óculos, que num primeiro momento não o reconheci com seu Ethan, mas sua entrega tradicional em filmes de ação logo aparece, e o jovem com um ar e um ouvido bem sagaz acabou trabalhando bons trejeitos e desenvolturas, que no final acaba mostrando bem a que veio. Outro que tem um estilo muito bom e sabe criar nuances é Jason Bateman, de modo que aqui seu viajante misterioso acaba tendo dinâmicas chamativas e sabendo bem aonde trabalhar toda a pressão do protagonista vai se impondo e atacando com muita imposição. Ainda tivemos bons atos mais simples de Sofia Carson como a namorada do protagonista bem direta nas perguntas, e uma policial completamente intensa vivida muito bem por Danielle Deadwyler, que conseguiu lutar com um carro em movimento e sem cinto sobreviver a uma tremenda batida, ou seja, dura na queda.

Visualmente a trama se passa praticamente inteira dentro do aeroporto de Los Angeles, ou de algum lugar que conseguiram fazer se parecer muito com o ambiente, tendo as várias mesas de raios-X como elementos principais, uma mala, as várias esteiras automatizadas e todos os corredores e banheiros do Terminal 7 aonde a trama se passa, tendo atos de maior perseguição do lado de fora, e elos de gato e rato bem colocados lá dentro para chamar atenção, então diria que a equipe de arte foi bem no que fez, usando inclusive atos dentro de um compartimento de bagagem, e claro a bomba cheia de comandos, mas que o protagonista sendo um gênio do desarmamento decorou o passo a passo como um ninja.

Enfim, uma trama bem intensa e cheia de boas nuances, que agrada na entrega e que funciona para quem curte o estilo de ação e envolvimento, porém faltou um pouco a mais para impactar, e também desenvolver algo mais original, pois já tivemos muitos outros filmes dessa mesma pegada, o que não é ruim, mas dava para inovar. Então vale a conferida e eu fico por aqui agora, mas ainda hoje pretendo ver mais um longa, então abraços e até logo mais. 


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