Amazon Prime Video - Visões (Visions)

8/31/2024 07:33:00 PM |

Fiquei praticamente 3 semanas só com as estreias do cinema pela quantidade que apareceram por aqui, e acabei deixando muitos filmes nas listas dos streamings, mas nenhum que aparentasse ser chamativo para ver e recomendar como algo brilhante, mas uma indicação da Amazon Prime Video me chamou atenção pelo nome do diretor, pois parecia que já tinha visto algo dele, ou até mesmo o longa, e fui pesquisar que o diretor fez um dos filmes que mais adorei do Festival Varilux de 2021 ("Caixa Preta") que também tem algo envolvendo avião, e por isso talvez imaginei que já tivesse visto o longa. Dito tudo isso, eis que resolvi então dar play no longa "Visões", e o diretor conseguiu dar um nó tremendo na minha cabeça com o filme, pois é daquelas tramas tão confusas que acabam ficando bem interessantes com o fechamento, aonde você em diversos momentos não sabe se a protagonista está sonhando, se está maluca, se tudo está acontecendo, se é algum delírio envolvendo tóxicos e tudo mais, mas com o ato final tudo acabou tendo um bom sentido e o resultado agrada bastante. Ou seja, veja ele com muita calma, pois do contrário você não irá entender nada, e não entender um filme é a pior coisa que pode acontecer com alguém depois de duas horas conferindo.

O longa vai contar a narrativa de Estelle Vasseur, uma comandante de avião muito boa no que faz e que leva a melhor vida que poderia ter ao lado do seu marido Guillaume Vasseur, um médico renomado e um marido protetor e amoroso. Um certo dia, em um corredor do aeroporto, Estelle cruza seus caminhos com Ana Dale uma fotógrafa que foi o seu primeiro amor há 20 anos. O que Estelle não espera, é que esse reencontro está longe de ser apenas uma coincidência ou algo passageiro. Na verdade, esses caminhos cruzados por acaso e sem pretensão nenhuma, revela-se em uma chama de amor crescente que a levará em uma espiral de sentimentos, onde a colocará em uma posição de dúvida entre o seu passado apaixonado e o seu presente perfeito.

Diria que a carreira do diretor francês Yann Gozlan é bem mista, trabalhando entre tramas de ação e dramas, aonde pode desenvolver bem suas sínteses de formas criativas e interessantes, e se em 2021 adorei o que ele fez, em 2017 odiei com muita força seu outro filme, e o de 2022 tá na lista da Netflix desde então não chamando tanto minha atenção, ou seja, vou procurar manter na mente somente esse de hoje e o de 2021, pois foi aonde ele mais acertou, e digo isso mesmo com minha cabeça ainda tentando desamarrar todos os nós que ele deu, já que fiquei em determinado momento da trama até com vontade de voltar um pouco o filme para ver se tinha captado a ideia, mas como não gosto de fazer isso, segui e depois compreendi toda a sacada. Ou seja, a base da história se olharmos depois de conferida até é bem simples e fácil, mas a montagem complexa junto de todo um contexto cheio de voltas e reviravoltas acaba entregando uma perspectiva do diretor que faz sua trama ir para outros rumos bem mais marcantes.

Quanto das atuações, a atriz Diane Kruger tem um estilo fechado de interpretação que por vezes até incomoda, mas muitas vezes ela consegue segurar tão bem seus personagens que acaba nos deixando com raiva do que faz em cena, e aqui sua Estelle tem uma pegada meio que dura consigo mesmo, oscilando algumas nuances mais intensas e outras mais introspectivas que fluem na tela, ou seja, consegue chamar o filme todo para si e garantir que o foco funcione totalmente. Marta Nieto trabalhou sua Ana de um modo mais solto, aonde sabendo fazer bons jogos de olhares acaba trazendo mistério para a personagem, mas também seduz e assombra a protagonista de um modo bem fácil de se notar, conseguindo agradar também com o que faz. Quanto aos demais, Mathieu Kassovitz até entregou alguns momentos interessantes com seu Guillaume, mas nada que fosse impactante, e Amira Casar também deu algumas nuances com sua Johana, mas tudo bem básico e sem grandes chamarizes.

Visualmente a trama entrega alguns atos bem colocados dentro tanto da cabine de aviões quanto de simuladores, mas o que chama mais atenção é a mansão da protagonista e também a casa de praia aonde vai para ficar junto da outra moça, tendo alguns momentos mais bagunçados e abandonados para dar o contexto da trama, além de alguns leves momentos em um iate e no hospital, tendo ainda carrões e motos bem chamativas para tentar dar alguns símbolos na trama. Ainda tivemos muitos elementos cênicos como as provas de pilotagem que a protagonista faz, os muitos remédios que ela toma para dormir e claro a rachadura na casa que dá para observar lá dentro tudo, ou seja, um filme cheio de amarrações que fluem bem na tela e que se fazem valer para completar toda a ideia da trama.

Enfim, é um filme com uma pegada bem densa que consegue dar um belo nó na cabeça do público, que quem curte esse estilo irá gostar bastante do que verá na tela, que talvez pudesse impactar um pouco mais em alguns momentos, mas que o fechamento surpreende bem, então fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda vou conferir mais um longa no cinema, então abraços e até logo mais.


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Longlegs - Vínculo Mortal (Longlegs)

8/31/2024 02:21:00 AM |

Muitas vezes quando me perguntam meu gênero favorito acabo falando que gosto de um bom filme, independente do estilo dele, mas todo narrador esportivo tem uma camisa de time preferido guardado no armário, e não seria diferente com críticos e cinéfilos do mundo todo, e um suspense investigativo faz sempre meus olhos crescerem, e se tiver códigos para tentar desvendar aí é correr para o abraço. E a grande sacada do filme "Longlegs - Vínculo Mortal" foi não dizer absolutamente nada do que ele era realmente pelo trailer, de modo que a curiosidade atiçou lindamente todos que estão indo aos cinemas para conferir a trama pelo ótimo marketing positivo e negativo que o boca a boca anda fazendo mundo afora, e diria que gostei até que bastante do longa, só não colocando ele mais para cima pelo excessivo uso de jumpscares e gritos completamente desnecessário em diversos momentos, pelo ritmo lento demais e pela apatia da protagonista (até entendo que tenha um trauma de infância e tudo mais, mas dava para expressar um pouco mais na tela), pois mesmo caricato o personagem de Nicolas Cage tem uma boa pegada estranha e maluca (meio que quase um It sem ser um palhaço), toda a ideia do culto e do pacto com a cúmplice acabou sendo bem interessante, e a densidade dramática funciona bem com o estilo de suspense escolhido, só talvez daria uma vertente melhor para os códigos, pois aí sim a trama ficaria mais completa, mas isso seria exigir demais.

A narrativa segue a agente do FBI, Lee Harker, que é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer em uma cidade tranquila. À medida que Lee mergulha na investigação, ela descobre indícios perturbadores de práticas ocultas ligadas aos crimes, levando-a por um caminho sinuoso e perigoso. Conforme desvenda pistas, Harker se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a numa corrida contra o tempo para evitar novas vítimas. Contudo, à medida que avança, percebe que algo sinistro a observa de perto, ameaçando não só o desfecho do caso, mas também sua própria segurança. Enquanto luta para desvendar a verdade por trás dos assassinatos, Harker se vê numa encruzilhada entre o dever profissional e os segredos sombrios que emergem, transformando sua investigação em uma batalha intensa entre a razão e o desconhecido.

Sei que o estilo do diretor e roteirista Osgood Perkins é mais pegado para o terror lotado de jumpscares (os famosos sustos gratuitos de coisas que aparecem do nada na tela), só que precisava ter visto que aqui o seu filme é todo puxado mais para o lado do suspense, então não precisaria ficar colocando gritos e imagens piscando na tela, mas sim desenvolvido mais a tensão com o ambiente e com uma dinâmica mais envolvente, e isso o seu filme já possui, então era só ter trabalhado alguns elos a mais, e o resultado acabaria perfeito, mas são estilos, e isso dificilmente um diretor muda durante a vida. Claro que muitos vão assistir e achar bobo, outros vão dar risada do estilo estranho do personagem, mas longas que tem essa pegada (dando um leve spoiler - satânica) são com esse estilo, de trabalhar alguns elementos que nem todos acreditam, do lance de prender a alma e tudo mais, e aqui a densidade nesse sentido se encaixa bem na história, mostrando algo até interessante de ser visto na tela.

Quanto das atuações, já conferi até que uma boa quantidade de longas com Maika Monroe, e ela sabe ser bem melhor do que o que acabou entregando para sua Lee Harker, de modo que acabou ficando muito morna e apática para uma protagonista, tendo até alguns atos com uma certa atitude, mas não convence com o que faz na maior parte do longa, pois o trauma deveria ter sido melhor mostrado da infância para que tivesse tudo isso no que faz. Blair Underwood até trabalhou seu agente Carter com uma certa intensidade clássica de filmes policiais, mas nos atos finais que precisava ir mais além acabou ficando seco demais, o que certamente não era o esperado para aquilo. Nicolas Cage ficou bem caricato com seu Longlegs, de modo que entregou personalidade para um papel novo em sua carreira, conseguindo chamar atenção, mas quem não gosta do ator vai somente achar bizarro sem criar qualquer vínculo mais interessante para o que faz. Quanto aos demais, a maioria apenas aparece, tendo alguns atos expressivos mais marcantes para Alicia Witt como a mãe da protagonista, mas também não foi muito além.

Visualmente a trama não traz nada de muito novo para um filme do estilo, e isso embora seja um pesar acaba não atrapalhando o resultado final, tendo muitas casas bagunçadas com toneladas de coisas que ajudam a encontrar alguns símbolos da trama ou em reformas com os famosos plásticos pendurados, vemos ainda as bonecas estranhas e também muitos atos escuros para dar os sustos gratuitos que são tradição em estilos de filmes com jumpscare, ou seja, a equipe de arte não tentou criar muito na tela, e isso deixou o longa um pouco simples demais, mas sem incomodar de modo geral.

Enfim, é um filme que quem curte sustos gratuitos vai gostar, e que quem gosta do gênero investigativo também vai entrar no clima, agora quem for esperando um terrorzão de primeira linha como o marketing do longa estava vendendo, de algo assustador e tudo mais, aí a decepção vai ser grandiosa, mas como fui conferir sem saber nada além do que não tinha sido mostrado no trailer confuso, acabei gostando bastante, e valendo dar essa recomendação com a ressalva de sempre ir conferir sem ver nada sobre a trama. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Estômago 2 - O Poderoso Chef

8/30/2024 12:24:00 AM |

Tem que ter coragem de pegar um filme que foi brilhante e ultra elogiado e resolver dar uma continuação para ele, e talvez por isso o diretor Marcos Jorge preferiu esperar 16 anos para ousar seguir com seu longa de estreia que lhe deu prêmios e principalmente fez o seu nome no mundo do cinema. Mas coragem deixada de lado, a grande questão que estava pairando na mente dos amantes do cinema é se viria algo que honrasse realmente uma continuação ou se seria um mero produto jogado para os leões se divertirem após pedirem tanto algo desse mundinho gastronômico que em 2007 nem era tão barulhento, mas que hoje a cada 10 mudadas de canal você acha alguém fazendo uma receita invocada, e hoje posso falar que "Estômago II" supriu bem as expectativas, claro não chegando nem aos pés do genial primeiro longa, mas usando a mesma base dividida do original de mostrar as cenas na cadeia e as cenas externas intercalando para contar a história de alguém, a trama conseguiu ser dinâmica e bem interessante, porém exageradamente amarrado, de modo que se o lado exterior do primeiro é muito mais cheio de sacadas, enquanto agora aqui a história da máfia italiana tem elementos forçados demais, mas que acaba funcionando pelo desfecho bem tramado.

O longa nos conta que a fantástica e divertida jornada de nosso “anti-herói” preferido, Raimundo Nonato, e suas aventuras filosófico-culinárias continuam. Dezesseis anos depois dos acontecimentos do primeiro filme, Nonato virou o chef dos chefs na prisão, encantando com seu talento culinário e saborosa lábia tanto o diretor do presídio quanto o veterano líder dos detentos. Até que um terceiro chefão, o mafioso italiano Dom Caroglio, chega para disputar o controle da penitenciária e o privilégio de ser servido pelo carismático cozinheiro. Ao mesmo tempo, conheceremos os tortuosos caminhos que transformaram o pacato filho da dona de um restaurante brasileiro no sul da Itália no poderoso chefe que, anos depois, vem ao Brasil desafiar o crime organizado por causa de Nonato.

Diria que o diretor e roteirista Marcos Jorge foi bem esperto em usar o mesmo estilo de filme que fez sucesso no passado, pois muitos vão querer revisitar o primeiro filme para assistir esse novo e irão acabar gostando de ambos, e também aqueles que não viram o original irão conferir tranquilamente, pois a base cênica da história do original quase nem é falada ou usada, apenas citando a indigestão de Bujiú e a chegada de Etecétera na cadeia, do restante a trama se desenvolve tão solta que nem é necessário saber nada, e isso tem o lado bom de funcionar solta, mas também o lado ruim, que muitos irão reclamar de talvez faltar detalhes, o que o diretor foi bem sagaz para suprir essas pontas. Porém o grande detalhe dessa nova trama acredito que tenha sido a negociação com a produtora italiana do primeiro filme, pois voltaram a se juntar depois de 16 anos, e se no primeiro filme a Itália só foi citada pelos vinhos e pastas, aqui o longa é quase que 70 a 80% falado em italiano com legendas (e a galera fã do dublado vai xingar!), e isso entrou bem na onda por ser a história de Roberto/Dom Caroglio que está em voga no filme, mas senti que ele poderia ter abrilhantado um pouco mais a história de Alecrim/Raimundo Nonato ou Rosmarino como o protagonista ficou lhe chamando (já que alecrim em italiano é dito dessa forma). Ou seja, não é novamente um estouro que o diretor fez nesse mundo, mas felizmente não nos decepcionou, pois dá para se divertir bem com o resultado todo.

Quanto das atuações, João Miguel praticamente dormiu no formol todos esses anos, pois mudou pouquíssimo visualmente, estando claro um pouco mais gordinho, mas com seu Raimundo Nonato/Alecrim/Rosmarino cheio de estilo, sacadas e bons trejeitos, mostrando seu jeitão esperto e também meio que ingênuo de uma forma cheia de carisma, sabendo brincar bem com cada um dos elos, ou seja, funcionando bem em todas as cenas que está presente que são bastante, porém menos do que gostaríamos de ver, afinal ele sabe dominar o ambiente e iria ainda mais longe se deixassem (veremos se tiver um terceiro filme o que ele vai aprontar da forma que ficou!). Nicola Siri é o italiano mais brasileiro que temos, afinal já fez muitos filmes e séries por aqui, e tanto seu Roberto na Itália cheio de boas intenções em conseguir agradar a máfia e subir de vida de ator/chef do restaurante da mãe, quanto seu Dom Caroglio na cadeia no Brasil com ares mais imponentes, funcionam demais para a ideia do filme, sabendo usar bons trejeitos e dinâmicas para que seu personagem soasse forte e interessante para tudo o que foi proposto, ou seja, segurou bem o protagonismo, mas poderia ter impactado um pouco mais para cativar o público e ter mais carisma. Agora se no original Fabiula Nascimento fez a vez do charme, aqui tivemos uma Violante Placido maravilhosa com sua Valentina, que trabalhou bons traquejos junto do protagonista, mas que dava para ter ido um pouco mais além nos atos mais fortes por se dizer, de modo que ficou em segundo plano demais na trama. Já Giulio Beranek ficou um pouco exagerado como Salvatore Galante, de modo que tentou se impor como um chefão malvado e cheio de traquejos na cena do restaurante, mas acaba mais irritando do que agradando com tudo. Ontem revendo o original foi bacana ver Paulo Miklos em suas primeiras ousadias no cinema com seu Etecétera, e aparentava até estar bem mais novinho (embora já estava com quase 50 anos), e agora já bem mais experiente nas atuações se entregou bastante nas cenas da rebelião e também nas boas sacadas e dinâmicas de diálogos com os demais protagonistas. 

Visualmente se o primeiro foi mais simples, porém cheio de cenas gastronômicas bem trabalhadas, aqui o orçamento já fez toda a diferença, mostrando bem mais ambientes da cadeia, muitos atos na Itália, tendo tanto o restaurante da mãe do protagonista (numa sacada bem colocada de ser um restaurante brasileiro por lá para colocar pratos nacionais bem chamativos como feijoada, acarajé, tucupi e tudo mais da nossa gastronomia), tivemos algumas boas cenas de tortura e violência na cozinha e num galpão, e claro as tradicionais conversas mafiosas em formatos clássicos para mostrar requinte no portfólio do diretor e de sua equipe, alguns jogos de futebol no pátio da cadeia também fazendo as sacadas dos jogos entre Brasil x Itália, e ainda explosões e rebeliões bem grandiosas com vários tipos de elementos cênicos, com claro sempre muita boa comida, inclusive a inicial gigantesca nesse sentido.

Enfim, se o primeiro é perfeito e valeu com toda certeza uma nota 10, esse acabarei dando um 8 por faltar um pouco mais de carisma do personagem italiano para que tivéssemos a mesma síntese que tivemos com Alecrim, mas ainda assim é um exemplo de filmaço nacional que vale a pena a conferida no cinema, e já começou bem nos festivais arrebatando 5 prêmios em Gramado, ou seja, vamos ver como vai ser a briga nos demais mundo afora. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Proibido a Cães e Italianos (Interdit aux Chiens et aux Italiens) (No Dogs or Italians Allowed)

8/27/2024 10:44:00 PM |

Se tem um estilo que vejo pouco por geralmente me incomodar com tramas cansativas e por vezes explicativas demais é o tal do documentário, mas quando bem feito entro no clima e vibro com cada detalhe, e a obra que veio para conferir hoje já a classificaria como uma bela obra de arte com toda certeza, pois não é apenas um documentário, mas sim uma história da imigração italiana pelo mundo afora, mas não com pessoas contando, e sim uma animação em stop-motion perfeita! Ou seja, "Proibido a Cães e Italianos" brinca na tela ao trabalhar a história da família do diretor, passando pelas guerras e pelas principais construções francesas, aonde a família acaba indo e ficando em sua última movimentação. Muitos vão olhar para a trama apenas como uma revisitada de um diretor para conhecer mais como foi que ele chegou ali com seus dotes de artesão manual, vendo como seu avô passou por muitos processos do mundo, mas toda essa criação lúdica e bem encaixada com os bonequinhos acaba fluindo bem na tela e envolvendo com muita personalidade e desenvoltura do começo ao fim.

O longa narra a jornada de Luigi Ughetto, um homem determinado do norte da Itália no início do século XX. Diante das dificuldades em sua terra natal, Luigi ousa cruzar os Alpes em busca de uma vida melhor na mítica "La Mérica", onde se diz que os dólares crescem nas árvores. Esta é uma história emocionante de família, aventura e coragem frente à emigração.

O diretor e roteirista Alain Ughetto queria inicialmente apenas reviver suas memórias e ir atrás de suas origens, e conversando com mais familiares, buscando nas memórias, fotos e tudo mais viu que tinha um longa potencialmente interessante, mas não bastava contar isso através de narrações e com os poucos materiais que tinha, então como fazer para que ficasse mais bacana: resolveu fazer do jeito mais difícil possível com a famosa animação de massinhas, o stop-motion, mas que é sua habilidade, e acabou desenvolvendo tão bem cada personagem, cada movimento, cada interação, que a história literalmente vai tomando forma na tela, e por vezes quebrando a quarta parede com sua própria mão e voz conversando com os personagens, ou seja, algo brilhante de ver que conta a base da história italiana, mas numa animação tão contagiante e bem feita que todos que tiverem qualquer pontinha italiana na árvore genealógica irá se conectar com as histórias e com os bonequinhos, em algo tão gracioso que não tem como não sair com os olhos brilhando após a sessão.

Contando com as vozes de: Ariane Ascaride, Alain Ughetto, Stefano Paganini e Diego Giuliani, os personagens tomaram formas e formatos bem característicos na tela, sendo bem modelados, mostrando as tradicionais e grandiosas famílias que foram trabalhar nas minas, nas construções de túneis, estradas, barragens, que tentaram ir para a América com muitos sonhos, mas sem grandes retornos, enfrentaram as duas guerras e a gripe espanhola, lutaram contra a Igreja e contra os fascistas, e claro que viram muitas mudanças no mundo, além das diversas corridas de bicicleta do Tour de France, ou seja, a história toda muito bem desenhada com ambientes construídos com muito papelão e algodão, além de outros materiais bem marcantes para dar as formas e formatos, e agradar com cores e presença.

Enfim, poderia falar muito mais do longa, mas vou deixar um pouquinho para a curiosidade, e claro indicar demais a conferida nos cinemas selecionados à partir do dia 12 de setembro, pois valerá cada minuto na frente da tela, agradando tanto adultos quando as crianças, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Ao Vento Filmes e Risi Film Brasil por me enviarem o longa para conferir, então abraços e volto amanhã com mais dicas.


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Três Tigres Tristes

8/26/2024 11:02:00 PM |

Já vi muito filme maluco nessa minha vida, mas hoje acredito que tenha achado o top 1 deles, pois "Três Tigres Tristes" até tem um começo interessante com algumas analogias bem colocadas em cima da loucura que foi a pandemia, e como foi para muitos viver sem saber o que realmente está rolando, vendo algumas coisas de perda de memória e tudo mais, de forma que estava me divertindo com a ideia toda, imaginando talvez alguma forma de fechamento irreverente para tudo, até os protagonistas entrarem na lojinha de objetos e tomarem um chazinho com a dona, aí meus amigos acredito que o diretor tomou o chazinho junto, e os personagens viraram do avesso literalmente em uma verdadeira mistura de tudo o que se possa imaginar, numa orgia insana e completamente fora da caixinha, que acredito que a ideia tenha sido bem essa mesmo de algum tipo de alucinógeno que botou tudo fora dos eixos e algumas coisas no caminho, mas convenhamos que não precisava apelar para tanto. Ou seja, não é um filme ruim, muito pelo contrário, tendo grandes sacadas e um desenvolvimento bem interessante, tanto que só vi ele hoje por estar na sessão do Prêmio Otelo que o UCI trouxe para as cidades aonde tem o cinema, mas que muitos entrarão na sessão pelo pôster (sem observar direito) e pelo nome e acabarão sem saber o que fazer quando o bicho pegar.

O longa conta a história de três jovens que vivem em uma kitnet na Liberdade, bairro de São Paulo: um aspirante a artista plástico, uma mulher trans e um performer e drag queen soropositivo. Juntos, eles cuidam do bichinho de estimação Intransmissível, um porquinho da índia. Um dia, são ameaçados de despejo - o aluguel está atrasado há três meses - e lutam para encontrar uma maneira de sair da situação. Cada um vai tentar, à sua maneira, conseguir parte do dinheiro, e através de suas relações, o longa aborda as histórias que os uniram e as violências e tragédias que os separaram de suas famílias.

Diria que o diretor e roteirista Gustavo Vinagre teve uma boa ideia ao combinar a sacada de doenças com o atormento que foi a pandemia, sabendo desenvolver bem uma história engraçada, mas ainda assim bem tematizada e claro colocando ainda a pegada sexual, de tal maneira que cada elo da história tem traquejos estranhos, porém bem marcados para que o filme fluísse corretamente na tela. Claro que dava para ele ter pegado mais leve nos atos finais para que tudo não saísse do eixo como acabou acontecendo, mas aí talvez perderia um pouco a originalidade da trama, e não chamaria tanta atenção, então talvez uma leve transição na grande orgia para o eixo de fechamento resultaria em algo ainda intenso, porém mais normal.

Quanto das atuações, diria que os jovens Isabella Pereira, Jonata Vieira e Pedro Ribeiro se jogaram por completo nas dinâmicas dos personagens que levam seus próprios nomes, de modo que usam de traquejos bem dominados do ambiente, se mostram confusos com algumas situações mais abstratas, mas não se deixam envergonhar com nada, liberando o corpo e os olhares para que tudo fosse convincente e divertido, mas sem dúvida as cenas com os coadjuvantes esquecendo o que acabaram de fazer foram as mais brilhantes.

Visualmente a trama trouxe desde o vício pandêmico de muitos usarem o álcool gel das formas mais imagináveis possíveis, o uso de máscaras, as medições de distância, mas também trabalhou bem os convívios e os ambientes mais estranhos possíveis como uma petshop que vende o combo completo obrigatório para levar o bichinho, o encontro casual na rua que depois com máscara nem sabe quem é a pessoa, e claro a fatídica cena com os mil objetos em orgia na loja de móveis usados, ou seja, a equipe de arte foi simples pela época de filmagem, porém bem representativa para mostrar a ideia na tela.

Enfim, é um filme bem diferente do usual, que tem muito mais cara de festivais do que algo vendável comercialmente, tanto que comparado aos outros candidatos do Prêmio Otelo (o resultado dos ganhadores sai quarta dia 28/08) esse foi o único que não saiu em diversas salas pelo país no seu lançamento, aparecendo apenas agora nessa semana que o UCI trouxe todos os indicados à melhor filme em suas salas, mas que quem conseguir conferir irá se divertir com a ideia, mesmo sendo uma temática não tão convencional. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Viúva Clicquot (Widow Clicquot)

8/26/2024 12:49:00 AM |

Sempre digo que um filme que se passa em determinado país tem de ser produzido pelo país ou pelo menos falado com a língua do país, pois senão a trama não mantém a essência necessária e acaba entregando algo meio que engessado, mas como muitas vezes alguns países não dão tanto valor a algumas biografias, por vezes temos de assistir e se envolver com a história sendo contada por outros. Esse é o caso do longa "A Viúva Clicquot" que para quem é amante de um bom vinho com toda certeza já ouviu falar na história da jovem que o marido vinicultor morreu e ao invés de vender suas terras para outros produtores acabou inventando diversos processos e técnicas que até hoje são seguidos para determinar a qualidade do produto, e que como cinema até entrega uma boa história contada e desenvolvida na medida, porém ficou faltando o detalhe principal de ser uma trama francesa, pois certamente teríamos algo mais trabalhado cheio de notas frutadas e recortes amadeirados ao invés de algo mais seco e intenso como acabou ficando, mas como digo é o que tinha no mercado para hoje, então vamos beber!

A sinopse nos conta que depois da morte prematura do seu marido, Barbe-Nicole Ponsardin desrespeita as convenções legais e assume os negócios de vinho que mantinham juntos. Ela passa a conduzir a empresa com vertiginosas reversões políticas e financeiras e desafia os críticos ao revolucionar a indústria de champanhe se tornando uma das primeiras grandes empresárias do mundo.

Diria que o diretor Thomas Napper trabalhou até que bem o roteiro que foi baseado no livro de Tilar J. Mazzeo, pois vemos toda a essência da mulher forte que foi Barbe-Nicole, mas faltou para ele desenvolver as nuances do momento, um pouco de como era a produção dos champanhes, e até emocionar melhor as cenas mais dramáticas, pois tudo vai acontecendo e aos poucos sendo inseridos algumas lembranças ao ponto que ninguém entende do que o marido dela morreu, o motivo pelo qual Napoleão não destruiu as vinícolas, as diferenças de sabores e tipos de venda, e até mesmo a cena das explosões de bebidas ficou em segundo plano, de tal forma que é algo rápido demais para sentirmos a presença que um filme sobre vinhos merece, mas ao menos trouxe para a tela a ideia, e quem sabe mais para frente alguém pegue as nuances e as desenvolva melhor na tela, pois é algo bem válido já que existem milhões de fãs de vinhos mundo afora (embora um Veuve Clicquot não seja encontrado por menos de 200,00 uma garrafa!).

Quanto das atuações, Haley Bennett trabalhou sua Barbe-Nicole com um ar bem enlutado do começo ao fim, tendo alguns atos mais "alegres" nas lembranças junto do marido, mas sem ter grandes gracejos, ao ponto que pareceu ser uma mulher extremamente séria e de pulso firme, ou seja, não sei que estilo o diretor pediu que ela seguisse, mas poderia ter se soltado um pouco mais para que a personagem não ficasse tão pesada. Embora apareça praticamente só nos pensamentos da protagonista relembrando o passado, Tom Sturridge deu um tom bem emocional, levemente surtado com seu François, de modo que o ator soube dar personalidade para o papel, e com um pouco mais de desenvolvimento na história acabaria perfeito. Sam Riley soube segurar o charme de Louis Bohne quase como um personagem de "Os Três Mosqueteiros", sendo interessante de ver na tela, e trabalhando dinâmicas bem encaixadas de olhares com a protagonista. Ainda tivemos outros bons personagens secundários, mas entregando pouco na tela, afinal como disse a história não tem tanta abertura para os demais lados, e dessa forma vale apenas destacar Ben Miles com seu Phillippe imponente e bem duro com a nora, sendo marcante como um dono de terras deveria ser. 

Visualmente a trama trouxe bem a pegada do final dos anos 1800 na França, com uma paisagem bem bonita da vinícola ao fundo, sempre com contrastes do sol, mostrando em alguns atos o exército de Napoleão bombardeando também a distância, mas com tudo trepidando na casa principal, vemos um pouco da produção de vinho, da colheita das uvas, e muitas degustações, além claro de figurinos densos e bem marcados, aonde a viúva só usava preto e todo o ambiente do campo bem colocado. Ou seja, uma produção de época bem moldada, com uma fotografia escura, porém chamativa, muitas velas, e até tambores com fogo para evitar a perda da produção na época da geada, e assim a equipe de arte conseguiu entregar algo simples e bem feito.

Enfim, é um filme que facilmente poderia ter ido muito mais além, não precisando tanto de letreiros ao final se tivessem desenvolvido mais a história e as dinâmicas, mas ainda assim o resultado final embora simples acaba sendo agradável de ver, e valendo a indicação de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Tipos de Gentileza (Kinds of Kindness)

8/25/2024 07:49:00 PM |

Costumo dizer que já sei o que esperar dos filmes de alguns diretores, e algo normal nunca virá das mãos de Yorgos Lanthimos, pois ele acaba sempre entregando situações tão malucas dentro de suas tramas, que já posso até falar que o que vi hoje em "Tipos de Gentileza" foi o mais light de seus projetos, e olha que temos desde um homem quebrando seu pé para criar um encontro, uma mulher cortando pedaços de seu corpo para saciar as vontades do marido e uma seita de purificação que quer levantar mortos, ou seja, algo bem básico em três filmes bem trabalhados pelo mesmo elenco mudando apenas o protagonista. Ou seja, todos sendo gentis de formas tão incomuns que a entrega acaba fluindo para alguns rumos doidos, mas que fazem sentido dentro das propostas de cada uma das tramas, que quem não for muito ligado na essência de cinema do diretor irá achar apenas maluquices desconexas, mas que se analisar friamente tudo acabará achando genial a brincadeira completa.

A trama gira em torno de três personagens: um homem sem escolha que tenta assumir o controle de sua própria vida; um policial que está alarmado porque sua esposa desapareceu no mar e ao voltar, parece uma pessoa diferente; e uma mulher determinada a encontrar alguém específico, com uma habilidade específica, que esteja destinado a se tornar um líder espiritual prodigioso.

Diria que o diretor e roteirista Yorgos Lanthimos ("Pobres Criaturas", "A Favorita") quis brincar com a entrega completa de seu filme, pois num primeiro momento achei até bem estranho termos três filmes em um, sem qualquer base os conectando, mas conforme tudo vai se desenvolvendo acaba tendo uma fluidez interessante e bem clara dos estilos de ser gentil que ele quis mostrar, que por vezes não é algo normal, mas ainda assim é uma gentileza que a pessoa está fazendo para o seu próximo, mas que provendo da mente de um diretor maluco, acabou saindo coisas insanas e bem bizarras que mesmo sendo um pouco nojentas acabam divertindo e sendo bacanas de ver na tela. Ou seja, o diretor inovou novamente com algo simples, mas que acaba sendo brilhante pela ideia toda.

Quanto das atuações, cada ator faz três personagens, um em cada um dos pequenos filmes da trama toda, tendo Emma Stone bem diferente em cada papel, realmente parecendo ser três atrizes diferentes, mas todas com perspectivas intensas e marcantes ao ponto de fazer com que chamem atenção, ou seja suas Rita / Liz / Emily tem traquejos e loucuras na medida para que funcione na tela, sendo a primeira uma mera coadjuvante no ato final, a segunda uma mulher que volta mudada, mas que faz insanidades para o marido, e a terceira alguém desesperada para mostrar seu talento em encontrar uma nova deusa, e assim entrega dinâmicas imponentes e marcantes em cada ato seu. Não sei o motivo, mas um ator que não consigo gostar muito, mesmo sendo bom no que faz é Jesse Plemons, e aqui seus três personagens são tão estranhos quanto o ator, de forma que seus Robert / Daniel / Andrew entregam primeiro um homem que quer parar de ser submisso, mas que acaba fazendo loucuras quando se vê desprezado, o segundo um marido que está surtado e não acredita que é a esposa que voltou depois de desaparecida e passa a pedir coisas loucas para ela, e o terceiro acaba sendo meio que um coadjuvante que acompanha a protagonista na busca pela deusa. Agora quem sempre consegue ser chamativo até em pequenos papéis é Willem Dafoe de forma que seus Raymond / George / Omi acabam entregando muita personalidade cênica, muita vivência e claro muitas loucuras, com o primeiro sendo um empresário estranho que domina as vontades e a vida de várias pessoas, o segundo apenas o sogro do protagonista bem básico, e o terceiro sendo o líder e alpha da seita. Ainda tivemos outros bons atores fazendo papéis marcantes com Margaret Qualley entregando suas Vivian / Martha / Rebecca / Ruth, Hong Chau trabalhando suas Sarah / Sharon / Aka, e Mamoudou Athie bem encaixado com seus Will / Neil / enfermeiro do necrotério, mas sem grandes anseios apenas conectando bons atos para os protagonistas, de modo que apenas Yorgos Stefanakos acaba sendo engraçado e marcante com seu R.M.F. que da nome aos três filmes.

Visualmente cada trama se passa em um lugar diferente, tendo o primeiro filme a base na casa do personagem principal e na mansão do empresário, além de um bar e o escritório, tudo muito bem representado e com os devidos elementos cênicos chamativos; no segundo filme tivemos a casa aonde os protagonistas vivem alguns atos mais tórridos com os amigos, e uma delegacia aonde o protagonista trabalha, mas a maior parte das cenas rolam na cozinha afinal as comidas que serão importantes; e no terceiro filme tivemos algumas cenas em um motel de estrada, numa grande casa aonde acontece a seita com uma piscina imensa com a água pura que usam, e também numa clínica veterinária aonde acontece antes uma cena bem impactante além do fechamento intenso, ou seja, a equipe de arte trabalhou intensamente para compor tudo o que o diretor precisava para três filmes.

Enfim, é um filme bem diferente que quem não for tão acostumado com tramas desse estilo acabará estranhando tudo, mas ainda assim esse é o filme do diretor mais fácil de conferir e entender, valendo a recomendação, porém para os fãs de filmes excêntricos o resultado acaba sendo brilhante e genial, valendo como mais uma grandiosa obra do diretor que provavelmente acabará sendo premiada nos diversos festivais e premiações. Então fica a dica de conferida, e eu fico por aqui agora, mas como apenas um filme triplo de quase três horas não me basta, lá vou eu para mais uma sessão, então abraços e até mais tarde.


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8/24/2024 11:36:00 PM |

Costumo dizer que alguns filmes de baseados em fatos reais recaem tanto para o lado documental que a forma fictícia acaba se desenvolvendo meio que amarrada, e isso é algo interessante de ver em propostas que entregam atos envolvendo o período da ditadura militar que está completando 60 anos neste ano, ou seja, veremos muitos filmes do estilo aparecendo e trabalhando esse período que deveríamos esquecer a existência, mas que por vieses ruins que voltam a aparecer são necessários parar para refletir e mostrar como tudo aconteceu para que não volte nunca mais. Com essa perspectiva, o longa "Zé", que estreia nos cinemas na próxima quinta 29/08 traz uma boa perspectiva sobre a vida de um jovem de família burguesa que quando opta por ser líder de um movimento estudantil e conhece a mulher de sua vida, sendo perseguido pelos militares acaba se mudando para o interior do nordeste vivendo bem as margens da sociedade com o pouco que conseguia enquanto lutava pelo povo, e o longa sendo baseado em um livro conseguiu dominar bem essa ambientação sendo representativo pela época, mostrando que muitos amigos e até parentes viravam denunciadores, e aliado a tudo o resultado flui bem pela tela ao desenvolver conversas por cartas, abandono de familiares, e claro o clima de dúvida e perseguição dentro de cada um. Não diria que é um filme perfeito por ser exageradamente fechado nas nuances, mas o diretor conseguiu passar bem a mensagem dentro da formatação escolhida, e com isso conseguirá que o público se envolva com os personagens.

O longa nos conta baseado em uma história real, que José Carlos da Mata Machado, líder do Movimento Estudantil Brasileiro, participa de um grupo de resistência contra a ditadura militar no Brasil. Perseguido, deixa o conforto de uma vida burguesa para trabalhar com alfabetização e conscientização política no interior do nordeste, na clandestinidade.

Diria que o diretor e roteirista Rafael Conde não quis trabalhar o livro de Samarone Lima, "José Carlos Novais da Mata Machado, uma reportagem" como algo mais aberto para comover e envolver, tratando o tema com uma pegada mais fechada e dramatizada para representar bem os jovens que viveram de maneira clandestina, sem recursos para sobreviver e que engajados promoviam discussões políticas e também alfabetização dos mais pobres para entenderem o que acontecia no país. E dessa forma mais fechada o longa ficou meio que seco de estrutura, ao ponto que não conseguimos nos envolver e conectar tanto com os protagonistas como deveria, o que acabou ficando um longa mais de ideais apenas. Claro que essa escolha foi precisa para ser representativa da época, e dos grupos que viveram dentro do caos da época, olhando pelo lado dos que estavam realmente na luta pelos direitos, e dessa forma talvez o filme pudesse ter ido mais além. Ou seja, o trabalho do diretor não foi bom, mas também não foi ruim, apenas foi uma escolha segura que ficou restrita demais, e assim praticamente nem vemos realmente o caos acontecendo, parecendo apenas escolhas do protagonista, o que certamente sabemos que não foi. 

Quanto das atuações, a trama girou bastante em cima de Caio Horowicz com seu Zé, tendo diversas mudanças de visual durante toda a produção para representar o tempo, a vivência e toda a situação passada, de modo que o vemos desde no peso normal até ultra-magro de fome, vemos períodos com barba e outros de cabelo bem arrumadinho, tudo junto de trejeitos densos e diálogos bem pontuados em vários atos, além de alguns monólogos para representar a leitura de suas cartas para a família aonde suas pausas dramáticas acabaram bem encaixadas e emocionais na medida. Ainda tivemos atos bem expressivos por parte de Eduarda Fernandes com sua Bete, principalmente nas decisões de entregar os filhos para os sogros cuidarem, e também Samantha Jones com uma Grauninha bem trabalhada nas dinâmicas de ataque dos grupos, mas sem dúvida entre os personagens secundários quem acabou chamando atenção foi Rafael Protzner com seu Gilberto aparentemente dócil e prestativo com a família, mas trabalhando como denunciante dos militares para pegar todos os amigos da família.

No sentido visual a equipe de arte foi singela, porém na medida com cenas mostrando alguns encontros dos personagens em fuga pela cidade, o primeiro encontro no hospital, depois o romance numa piscina abandonada, o casamento na casa do irmão, a mudança para o nordeste e a vida sem muito recursos, e claro também o outro lado bem comparativo com o café da manhã na casa burguesa, e além disso ainda tivemos uma cena de tortura leve na delegacia com cigarro e a criança lá assistindo, e já no fechamento vemos outra bem mais violenta e marcante, aonde com certeza deram o tom que era esperado para o filme.

Enfim, é um longa que tinha sua proposta determinada, que quis ser mais fechado por opção, e que mesmo não lendo o livro que originou a trama dá para sentir as nuances que o escritor desejava de mostrar o jovem que opta por enfrentar o sistema independente de sua família, e aqueles que acabam recaindo quando tudo parece perdido, afinal tivemos vários tipos de pessoas nas lutas da época da ditadura, e aqui a ideia foi bem passada, mesmo sendo algo que facilmente dava para ir mais além. Sendo assim fica a dica de conferida nos cinemas a partir da próxima quinta, e eu fico por aqui claro agradecendo o pessoal da Embauba Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine de imprensa, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Pisque Duas Vezes (Blink Twice)

8/24/2024 02:16:00 AM |

Que o trailer de "Pisque Duas Vezes" não dava muitas pistas do que iria ver na tela isso era fato, mas me lembrava um pouco da pegada de dois filmes de Jordan Peele, e assim já fui conferir esperando algo mais próximo, porém tinha um grande detalhe, uma atriz estreando como diretora e roteirista, algo que costuma não dar certo em muitos gêneros do cinema, quanto mais em um terror/suspense, ou seja, tinha tudo para dar errado a mistura de filmes que já vimos com uma diretora estreante. E meus amigos, agora que conferi posso dizer com todas as letras que Zoë Kravitz pode abandonar o lado da frente da câmera, pois de jeito algum você fala que é uma trama feita por uma estreante, com um domínio cênico preciso, uma montagem completamente maluca para fazer com que o público se perca da mesma forma que as protagonistas, e uma densidade cênica tão brilhante que assim como o pôster diz, você se diverte vendo tudo o que acaba ocorrendo na tela, fora as escolhas de fechamento, que tudo poderia ir para um rumo e foi para outro mais de impacto ainda, ou seja, um acerto primoroso para marcar a carreira da nova diretora.

A sinopse nos conta que quando o bilionário de tecnologia Slater King conhece a garçonete Frida em sua gala de arrecadação de fundos, faíscas voam. Ele a convida para se juntar a ele e seus amigos nas férias dos sonhos em sua ilha particular. É o paraíso. Noites selvagens se misturam com dias ensolarados e todos estão se divertindo. Ninguém quer que esta viagem acabe, mas à medida que coisas estranhas começam a acontecer, Frida começa a questionar a sua realidade. Há algo errado com este lugar. Ela terá que descobrir a verdade se quiser sair viva desta festa.

Claro que a estreia na direção e no roteiro da atriz Zoë Kravitz foi bem segura, ao ponto que ela soube beber da fonte de vários outros bons filmes, mas criando algo original e seu com personalidade, pois de cópias e refilmagens o cinema está cheio, então ao escolher desenvolver algo novo foi bem ousada sabendo exatamente o que queria entregar, pois é um filme com todo ar de feminilidade, mas contando com uma densidade própria de abusos e esquecimento, que felizmente não precisou explicar tanto para funcionar e também não precisou de uma linearidade, pois a sacada dos personagens nem saberem mais que dia estão é algo que brilha podendo estar ocorrendo apenas há um dia ou há meses na ilha, de forma que vai brincando com os acontecimentos, jogando enigmas e frases soltas, que no meio de muita bebedeira e drogas vai permitindo aberturas e dinâmicas, mas claro que precisou em algum momento dar a bola do passado para que o público não ficasse tão jogado na tela, e isso é o que eu chamo de assinatura de diretor, pois fazer um bom filme de coisas confusas é um charme que muitos fazem, mas deixar sua opinião é algo para poucos acertarem. Ou seja, não sou de elogiar primeiros trabalhos, muito pelo contrário já ficando bem armado esperando errarem, mas aqui estou para dizer que se ela fizer mais um longa bem feito como esse, pode abandonar as atuações e ficar só atrás das câmeras que vai se dar muito melhor.

Quanto das atuações, diria que Naomie Ackie também teve muita segurança e personalidade com sua Frida, de modo que a atriz soube entregar atos tensos e marcantes, mas também dominar o famoso estilo do não revelar o que está acontecendo de cara, e isso soou com um brilhantismo tão bem encaixado que demonstrou atitude e percepção de olhares, o que fez com que o público não desgrudasse o olho dela um segundo que fosse. Channing Tatum também trabalhou bem seu Slater King, fazendo com que seu personagem soasse misterioso, mas cheio de traquejos e trejeitos, aonde você fica tentando entender qual a real dele até chegarmos nos atos finais, e aí ele teve atos mais fechados e interessantes que até soaram meio que errados com toda a esperteza do personagem, mas não incomodou. Num primeiro momento acreditei que Adria Arjona com sua Sarah seria meio que uma rival da protagonista, mas nos atos finais a atriz mostrou personalidade e intensidade para que juntas fizessem atos marcantes bem densos, além claro de trejeitos desesperados bem encaixados para mostrar estilo e força, o que foi bem bacana de ver. Ainda tivemos bons momentos com os diversos homens da produção, tendo claro o destaque para Simon Rex com seu Cody e Haley Joel Osment com seu Tom (principalmente com seus últimos atos), e Alia Shawkat até trabalhou sua Jess de forma interessante no começo de tudo, até desaparecer.

Visualmente diria que a equipe foi bem econômica com o orçamento, claro indo para uma ilha chique, mas com praticamente cinco ambientes sempre em cena: a mesa de comida com pratos bem requintados e chamativos, o quarto da protagonista meio que bagunçado parecendo um depósito assim como os demais ao lado, a sede da casa aonde fica o escritório, e a piscina e suas cadeiras ao redor aonde rola muita dança e diversão, além de cenas na floresta com os empregados da casa pegando galinhas e cobras amarelas, detalhando sempre as flores e o perfume como bons elementos cênicos importantes para o desenrolar da história, ou seja, a equipe de arte usou poucos elos, mas soube marcar cada um para que a montagem cheia de quebras chamasse atenção.

Enfim, não é daqueles filmes que você vai se surpreender e se impactar por completo com o resultado, mas a entrega completa junto de uma montagem insana cheia de nuances conseguiu fazer com que o longa ficasse bem interessante e chamativo, tendo um último ato bem intenso de revelações, e que quem gosta do estilo ficará bem feliz com tudo o que é mostrado na tela. Então fica a dica de conferida, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Harold e o Lápis Mágico (Harold And The Purple Crayon)

8/23/2024 08:41:00 PM |

Alguns filmes entregam propostas tão bobinhas que acabam de tão básicas ficando gostosas de conferir sem precisar esperar nada a mais na tela, de modo que você apenas curte e se envolve. E é bem essa a ideia que acredito que o diretor Carlos Saldanha quis fazer com seu filme, "Harold e o Lápis Mágico", aonde entrega um filme bem básico, aonde vemos o mundo da imaginação de um personagem que vive a sua própria ideia, fazendo o seu próprio mundo com um giz de cera mágico que pode dar vida ao que pensa. Ou seja, não é um filme que você vai sair imaginando a melhor coisa do mundo, nem conseguirá se transportar para o mundo do personagem, mas o resultado acaba sendo tão lúdico e gostosinho de ver, que acaba sendo agradável com a entrega na tela, e se eu pudesse apostar diria que será daqueles que veremos muitas vezes nas sessões da tarde da TV ou aos domingos após o almoço na telinha também, pois essa é a pegada da trama de não levar a sério e apenas criar o que vier na mente.

A sinopse nos conta que o aventureiro Harold consegue fazer dar vida à qualquer coisa simplesmente desenhando em seu livro. Depois que ele cresce e se desenha fora das páginas do livro e dentro do mundo real, Harold descobre que ele tem muito o que aprender sobre a vida real – e que seu confiável lápis roxo pode criar mais diversão do que ele jamais achou possível. Quando o poder da imaginação ilimitada cai nas mãos erradas, vai precisar da criatividade de todos os amigos do Harold para salvar o mundo real e o seu próprio. 

Diria que o diretor brasileiro Carlos Saldanha ("A Era do Gelo", "Rio") quis trabalhar exatamente a transição do seu mundo animado para o live-action de uma maneira que mantivesse ainda sua essência, mas já mostrasse a capacidade de dirigir atores com uma personalidade bem dosada, e que não fosse forçado demais na tela. Ou seja, a trama brinca sendo a primeira adaptação da amada série de livros de Crockett Johnson que cativou gerações por décadas, e ainda dá a pegada de animações de Saldanha em algo que futuramente pode até virar série já que são vários livros, mas como a base é toda bem infantil, acaba perdendo um pouco o público que for acompanhar tudo. Porém um detalhe é bem colocado na tela, que não é o lápis que tem o poder mágico, mas sim ter uma grandiosa imaginação.

Quanto das atuações, diria que Zachary Levi caiu perfeitamente para o papel de Harold, pois é literalmente uma criança dentro do corpo de um adulto, ao ponto que consegue se jogar bem dentro das sacadas, brinca aos montes com seu lápis, e passa a emoção de sentir o algo a mais em seu olhar, ao ponto que não se deixa perder na tela e acaba funcionando demais com toda a percepção que passa do ambiente, já que por ter trabalhado em outros longas mistos com computação, se jogou e agradou. Lil Rel Howery é sempre meio exagerado demais em seus personalidade, e aqui seu Alce é medroso, mas consegue passar as jogadas do personagem na tela, gritando um pouco demais, mas como o filme pedia isso, foi bem no que fez. Tanya Reynolds acabou meio que exagerada com sua Porco-espinho, mas por ser aventureira acabou não desapontando na correria, mesmo sendo bobinha na tela. Quanto aos personagens do mundo real mesmo, o destaque acaba ficando com o garotinho Benjamin Bottani com seu Mel, afinal se divertiu bastante e acabou entregando atos bem marcados com o protagonista, enquanto o "vilão" vivido por Jemaine Clement acabou sendo bobo e forçado demais com seu mundo épico, ao ponto que acaba sendo o estilo tradicional de vilões em filmes infantis.

Visualmente como o giz de cera do protagonista pode criar qualquer coisa, a trama brincou com muitos elementos em movimento, tendo um uso até que exagerado da computação com aviões, helicópteros e outros bichos voadores, de modo que acredito que talvez o diretor tenha imaginado seu longa para ser vendido em 3D, ou seja, temos ambientes bem abertos para tudo fluir com coisas saindo da tela, além de tudo sempre ficar com detalhes roxos da cor do giz, seja aonde fosse feito o desenho. Ou seja, a equipe de arte brincou bastante afinal bagunçar um hipermercado, uma feira e até mesmo uma delegacia com certeza foi algo não muito prático.

Enfim é daqueles longas que você tem de ver sem esperar nada na tela, aonde tudo acaba sendo tão bobinho que acaba agradando, e que claro tem muitos defeitos, mas se entrar no mundo lúdico de algo feito para crianças, o resultado acaba sendo satisfatório, e os defeitos acabam sumindo. Ou seja, agora veremos para onde o diretor vai após essa experiência, se vai voltar para os desenhos ou engrenar de vez no mundo real, pois o meio do caminho já foi percorrido. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto logo mais com outras dicas, afinal vou conferir mais um agora na sequência, então abraços e até breve.


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O Corvo (The Crow)

8/23/2024 01:21:00 AM |

Se você achou "Deadpool & Wolverine" violento, nem sei o que vai falar da cena do teatro da nova versão do filme "O Corvo", pois meus amigos, é algo que você quase quer fechar os olhos de tanta brutalidade por parte do protagonista, e isso é muito bom, pois com toda certeza quando ouvi falar que estavam fazendo uma nova versão do clássico longa de 1994 já tinha imaginado que iriam fazer algo sentimental, cheio de firulas e tudo mais, aí apareceu o primeiro pôster e o pessoal já caiu matando em cima do protagonista que estava parecendo o Coringa do Jared Leto, e tudo parecia bem perdido, mas como não ligo para o que falam dos filmes, sempre indo tirar a minha própria opinião, eis que hoje posso falar sem dúvida alguma que o longa está incrível com todas as letras possíveis, sendo daqueles que traduzem bem uma boa história de amor gótico, com dois amantes malucos, mas que quando o jovem volta para se vingar não tem quem sobre na sua frente. Claro que os fãs do original vão reclamar de qualquer detalhe, e digo que gosto bastante da versão de 94, porém ainda acho que ela só fez a fama mesmo pela morte verdadeira do protagonista, pois o filme acabou ficando como uma lenda aonde ninguém quis reclamar de nada, pois não digo que ele seja ruim, mas não é toda a imagem que fazem dele, e aqui quem for sem se preocupar em fazer comparações vai gostar bastante do que verá, pois também é um tremendo filmaço, mesmo com alguns leves exageros que vou falar mais para baixo.

A sinopse nos conta Eric Draven e Shelly Webster são almas gêmeas conectadas por um passado sombrio. Após o brutal assassinato do casal, é concedido a Eric uma chance de salvar seu verdadeiro amor. Ele, então, embarca em uma jornada implacável por vingança, atravessando os limites entre o mundo dos vivos e dos mortos para corrigir erros e fazer justiça com as próprias mãos.

Diria que o diretor Rupert Sanders, que já tinha apanhado horrores do público ao adaptar outra HQ, soube trabalhar bem a essência dos quadrinhos de James O'Barr, pois não deixou que o filme ficasse só no romance como muitos esperavam acontecer pelo estilo do diretor, e também não pesou a mão para que o filme ficasse exageradamente gótico como é a HQ, mas sabendo dosar bem as duas pontas o resultado que ele acabou entregando surpreende pela dinâmica rápida e intensa de atos, e também consegue fazer com que o público se conecte aos personagens, torcendo claro para o protagonista. Claro que ao escolher um tom bem violento no segundo ato inteiro foi uma grande sacada para pegar o público do estilo e dar a inversão completa do lado bonitinho que parecia de dois viciados vivendo no mundinho deles, mas talvez o diretor pudesse ter trabalhado também um pouco mais o arco dos vilões para que não parecessem apenas artificiais e provenientes do que é dito, pois ficou meio que jogado na tela, mas isso é algo para quem sabe alguma série trabalhar mais para frente, pois o que o diretor colocou na tela funcionou bem.

Quanto das atuações, não tinha como Bill Skarsgård ficar ruim na tela com seu Eric, pois o ator já demonstrou em diversos filmes a personalidade maníaca que gosta de entregar, e que sabe brincar com trejeitos como ninguém, de forma que aqui mesmo com suas diversas tatuagens, e com os olhos ficando pintados por um motivo claro que é explicado no filme, conseguiu empunhar uma espada como um grande mestre samurai e saiu matando sem dó nem piedade, como devia fazer, e com os grandões finais, achei que fez pouco ainda, ou seja, o ator foi muito bem em cena, e não desapontou nem nos atos que pareceu perturbado e bobo no começo da trama. Diria que em sua estreia como atriz, a cantora FKA Twigs até fez alguns trejeitos bem expressivos com seu Shelly, não sendo perfeita como alguém que já tivesse anos de atuação, mas por ser um papel não tão grande na trama, apenas sendo uma alma gêmea para o protagonista, seu jeitão ficou bem colocado com o estilo de Bill, e assim acabou entregando bons atos com a densidade que precisava, claro sem grandes feitos. Agora quem desapontou um pouco foi Danny Huston com seu Vincent Roeg, pois o experiente ator podia ter feito trejeitos mais intensos para que o personagem ficasse mais denso, pois claro ainda tem todo o traquejo de comandar a cabeça dos inocentes e seus aliados, mas talvez o diretor tenha economizado nos seus atos e ele não mostrou tudo o que sabe fazer. E dentre os demais quem deu um show na tela foi Sami Bouajila com seu Kronos, trabalhando suas cenas de modo tão imponente e cheio de personalidade que facilmente mereceria um filme só seu, ao ponto que domina a tela e se coloca pronto para cada ato com dinâmica e sem deixar que o protagonista o domine na tela, o que talvez seria um risco para o filme, mas como não falhou, o resultado agradou demais.

Visualmente o tom escuro, cheio de cenas com chuva, muito cinza nos figurinos, prédios antigos e até carros não tão em voga conseguiu fazer com que o filme caísse totalmente no estilo gótico que a trama pedia, claro que com uma pegada moderna, cheia de tatuagens nos protagonistas, mas também usando mais uma espada do que armas de fogo para dar um tom mais digamos seco nas lutas do protagonista, fora que o diretor não quis nenhuma arma real nem passando perto das gravações, afinal sabemos o que aconteceu no passado, então diria que tudo ficou bem encaixado, e as cenas num estilo de purgatório ficaram bem densas e bonitas na tela.

Enfim, é um tremendo filmaço que vale a pena ser visto na telona gigante pelas boas cenas intensas de luta, e a trilha sonora é puro rock dos bons, que infelizmente não achei ainda nenhuma playlist para compartilhar aqui, mas assim que achar volto e coloco, então fica a dica para a conferida, mas claro se tiver mais de 18 anos, afinal é um longa bem violento para aqueles pais que resolvem levar os filhos saberem que não vai ser algo bacana de se ver. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Motel Destino

8/22/2024 12:09:00 AM |

Um dos diretores nacionais que mais explode nos festivais mundo afora é Karim Aïnouz, e o motivo disso é que ele não quer nem saber se o público vai entender algo de sua trama complexa ou se o filme vai ficar tão simples que você fica se perguntando se realmente era só aquilo, ele pega, faz, coloca seu estilo malucando com cores psicodélicas fortes, e pronto, ao ponto que muitas vezes é possível viajar pela essência do personagem, tentar adentrar em sua mente e tirar mil e uma conclusões, mas isso o diretor não está nem um pouco preocupado se vai ocorrer ou não, e esse seu jeito ousado é o que faz muitos amarem e também muitos odiarem seus filmes. Confesso que tenho gostado bastante de seus últimos trabalhos e odeio com força alguns mais antigos, e aqui com "Motel Destino", a minha maior curiosidade era saber o que causou tanto burburinho na sessão de Cannes aonde o longa foi ovacionado, e a resposta digamos é que ele fez o simples muito bem feito, afinal temos um drama/suspense de um jovem que se abriga em um motel e passa a ter uma relação mais do que de apenas funcionário, tendo um caso com a esposa do dono sem que ele saiba, enquanto foge de traficantes perigosos da cidade. Ou seja, não é daqueles filmes que você vai ver códigos espalhados, tentar montar um quebra cabeça imenso, e que mesmo o jovem tendo os vários problemas para pensar, ainda dava para deixar tudo mais aflitivo, e aí sim diria que o diretor teria sido ousado, pois o básico bem feito é bacana, mas ele já é alguém que você espera o algo a mais, e aqui não aconteceu, mesmo sendo um bom filme.

A sinopse é bem simples e nos conta que sob o céu em chamas numa beira de estrada do litoral cearense, o Motel Destino é palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Uma noite, a chegada do jovem Heraldo transforma em definitivo o cotidiano do local.

Um dos pontos mais interessantes do estilo do diretor e roteirista Karim Aïnouz é que ele brinca muito fácil com suas tramas, de modo que aqui você passa o filme inteiro esperando pelo marido pegar a esposa e o rapaz juntos, fica o tempo inteiro achando que os traficantes que tem contato com todos na cidade vão aparecer ali para pegar ele, fica esperando que algum cliente do motel veja eles espiando suas transas, e assim sendo fica com as mesmas paranoias que o protagonista, afinal tudo tem câmeras, e tudo pode ocorrer, ao ponto que essa é o gracejo da trama, o da expectativa de estar fazendo algo "errado" e a qualquer momento poder ser pego, pois se o jovem quisesse já teria ido embora para outra cidade há muito tempo, e essa magia do simples por incrível que pareça não cansa, sendo algo bem trabalhado que facilmente poderia recair para o lado mais novelesco, mas não acontece. Claro que o filme passa bem longe do melhor filme do diretor que na minha humilde opinião é "A Vida Invisível", mas como também passa bem longe de outros bem ruins e aclamados seus do passado, o resultado mostra que ele tem escolhido não ser tão maluco, mesmo não ligando para o excesso.

Quanto das atuações, diria que Iago Xavier brilhou completamente solto com seu Heraldo, não ligando de forma alguma para cenas sem roupa, se jogando com traquejos de todos os estilos, e principalmente sabendo expressar a dúvida de tudo o que pode estar acontecendo, de forma que o público certamente vai se conectar com ele e ficar achando as mesmas coisas que ele está em seu pensamento, sendo assim o ponto chave para que o filme funcionasse, o que é claro a função de um bom protagonista, até mesmo para um estreante. Num primeiro momento acreditei que Nataly Rocha não iria render muito com sua Dayana, mas a atriz serviu bem como fio condutor da trama, dando as nuances certas para que cada personagem ao seu redor se desenvolvesse bem, e claro sendo segura de tudo o que fez com seus traquejos, além de não amarrar o filme em momento algum, o que costuma acontecer muito nesse estilo de trama. E claro tivemos um Fabio Assunção bem maluco com seu Elias, ao ponto que o dono do motel vive a base de bebidas e faz suas cenas tão balançadas que ao final você só consegue imaginar um fim próprio para ele, e com anos de estrada o ator soube segurar tudo para si, mesmo sendo praticamente um secundário na trama. 

Visualmente a trama praticamente toda se passa dentro do motel que dá o nome ao filme, mostrando bem os "bastidores" que a maioria das pessoas que vai ao local não conhece, vendo um grande corredor que tem suas pequenas janelinhas de comunicação entre quarto e serviço, muito material de limpeza, roupas de cama, bebidas e tudo mais que se possa pedir, quartos simples e a suíte maior aonde o dono e sua esposa vivem com piscina, mastro de poledance e tudo mais, e uma pequena edícula aos fundos aonde o jovem vai morar, fazendo os devidos trabalhos, muitas cenas de sexo, e antes de sua chegada ao local vemos algo bem rápido de sua vida com o irmão no crime, mas sem grandes detalhes.

Enfim, é um filme até mais simples do que imaginava, que talvez alguns irão filosofar e enxergar muito mais coisa em alguns poucos símbolos da trama, mas que a entrega é básica, a coloração vermelha forte deu algumas nuances interessantes, e como disse no começo, mesmo sendo um filme sem grandes explosões de densidade, ele acaba não cansando, e assim sendo diria que muitos irão acabar gostando de tudo o que é entregue, valendo a recomendação de conferida principalmente para quem curte tramas mais propícias de festivais. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, afinal essa semana o que não falta são boas estreias na telona, então abraços e até logo mais.


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O Diabo na Rua no Meio do Redemunho

8/21/2024 01:18:00 AM |

Muitas vezes falei aqui no site que um texto pode ser dirigido ao público de inúmeras maneiras e estilos, e por alguma ironia do destino no mesmo ano, com praticamente os mesmos atores, será possível conferir o texto de João Guimarães Rosa, "O Grade Sertão: Veredas", de duas formas completamente diferentes, e se na versão de Guel Arraes que vimos em junho a trama ficou mais atual e de linguajar mais comercial para o público se conectar, a versão de Bia Lessa, que estará rodando o país em sessões itinerantes trabalha o texto e as atuações de um modo bem mais cru com "O Diabo na Rua no Meio do Redemunho", sendo praticamente uma encenação teatral sem ser teatro propriamente dito, com uma pegada seca como é o sertão mesmo do autor, com atuações imponentes e tão fortes que se você não estiver pronto para entrar no clima do longa acabará mais perdido que os objetos cênicos usados na cena final. Ou seja, é uma outra forma de entender o clássico livro, aonde vemos as facetas e jargões do sertanejo em uma trama forte e densa de vivência no meio da guerra, sendo daqueles filmes que você não consegue pensar em como vai acabar, mas que por ter lido o livro e visto a outra versão saberá aonde tudo vai chegar.

A sinopse nos conta que Riobaldo, um jagunço (cangaceiro ou pistoleiro) revive sua vida turbulenta no sertão. Ele relata suas experiências como membro de dois bandos inimigos entre si, um bando liderado por Joca Ramiro e o outro, por Zé Bebelo. Posteriormente, assume a liderança do bando após a morte de Ramiro. O enredo é marcado pela presença de um personagem enigmático chamado Diadorim, que se torna o grande amor de Riobaldo e despertando neste inúmeras questões: “Aonde está o Demo? Está fora ou dentro do homem? Como um homem pode amar outro homem? Coração da gente - o escuro, escuros…” Diadorim é um mistério constante para Riobaldo e a verdadeira identidade de Diadorim é revelada apenas no clímax da história. 

A diretora e roteirista Bia Lessa quis trabalhar algo mais conflitivo da mente do protagonista desenvolvendo suas histórias e interações na tela com um ar bem introspectivo e cheio de nuances filosóficas por parte dele, de modo que a forma escolhida para entregar a trama acaba não sendo nem um pouco fácil de assimilar, ou seja, é o famoso filme aonde tudo diz ao mesmo tempo muita coisa, e também não diz nada para o público, criando possíveis vértices e dinâmicas que fazem você por vezes se perguntar se está entendendo realmente ou já se perdeu nos diálogos, e isso não é algo ruim de acontecer, apenas é uma escolha que alguns diretores optam, e que por vezes dá muito certo, e por vezes faz com que o público se afaste do resultado completo. Dessa forma, como a escolha da diretora foi de fazer uma experiência diferenciada, tanto que o longa será exibido em sessões com debates e dinâmicas para decifrar códigos e tudo mais, diria que o resultado será positivo, mas para quem for conferir a trama, sem uma base do estilo do autor, acredito que vai ficar um pouco desorientado com tudo o que ocorre na tela.

Quanto das atuações, por ter uma pegada mais teatral, Caio Blat se destacou ainda mais, já que precisou se expor mais, se jogar literalmente na personalidade de seu Riobaldo, e não tem uma cena sua que mesmo solto no palco sem estar falando você não enxerga sua presença imponente, ou seja, nessa versão mais crua ele se soltou mais quase sem precisar criar um personagem propriamente dito, e isso é o que costumo falar da força de um ator que gosta de teatro como é o caso dele, pois ao se sentir em casa se jogam por completo. É até estranho vermos o estilo que Luiza Lemmertz deu para sua Diadorim, pois ela criou uma essência até mais masculina que não deixa tantos rastros para as dúvidas do protagonista, e seus elos acabam sendo tão amplos que fluem sempre meio com traquejos não tão fáceis de ver, ou seja, ficou ambígua demais para um papel que já é complexo por natureza. Agora algo que foi engraçado de ver é Luisa Arraes que foi Diadorim na outra versão, fazendo Nhorinhá e Riobaldo jovem, aliás fiquei até meio confuso quando vi na tela uma versão feminina do protagonista quando jovem, o que abre muitas possibilidades na tela, ou seja, aqui ela não se expôs tanto quanto no outro filme, mas ainda assim fez um bom personagem. Ainda tivemos outros grandes atores marcantes, mas que mais prenderam seus atos do que deram a bola para os protagonistas, e isso embora seja um estilo para que o personagem tenha mais valor na tela, acabam segurando a fluidez do longa, de modo que Leonardo Miggiorin, Lucas Oranmian e José Maria Rodrigues tiveram atos poderosos na tela, mas poderiam ter dimensionado mais sem precisar se fechar tanto.

Visualmente como a trama é só um grandioso palco preto, você pode se perguntar se conseguiria imaginar tudo o que tentam mostrar ali, e a resposta é sim, pois os próprios atores fazem animais, árvores, água, e junto de bonecos de pano cinza vão compondo cada momento com elementos, e junto de pedaços de madeira fazendo as armas tudo acaba funcionando com um estilo diferente e ousado.

Enfim, é um filme completamente diferente da outra versão que vimos nesse ano, e muito diferente e ousado para um lançamento comercial, tanto que como disse estará sendo lançado em algumas cidades a cada semana com uma programação especial, pois é daqueles filmes que quem for conferir apenas como um longa apenas não será atingido, e certamente nem é essa a ideia da diretora, então recomendo sim que todos vá conferir se possível nas cidades que estão colocando no perfil do Instagram do longa para ter uma experiência diferenciada, e fico por aqui hoje agradecendo o Alex da assessoria de imprensa do longa que me enviou para minha análise, então abraços e até logo mais.


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Deep Web: Show da Morte (The Deep Web: Murdershow)

8/20/2024 10:18:00 AM |

Já disse algumas vezes que o gênero terror é o mais abrangente de todos os estilos, conseguindo trabalhar histórias que vão desde o básico para apenas causar algum tipo de desconforto no público até aqueles que vão entregar literalmente pedaços de gente na tela, e a base desse último estilo tem brincado bastante nos últimos anos com a dark/deep web, afinal como muitos sabem, por lá tudo é possível e coisas tensas acabam ocorrendo, e quem não souber usar direito corre o risco de não se dar muito bem, desde pegar um bom vírus que vai limpar a sua conta e o seu computador, até quem sabe levar você para um outro plano. Usando dessa base, o longa "Deep Web: Show da Morte", que estreia na próxima quinta-feira 22/08, traz um jovem podcaster que tem a irmã morta numa dessas lives obscuras e resolve sair pesquisando para encontrar os culpados, de forma que a trama até tem uma boa pegada, uns palhaços sinistros e algumas cenas bem fortes de decepações, porém dava para ser um pouco mais longo para desenvolver tanto a caçada do rapaz, quanto ter mais shows para impactar realmente, o que acabou não indo tão além, porém para aqueles que não ligam de ter apenas as cenas mais diretas, o filme acaba sendo bem interessante, mesmo com uns atores não tão expressivos como protagonistas.

O longa nos mostra que Ethan Newton é um podcaster que não apenas explora histórias de crimes reais, mas também revela as falhas no trabalho policial e os abusos que acontecem ao longo do caminho. Talvez isso não o torne muito popular, mas ele sente que tem algum tipo de missão de expor as coisas. Uma noite, depois de gravar seu último episódio, ele recebe uma ligação de Seattle, a cidade onde nasceu. Sua irmã está morta. Agora, o mundo do crime verdadeiro é mais real e pessoal do que nunca. Lá, ele descobre que um código no apartamento de sua irmã, uma pista que foi esquecida pelos policiais. Isso o leva à dark web e ao Show da Morte, um local de matança ao vivo.

O diretor, roteirista e ator Dan Zachary morreu em 31/12/2022, e só agora seu último filme chegou para estrear, mostrando como ele brincou com as facetas do terror de cortes, de investigação e de abusos, afinal as invasões tecnológicas hoje é algo tão em voga que muitos que ousam entrar nesses sites acabam vendo coisas que não gostariam de participar, mas alguns entram já desejando esse espaço mais mórbido, e a sacada de sua trama é bem interessante, por não apenas os jovens entrarem nesse mundo, mas acabarem perseguidos e participando efetivamente das mortes, ou seja, o famoso rastro que a internet comum costuma deixar, mas de uma forma mais crua e dura dentro do mundo obscuro. Ou seja, é um filme que tem uma ideia interessante e uma pegada bem forte, que tem falhas (muitas por sinal) que talvez poderiam ser eliminadas, mas a ideia do trash funciona dentro do terror, então quem gosta vai curtir o último trabalho dele na telona.

Diria que um dos maiores problemas do filme está na atuação fraca do elenco, pois o protagonista Aiden Howard da mesma forma que está chorando no enterro da irmã, já está meio que quase cantando a garota, e se perdendo como voltar a chorar, isso só nos primeiros minutos de filme, depois ainda tem alguns atos de ataques e explosões fazendo com que seu Ethan se perdesse em cena, ou seja, faltou para o jovem trabalhar melhor as emoções na frente da tela e talvez não explodir tão facilmente na tela. Kimi Alexander até trabalhou bem sua Kate, com olhares cheios de medo e aquela famosa coragem de ir andando aos poucos com uma possível arma (tesoura) em mãos, de forma que até convence com o que faz em cena, mas nos atos em que ficou presa poderia ter sido um pouco mais desesperada para causar mais. Outro que também surtou demais, mas divertiu ao menos na tela foi Brendan Fletcher com seu hacker Shadow, de modo que trabalhou trejeitos bem malucos, claro por estar meio drogado, mas que dentro do contexto da trama acabou agradando com o que fez. Ainda tivemos alguns bons atos no começo mostrando Lauren Jackson numa espécie de corrida na floresta com uma câmera pendurada no seu corpo, fazendo alguns bons trejeitos desesperados, mas depois é picada e já era, então nem deu para brincar muito no filme.

Visualmente a trama tem uma pegada suja nos ambientes aonde ocorrem as mortes, com muitos sacos plásticos, sangue espirrado para todos os lados e jaulas minúsculas para dar uma impressão de animais presos realmente, e fora dali o atelier aonde a jovem trabalha também tem um pouco dessa ideia com os manequins, que no escuro parecem bem o mesmo lugar, com roupas ensacadas e tudo mais, na casa do protagonista não tivemos grandes detalhes, e praticamente foram cenas bem jogadas sem grandes anseios, tendo claro o lance dos códigos no apartamento da irmã, e também tivemos a casa do hacker com muitas telas e claro estilos chamativos para compor a cena em si. E quanto dos palhaços, diria que todos são bem assustadores e com trejeitos bem de maníacos realmente, com roupas sujas e detalhes que podem até fazer alguns rirem, mas dão mais medo do que alegria.

Enfim, é um filme que como disse falhou muito nas atuações, não teve um desenvolvimento maior na tela, e acabou suprimindo muitos atos que mereciam um melhor aproveitamento, de tal forma que funciona dentro da proposta de ser um terror de baixíssimo orçamento, que quem curte o estilo trash vai se divertir com alguns atos, mas dava para ter ido mais além para ficar algo imponente e mais chamativo. Ou seja, indico ele mais para esse público que curte tramas de terror rápidas de matança e que quem sabe nas mãos de um outro diretor continuem e aprimorem a ideia, mas se esse não for o seu estilo, não será esse filme que irá fazer você entrar pra esse mundo. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo o pessoal da A2 Filmes pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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