Não Fale o Mal (Speak No Evil)

9/16/2024 12:41:00 AM |

Antes de mais nada não irei comparar o longa "Não Fale o Mal" americano que foi lançado nessa semana com o dinamarquês lançado dois anos atrás, pelo simples fato de não ter conferido o anterior, então quando surgir a oportunidade, lá eu acabo falando. Dito isso, o longa que conferi hoje tem toda uma tensão marcante daqueles tradicionais filmes que acabamos conversando com os personagens, xingando a família na tela de muito burra, pois são situações tão bestas que acaba faltando atitude para não serem mortos, pois a velha frase "não confie em estranhos" funciona muito bem nesse caso, afinal você apenas conheceu os "amigos" numa viagem, vê algumas atitudes estranhas deles e deixa sua filha andar de moto com o cara, depois vai para uma casa no fim do mundo sem nem conversar direito, deixa novamente a filha com uma babá bem fora dos padrões, e quando descobre as coisas e consegue fugir, voltar pra lá por um motivo tão banal e idiota, ou seja, mereciam ter morrido, pois é inconsequência em cima de inconsequência. Claro que isso é o básico de todo filme de terror, que se a pessoa não faz o primeiro ato, pronto acaba e sobem os créditos, mas ser ingênuo é uma coisa, errar mais do que duas vezes tem de apanhar ou morrer no filme pelo menos. Mas tirando esse mero detalhe, o filme é tenso, tem uma boa presença dos personagens principais, e mesmo com muitos erros acaba agradando com a entrega na tela, mas para isso você tem de relevar muita coisa, e aí é que corre o risco de reclamar de tudo.

A trama acompanha uma família dos Estados Unidos que, após se aproximar de uma família britânica durante suas férias na Europa, aceita um convite para passar um final de semana em sua casa de campo. Inicialmente, o cenário parece perfeito, oferecendo uma pausa tranquila. No entanto, o que deveria ser um fim de semana relaxante logo se transforma em um pesadelo sombrio. Os anfitriões, Paddy e Ciara, começam a agir de forma estranha, revelando uma violência perturbadora e traços de maldade sobrenatural. Ben e Louise Dalton, os visitantes, se veem presos em um jogo sinistro do qual desconhecem as regras, sem saber como escapar da situação cada vez mais aterrorizante.

Muitos ficam bravos quando saem refilmagens tão perto dos originais, mas como bem sabemos os americanos odeiam com muita força filmes legendados, então se uma trama de outro país impacta bem por lá, os produtores já saem correndo para comprar os direitos por milhões e refazem ao seu modo, e pasmem passou dois anos do original simplesmente por ter ocorrido a greve dos roteiristas e dos atores, pois o longa estava a 5 dias de acabar as filmagens, ou seja, era pra ter ocorrido bem antes o lançamento, e o diretor e roteirista James Watkins trabalhou seu filme de uma forma bem diferente de seus outros trabalhos, pois costuma trabalhar atos mais rápidos e diretos sem criar grandes traquejos de suspense e tensão, e aqui ele aproveitou bem cenas mais próximas dos personagens, brincou com facetas explosivas de temperamento do protagonista, e conseguiu que o filme ficasse marcante na tela, pois a ideia em si é bem boa, e mesmo tendo todos os problemas de "burrice" no roteiro que citei no começo, o resultado do trabalho do diretor conseguiu ser bem interessante e envolvente.

Quanto das atuações, o filme se segura mesmo pelos ótimos trejeitos que James McAvoy deu para seu Paddy, que vão se desenvolvendo bem aos poucos, não sendo algo de impacto num primeiro momento, mas sim um estilo que ele já fez outras vezes, criando algo meio psicótico, meio criminoso, que ainda assim convence as pessoas ao seu lado, e o ator sabe brincar bem com isso, de modo que consegue enrolar bem o outro protagonista em uma amizade quase inexistente de anos, o que acaba chamando muita atenção. Aisling Franciosi ficou meio que em segundo plano com sua Ciara durante quase todo o filme, tendo claro alguns atos bem encaixados e olhares também meio que diretos na tela, mas demorou para explodir nos atos finais. Mackenzie Davis também não fez por menos com sua Louise, de modo que foi imponente nos atos que precisou chamar atenção e também conseguiu trabalhar bem seus trejeitos de medo, mas não ficando atrás e se jogando com o que tinha para a briga. Já Scoot McNairy ficou meio que bobão demais com seu Ben, meio fracote e sem postura, de modo que o personagem não convence como marido nem como defensor das mulheres da casa, e isso dava para ter melhorado com uma presença de atuação melhor. Os jovens Alix West Lefler e Dan Hough entregaram boas cenas intensas com seus Agnes e Ant, preenchendo boas lacunas do roteiro e chamando atenção na tela, e claro irritando também o público, mas isso é função necessária, então fizeram bem o que precisavam fazer.

Visualmente a trama foi bem rica, começando por uma viagem bem requintada em um hotel, tendo vários atos com refeições, passeios pelas ruas da cidade, lambretas e tudo mais de luxo, depois temos uma rápida cena em uma Londres chuvosa, com um clima não muito agradável entre os protagonistas, mas em uma casa também bem luxuosa, para irmos na sequência para uma área rural bem isolada, com uma casa rústica, porém imponente, cheio de detalhes de objetos de cerâmica feita por Ciara, um celeiro estranho aonde vemos a cena principal com objetos das outras pessoas, um quarto simples com detalhes de manchas, e tudo muito apertado porém chamativo, alguns atos na área externa da casa, incluindo telhados, e um jantar rústico em uma outra casa bem longe, tudo regado a muita bebida, para na volta termos no dia seguinte toda a cena recheada de sangue e matanças aonde a equipe de maquiagem trabalhou bastante. 

Enfim, é um longa interessante de ver, cheio de boas nuances, que por não ter visto o original acredito que gostei até demais do que vi, claro tirando os fatos das "burrices", mas quem não ligar para isso irá curtir bastante, ficará bem tenso com tudo, e claro irá brigar com os personagens, então fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, afinal essa semana está bem recheada de estreias e cabines, então abraços e até logo mais.


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Quando Eu Me Encontrar

9/15/2024 05:28:00 PM |

Alguns filmes entregam boas sínteses na tela, porém não conseguem ir muito além para entregar e comover o público, de modo que você até tenta entrar na introspecção dos personagens, mas quando vê o resultado final acaba não impactando. E a ideia do longa "Quando Eu Me Encontrar" até é bonita de vermos as mudanças e sentimentos que ocorrem nas pessoas (namorado, mãe, irmã, amiga) ao redor de uma garota que vai embora de casa, mas ficou faltando a essência em si acontecer na tela sendo por forma conflitiva ou reflexiva, de forma que vemos o modo que cada um age, mas que não permitem pensarmos ou sofrermos junto com eles. Ou seja, é daqueles filmes que você vai conhecer alguém assim, talvez irá se conectar com o que vê na tela, mas que vai ficar esperando algo acontecer para preencher as lacunas, e as diretoras nesse sentido preferiram deixar aberto, que é algo que eu particularmente não gosto, pois sempre digo que o diretor precisa imprimir na tela a sua opinião, mas como tem quem goste, já fica como dica para ver a trama com outros olhos a partir da próxima quinta, 19/09, nos cinemas.

A sinopse nos conta que a partida de Dayane se desenrola na vida daqueles que ela deixou para trás. Sua mãe, Marluce, faz de tudo para não demonstrar o choque que a partida da filha lhe causou. A irmã mais nova de Dayane, Mariana, enfrenta alguns problemas na nova escola onde está estudando. Antônio, noivo de Dayane, se vê num vazio diante da partida dela e busca obsessivamente por respostas.

Diria que as diretoras e roteiristas estreantes em longas-metragens, Michelline Helena e Amanda Pontes, até propuseram boas reflexões na tela com seu filme, porém faltou desenvolver elas de uma forma melhor para que tivesse um clímax no miolo ou até mesmo no final, pois temos um início pesado pela notícia da garota que foi embora deixando apenas uma carta, temos os desenrolares de como cada um demonstrou esse evento, e temos um fechamento aonde a vida deles parece seguir após entenderem que a garota não vai voltar tão já, mas tudo numa linearidade sem grandes efeitos na tela e/ou no público, e isso acaba pesando, pois a pessoa acaba apenas assistindo ao filme, talvez refletindo uns 10 minutos sobre o que acabou de ver, e pronto, não lembrará nem mais dos artistas ou personagens que passaram na tela, e por isso acabou faltando opinião própria das diretoras para que o impacto fosse realmente sentido, e não apenas sentar e comer ou beber após tudo que está ok.

Quanto das atuações, já diria que conheço o estilo Luciana Souza, pois a atriz tem feito bons filmes e bons papeis no cinema nacional, e sempre chama a responsabilidade cênica toda para si, de modo que aqui sua Marluce se fecha para não demonstrar uma preocupação maior com a ida da filha embora, mas também não vive igual antes, estando meio que insegura e precisando de ajuda até de quem não queria ver mais, e assim seu ar introspectivo até cria uma boa presença na tela, mas dava para ter ido mais além, e sabemos do potencial dela para não ficar apenas no ok como acabou ficando. A jovem Pipa que entregou personalidade para enfrentar o abusador da amiga, fez de sua Mariana alguém que está enfrentando mudanças demais, mas que seguiu sua vida de forma normal, quase como se a irmã não importasse já tanto com o que está acontecendo com ela, se expressando bem, mas segurando um pouco demais nos traquejos e desenvolturas. Já Davi Santos foi quem mais se jogou com o problema, afinal seu Antônio era apaixonado pela noiva, já tinha planos para o casório, colchão novinho guardado e tudo mais, e entra em conflito existencial, indo para o bar aonde a amiga da noiva cantava, fazendo ares desesperados e pensativos, mostrando muita personalidade cênica e agradando bastante. E ainda tivemos a amiga, que Di Ferreira entregou cantando e se soltando no bar que trabalha, não mudando em nada sua vida, afinal precisa trabalhar e ganhar o seu sustento.

Visualmente a trama mostra uma casa simples, a branquinha de comida da protagonista, um pouco da escola da garota e o bar aonde a amiga canta, além da casa da avó, mas tudo muito rapidamente e quase sem nenhum elemento cênico que fizesse parte para chamar atenção, sem ser a carta que nem acaba sendo mostrada efetivamente, ou seja, a equipe de arte entregou algo tradicional de filmes sem orçamento.

Enfim, é o famoso filme introspectivo que alguns amam ver e outros odeiam fervorosamente, que talvez poderia ter ido muito mais além, e que assim digo que recomendo com essas ressalvas. E é isso pessoal, fico por aqui agora agradecendo os amigos da Sinny Assessoria e da Embaúba Filmes pela cabine de imprensa, e volto mais tarde com outras dicas, então abraços e até breve.


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Saudade Fez Morada Aqui Dentro

9/15/2024 02:20:00 AM |

O mais bacana do longa "Saudade Fez Morada Aqui Dentro" é que não é um filme que dá para enxergar apenas uma perspectiva, mas sim abrir os olhos diante de uma cegueira maior que é a da cabeça, dos preconceitos, de ficar atrasado no tempo, de modo que a trama acaba brincando desde a ideia real de uma cegueira visual, mas também coloca em pauta ritmos, homossexualidade, preconceitos com deficiência e muito mais sob a ótica de jovens alunos do sertão brasileiro, ou seja, um filme que viaja um pouco em cima de símbolos com um ar leve, mas que também pode ecoar nas mentes de quem for conferir ele e compreender toda a ideia e a síntese da cegueira do garoto.

A trama apresenta o jovem Bruno de 15 anos, que mora em um bairro humilde e deve superar as adversidades de uma doença degenerativa que, um dia, o fará ficar cego. Com todas as incertezas da adolescência, amplificadas pela cegueira iminente, o filme converte o destino trágico do seu protagonista em um relato de aprendizagem coletiva. Agora, Bruno tem que aprender com as diferenças a enxergar a vida com outros olhos. 

O diretor e roteirista Haroldo Borges foi bem coeso no desenvolvimento de seu filme, de modo que a trama é simples e direta no que desejava mostrar, e brinca bem com a ideia da cegueira em suas várias nuances, mas mais do que isso ele soube escolher bem os jovens atores na seleção para que tivessem carisma, personalidade e conseguissem segurar o filme dentro de sua proposta, porém ao deixar os jovens estreantes bem soltos, o filme acabou se enrolando demais no começo, de forma que parece não fluir tanto quanto acontece nos momentos finais. Ou seja, se fossem atores profissionais talvez a trama teria uma pegada estranha, mas ao escolher garotos novos para protagonizarem o diretor precisaria ser mais enfático para que o ritmo tivesse uma cadência melhor, pois não estou reclamando que o resultado final tenha ficado ruim, muito pelo contrário, é incrível o nível crítico da trama, mas ele segurou demais o filme no começo para depois precisar acelerar no final, e isso é um peso muito grande para jovens atores.

E falando dos jovens, Bruno Jeferson se desejar seguir no ramo da atuação já mostrou muita personalidade, assumiu o protagonismo do longa e teve uma sensibilidade no olhar que demonstra trejeitos profissionais, ou seja, tem futuro na área, e olha que em filmes de pessoas cegas o que mais fazemos é ficar olhando para o movimento do olhar, e ele soube ser preciso no que tinha para fazer. O jovem Ronnaldy Gomes deu muita segurança como um irmão parceiro para todas as horas, apoiando quando precisou, e seguindo para todos os rumos e brincadeiras, e o ato do jogo de futebol após o irmão ficar cego é belíssimo de ver. As jovens Angela Maria e Terena França deram boas dinâmicas na tela, mas embora a trama desenvolva a síntese delas, acabaram não florescendo o tanto que precisavam para pontuar mais na tela, de modo que a amizade de Angela com o protagonista ficou mais bem encaixada e poderia ter tido até mais cenas nesse sentido. Ainda tivemos bons momentos com a mãe vivida por Wilma Macêdo e com o professor de braile que Vinicius Bustani fez bem na tela, mas sem grandes atos.

Visualmente o ambiente simples do sertão com alguns atos na escola, muitas festas em casas e bares, e também muitas brincadeiras entre os jovens deu um ar para a trama sem grandes chamarizes, de modo que a beleza das rochas no poço figuraram muito bem para mostrar que o jovem conhecia ali até de olhos fechados, e com isso a representatividade do ambiente acabou agradando mais do que o normal em uma cena tensa, mas muito bem feita, além disso a beleza cênica da mãe fazendo os lápis de cores de acordo com materiais e sentimentos foi brilhante.

Enfim, é um filme que representa bem a ideia, passa a mensagem e agrada pelo contexto completo, porém a sensação de ritmo lento demais no começo e corrido demais no fim não permite que a trama desenvolva algo a mais no público, então quem for conferir sem saber o que o diretor queria realmente mostrar talvez saia da sessão meio perdido, mas pra quem pegar a essência o resultado vai acabar sendo bem inteligente, então fica a dica para conferida nos cinemas a partir do dia 19 de setembro, lembrando que o longa está entre os 12 selecionados pelo Brasil para ser o indicado do país no Oscar, então é claro que vale a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo a M2 Comunicação e a Cajuina Audiovisual pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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Robô Selvagem em Imax (The Wild Robot)

9/14/2024 09:37:00 PM |

Costumo dizer que quando vou conferir animações com uma sala com bastante crianças ou o filme dá muito certo e elas grudam os olhares na tela, ou vira o caos de querer sair, de bater papo e tudo mais, mas hoje o filme brilhou tanto para os adultos quanto para os pequeninos, tanto que alguns arriscaram algumas palmas para "Robô Selvagem" que com uma sutileza envolvente demais conseguiu abraçar o público com uma história de maternidade para um ser robótico teoricamente sem sentimentos que vai aprender na natureza e na prática com um pequenino gansinho e com uma raposa como criar e mudar sua programação original. Ou seja, é daqueles filmes que te pegam na emoção, que te dão um belo de um tapa nos conceitos que você julga normal, e que depois te acolhe com toda a ideia criativa do diferente que salva a vida de outro diferente, valendo tanto pela ideologia entregue na tela, quanto pelo ótimo desenho sem muitas regras, não sendo daqueles bonitinhos e cheios de texturas, mas algo cru e belo de ver ao mesmo tempo, como uma obra-prima deve ser.

O longa nos conta que a robô conhecido como "Roz" – a unidade ROZZUM 7134 – naufraga em uma ilha desabitada, precisa aprender a se adaptar a esse novo ambiente e, pouco a pouco, construindo relações com animais nativos e isso inclui até a adoção de um filhotinho de um ganso. 

O diretor e roteirista Chris Sanders já mostrou do que é capaz no passado fazendo tramas bonitas e com pegadas emocionais, usando claro alguns artifícios cômicos para quebrar a tensão, mas ainda assim desenvolvendo as personalidades, mas aqui usando como base o livro de Peter Brown ele entrou para outro patamar, tanto que chega a ser uma obra que você não fala que é da Dreamworks, afinal a companhia vem trabalhando ultimamente filmes mais cômicos e menos densos, mas agora parece que querem voltar a sua origem com esse trabalho, aliás ainda tenho no meu coração o ranço do filme do diretor "Como Treinar o Seu Dragão" não ter ganhado o Oscar em 2011, mas quem sabe no ano que vem com essa obra de arte que ele fez aqui, pois é um trabalho único, daqueles que tem personalidade, que tem desenvoltura, e que mais do que técnica usou do roteiro mesmo para que o filme cativasse, ou seja, tudo acaba se encaixando, e quem for mais emotivo vai acabar desabando com toda a mensagem que o longa passa principalmente sobre a maternidade e sobre o aprender a mudar sua programação original para algo que se expanda num todo. Agora sem dúvida algo genial que fizeram foi a robô hibernar um certo tempo para aprender a língua dos animais, e assim termos animais falantes na tela, não sendo algo apenas jogado, mas sim vermos ela formando os códigos e criando sua própria linguagem de programação nova.

Quanto dos personagens, não tem como não se envolver com toda a prestativa robô Roz, sempre disposta a ter uma missão e completá-la com uma pegada funcional, toda cheia de regras, mas pensando demais no próximo, e sua voz ficou na medida certa para não ser dura nem leve demais, de modo que o acerto de Elina de Souza soube dar um belo tom que no original coube a Lupita Nyong'o fazer, e cada ato bem trabalhado na essência maternal completa vai passando e agradando com sutilezas e levezas amplas e perfeitas que fará muitas mães lavarem a sala do cinema. Sem dúvida o estilo gostoso do pequeno ganso Bico-Vivo também foi muito bem desenvolvido pela equipe de criação, pois poderia ser uma criança irritante, de personalidade difícil caso quisessem passar ele pela adolescência/juventude do pequenino, mas cada elo seu passa pelas fases mais bonitas e colocadas, que na voz final de Gabriel Leone e no começo com Vicente Alvite deram charme e cadência para os atos. Outro que foi muito bem sacado na tela é o raposo Astuto que Rodrigo Lombardi deu uma voz cheia de intensidade, mas muito além dos diálogos foram de atitudes e desenvolvimentos que vão mudando o personagem de tradicional predador para um amigo ou alguém que o público se envolva, e isso foi perfeito de ver na tela. Ainda tivemos muitos outros bons personagens, bons diálogos e tudo mais, com destaque claro para os conselhos da gambá Cauda Rosa como uma mãe experiente dá para a robô, e do ganso Pescoçudo que dá boas lições para o jovem aprender a liderar.

Visualmente o colorido das imagens, o amplo ambiente da natureza e todos os diversos animais colocados em cena mostraram que a equipe de arte não dormiu até ter tudo perfeitamente alinhado na tela, de modo que você acaba imergindo dentro da floresta e da vida selvagem junto com a robô, vai pegando elos e desenvolturas com cada estilo de vida e de vivência dos personagens bem desenhados, e mais do que apenas texturas que hoje muitos acabam se envolvendo, o estilo escolhido acaba personificando a ambientação de cada centímetro de tela, pois aonde quer que você olhe verá um detalhe seja da protagonista ou de cada um ao seu redor, e isso ficou perfeito na tela gigante Imax.

Enfim, é um tremendo filmaço, delicioso de conferir, bonito visualmente e de mensagens, tendo uma canção gostosa demais que fizeram a versão nacional de "Kiss The Sky" de Maren Morris (se alguém souber quem canta que o Shazam não pegou, vai me ajudar), e que sem dúvida alguma agradou tanto os pequenos quanto os adultos, ou seja, perfeito e não tem como dar outra nota e a indicação para todos conferirem. Detalhe, o longa só estreia dia 02 de Outubro tendo pré-estreias pagas nessa semana, então corram para conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda tenho mais um longa para conferir, então abraços e até breve.


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O Menino e o Mestre (Kensuke's Kingdom)

9/14/2024 05:01:00 PM |

Quando vi o trailer do longa "O Menino e o Mestre" imaginei que fosse um filme oriental, pela pegada do desenho e também pelos traços bem desenhados no modo mais tradicional das animações, mas para minha surpresa é uma colaboração entre Reino Unido, Luxemburgo e França, ou seja, algo com uma pegada europeia tradicional que acabou dando muito certo. O mais bacana da trama que além de muito bem desenhada em 2D juntando com alguns elos computacionais, o filme permite em alguns momentos mais do que uma percepção da história, sendo simbólica sem precisar forçar o espectador, e emocional sem transformar os personagens em algo bobo na tela, e assim comove e passa sua mensagem de preservação. Claro que é uma animação que vale ser indicada para toda família, mas como a densidade dramática é mais pesada no emocional de adultos, diria que algumas crianças não vão pegar tanto as referências que os diretores quiseram passar, e assim talvez precise um pouco mais de experiência para sentir tudo o que o longa entrega.

O longa vai conta a história emocionante de Michael, um garoto de 11 anos, que embarca com seus pais em uma viagem de barco ao redor do mundo. Após uma tempestade devastadora, Michael e sua cachorra, Stella, são lançados ao mar e acabam em uma ilha deserta no Pacífico. Lutando pela sobrevivência, eles encontram ajuda inesperada na figura de Kensuké, um ex-soldado japonês que vive isolado na ilha com seus amigos orangotangos, desde a Segunda Guerra Mundial. Enquanto Michael e Kensuké desenvolvem uma amizade profunda, superando barreiras de linguagem e idade, a paz da ilha é ameaçada por traficantes de macacos que desejam explorar o paraíso. Juntos, eles enfrentarão os invasores e lutarão para proteger o reino idílico que Kensuké construiu com tanto carinho. Em meio a desafios e perigos, Michael aprende o verdadeiro valor da coragem e da colaboração.

Conhecidos por trabalharem em diversas animações na equipe de desenhos, os diretores Neil Boyle e Kirk Hendry arriscaram muito em sua estreia no comando da câmera,  ao adaptarem com uma sensibilidade incrível o livro de Michael Mopurgo (aliás pelo garotinho se chamar Michael será que o livro foi uma experiência própria?), pois o estilo da história pode ser interpretada de mais que uma forma pelo que ocorre com o garoto, levando o público a pensar talvez por uma possibilidade imaginativa bem além do que é mostrado na tela, e isso para dar errado em uma estreia é fácil demais, de modo que pode ocorrer de não entenderem sua visão e mais reclamarem do que gostarem do trabalho deles, porém aqui as duas sínteses que consegui pensar funcionam, então o acerto acabou sendo maior do que o risco, e assim mostra que ainda veremos outros bons projetos deles.

Quanto dos personagens, diria que os diretores trabalharam um garotinho de 11 anos até que responsável demais, pois mesmo fazendo algumas artes no barco ao ponto de cair na água, e levar a sua cachorra que não deveria estar lá, quando Michael está na ilha ele acaba seguindo bem as tradições do velho, não sai atrapalhando e causando, e mesmo nas brincadeiras assume sua responsabilidade para com tudo, até cuidando do senhorzinho quando necessário, ou seja, bem empossado o personagem e talvez sirva de modelo para as crianças que forem conferir. O estilo oriental não poderia ter sido melhor para um senhor que já está numa ilha aperfeiçoando ela desde a Segunda Guerra Mundial, de modo que Kensuké passa uma serenidade nos olhares, domina o ambiente com seus desenhos e interações, de tal forma que acaba sendo mais do que apenas um mestre para o garotinho, mas sim um símbolo a ser seguido e representado. A família do garoto (pai, mãe e irmã) foram entregues meio que sem responsabilidades na tela, e até meio que secos demais, mas foi um sentimento mais meu do que o passado na tela, enquanto a cachorra Stella mostrou atos bem bonitos de companheirismo para com o garotinho.

Visualmente como já disse no começo, os traços tradicionais em 2D deram uma sensibilidade artística tão bonita para o filme, que juntamente de uma ilha tão recheada de detalhes como a casa que o senhorzinho construiu com bambus e escadas, chuveiro e água corrente, toda a oferenda para os ancestrais orangotangos, e até mesmo os atos no barco forma bem planejados para ter muito movimento e representação gráfica, que funciona e agradeça demais, além claro dos momentos mais tensos das ondas e dos traficantes de animais caçando e machucando com muito impacto cênico na tela.

Enfim, é daquelas tramas que envolvem bastante, que tem simbologias e sensações bem colocadas, que para a perfeição faltou apenas uma trilha sonora mais emotiva, que aí seria algo mágico de ver na tela, mas isso não é algo que atrapalhe a experiência, então vale a recomendação do longa para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje estou em ritmo de Festival, então volto mais tarde com outros dois textos, fiquem com meus abraços por enquanto, e até logo mais.



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Meu Amigo Pinguim (My Penguin Friend)

9/12/2024 11:59:00 PM |

Costumo dizer que o maior problema de conferirmos um filme de uma biografia ou baseado em alguma história real que aconteceu, é conhecer essa história detalhada, pois você acaba revendo as coisas na tela e isso acaba frustrando um pouco com as expectativas, então como já falei algumas vezes aqui no site o diretor e o roteirista precisam criar artifícios que não existiram para dar aquela incrementada e chamar o público para seu filme funcionar. Dito isso, lembro bem tanto da matéria do Fantástico quanto do Domingão Aventura em 2016 quando foi mostrado o pinguim que voltava todo ano para a casa do pescador e depois de um tempo voltava para a Patagônia, e a trama do longa "Meu Filme Pinguim" é baseada nessa história bonita, e felizmente o diretor colocou mais coisas para que a história tivesse um emocional maior, trabalhou um pouco da "vida" do pinguim na Patagônia, algumas excentricidades do bichinho de ser acumulador de tralhas, e com isso deu um pouco mais de vida para que seu longa funcionasse, porém demorou um pouco demais para isso acontecer, de modo que ficou um pouco arrastado o começo e o meio da trama, mas nada que atrapalhasse o resultado final. Agora algo que ficou muito estranho de ver na tela, foi o fato do longa ser uma história brasileira, ser filmado em Ubatuba-SP e Paraty-RJ, ter um diretor brasileiro, mas colocarem um ator franco-marroquino e uma atriz mexicana como o casal de velhinhos e não bastante todos na cidade falam inglês fluentemente ou com um certo sotaque, ou seja, poderiam ter trabalhado melhor isso e apenas dublar lá fora para vender a trama internacionalmente.

O longa-metragem é um conto de amizade entre um pai solitário e um pequeno pinguim perdido, que recarrega seu espírito e cura sua família com uma lealdade inabalável que atravessa o oceano. Na trama, o humilde pescador João se afastou do mundo após uma tragédia, mas quando ele descobre um pinguim à deriva sozinho no oceano, encharcado de óleo de um vazamento, seu primeiro instinto é ajudar. Para desespero de sua esposa, ele não apenas resgata a criatura marinha, mas cuida do pássaro e o apelida de DinDim.

Se o filme anterior do diretor David Schurmann sobre sua família ("Pequeno Segredo") ele conseguiu desenhar algo tão bem colocado e sutil na tela, aqui usando também uma história real, ele se deixou levar demais pelos produtores internacionais, afinal é uma produção mista Brasil/EUA, pois dava para fazer um filme com uma pegada própria nacional mesmo e ainda colocar a qualidade internacional, mas não ocorreu, e dessa forma o filme pareceu levemente engessado no miolo, tendo um começo até que impactante pela tragédia e um clímax forte com o que acontece com pinguim, mas ficou faltando fazer o público lavar a sala do cinema, e isso pesou até que bastante. Claro que o diretor empregou técnica aos montes, mostrando planos subjetivos do animal (meio estranho de falar isso, mas acontece alguns momentos aonde temos o olhar do pinguim), muitas filmagens na terra e no mar, e claro todo o trabalho imenso de gravar com os atores animais (foram 12 usados para representar Dindim), e também a postura de ser rodado o longa no Brasil, mas ainda assim senti a falta do carisma dos nossos atores, que talvez dariam uma ginga a mais para a trama.

Como já repeti algumas vezes, com toda certeza preferiria ver atores brasileiros fazendo os papeis principais, mas já que não posso escolher isso, Jean Reno sempre cai bem nos papeis que faz, e aqui seu João tem o tradicional estilo de um senhorzinho, tem uma boa química com os personagens animais e conseguiu dar os devidos trejeitos mais fechados que o papel pedia de alguém mais retraído pelo passado, ou seja, fez bem o que precisava fazer. Adriana Barraza também fez bem a sua Maria, tanto que por não lembrar dela em outros filmes que já vi, cheguei a achar que era alguma atriz brasileira apenas falando inglês, mas passou bem o ar da tradicional senhorinha de praia, cozinhando muito e vivendo sua vida. Quanto aos demais, tivemos bons 12 pinguins no papel de Dindim que o diretor falou que cada um tinha uma personalidade diferente, então foi usado para cada tipo de cena um, tivemos alguns bons atos com os pesquisadores na Patagônia, com Alexia Moyano tendo maior destaque com trejeitos e emoções bem colocadas na tela, e o começo com Pedro Urizzi e o garotinho Juan José Garnica foram bem fortes de emoção, que acabou tendo um bom gracejo na tela. E apenas uma colocação o quanto o ator Ravel Cabral é parecido com o diretor, tanto que achei que era o próprio diretor que interpretou Paulo, o repórter que vai conversar com João.

Visualmente o maior acerto da produção foi ter trazido todos os atores para filmar onde realmente tudo aconteceu, em Ubatuba, Ilha Grande e Paraty, pois conseguiram retratar bem a vila de pescadores, toda a essência dos barcos sendo preparados para as saídas (além da busca final com um nevoeiro bem interessante), com a casinha simples e bem característica do protagonista para dar as devidas nuances, e claro as cenas na Patagônia mostrando algo quase que documental da migração dos pinguins, de seus ninhos, uma cabana isolada de pesquisa e tudo mais, além de algumas cenas de mergulho para dar a visão do pinguim, o que acabou mostrando que a equipe de arte trabalhou bem com o orçamento.

Enfim, não é um filme ruim, mas faltou emocionar mais como poderia e assim o resultado ficou apenas uma boa representação de uma história nossa, que me desculpe o diretor, mas foi feita por americanos, e assim o resultado acaba sendo gracioso para talvez as crianças curtirem as cenas com o pinguim. E é isso pessoal, até recomendo o filme para principalmente quem não viu a reportagem e vai se envolver com a história, mas não espere muito dele. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Boxer (Bokser)

9/12/2024 12:16:00 AM |

Costumo dizer que o cinema polonês gosta de brincar com umas facetas diferentes, passando por vezes alguns tipos de filmes que já vimos em outros países, mas que colocado sob um olhar mais fechado costuma permear algumas ideias que ainda não tinham sido bem exploradas, e com o lançamento mundial da Netflix de hoje (sim, o filme está estreando tanto na Polônia quanto aqui no Brasil hoje), "Boxer", vemos praticamente um filme que já vimos muitas outras vezes de mulheres fortes que acabam vivendo a vida do marido para que busquem um sonho maior dele, no caso aqui ser campeão mundial de boxe, porém a sacada por trás da trama não foi apenas mostrar isso, o que já é bem trabalhado na tela, mas sim mostrar um pouco da vida de um entre milhões de pessoas que fugiram da Polônia comunista dos anos 1980, entre eles muitos atletas que vimos brilhar por outras nações em campeonatos mundiais, olimpíadas e muitos outros, e essa intensidade acaba sendo bem colocada nos atos finais quando tudo foi mais representativo nesse sentido. Ou seja, o longa não é a história real de uma pessoa, mas a síntese da vida de vários que viram que ali não tinham futuro, comida, nem brilho, e fugiram para Europa e conseguiram ir além, ou então também caíram para os problemas mundanos, como também é bem representado no filme, e assim sendo vale a experiência de um filme bem produzido que talvez seja longo demais, mas que funciona sem cansar ao menos.

A sinopse nos conta que com medo de repetir os erros do pai, um jovem boxeador promissor, foge da Polônia comunista para perseguir seu sonho de se tornar o maior lutador da história. Com apenas sua esposa ao seu lado, o homem rapidamente percebe que a luta por seu sonho será mais complicada do que ele pensava. Depois de meses lutando com as dificuldades de ser um imigrante, o boxeador polonês concorda em participar de uma luta combinada que mudará sua vida para sempre.

Diria que mesmo entregando uma trama de 150 minutos, o diretor e roteirista Mitja Okorn foi bem sucinto com tudo o que desejava entregar na tela, pois ele praticamente contou os devidos atos importantes da vida dos dois protagonistas determinando cada pedaço com dinâmicas imponentes sem precisar capitular nada, nem também deixar jogado para que o público imaginasse, sendo coerente com cada momento, com cada pessoa que passou pela vida deles, e criando algo que o público se conecte com a ideia toda. Claro que alguns vão achar longo demais e vão até pular o play no filme, mas pensando como um editor, se remover qualquer parte da trama, o filme se perde, e se colocasse qualquer outro detalhe ou cena, acabaria arrastado, ou seja, souberam enumerar provavelmente já nas filmagens tudo e o filme acabou ficando redondinho e gostoso de ver, e olha que tem coisa na trama que facilmente qualquer diretor americano eliminaria sem nem pensar duas vezes, mas como disse no começo, o cinema polonês sabe fluir nesse sentido.

Quanto das atuações, Eryk Kulm conseguiu trazer alguns trejeitos bem marcantes para seu Jedrzej, de modo que demonstrou um pouco afoito em alguns atos, mas como bem sabemos a vida de boxeadores são cheias de turbulências, e com isso seus traquejos acabam sendo aceitáveis dentro da trama, claro que poderia ter oscilado menos no temperamento do personagem, mas isso sabemos que não é o ator que escolhe, então conseguiu chamar a responsabilidade para si e não ficar em segundo plano. Agora quem quase rouba todos os planos do protagonista foi Adrianna Chlebicka com sua Kasia, pois a jovem além de bonita soube segurar todo o processo do marido que era sonhador demais, trouxe as dinâmicas para si e com trejeitos sutis demais desenvolveu boas emoções na tela. Eryk Lubos já colocou seu Czesiek como um beberrão nato de altíssimo gabarito, botando olhares, movimentações e situações com graça e intensidade até o seu ato final bem marcante. Ainda tivemos Adam Woronowicz entregando o tradicional empresário escravocrata de primeira linha com seu Nicky, de modo que a cena do caderninho foi básica e incisiva demais, tivemos a sedutora jornalista Eva que Waleria Gorobets soube fazer de um modo imponente, e outro estranho, mas bem colocado foi Will Huse como o excêntrico Jackie Boss.

Visualmente a trama teve alguns atos bem trabalhados nas lutas, com muita perspectiva quase que em primeiro plano para tomarmos socos dos lutadores, voando sangue na câmera e contando com uma maquiagem bem imponente para que o protagonista ficasse com marcas pós-lutas, tivemos ringues e academias bem simples e outras mais elaboradas, tivemos uma grandiosa mansão e também um centro de imigração quase que como algo abandonado, e até um campeonato bem representado para mostrar a fuga, isso tudo além de mostrar um pouco da vida comunista na Polônia dos anos 80, ou seja, um filme representativo bem colocado na tela.

Enfim, é um longa com uma proposta bem trabalhada na tela, que agrada pela dinâmica toda e pela história contada como não sendo de uma única pessoa, tanto que durante os créditos vemos outros atletas poloneses que brilharam mundo afora (poderiam ter colocado os nomes embaixo que agradaria um pouco mais, mas não era essa a ideia do longa), fora as boas músicas de Scorpions em alguns momentos, ou seja, vale a recomendação de play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Vovó Ninja

9/11/2024 01:42:00 AM |

Logo que acabou bem a pandemia no começo de 2022 e voltamos a ir frequentemente aos cinemas, o trailer de "Vovó Ninja" passava em quase todas as sessões, mas depois desapareceu das sessões de modo que achava até que já tinha caído em algum streaming que não vejo direto, mas eis que surgiu nas programações dessa semana estreando por todo o país, e confesso que estava com muito medo de ser daquelas bombas novelescas que irritam com situações bobinhas e jogadas, mas fui surpreendido com uma trama bem levinha, gostosa de curtir, como um filme tradicional de férias aonde até tem umas bobagens (principalmente por parte dos bandidos), mas que funciona do começo ao fim redondinho, de tal forma que se fosse um filme americano ou europeu com a mesma história e personagens lotaria as salas, mas como é brasileiro, o povo fugiu!

A sinopse nos conta que Arlete não é uma avó comum. Com um estilo de vida zen e sem muito jeito com crianças, ela se prepara para receber seus netos depois de muito tempo sem vê-los. As crianças não estão nada satisfeitas de passar as férias em um sítio sem internet, cheio de regras e tarefas domésticas, mas descobrem que a avó tem habilidades fora do comum e vão fazer de tudo para descobrir qual é o seu segredo.

É até engraçado ver o diretor Bruno Barreto que já fez grandes clássicos nacionais trabalhando com uma trama desse estilo, mas como já vem há alguns anos trabalhando com tramas cômicas mais novelescas até que nesse caso ele felizmente fugiu do traquejo tradicional que vemos em longas desse estilo, e acredito que suas inspirações com certeza foram filmes clássicos infantis que passavam na saudosa Sessão da Tarde durante as férias, tendo uma pegada lúdica, mas também passando algumas lições morais para a criançada, que pode até achar meio chato ter regras, mas que num futuro acabará compensando aprender. Ou seja, usando o básico do estilo ele não fez um filme com grandes chamarizes, e até é notável que sofreu alguns cortes em todo esse tempo que ficaram maturando ele para lançar, mas conseguiram deixar ele curto e funcional, com um gracejo bem colocado na tela que acaba mostrando técnica e estilo.

Quanto das atuações, fiquei também com muito receio que fosse ver Glória Pires dando voadora, gritando iáá, mas felizmente ela entregou uma Arlete que faz boas defesas pessoais e segurou bem a trama como a boa atriz que é, tendo todo um ar bem de senhora e chamando para si a responsabilidade do filme. Diria que as crianças foram bem sagazes nas entregas, com trejeitos bem colocados e dinâmicas que acabaram sendo bem graciosas, com Michel Felberg sendo o mais velho com um João mais medroso e tímido, a garota Luíza Salles já bem esperta e cheia de facetas para com sua Elis e o menorzinho Angelo Vital bem astuto e curioso trabalhando seu Davi pronto para encarar tudo que vier pela frente. Ainda tivemos Matheus Ceará forçando um pouco a barra com seu Pereba e Cleo pela primeira vez fazendo a filha de sua mãe numa produção, mas aparecendo em duas cenas praticamente.

Visualmente a equipe de arte arrumou um tremendo de um sítio, com uma casa ampla que poderiam até ter usado mais ambientes pelo tamanho, mostrando apenas o quarto das crianças, uma sala, o cômodo de cima cheio de troféus, fotos e aparatos de kung fu, mas do lado de fora uma floresta rica com balanço, lago e tudo mais que poderiam ter aproveitado mais para a caça ao tesouro, mas que funcionou bem dentro da proposta completa.

Enfim, é um filme lúdico, simples e que agrada de certa forma pela entrega completa, que talvez pudesse ter ido mais além, mas que não quiseram forçar tanto a barra, e assim saiu do estilo novelesco e facilmente não chega a ser cansativo de conferir, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Kill - O Massacre do Trem (Kill)

9/10/2024 12:41:00 AM |

Já tinha falado que o cinema indiano tem crescido de uma forma meio bagunçada, pois sabemos que suas bilheterias pelo país são de números que muitos produtores nem sonham, e também a quantidade de filmes que fazem é surreal, e agora resolveram invadir também os cinemas do Brasil com a tentativa de algumas distribuidoras colocar tramas mais diferentes do estilo tradicional deles que acreditam serem vendáveis por aqui ao invés de ficarem só no mercado indiano realmente. Só esqueceram de um detalhe simples, quem curte filme pancadaria na sua maioria são adolescentes, então chegando com classificação 18 anos já deu muitos problemas e confusões de ingressos tendo de ser devolvidos e tudo mais. Dito isso, vamos ao que interessa que é falar de "Kill - O Massacre no Trem" que fica bem fácil entender a censura 18 anos, pois é de uma violência exorbitante, aonde tanto o protagonista quanto o antagonista fazem picadinhos de ambos os lados sem nem pensar, numa batalha toda coreografada minimamente para socos e facadas (gigantes por sinal) arrancarem todas as próteses e voar sangue para tudo quanto é lado. Ou seja, é daqueles filmes que você tem que até esquecer da história (se é possível fazer isso em algum filme) e entrar na onda da pancadaria torcendo pela melhor luta possível, e assim dá para curtir o resultado.

O longa vai contar a partir do momento quando o comandante do exército, Amrit, descobre que seu verdadeiro amor, Tulika, está noiva contra sua vontade. Ele parte em uma audaciosa jornada de trem com destino a Nova Delhi, determinado a impedir o casamento arranjado. Porém, a situação se complica quando uma gangue de ladrões liderada pelo impiedoso Fani ameaça os passageiros com facas, transformando o trajeto em um emocionante e mortal confronto onde Amrit os enfrenta em uma matança que desafia a morte para salvar aqueles ao seu redor, transformando o que deveria ser um trajeto típico, em um passeio emocionante e cheio de adrenalina.

Como já disse outras vezes, conheço bem pouco do cinema indiano, por fugir de algumas produções estranhas demais para o meu gosto, então não conhecia o trabalho do diretor e roteirista Nikhil Nagesh Bhat, então o que posso dizer é que ele trouxe uma violência ao ponto que o público deseja ver, pois dava para não ser algo tão impactante e cheio de pancadaria, mas para isso acontecer precisaria colocar mais história na trama, e isso inexiste, pois o protagonista é um soldado que está em missão e ao voltar descobre que a namorada foi prometida pra outro, vai ao encontro dela e depois de embarcar num trem lotado de ladrões, ele resolve bancar o herói e sai distribuindo porrada, mas ao acontecer uma tragédia, aí o cara surta e sai matando pra valer tudo e todos que estiverem em sua frente do grupo de ladrões, e pronto, nada mais, ou seja, como disse acima é só ir conferir sem esperar qualquer história que o longa funciona, do contrário é melhor ir ver outra coisa no cinema, pois o diretor fez boas coreografias, fez muita maquiagem cênica boa de ver com as próteses e muito sangue, mas se isso preenche seu gosto por um filme, esse é o longa e o diretor.

Quanto das atuações, é até engraçado falar isso, mas todos colocaram imposição máxima nos trejeitos que até a dublagem das vozes ficou bem divertida na tela, e no conceito entrega de lutas diria que Lakshya com seu Amrit entregou tudo e mais um pouco, praticamente um imortal com o tanto de facadas que leva e continua lutando, mas trabalhando feições de dor e muita força no olhar expressivo pronto para matar, ou seja, fez o que precisava. Do outro lado tivemos Raghav Juyal com seu Fani, também bem imponente, e mais traiçoeiro nas lutas, mas sendo bem ambicioso (e um pouco burro vendo o combate do oponente), de modo que talvez uma voz mais impactante desse um teor mais divertido para seus pensamentos. A atrizTanya Maniktala até trabalhou sua Tulika de um modo amoroso e chamativo, mas podia ter ido mais além na entrega expressiva de seus atos para emocionar mais. Quanto aos demais vale o destaque para o brucutu chorão Siddhi que Parth Tiwari fez, que se o ator ouvir a voz que colocaram para ele aqui no Brasil com toda certeza mata o dublador com dois socos, e Ashish Vidyarthi com seu Beni que o povo mais chamou ele de tio do que pelo nome, mas tentou inicialmente apaziguar a briga, mas depois surtou e foi pra cima também.

Visualmente o longa ficou só passeando pelos vagões do trem durante todo o filme, mostrando as beliches aonde o povo dorme com cortinas, e claro todos os vilões com facas de todos os estilos possíveis, ainda tendo algumas marretas, canos e tudo mais de arma branca até aparecer a polícia quase que nos atos finais com algumas espingardas, mas não duraram muito, então o ato inicial com os protagonistas chegando em carros com muitos outros soldados, e uma tremenda festa de noivado num hotel foram apenas enfeites cênicos, pois todo a base do longa é em quatro vagões bem semelhantes e nada mais. Já algo que vale um bom destaque cênico ficou para a equipe de maquiagem e de próteses, pois as facas fizeram muitos estragos nos personagens com muito sangue cenográfico e pedaços para todos os cantos do trem, então se não foi tudo bem feito teve uma galera que saiu machucado de verdade.

Enfim, felizmente o longa não tem danças, nem muita melação, embora tenha alguns atos de flashbacks totalmente desnecessários, valendo para quem curte muita pancadaria e sangue pra todo lado, pois é o que funciona no filme, já que história esqueceram de escrever, mas os diálogos dublados ao menos ficaram engraçados e bem toscos. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais textos.


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Netflix - Rebel Ridge

9/09/2024 12:40:00 AM |

O que mais me deixa com medo de ver filmes de ação policial na Netflix é o fato dos longas da plataforma nesse estilo acabarem com finais toscos ou resoluções que nem em sonho dariam certo, mas que acabam dando, porém resolvi dar a chance para "Rebel Ridge", afinal o longa está em primeiro desde sexta na plataforma e parecia interessante, e diria que o resultado acabou sendo bem bacana de ver, não cansando com as insanidades colocadas, afinal qualquer pessoa na segunda intimidação policial já teria ido para casa, e claro com um final que podemos chamar a polícia da cidadezinha de Storm Trooper, afinal erram mais tiros que a guarda de Darth Vader. Claro que você vai vir falar - "mas Coelho, se acertar o mocinho acaba o filme!" - sim, acabaria, mas dava para pensar em soluções mais práticas para que não precisasse o cara fazer toda a parafernalha e sair totalmente ileso com tantos tiros dados, ainda mais por policiais treinados para acertar bandidos. Ou seja, não é um filme ruim, pois a trama tem a famosa pegada de mostrar "motivos" para a corrupção dentro das organizações (e isso é mundo afora, não apenas um problema brasileiro), e claro uma vítima do sistema se revoltando com tudo e botando pra quebrar, então acabou sendo um passatempo bem colocado para fechar o domingo.

A sinopse nos conta que Terry Richmond é um ex-fuzileiro naval que chega a Shelby Springs com uma missão simples, mas urgente: pagar a fiança do primo e salvá-lo do perigo. Mas depois que as economias de Terry são confiscadas injustamente, ele precisa encarar o delegado Sandy Burnne e seus policiais prontos para a agressão. Terry recebe a ajuda inesperada da oficial de justiça Summer McBride, e os dois se envolvem em uma conspiração que toma conta da cidade. Correndo cada vez mais riscos, Terry precisa apelar ao seu passado misterioso para libertar a comunidade do domínio da polícia, fazer justiça para a própria família e ainda proteger Summer.

Diria que o diretor e roteirista Jeremy Saulnier soube pegar uma história real que aconteceu lá em 2015 e fantasiar ela ao máximo para claro ter algo mais imponente, afinal o caso real demorou 9 anos rolando na justiça e ele não tem esse tempo de tela, então aqui tudo acontece no máximo de uns 5 dias de história, e o protagonista não deixou barato para os policiais corruptos que tentaram lhe roubar e acabar com a vida de uma jovem oficial de justiça, e a grande sacada do diretor foi poder brincar com o tempo do filme, tendo atos mais calmos e dramáticos, aonde tudo toma a forma, quase que contando para uma criança como é atravessar o lado da rua, e outros aonde a pancadaria rola solta, tiros para todos os lados, perseguições, fogo e tudo mais, ou seja, a trama propriamente tem suas quebras na dinâmica toda, mas que funciona bem para não cansar o espectador, mostrando que o diretor tinha um bom domínio de sua ideia inicial.

Quanto das atuações, Aaron Pierre foi muito fechado e "manso" para alguém que serviu o exército e se viu cheio de injustiças, pois respeitar num primeiro momento os policiais intimando firmemente um negro é algo comum, mas depois com tudo o que vai rolando, até que demorou demais pro personagem sair dando tiro, porrada e bomba, claro que isso é algo do roteiro, mas o ator se fechou demais, sendo seguro com o que precisava fazer, mas seco demais de expressões para prender o espectador com ele. Don Johnson também soube fazer um chefe de polícia irritante que qualquer um sem uma sanidade de um monge lhe socaria a mão, e isso mostrou muito do ator para que seu Sandy fosse o antagonista máximo da trama, mostrando que o ator soube entregar tudo na tela. Da mesma forma, David Denman trabalhou seu Marston com trejeitos e imposições bem diretas para irritar tanto o protagonista quanto os espectadores, e isso é bem funcional em longas desse estilo. Já AnnaSophia Robb fez uma Summer inicialmente enxerida demais, se metendo na vida do protagonista, mas depois sofrendo muito nas mãos dos antagonistas, de modo que a atriz teve segurança para sua história e entregou bons trejeitos com tudo o que lhe foi colocado na tela. 

Visualmente a trama trabalhou bem uma delegacia bem ampla e tradicional, um fórum simples com uma catacumba aonde guardam arquivos e filmagens, um hospital também sem grandes chamarizes, a casa da jovem que ajuda o protagonista, um restaurante chinês e muitas cenas nas estradas e florestas da região, não sendo nada muito expressivo de detalhes, tirando claro tudo o que é mostrado dentro da sala de provas da polícia, que ali tinha tudo e mais um pouco.

Enfim, é um filme básico, que serve para passar um bom tempo contando com cenas de ação interessantes, e claro, muita injustiça para passar raiva também, pois sabemos que existem alguns policiais desse estilo que é mostrado na tela, então se você não teve o seu momento de raiva ainda essa semana, fica a dica para a conferida do longa, mas vá sem esperar muito, pois qualquer exigência a mais vai atrapalhar a experiência. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Meu Casulo de Drywall

9/08/2024 02:19:00 AM |

Costumo dizer que a juventude hoje se perdeu por completo, pois por fora são lindos, atléticos, alguns bem ricos, cheios de amigos que curtem suas fotos e postagens, porém por dentro são vazios, não tendo muito o que entregar, e que por vezes acabam se matando com drogas, sem sequer pensarem no que uma quebra pode causar ao seu redor, e filmes que andam trabalhando esse contexto por vezes acabam ficando introspectivos demais, afinal não dá para entrar na cabeça de alguém vazio e entender, mas seus atos acabam dizendo muito na tela, o que acabam dando fluidez para as histórias. Comecei o texto do longa "Meu Casulo de Drywall", que estreia na próxima quinta 12/09, dessa forma para tentar entender também um pouco as opções que a diretora tinha para seu filme, e aonde ela desejava chegar com toda essa essência, pois seu filme dava para ir por dois caminhos bem opostos, um mais denso e policial que tentaria entender motivos e dramas dos jovens como "culpados", e o outro que foi o escolhido desses dramas virarem introspecções dramáticas sobre as vidas vazias e situações que uma determinada classe fechada em seu mundinho vigiado por câmeras imagina sobre suas culpas morais e do que aconteceu. Ou seja, é um filme amplo de ideias, num espaço pequeno que é um condomínio de classe alta, mas que representa um pouco da vida como um todo, e como atos falhos desencadeiam muito mais do que apenas uma morte, mas sim a reviravolta na vida de todos ao seu redor.

A sinopse nos conta que Virgínia comemora os seus 17 anos com uma festa em sua cobertura. Apesar de tudo aparentemente perfeito, Virginia não consegue ignorar a ferida que cresce com o correr das horas. O dia seguinte nasce como uma tragédia que abala o condomínio. Virgínia está morta. Patrícia, sua mãe, vive o luto quase a ponto de enlouquecer. Luana se questiona se é culpada pelo destino da melhor amiga. Nicollas tenta ignorar a morte da namorada refugiando-se em sexo casual com funcionários. E Gabriel carrega o peso de um segredo e de uma arma.

Diria que a diretora e roteirista Caroline Fioratti foi bem ousada no tema, e principalmente na montagem, pois fazendo várias quebras de ritmo mostrando a família e os amigos despedaçados, e intercalando com uma festa inicialmente bonita, mas com tantos atos conflitivos que fica claro que a jovem não tinha uma boa base para se segurar, e num momento de explosão acabou optando pelo pior, e algo bem interessante foi ver que mesmo tendo vários personagens, várias quebras de ritmo e várias subtramas, a diretora não acabou transformando seu filme em uma novela, pois os atos soltos são importantes para a análise dos personagens no devido momento que tudo está acontecendo, e não apenas atos jogados. Ou seja, ela soube segurar seu filme de um modo que facilmente poderia dar muito errado, mas que foi compensado pelos atores que se jogaram por completo nos devidos momentos, e embora seja algo que possa causar alguns gatilhos em quem for conferir, vale pela mensagem da diretora de ter uma base segura em qualquer ato de explosão.

Quanto das atuações, quem dá um show expressivo na tela é Maria Luísa Mendonça com sua Patrícia, uma mãe aparentemente protetora, mas que cede ao desejo da filha de ter uma festa sozinha em casa, de modo que os atos da personagem são tão à beira da loucura que consegue prender o espectador em cada momento seu, e contando com tantos atos simbólicos, acaba transformando a trama quase que toda sua. Também tivemos bons momentos da jovem Mari Oliveira que fez de sua Luana, uma amiga bem próxima, mas que acaba levando a coisa errada para o lugar errado, e sua culpa pesa nos atos que acaba entregando durante o filme, mostrando presença e atitude da jovem. Do mesmo modo tivemos o namorado Nicollas, que parece uma coisa, mas que no fim das contas é outra, e o ator Michel Joelsas soube trabalhar as intensidades do personagem com dinâmicas fortes e bem colocadas na tela. E ainda teve o jovem Daniel Botelho sabendo dominar a presença de seu Gabriel em momentos-chaves da trama, dosando a emoção e a desenvoltura para que o filme focasse aonde era preciso, que mesmo estando com trejeitos meio que jogados, acaba chamando atenção. E claro tivemos a aniversariante, que Bella Piero entregou muito bem na tela sua Virginia, de modo que poderia ser até mais influente em seus atos para chamar o protagonismo para si, mas como o filme é mais sobre os "culpados", a entrega dela acaba soando leve para fluir e forte nos momentos de maior tensão, o que acaba funcionando demais.

Visualmente o longa tem dois momentos bem opostos, a festa com cores, luzes e tudo mais, bem preparada na cobertura da família, tendo dinâmicas na sala, numa banheira e no quarto dos pais, e no segundo os ambientes do condomínio de prédios, os apartamentos dos demais jovens, e suas interações com o momento, até o grande ato da piscina aonde a mãe já louca por completo andando com um bolo inteiro sai oferecendo e sentindo a presença, ou seja, a equipe foi sucinta com poucos elementos chaves como as pílulas, a arma, e os devidos presentes, mas sabendo aonde usar para marcar bem.

Enfim, não é um longa que muitos vão entrar por completo na onda da história, alguns vão se irritar com as coisas que acontecem e que os personagens fazem, mas o resultado final consegue ser interessante e agradar, então acaba sendo algo válido de conferir e indicar para quem curte algo mais introspectivo e que fala com um público mais fechado. Então fica a dica para a data de estreia já na próxima quinta 12/09 nos cinemas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Gullane+ pela cabine de imprensa, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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O Bastardo (Bastarden) (The Promised Land)

9/07/2024 04:28:00 PM |

Costumo dizer que não conhecemos nada praticamente da História mundial, e felizmente o cinema nos leva a experimentarmos um pouco da História de lugares mais afastados de nós, que claro muitas vezes são pequenos elementos dentro de um livro ficcional, mas que quando bem amarrados acabam passando sentimentos e também conhecimento. Digo isso, pois antes de conferir a cabine do longa de hoje sequer tinha ouvido falar em urzal na Dinamarca, que lá pros anos 1700 uma parte do terreno era dominada por uma espécie de vegetação chamada urze em um solo arenoso e cheio de rochas, e o longa "O Bastardo" nos coloca com um homem que resolve por conta própria tentar colonizar essas terras plantando algo desconhecido do país até o momento, desafiando a todos da monarquia (exceto o rei que tinha o sonho de colonizar essas terras, mas jamais chegaria perto de um plebeu) e de um rico nobre que já achava que aquelas terras lhe pertenciam. Ou seja, é o famoso épico cheio de conflitos, sonhos, histórias e envolvimentos, que consegue de uma forma intensa e marcante mostrar um pouco dessa época no país frio e de pessoas frias da época que não pensavam duas vezes nas consequências dos atos. 

A sinopse nos conta que no século XVIII, na Dinamarca, o Capitão Ludvig Kahlen – um herói de guerra orgulhoso, ambicioso, mas empobrecido – embarca em uma missão para domar uma vasta terra inóspita na qual aparentemente nada pode crescer. Ele busca cultivar colheitas, construir uma colônia em nome do Rei e conquistar um título nobre para si mesmo. Essa área bela, porém hostil, também está sob o domínio do impiedoso Frederik De Schinkel, um nobre vaidoso que percebe a ameaça que Kahlen representa para seu poder. Lutando contra os elementos e bandidos locais, Kahlen é acompanhado por um casal que fugiu das garras do predatório De Schinkel. À medida que esse grupo de desajustados começa a construir uma pequena comunidade neste lugar inóspito, De Schinkel jura vingança, e o confronto entre ele e Kahlen promete ser tão violento e intenso quanto esses dois homens.

O diretor e roteirista Nikolaj Arcel soube pegar o texto da escritora Ida Jessen e transformar nas telas com tanta riqueza de detalhes que acredito que nem quem leu o livro imaginou toda a ambientação desenvolvida na tela, pois o ritmo calmo da trama foi completamente expressivo para mostrar personalidades e dinâmicas, mas também para que tudo ao redor fosse apreciado, de forma a mostrar como deveria ser o prato do protagonista, o galho com a fita para integrar o clã da garotinha segundo os costumes ciganos, como eram os acordos entre os conselheiros do rei e os nobres, como era o requinte de crueldade de alguns donos de terra, e muito mais, de modo que praticamente vamos convivendo com os personagens na dinâmica entregue do diretor. Ou seja, ele não apenas monta os elementos na tela como fala para o espectador: "olhe aqui, você verá algo a mais!", e costumo dizer que são raros os diretores que conseguem esse feitio sem que seu filme acabe ficando exageradamente chato e monótono, pois é de um risco enorme segurar tempo de tela, mas aqui os 127 minutos de projeção funcionam bem para tudo o que precisava contar, e você sai da sessão conhecendo História como disse no começo, e isso é cinema, e não à toa o diretor ganhou tantos prêmios com seu filme.

Quanto das atuações falar de Mads Mikkelsen é a coisa mais fácil do mundo, pois é bem difícil o ator errar mesmo em filmes ruins, quanto mais em filmes que lhe dão a oportunidade de mostrar personalidade, e aqui seu Ludvig Kahlen é daqueles que não detém o título de nobreza, mas apenas o título, pois tem a nobreza no traquejo de armas, na forma como lida com a terra, e até no tratamento para com os demais, de modo que o ator acabou trabalhando trejeitos fortes e emoções na medida certa para cada momento, conseguindo chamar atenção e envolver com a história do personagem. Já do outro lado Simon Bennebjerg entregou para seu Frederik De Schinkel a crueldade e a insanidade em pessoa, colocando arrogância e prepotência em níveis gigantescos, fazendo tudo o que um bom vilão ou antagonista deve trabalhar para ficar memorável, o que lhe deu um nome para quem sabe muitos outros filmes e diretores lhe olhe. A garotinha Melina Hagberg foi muito expressiva e cheia de traquejos para que sua Anmai Mus fosse chamativa, tivesse carisma e personalidade e emocionasse nas cenas mais duras da trama, de modo que seus atos foram precisos para quebrar o ar mais frio do protagonista, e a versão jovem da personagem vivida por Laura Bilgrau Eskild-Jensen participou pouco, mas teve uma bela cena de encerramento. Ainda tivemos claro as duas mulheres imponentes da trama, vividas por Amanda Collin com sua Ann Barbara e Kristine Kujath Thorp com sua Edel, aonde a primeira mostrou força na dinâmica com traquejos mais duros e chamativos, enquanto a segunda teve uma densidade mais de donzela, porém ambas trabalhando olhares e desenvolturas bem encaixadas para que a trama funcionasse. E dentre os demais ainda vale o destaque para o padre cheio de vigor que Gustav Lindh entregou e o jovem fazendeiro marido de Ann que Morten Hee Anderrsen conseguiu fazer atos bem sofridos na tela.

Visualmente a trama tem um ar denso, mostrando um lugar cheio dessa vegetação chamada urze, aonde vemos o protagonista testando os diversos lugares para começar sua plantação, mostrando sua casa que construiu ali simples, porém cheia de detalhes, vemos a mansão gigantesca com jardins do rico nobre vizinho, e também a floresta aonde vivem os ciganos com suas famílias, claro tudo bem dominado pelo clima, pela pouca comida de um lado e das bebidas e farras abastadas do outro lado, também tivemos atos fortes de violência com a maquiagem entregando coisas bem impactantes na tela, e muitos elementos cênicos para rechear cada ambiente em detalhes, ou seja, a equipe de arte trabalhou minuciosamente para que tudo funcionasse bem demais no longa.

Enfim, costumo dizer que não sou muito fã de filmes de época lentos demais, mas a cadência aqui ficou no limiar emocional gostoso de acompanhar que não chega a dar sono, ou seja, é daqueles que funcionam bem para dar a riqueza exata de detalhes e comover o público com toda a essência passada, mas que a qualquer momento pode dar errado, então se você estiver muito cansado é melhor ver o filme outro dia, mas veja, pois é daqueles que ampliam conhecimento além de ser uma história bonita na tela. Então fica a dica para conferir ele a partir do dia 12/09 nos cinemas, e eu fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Pandora Filmes pela excelente cabine.


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Hellboy e o Homem Torto (Hellboy: The Crooked Man)

9/07/2024 02:03:00 AM |

Quando vi o trailer do novo filme de "Hellboy e o Homem Torto" pela primeira vez algumas semanas atrás em alguma sessão, fiquei imaginando como seria uma vertente mais séria e puxada para o terror/suspense com o famoso diabão dos quadrinhos, achando que talvez até ficasse interessante já que todos os demais filmes foram mais colocados para o lado cômico, porém com 5 minutos de filme já fiquei irritado com algo que não gosto de ver em lugar algum e já fiquei pensando o quanto poderia piorar, mas tirando a minha fobia seguimos com o filme, afinal depois de uma briga meio que besta desaparece e só volta nos atos finais, mas aí meus amigos, o longa entra num ritmo tão lento, tão sem eira nem beira que confesso para vocês que eu ri muito a hora que acabou o filme e vieram limpar a sala, pois eu jurava que já passava da meia-noite e não era nem dez horas da noite, e aí que fui ver a duração dele de apenas 99 minutos que eu tenho certeza absoluta que eu passei umas 4 horas no mínimo dentro da sala do cinema. Ou seja, é daqueles filmes que você fica se perguntando o motivo de fazerem novamente um reboot de uma saga que já não deu certo das outras vezes, sem explicar praticamente nada na tela de quem é o que ali, com tudo jogado, com personagens sem carisma algum, com câmeras em ângulos que nem o diretor sabe o motivo de querer fazer assim e ainda por cima sem ritmo! 

O longa nos conta que durante a década de 1950, Hellboy se une à Bobbie Jo Song, uma novata agente da B.P.D.P. para uma nova investigação nas Montanhas Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade dominada por bruxas, liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto, que foi enviado de volta à Terra para coletar almas para o diabo. À medida que exploram os mistérios sombrios deste lugar isolado, Hellboy enfrenta segredos enterrados de seu próprio passado, levando-o a uma batalha épica contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo. 

O diretor e roteirista Brian Taylor prometi trazer uma abordagem mais fiel ao tom original dos quadrinhos da Dark Horse Comics, criado por Mike Mignola, levando tudo para algo mais sombrio e intenso, e isso até diria que a trama traz essa pegada mais puxada para o lado mais sobrenatural, porém tinham de ter lhe dito que para um filme ser considerado reboot de algo é necessário explicar de onde o ser proveio, quem são as pessoas, quem é a agência que trabalham para aí sim rolar toda a tensão, pois se mesmo conhecendo um pouco dos outros filmes e dos quadrinhos eu fiquei um bom tempo tentando captar quem eram as pessoas ali, imagino quem for conferir sem saber nada, ou seja, o diretor se perdeu no que desejava colocar na tela, e acabou apenas jogando tudo como se fosse apenas um grande borrão (aliás as cenas no trem se você tiver problemas com tontura vai ficar com dó do câmera) e tudo beleza. Sendo assim, não lembro de já ter visto nenhum outro filme do diretor, mas agora vou ficar de olho para tentar fugir!

Quanto das atuações, um ponto positivo foi colocar um ator completamente diferente dos demais Hellboy que já existiram, e principalmente com alguém não tão conhecido para que se funcionasse o filme virasse "o" personagem, mas infelizmente não deu para Jack Kesy, pois seu Hellboy é morno demais, não tem atitude como protagonista e mesmo que fosse meio investigador como era a proposta da trama, não chamou a responsabilidade para si em nenhum ato, ou seja, fraco demais. E quando um protagonista não pega a trama para si o que acontece? Os secundários dominam! E no caso Jefferson White, embora estranho e morno também de expressividades, conseguiu chamar mais cenas para si com seu Tom Ferrell do que o diabão, sendo um bruxo estranho com uma varinha de osso de gato, que tem uma confiança plena e que talvez pudesse fluir mais com uma direção melhor. Leah McNamara estava solta demais com sua Effie, de modo que a bruxa maluca ri, se pendura, voa, e faz tudo o que fosse errado na tela, tendo um lado meio sensual, mas sem ir muito além. E claro, Adeline Rudolph com sua Bobbie Jo Song tentou chamar atenção, mas não é apresentada nem nada, tendo vontades de ser bruxa, mas sem ser vulgar, e ficando sempre como uma sombra do protagonista, que volto a frisar não era bom, acabou apagada literalmente em uma cena no total escuro aonde só vemos a legenda (eu mataria o diretor com essa ideia!). Ainda tivemos Joseph Marcell com seu Reverendo Watts e Martin Bassindale com seu Homem Torto, mas chamaram atenção apenas visualmente, não tendo nada que impactasse nas expressividades feitas por eles (ou melhor, a pá com a cruz foi algo que o roteirista pensou demais!).

Visualmente algumas cenas até foram bem montadas na tela, mas o orçamento gastou praticamente tudo na cena inicial com o trem descarrilando e com a briga, para depois usar um pouco mais na cena da briga na casa, e um pouquinho na da cobra, mas o restante é tudo no meio da floresta, uma igreja abandonada com um cemitério bem simples, lanças bem comuns e um vermelhão com um cabelo tão artificial que tem boneca na lojinha do 1 real que tem cabelo melhor que o do protagonista, ou seja, a equipe de arte esqueceu de trabalhar e deixou tudo muito falso na tela.

Enfim, raspei a trave de dormir no longa com o ritmo lentíssimo e sem atitudes, e olha que fui numa sessão anterior a que iria, senão tenho certeza que meus olhos não aguentariam, então recomendo que quem quiser com muita vontade de conferir, algo que não recomendo, que vá numa sessão a tarde e bem disposto, pois dessa vez erraram bem feio na tentativa de um reboot desnecessário, já que dava para seguir a linha com qualquer uma das outras vertentes. Então fica a dica para ir em outros filmes, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços com todos e volto amanhã com mais dicas.


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Os Fantasmas Ainda Se Divertem - Beetlejuice, Beetlejuice

9/06/2024 01:15:00 AM |

Estava com tanto medo de Tim Burton ter perdido a mão que fui conferir o longa com muitas pedras no bolso pronto para reclamar de tudo, mas felizmente "Os Fantasmas Ainda Se Divertem - Beetlejuice, Beetlejuice" chegou com a nostalgia completa do original de 36 anos atrás, com claro muito mais tecnologia e ótimas sacadas divertidas dentro da proposta, de tal forma que a trama se desenvolve fácil, entrega cenas com muita personalidade e claro nos leva de volta no tempo, pois tudo remete ao que já vimos, mas adicionando bons ganchos e ideias, o que acaba agradando demais. Outro medo que tinha era de lembrar bem pouco do original, pois eu era bem garoto quando vi, e não o revi atualmente para conferir o novo para realmente me testar, e a cada ato na tela a memória acionava e fazia lembrar dos bons tempos aonde podia conferir um filminho tranquilo a tarde sem pensar em boletos. Ou seja, é o famoso filme que pais vão levar filhos para ver algo da sua infância e juventude, e funciona bem demais com todas as jogadas, não sendo algo nem pesado demais, nem ingênuo demais, na medida ideal para desenvolver e mostrar que o diretor ainda tem muito para mostrar.

Na nova trama, voltamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se reúnem após uma tragédia inesperada. Lydia Deetz, agora adulta, é mãe da adolescente Astrid. A jovem introvertida, ao explorar o sótão da antiga casa, descobre a misteriosa maquete da cidade e, inadvertidamente, reabre o portal para o mundo dos mortos. Esse ato inesperado traz de volta o excêntrico fantasma Beetlejuice, que, mais uma vez, transforma a vida dos Deetz em um verdadeiro caos. Com seu humor peculiar e seu estilo único, Beetlejuice promete causar novas confusões, misturando o mundo dos vivos e dos mortos de uma forma que só ele sabe fazer.

O mais engraçado de tudo é que em 88, Tim Burton era praticamente um desconhecido de Hollywood, tendo feito apenas um longa bem chamativo e vários curtas, para aí chegar com algo que misturava diversos tipos de técnicas de animação, contando com stop-motion, animatrônicos, maquetes e tudo mais em um filme de live-action que misturava terror e comédia, ou seja, um tremendo balaio de gato que acabou dando muito certo e virou um grande clássico da infância/juventude de muita gente, e muitos esperavam que fosse acontecer uma continuação muito brevemente depois do grande sucesso, mas não, ele foi para outros rumos, fez diversos outros projetos grandiosos, e claro na sua cabeça que não era diminuta como a de Bob ficava martelando tudo o que podia incorporar caso algum dia voltasse a sonhar com o projeto, e essa maturação de 36 anos foi quase como um bom whisky, pois ele conseguiu agora usando ainda as mesmas técnicas de animação, só que muito mais elaboradas pela computação atual transportar tudo isso para uma história icônica, divertida e cheia de nuances, aonde um simples encontro acaba dando muito errado, e a busca para resolver os problemas terá a necessidade do famoso fantasma maluco, que ainda entrega bons atos, mas que não fica tão necessário, já que muitos se desenvolvem sozinhos, e isso não é ruim, pois a ideia boa funciona e ele pode ficar como fala no trailer "o Juice está soltinho!".

Quanto das atuações, Michael Keaton se jogou novamente no personagem de Beetlejuice, se divertindo em cena com trejeitos e entregas bizarras e bem malucas dos diálogos, não deixando que o personagem saísse do eixo original, e como a maquiagem não o envelhece, se manteve intacto para voltar bem colocado na telona e como já disse acima, soltinho para não precisar forçar nada na tela. Winona Ryder envelheceu bem, estando bonitona para voltar um de seus primeiros papeis no cinema com sua Lydia, afinal na época só tinha 17 aninhos e agora chegou cheia de traquejos já de alguém com claros problemas na cabeça também, mas disposta a tudo para salvar a filha, se jogando na tela e enfrentando tudo com boas sacadas. Catherine O'Hara também voltou para seu papel de Delia, agora muito mais surtada e completamente diferente, de modo que nem lembrava que era ela no original, mas foi bem expressiva em seus atos, e conseguiu agradar com o que fez em cena. Jenna Ortega é a princesa (por enquanto) de papeis exóticos, e sua Astrid é tão gótica quanto a mãe era na época, lembrando demais sua Wandinha que tem feito na série do mesmo diretor do longa, de modo que não precisou remover tantos traquejos e criar muito para a personagem, mas trabalhou bem os seus atos e convenceu no que precisava fazer, talvez um pouco assustada demais, mas sem erros na tela. Quanto aos demais, tivemos um Willem Dafoe brilhante como uma espécie de morto-007, sendo um ator que não sai do personagem mesmo depois de ter morrido com um tiro na cabeça, e brinca em cena a todo momento, tivemos Monica Bellucci sensual e maravilhosa como a ex de Beetlejuice, porém como uma devoradora de almas que suga até a última gota dos mortos fazendo-os virarem pequenos amontoados no chão, enquanto Arthur Conti e Justin Theroux apenas fizeram papeis meio que bobinhos demais para algo que poderia ter ido além na tela.

Visualmente a trama é um show atrás do outro, revivendo Winter River perfeitamente como a maquete, de modo que em 16 anos a cidade não cresceu para lado algum, tivemos uma casa de luto (a excêntrica protagonista cobre a casa com um pano preto após a tragédia), e ao entrarmos no mundo dos mortos tivemos ainda todo o chão quadriculado, ambientes cheios de portas, todo o callcenter com os personagens de cabeça diminuta atendendo os mais diversos chamados contra fantasmas, toda a tradicional entrega de doces do Halloween, e claro muita animação em stop-motion para representar como o personagem morre, muitos mortos de diversas formas na fila para a ida ao além, e a sacada gigantesca de colocar um trem do Soul music com a discoteca reinando para ir para o Além, ou seja, voltamos com os personagens cada vez mais insanos na tela, muita maquiagem e elementos cênicos de primeira linha, que com toda certeza vai brigar por prêmios nessa categoria.

Enfim, um tremendo filmaço que honra o original sem perder a atualidade, trazendo uma história nova e brincando com o passado da mesma forma e espaço, não incomodando nem os fãs e apresentando para os mais novos toda essa loucura. Agora vem a pergunta, dá para conferir o longa sem saber absolutamente nada ou nem ter visto o original? Diria que vai divertir bem, mas é uma continuação bem direta, então alguns detalhes podem ser que não façam tanta graça na tela sem ter visto mesmo que num passado bem distante, pois como disse no começo, vamos relembrando conforme as coisas vão acontecendo, então fica a dica para quem não viu dar o play no original na plataforma Max (antiga HBOMax) que vai valer a pena também, afinal o antigo é incrível. E é isso meus amigos, não diria que foi mais perfeito por talvez alguns personagens serem meio que jogados na tela, mas isso não atrapalhou o restante, então vá conferir e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços e até breve.


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