Netflix - Assalto Brutal (Napad) (Justice)

10/17/2024 12:12:00 AM |

Já disse algumas vezes que um estilo que gosto muito de conferir é o suspense policial, principalmente aquele que você fica o tempo inteiro esperando algo, e na reviravolta acaba surpreendendo com algo que nem fazíamos ideia, porém alguns países gostam de revelar tudo logo de cara e apenas ir arquitetando todo o restante na tela para chegar à conclusão de provas e motivações, e infelizmente essa não é uma pegada que agrada se não tiver uma fluidez presente e algo para uma possível inversão. É claro que o motivo de ter começado falando isso sobre o longa polonês da Netflix, "Assalto Brutal", é que o longa tinha tudo para ser daqueles que ficaríamos presos do começo ao fim, seguindo o estilão forte do investigador, que por vezes volta ao seu passado mais violento de interrogatório, mas que amarraria todas as pontas seguindo os personagens, porém optaram por entregar logo na primeira sacada do protagonista quem eram os ladrões assassinos, e a desenvoltura da trama acaba presa demais em elos que não fazem o público ir além. Ou seja, não é de forma alguma um filme ruim de se ver, mas você fica esperando algo a mais e não nos é entregue, ao ponto que no final o resultado acaba sendo apenas ok.

A sinopse nos conta que no início dos anos 90, um policial dispensado, tem a chance de retomar sua vida anterior em troca de capturar um grupo responsável por um ataque ao banco. Com uma jovem policial designada para o caso, o detetive deve agir rapidamente, pois a atenção da mídia sobre o roubo não é bem-vinda pelas novas autoridades.

Se o longa anterior do diretor Michal Gazda foi imponente e cheio de inversões, mas ficando muito mais próximo de uma novela do que de um filme mesmo, aqui ele não quis correr esse risco, pois pegando um caso real e dando sua adaptação para ter uma desenvoltura mais diferente, ele apenas não deu um vértice que ficasse mais chamativo, deixando para que os personagens fossem marcantes, e nem o investigador tem um carisma próprio para torcermos por ele, nem os assaltantes tiveram personalidade suficiente para que tivéssemos raiva deles realmente, pois claro o fechamento mostrando como foi o assalto é forte e notável, mas talvez uma edição invertida ao invés da escolhida trouxesse um mistério maior e toda a pegada do filme acabaria indo para um rumo mais explosivo. Ou seja, faltou para o diretor coragem de mudar a ordem da trama para impactar, e assim seu filme foi bem feito, mas sem chegar aonde ele realmente queria que talvez fosse brincar com a culpa dos soldados poloneses antigos.

Quanto das atuações, Olaf Lubaszenko trabalhou seu investigador Tadeusz Gadacz de uma forma bem direta, porém cheio de nuances e um faro para descobrir cada elo por onde passa, de modo que conseguiu segurar bem o protagonismo e amarrar suas cenas para que tudo passasse por ele, ou seja, dominou o ambiente da trama. A jovem Wiktoria Gorodecka também trabalhou os atos de sua Aleksandra Janicka com uma certa imposição de olhares, porém ficou muito em segundo plano na maior parte do longa para o que acaba acontecendo no final, ou seja, até é possível de entender a proposta, mas dava para terem melhorado mais as resoluções (ou então cortaram algo que era necessário). Agora o assaltante principal gastou todo o gel da equipe de maquiagem, pois seu cabelo até chegava a brilhar, de tal forma que Jedrzej Hycnar trabalhou seu Kacper de um modo gran fino demais para o seu patamar, e isso deu um tom estranho até para seus atos mais duros. Ainda tivemos alguns bons momentos com os demais amigos do assaltante, valendo destacar Lukasz Szczepanowski com seu Bartek que acaba perdendo o eixo com a pressão do investigador.

Visualmente a trama teve um assalto imponente e bem violento, que num primeiro momento só nos é mostrado os corpos já no chão, mas ao final quando mostram como tudo ocorreu foram bem fortes na entrega cênica e também na ideia de tudo, tivemos uma fazenda bem colocada com os animais de caça sendo bem destrinchados, alguns apartamentos simples, e uma delegacia quase como um hotel rústico e antigo, tivemos uma videolocadora bem colocada na tela, e até bons atos nas ruas numa feira, mas sem grandes propósitos.

Enfim, é um filme simples que facilmente se vendeu melhor do que entregou na tela, não sendo ruim de ver, mas que não chega longe na tela, e assim acaba valendo apenas como um bom passatempo. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Receba!

10/16/2024 12:46:00 AM |

O mais bacana do cinema nacional é que ele se reinventa sempre, e que por mais parecido que alguns longas sejam, conseguem entregar situações inusitadas bem encaixadas em algumas tramas para que algo seja visto com outros olhares. E a pegada do longa "Receba!", que estreia no próximo dia 24/10 nos cinemas, traz uma pegada simples, bem direta que facilmente seria algo rápido dentro de uma novela ou longa maior, com um estilo interessante aonde cada personagem tem sua dinâmica desenvolvida rápida, e que talvez num filme gringo até fosse capitulado com os nomes dos personagens para que ao final tudo se conectasse, já que as mesmas cenas são executadas sob diferentes olhares, para depois tudo se resolver melhor. Ou seja, na história vemos um ator de filmes adultos que junto da namorada estão devendo para um traficante, e quando ele vê a oportunidade de ganhar dinheiro com um ocorrido na produtora dá seu jeito só não contando com o azar de ser atropelado, e com isso toda a desenvoltura fica para que os demais descubram aonde ficou todo a grana e a droga. Claro que a pegada tem muito do cinema-favela tradicional, mas com personagens mais corriqueiros e um estilo bem trabalhado acaba sendo divertido de ver sem esperar muito.

A sinopse nos conta que Amadeu precisa de dinheiro, pois ele e Gina, sua namorada, estão numa enrascada. O destino lhe sorri quando encontra uma bolsa recheada com um conteúdo tão valioso quanto ilegal. Acontece que Amadeu escondeu essa bolsa, colocando Gina em uma grande caça ao tesouro. O problema? Ela não é a única nesse jogo! A caçada à procura da bolsa – e da fortuna contida nela – envolve uma ex atriz endividada, um policial corrupto com medo de sangue e sua parceira que está parando de fumar, o perigoso chefe do crime local, além de um rapaz que, no lugar errado e na hora errada, acaba no olho do furacão.

Diria que talvez os diretores Rodrigo Luna e Pedro Perazzo foram um pouco afobados demais em seu primeiro longa, de modo que o filme parece acelerado na maior parte do tempo, e como já disse no começo, repetido demais nos momentos, tanto que na primeira vez que ocorreu sem ter uma quebra tradicional, pareceu ter algo errado, mas depois que você se situa na ideia o resultado funciona. Claro que não é um filme memorável, porém para um primeiro trabalho conseguiram mostrar estilo e dinâmica, que com o tempo será aprimorada, só talvez faltou ter personagens mais fortes, pois em momento algum você acaba sentindo carisma por nenhum deles, ou melhor, até sente um carisma pelo jovem no ato final, mas aí não resolveram não deixar de um modo tradicional.

Como já disse, ficou faltando dar carisma para os personagens, e isso não é algo que no roteiro ou na direção pudesse ser arrumado, mas sim, faltando para que os atores convencessem mais o público com o papel que tinham em mãos, e isso acabou sendo um problema para o resultado do longa ir além, de modo que Daniel Farias começou seu Amadeu com imponência, todo cheio de marra, conseguiu ir bem, mas deu uma mancada que realmente acontece quando se está com a cabeça nas nuvens (ainda mais com a bolada que tinha nas mãos). Edvana Carvalho então assumiu o protagonismo com sua Gina, tentando segurar os caminhos, mas no meio de um treino de luta, sem muita cabeça resolve ganhar um dinheiro voltando ao trabalho antigo, e fazendo poucos trejeitos mais fortes, não segura seus atos, deixando sempre tudo muito aberto, o que ficou um pouco estranho de ver. A dupla de policiais corruptos (aliás já falei tanto isso nos últimos dias no site que já virou praxe o estilo nos filmes mundo afora) vivida por Jackson Costa e Evelin Buchegguer nem parecem policiais realmente, mais semelhantes a milícias do que qualquer tipo de polícia do país, e com isso não convenceram tanto em seus atos. Sobrando todo o carisma, embora que em quase terceiro plano para Leandro Villa com seu Horácio, mas sem grandes chamarizes, apenas fazendo bem o que foi deixado para resolver.

Visualmente a trama tem uma entrega simples, mas com escolhas bem colocadas, tendo inicialmente uma produtora de filmes adultos com pôsteres com nomes bem engraçados, depois tivemos um apartamento simples do rapaz aonde acaba alugando um de seus quartos de frente para um prédio abandonado que a dona tem a coragem de alugar um quarto (se pensarmos no que acontece depois, ela mereceu o seu fim!), tivemos a academia de luta, e a casa do dono do tráfico aonde faz suas festinhas particulares para amigos, mas sem mostrar muita coisa, apenas a fachada realmente, ou seja, tirando o fato da bolsa com as drogas, o restante quase nem é usado como elemento cênico na trama.

Enfim, é um filme que talvez pudesse ter ido mais além, mas que dentro da proposta entrega algo simples e até bem feito, meio quase como um primeiro trabalho pós formação na área, mas que poderia ter sido melhor aprimorado para impactar mais, sendo assim recomendo ele sem esperar muito, pois ele não vai lhe entregar algo além. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal Genco Assessoria e da Olhar Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Netflix - Identidades em Jogo (It's What's Inside)

10/14/2024 11:13:00 PM |

Sabe aquele filme que você começa vendo e com menos de 10 minutos já não está entendendo nada, mas que segue esperando melhorar, e ao final nem se tivesse um caderninho para anotar quem é quem daria certo para entender? Pois bem, isso é o que vai acontecer com a maioria que der play no longa da Netflix, "Identidades em Jogo", pois a trama é tão confusa e conflituosa que para gravar tenho certeza absoluta que o diretor precisou de uma cola no roteiro, pois nem ele entendeu o que desejava mostrar. Claro que não é um filme ruim, pois a ideia é bem boa, tem atos interessantes de ver, mas é tão bizarro tudo o que acontece, que ainda estou pensando se gostei ou não do que vi.

No longa vemos que um grupo de amigos da faculdade se reúne para celebrar o casamento de um deles na véspera da cerimônia. Uma despedida de solteiro divertida na mansão reclusa de sua mãe era o que Reuben desejava. Mas os planos de uma noite animada mudam quando, de surpresa, um colega distante da turma chamado Forbes surge com uma maleta misteriosa contendo um aparelho capaz de realizar troca de corpos. Ao embarcarem na brincadeira, Cyrus, Shelby, Dennis, Nikki, Brooke, Maya, Forbes e Reuben são confrontados com descobertas intrigantes. Segredos são revelados, desejos reprimidos são confessados e ressentimentos vêm à tona nesse jogo perverso.

O jovem Greg Jardin já fez muitos curtas e videoclipes, porém estreou agora como roteirista e diretor de longas, e ele quis ir muito além com sua trama para um iniciante, ao ponto que seu filme tinha toda a estrutura para dar muito errado, já que mistura de corpos é algo que se o elenco não for minuciosamente instruído se perde ao ponto do diretor nem saber mais qual rumo tomar, e aqui acontece algo muito pior, pois os personagens não mudam de voz e de jeito, mas sim apenas sua mente, algo que você precisa amarrar com tantos detalhes para que o público entre no clima que mesmo nas mãos de um diretor bem experiente poderia ainda dar muito trabalho. Ou seja, faltou uma presença mais segura, e talvez escolher mudanças de timbre de vozes ou algo a mais para que convencesse melhor na tela. Claro que a sacada das cores de mudar sob perspectiva foi algo bem inteligente do roteiro, mas não convence o tanto que precisava, e dessa forma o longa mais confunde do que diverte, embora a sacada final tenha sido brilhante.

Quanto das atuações, diria que focaram demais nos dois personagens mais chatos do grupo que foram James Morosini com seu Cyrus e Brittany O'Grady com sua Shelby, de modo que a discussão do casal até serve para o fechamento e para alguns atos de desenvoltura, mas ambos os atores foram mornos demais em suas cenas, tanto que quando estão em outros corpos tudo flui na tela, e a diversão realmente acontece, mas como o roteiro dependeu muito deles, ficou algo amarrado demais. Devon Terrell trabalhou seu Reuben com tanta empolgação em alguns atos que chega a parecer aqueles filmes de paródia antiga, mas com as mudanças de corpos focou bem em algumas situações e agradou bem com o estilo escolhido. Com o epílogo ficou bem claro o estilo que David Thompson trabalhou seu Forbes, pois num primeiro momento o personagem pareceu meio artificial, mas depois vemos que suas sacadas e trejeitos foram bem marcados para o que a história pedia, e assim acertou bem no que fez. Ainda tivemos outros personagens meio que de enfeite, mas que funcionaram dentro da proposta completa, ao ponto que nem vale entrar muito em detalhes sobre eles.

Visualmente a equipe nem precisaria ter arrumado uma super mansão e vários carrões para aparecer em cena, pois foi apenas gastos de enfeite para embelezar poucos atos, afinal o longa se concentra em algumas salas simples e estranhas, cheias de luzes, espelhos e tudo mais, e claro na maleta com os vários fios e eletrodos, além claro da obra de arte do lado de fora que foi bem importante no final do longa, mas o restante apenas permitiu ficarem passeando para lá e para cá sem precisar.

Enfim, é um filme que teve uma proposta grande demais e se perdeu na bagunça do roteiro, e principalmente na escolha de personagens principais, pois talvez mudando um pouco o foco e a dimensão da bagunça toda, o resultado seria bem melhor, mas ainda assim é divertido de conferir e tem uma boa entrega na tela, que quem não se perder vai acabar gostando do que verá, e sendo assim até vale a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Netflix - No Lugar Da Outra ( El Lugar De La Otra) (In Her Place)

10/13/2024 07:23:00 PM |

Sabemos que o maior desejo de uma dona de casa, ou uma mulher que trabalha o dia inteiro fora e depois quando chega do serviço tem de dar duro em casa é ter seu momento de paz, aonde possa apenas ler, beber um drink, relaxar e curtir seu momento sem barulho de filhos, marido e tudo mais, e essa ideologia é algo que muitas mulheres também optam por não se casar, para viver apenas sendo livres e em paz. E a sacada do longa chileno da Netflix, "No Lugar Da Outra", usa dessa base para explorar a vida de uma escrivã que ao tentar descobrir um pouco mais da vida de uma escritora que matou o amante no meio de um restaurante em plena luz do dia, passa a se sentir bem visitando o apartamento da escritora todos os dias, relaxando, bebendo e não tendo que suportar toda a conflituosa vida de esposa com filhos, e assim ela entende quais foram as motivações do assassinato. Ou seja, é um filme criminal simples, mas um drama de reflexão bem trabalhado que o Chile acabou escolhendo como seu indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro de 2025, que tem pegada, tem boas dinâmicas, e sendo uma história real conseguiu ser bem amplo na tela, mesmo sendo um pouco lento, de tal forma que muitas pessoas irão se conectar com a ideia passada pela protagonista.

O longa reconstrói o crime passional cometido pela renomada escritora María Carolina Geel em 1955 no Chile. Baseado numa história real retratada no livro “Las Homicidas” da autora Alia Trabucco Zerán, o caso tomou conta dos jornais e da opinião pública do país. Na trama, o episódio trágico desperta a atenção de uma tímida secretária chamada Mercedes, uma funcionária do tribunal designada pela equipe judicial para investigar o cotidiano de María Carolina. Ao ser confrontada com a vida da ré, Mercedes começa a questionar a realidade opressiva à sua volta, seu casamento e sua identidade, discutindo o papel feminino numa sociedade gerida pelo patriarcado e apresenta uma mulher em confronto com as submissões que sofre no lar e no trabalho.

São poucos diretores fora de Hollywood que já tiveram a oportunidade de ser indicado duas vezes ao Oscar, sendo mulher ainda por cima a lista deve reduzir a menos que os dedos de uma mão, e uma delas é Maite Alberdi que já teve dois de seus documentários presentes na premiação, e que aqui não seria diferente se ganhasse a terceira oportunidade, pois ao trabalhar um crime com um clima noir dos anos 50, desenvolvendo toda a essência do feminismo moderno, e ainda trabalhando tudo com muita classe, muita segurança dentro do roteiro, e sabendo aonde fazer com que a protagonista brilhasse, pois num primeiro momento e até mesmo na sinopse valorizam a escritora que cometeu o crime, mas se olhar bem a fundo verão que a ideia da diretora é que todos focassem completamente na secretária que vai mudando e se moldando ao estilo da escritora, ou seja, a paz de espírito deixa uma mulher livre muito melhor, e a diretora sabe muito bem disso, acertando bastante na formatação de seu longa.

Claro que o acerto não é apenas da diretora, e se deve muito à personificação que Elisa Zulueta deu para sua Mercedes, que inicialmente parecia ingênua demais, cansada demais dos afazeres domésticos, e praticamente sem uma vida próspera para si, e ao migrar seu mundo para o da escritora, ela muda olhares, muda seus traquejos, roupas, maquiagem, perfumes e vira praticamente outra mulher, e o acerto do desenvolvimento da trama em cima de sua personagem ficou perfeito. Francisca Lewin também deu uma boa personalidade para sua María Carolina Geel, mas não foi tão usada, apenas aparecendo nos julgamentos e depois no presídio das freiras, mas tendo toda uma dimensão visual para que a protagonista se espelhasse. Ainda tivemos bons atos com Marcial Tagle fazendo o juiz do caso e Pablo Macaya como o marido da protagonista, Efraín, que facilmente poderia imaginar uma traição com o sumiço da esposa em vários momentos, e assim trabalhou com olhares e dinâmicas que marcassem essa colocação.

Visualmente a trama tem muitos atos de um julgamento simples, sem grandes ambientes, aonde apenas o juiz, a escrivã e os dois advogados ficaram numa pequena sala, tivemos muitos jornalistas sempre rodeando tudo para conseguir suas matérias dos jornais, o presídio feminino cuidado pelas freiras bem simbólico com as mulheres todas vestidas simples, mas com um certo luxo para o quarto da escritora, aonde escreveu um de seus mais famosos livros, e claro toda a dimensão do apartamento da escritora, cheio de bebidas, perfumes, roupas chiques, banheira e tudo mais que a jovem secretária passa a utilizar enquanto a dona está presa, cada dia se transformando em uma outra mulher, principalmente se comparado ao pequeno cubículo que ela vive com seu marido e dois filhos. Ou seja, a equipe de arte trabalhou bem de uma forma representativa, com uma boa pesquisa para retratar a época e ainda desenvolver algo mais denso para o estilo noir funcionar.

Enfim, é um filme com uma pegada simples, porém muito gostosa de ver, e que trabalha bem conceitos feministas em uma trama não forçada, e assim acaba funcionando demais na tela, sendo um bom candidato a aparecer nas premiações, então fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Maximiliano Kolbe e Eu (Max & Me)

10/13/2024 12:15:00 AM |

É interessante observar que o cinema religioso é um dos que mais tem levado público aos cinemas depois das comédias e dos super-heróis, e essa fatia do mercado cinematográfico tem trazido longas de gêneros e estilos bem diferentes, que conseguem captar a essência emocional e afetiva dos fiéis, mas sem perder a originalidade típica do cinema, pois do contrário acaba ficando algo que não vai muito além. E digo isso com muita felicidade, afinal torço demais para o cinema continuar movimentado, seja ele como for, e já tem um bom tempo que venho falando que as produções religiosas tem público para ferver muitas salas. Dito isso, eis que resolveram agora juntar o básico religioso com uma animação, para claro também chamar os pequeninos para as sessões do cinema, e "Maximiliano Kolbe e Eu" conseguiu um feito ainda maior, pois mesmo vendo vários filmes sobre São Maximiliano Kolbe, ainda não sabia bem sua história completa, apenas sabendo de depoimentos, de milagres e até passeando pelos locais aonde possui muitos devotos, e aqui a trama trabalhou desde a infância pobre do jovem polonês Rajmund Kolbe, sua entrada para o mosteiro franciscano para estudar, depois virando padre, sua entrega para Maria, a criação de uma cidade e seus feitios no campo de extermínio de Auschwitz, tudo isso sendo contado por um senhor idoso para um jovem órfão problemático. Ou seja, cheio de símbolos e um envolvimento bonito, acabamos conhecendo um pouco mais da Igreja católica polonesa, e todo o envolvimento que pode ser passado para os mais novos, que claro tem defeitos, o principal de ser uma animação meia que truncada de formas, não sendo tão desenhada cheia de texturas como temos visto nos últimos anos, mas que certamente vai fazer muitos fiéis se emocionarem com tudo o que passa na tela.

O longa conta a história real do padre polonês Maximiliano Maria Kolbe e os grandes desafios que ele enfrentou durante a invasão nazista da Polônia na Segunda Guerra Mundial. Kolbe foi punido por fornecer ajuda e proteção aos judeus enviados para o campo de concentração nazista de Auschwitz. Num gesto de sacrifício, ele se ofereceu para trocar de lugar com um pai de família, doando sua vida para salvá-lo. Toda história é contada pelo idoso e solitário Gunter, que recebe a missão de ser mentor do rebelde D.J., um jovem em plena descoberta e questionamentos da vida. Com sabedoria, Gunter ensina ao adolescente verdadeiras lições sobre amor e altruísmo.

Diria que o diretor Donovan Cook ("A Casa do Mickey") foi bem escolhido para trabalhar a história que Bruce Morris ("Hércules", "Pocahontas") depois de anos parado escreveu, pois ambos tendo em seu currículo muitos desenvolvimentos para a Disney já chegaram com uma formatação técnica com muitas cores para prender os pequeninos, e assim a trama teve todo um estilo de animação mais clássico e simples, não recaindo tanto para um trabalho tridimensional cheio de texturas e sombras, mas que acabou tendo uma perspectiva de construção bacana bem interessante. Ou seja, o diretor optou por trabalhar mais o contexto do que enfeitar tudo na tela, e assim a história fluiu bem, e ainda segura o público com uma dinâmica que não chega a cansar. Claro que poderia ter sido algo mais fluido, com alguns chamarizes menos densos para cativar talvez os menorzinhos, mas de certa forma o resultado acaba agradando a todos.

Como animações prefiro ver dublado, optei por essa cópia, e foi bacana ver que a voz do padre Maximiliano Kolbe em momento algum nos remete à Juliano Cazarré, de modo que ele deu uma personalidade forte e bem segura para acompanharmos suas jornadas na tela, e claro conhecermos bem o personagem com tudo o que viveu. Alfredo Martins deu um tom bem de velhinho mesmo de animações para seu Gunter, cheio de traquejos e dinâmicas, mostrando um senhorzinho meio que rabugento, que não pode dirigir mais, mas que vai contar com a ajuda do jovem e também dar bons ensinamentos para ele. E Philippe Maia deu voz ao rapaz DJ, com dinâmicas suaves e bem incorporadas para um jovem que está desacreditado de tudo na vida, mas que com personalidade e uma boa dose de aprendizado conseguirá ir bem além ajudando o senhorzinho e conquistando uma namorada. Ainda tivemos Flávia Sady emprestando sua voz para a Virgem Maria e Renzo Cardoso fazendo o jovem Rajmund.

Embora seja uma animação com um visual meio que diferente, no começo você acaba estranhando um pouco, pois pareceu algo artificial que não cativaria tanto, mas depois conforme acostumamos com o estilo, tudo acaba sendo interessante dentro da proposta, com um visual não tão colorido, mas que passa bem a representação do tempo atual em que a trama se passa, junto de um passado bem colocado na tela para representar a vida do padre, e claro depois ao final toda a conexão bem alocada na tela. Claro que por já terem participado de muitas animações grandes, o diretor talvez pudesse ter trabalhado um pouco mais para que seu filme tivesse um chamariz mais tradicional de animações atuais, mas certamente o orçamento aqui foi mais limitado, e assim apenas foi bem representativo, sem errar ao menos.

Enfim, é um filme simples do estilo, porém bem trabalhado na história, que certamente muitos pais católicos irão levar os filhos aos cinemas, e que foi feito com essa proposta mesmo, mas que como muitos brasileiros ainda não conhecem tanto o santo polonês, talvez esse formato tenha sido a melhor escolha para introduzir ele na nossa cultura, valendo a indicação de conferida. E é isso pessoal, fico por aqui hoje agradecendo o amigo Leo e o pessoal da Kolbe Arte pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


Leia Mais

A Garota da Vez (Woman Of The Hour)

10/12/2024 02:23:00 AM |

Já disse outras vezes que um bom estilo de filmes para estrear na direção é o tal de tramas baseadas em histórias reais, pois não é necessário inventar muita coisa para funcionar, a verdade já ocorreu realmente, bastando apenas o estreante pegar e trabalhar da melhor forma seus atores e desenvolturas para que a trama se segure na tela, envolva o espectador, e principalmente não canse com uma história chata demais que não funcione na tela como um entretenimento também (e colocando claro alguns elementos ficcionais para dar aquele algo a mais para o espectador caso a história não seja interessante o suficiente). Ou seja, Anna Kendrick tinha o queijo e a faca na mão, bastando entregar algo convincente em sua estreia por trás das câmeras, e o que ela quis? Aparecer na frente também! E já disse isso outras vezes também é o erro crucial até de grandes diretores já experientes, pois acaba não entregando o seu máximo em nenhuma das funções. E se comecei o texto de "A Garota Da Vez" dessa forma, já dá para saber que tivemos muitos problemas na tela, e o principal foi uma montagem confusa de datas, misturando algumas épocas para frente, para trás, voltando para lá e para cá, ao ponto que em determinado momento até a diretora se perde e resolve finalizar, colocando um monte de escritos e deixando que o espectador fique feliz com o que viu apenas, porém um ponto que vale destacar é seu estilo presencial de direção, pois ela consegue em diversos momentos colocar o espectador junto dos atos, e isso se melhorado o que errou vai acabar sendo mais chamativo quando ficar experiente na função.

O longa é baseado na história real bizarra de Sheryl Bradshaw e Rodney Alcala. Bradshaw era uma solteira em busca de um pretendente no programa de TV de sucesso dos anos 70, “The Dating Game”, e escolheu o solteiro charmoso nº 3, Rodney Alcala. No entanto, por trás da fachada gentil de Alcala havia um segredo mortal: ele era um serial killer psicopata em meio a mais uma onda de assassinatos.

Claro que por ser um primeiro trabalho na direção, a atriz Anna Kendrick já conseguiu pegar um roteiro que certamente muitos nomes desejavam ter em suas mãos, e isso já mostra um mérito dela para ter seu nome na lista de roteiristas para entregar "seus filhos" para serem desenvolvidos, e Ian McDonald quis dar uma nuance mais feminina para a história de um assassino de mulheres ao escolher ela, ou seja, o filme facilmente poderia cair nas mãos de qualquer outra diretora mais experiente, mas nas mãos de uma estreante precisava ser algo que fosse mais fechado de nuances, para que não precisasse sair floreando pelas diversas facetas que o texto permitia, de mostrar vários outros casos, que intercalados com o programa televisivo que o assassino participou foi visto como muito pouco para uma obra, e assim optaram pelos outros momentos, mas talvez uma desenvoltura linear fosse mais chamativa na tela. Ou seja, vamos ter de esperar outros trabalhos seus aonde talvez apareça só atrás das câmeras, ou em participações menores para ver como ela vai se portar, pois aqui ficou mediana para baixo no que fez como diretora.

Agora falando da atriz Anna Kendrick, diria que sua Sheryl foi bem cheia de traquejos, conseguindo passar uma realidade tanto de atriz que foi a personagem real, sabendo aonde entregar trejeitos indagadores e também de medo, mas que talvez pudesse ser mais presente na tela, o que acabou não acontecendo tanto por precisar dirigir mais, o que foi um erro, pois talvez com o roteiro nas mãos de alguém mais imponente na direção, sua atuação talvez lhe rendesse alguns bons prêmios. O ator costa-riquenho Daniel Zovatto pode até ter alguma semelhança com o verdadeiro Rodney Alcala, mas faltou personalidade para que chamasse para si a responsabilidade do papel, pois até passou frieza para os atos de matança, mas não pareceu empolgado em momento algum com os traquejos que fez, meio que parecendo até estar ali obrigado! Agora quem foi muito bem em cena foram Nicolette Robinson com sua Laura completamente amedrontada e desesperada, e Autumn Best com sua Amy muito calma com tudo, mas que em seus atos finais deu um show de personalidade, de modo que valeria até ter mais tempo de tela.

Visualmente a trama ficou bem montada dentro do programa de TV, mostrando bem os bastidores de programas de auditório, toda a famosa armação de atores e atrizes ali com perguntas prontas para o que os diretores e apresentadores desejavam mostrar na tela, tendo também alguns atos em bares, e muitas das mortes e fotografias com o assassino levando suas vítimas para o meio do deserto próximo a Hollywood, em uma contextualização de época bem trabalhada, que funciona visualmente, mas que dava para ir além.

Enfim, é um filme que tinha um certo potencial para ir mais além na história, mas que teve problemas na execução e na montagem que acabaram não dando a fluidez necessária para que tudo chamasse mais atenção, e analisando algo que não é culpa do filme, mas sim da distribuidora foi de não mandar nenhuma cópia legendada para o interior, pois as vozes são ruins e sem a entonação que marcasse realmente a personalidade dos personagens, ou seja, isso pesou muito também na minha forma de conferir o longa, então minha recomendação para todos é que por ele ter grana da Netflix também envolvida esperem que logo mais deve aparecer no streaming com som e vozes originais, e quem sabe quando ver lá eu melhore um pouco a nota. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Tudo Por Um Pop Star 2

10/11/2024 09:21:00 PM |

Costumo dizer que o mundo teen, ou abrasileirado o mundo adolescente tem suas próprias formatações e que o mesmo que possa parecer uma bomba para nós mais velhos, pode parecer bonitinho para eles, e dessa forma de pensar, o longa "Tudo Por Um Pop Star 2" e o próprio Universo criado pela escritora Thalita Rebouças, facilmente se fosse um longa gringo bombaria fácil tanto de forma positiva para os fãs do estilo que se conectaram com toda a ideia, quanto também pelos haters que acabariam cancelando toda a ideia e o filme, porém se o primeiro filme foi algo bem mais colocado de jovens garotas fãs de um artista, aqui a trama já mostra garotas adultas (afinal já dirigem automóveis) que estão em busca de antigos encontros amorosos, apenas envolve um artista e sua ex-namorada, além de entregar outras conexões, saindo um pouco do vértice paixão de um ídolo. Claro que também foi trabalhado a ideologia de cancelamento, de coisas que fãs fariam por um pop star, mas dava para ir mais além para não ficar apenas bobinho e juvenil demais que aí sim colocaria um norte melhor para a produção.

A trama acompanha três amigas, Duda, Bia e Julinha, que moram na cidade de Resende, no interior do Rio de Janeiro, e estudam no mesmo colégio das protagonistas do primeiro filme. Para celebrar seus 15 anos de amizade, o trio decide organizar uma viagem para assistir ao último show da turnê de um famoso cantor Pop Star, que não só estudou na mesma escola delas, mas também era o namorado de Duda anos atrás. Para isso, elas irão dirigindo o velho fusca de Babete e embarcar em uma aventura que vai muito além de um show, testando e reforçando a amizade e a resiliência das meninas.

Uma coisa é inegável, que o diretor Marco Antonio de Carvalho sabe como não deixar as tramas que pega virarem grandes bombas, pois seu longa anterior ("Mallandro - O Errado Que Deu Certo") tinha tudo para dar muito errado, e ele conseguiu entregar algo funcional, agora pegou algo que tinha tudo para ser bem bobinho, sem temas para discutir fora do universo criado pela escritora e roteirista Thalita Rebouças, foi lá e colocou pontuações de cancelamentos, de maus agenciamentos, e claro dando nuances românticas bonitinhas de se ver, ao ponto que o filme ficasse interessante, ou seja, se você tem um roteiro pronto para o fracasso, procure ele, pois certamente mesmo que o filme não exploda perfeitamente, ele não vai deixar que vire uma bomba. 

Quanto das atuações, diria que as três garotas tiveram químicas bem colocadas na tela, demonstrando aquele estilo de amizade que uma sabe bem o que a outra está pensando, e assim fizeram a trama fluir bem quando estão à frente da câmera, porém não entregaram tanta personalidade quanto poderiam para suas personagens, de modo que funcionaram bem juntas, mas individualmente nenhuma chamou a trama para si, de modo que Gabriella Saraivah tinha tudo para que sua Duda chamasse mais atenção, mas sempre que ia para frente, logo estava de volta atrás, e isso pesou para que não fosse muito chamativa. Da mesma forma Bela Fernandes com sua Bia acabou sendo jogada para representar os jovens homossexuais com sua namorada, mas apenas algo para mostrar que tem isso no filme, sem algo a mais que valesse a discussão. E a jovem Laura Castro com sua Julinha desesperada por um emprego até tentou chamar o carisma para si em alguns momentos, mas nada que envolvesse realmente. E claro além das meninas valeu bem toda a imposição artística de Lucas Burgatti com seu Diggy, botando a voz para jogo e cantando diversas canções e trabalhando bem o carisma de um galã pop na tela, ao ponto que talvez pudessem ter usado até mais ele no filme sob um outro vértice que acabaria agradando. Quanto aos demais cada um apareceu da forma que deu, valendo leves destaques para Caio Manhente com seu Rômulo bem ao estilo de muitos empresários que nem ligam para o que os artistas pensam, apenas atrás de mais contratos, e o jovem João Manoel com seu Bento bem colocado na tela, além do influencer Hugo Gloss sendo muito usado para dar estilo de internet para o filme.

Visualmente a trama teve uma pegada quase de road-movie com as garotas indo de Fusca conversível de Resende-RJ até Salvador-Ba, parando em um bar karaokê, na beira da estrada para trocar pneu furado debaixo de um dilúvio, e até num restaurante enquanto o carro precisou ser lavado após um incidente estomacal, além claro de um ônibus de artista bem recheado de detalhes, e um show com um bom palco imponente e muita computação para preencher de figurantes, ou seja, foram simples, porém efetivos com o que a equipe de arte desejava mostrar na tela. 

Enfim, está bem longe de ser uma trama perfeita, que emocionasse e eu saísse da sessão falando para todos correrem para as salas do cinema, porém passa bem longe de ser a bomba que esperava encontrar, então quem for fã desse estilo até vai acabar gostando do que verá na tela, mas quem não curte nem passe perto que vai odiar por completo, então fica assim a dica. E é isso meus amigos, vou para mais uma sessão, e volto mais tarde para falar o que achei dele, então abraços e até breve.


Leia Mais

Adrenalina Pura - Tempestade Ácida (Acide) (Acid)

10/11/2024 01:08:00 AM |

Sou bem suspeito com o que vou falar hoje do longa "Tempestade Ácida", pois juntou duas das minhas paixões que é tramas de destruição com filmes franceses, ou seja, desde o dia que o pessoal me convidou para a cabine de imprensa do Canal Adrenalina Pura minha ansiedade já estava a milhão, e para ajudar ainda demorou um pouco mais do que desejava, mas consegui conferir, e meus amigos que filmaço, daqueles que se fosse um longa americano ou até mesmo britânico certamente esperaria um final bonitinho, com todo mundo se abraçando após a tempestade, já tudo pronto para mais duas ou três continuações, mas sendo francês você pode conferir esperando o pior, algo que não tem como saber o que esperar ao final, e embora seja uma trama de ficção, se entrarmos a fundo nos estudos das chuvas, do calor extremo, de tantos produtos químicos e venenos jogados na atmosfera, não é difícil que algo assim ocorra daqui alguns anos, e aí vão chegar no diretor e falar: "meu amigo, esse seu sonho virou nosso pesadelo!". Ou seja, é o famoso filme que envolve conflitos climáticos, aonde claro o palco principal fica em cima de uma família quebrada, que vai tentar fugir da chuva e sobreviver ao caos junto com muitos outros, mas os riscos são muitos e ácido sabemos como é, então assista preparado para fortes emoções e para ficar bem tenso com tudo, pois a entrega na tela é de primeira linha.

O longa nos conta que nuvens de uma chuva ácida devastadora estão desabando sobre a França. Enquanto isso, Selma, de quinze anos, cresce entre seus dois pais separados, Michal e Élise. Em um mundo que está prestes a afundar, esta família fragmentada terá que se unir para enfrentar esta catástrofe climática e tentar escapar dela.

Se reclamei da falta de experiência do diretor e roteirista Just Philippot no seu longa de estreia, "A Nuvem", agora posso falar que em breve vamos ficar ouvindo muito o seu nome se ele seguir essa linha de longas, pois claro que se lá ele não teve um grande orçamento, aqui o que ele conseguiu foi necessário e certeiro, pois não criou uma trama cara, embora tenha muitos efeitos especiais, mas soube utilizar os ambientes mais reclusos, muita fumaça para dar as nuances de queimadas pelo ácido, e a cada cena ele vai incorporando detalhes para deixar o público aflito, e também com raiva da garota protagonista, pois como em todo filme-catástrofe, se a pessoa segue a linha certinha sobrevive bem e não atrapalha ninguém, mas como tem de ocorrer isso senão os créditos já sobem com 10 minutos de tela, aqui a jovem incomoda com seus "chiliques". Ou seja, o jovem diretor que já tinha entregue uma versão curta desse filme em 2018, aproveitou para ampliar muito o horizonte, brincar com cada elo de forma mais forte, e conseguiu dar dinâmica para que seu filme não ficasse arrastado, de modo que embora seja uma jornada até onde desejam chegar, cada momento acaba sendo importante.

Quanto das atuações, já estamos bem familiarizados com o estilo de Guillaume Canet, afinal é quase sempre figurinha presente nos longas que chegam do país aqui em festivais, e aqui seu Michal é algo completamente diferente do que já trabalhou, sendo mais impulsivo, explosivo e com trejeitos mais densos, ao ponto que o filme começa de uma forma que até achei que não era o longa que queria assistir, mas depois tudo faz bastante sentido pela maneira que o ator acaba entregando seu personagem e o resultado acaba chamando bastante atenção. A jovem Patience Munchenbach aparentou estar um pouco insegura com sua Selma, mas ao mesmo tempo como já falei acima ficou extremamente irritante com as atitudes de sua personagem, não precisando nem falar muito com os demais, mas passando suas intenções e tensões nos olhares que fez, ou seja, acabou fazendo o que precisava e conseguiu acertar errando. Ainda tivemos alguns atos bem trabalhados de Laetitia Dosch com sua Élise, tendo algumas desenvolturas meio que desesperadas, mas também acertando o que a personagem necessitaria, e a pobre Suliane Brahim fazendo uma participação quase que de enfeite com sua Karin, além de Marie Jung trabalhando uma Deborah inicialmente fechada, depois sendo mais receptiva por ser ajudada, e voltando para uma finalização bonita no meio do caos.

Visualmente a equipe soube brincar com ambientes aonde pudesse fazer uma grande destruição sem precisar gastar muito, e assim foi para o interior com uma ponte desabando, um pântano que vira um lamaçal ácido, uma floresta aonde os personagens vão correr bastante e alguns animais aparecendo machucados, e assim tudo ficou bem representado na tela, não sendo daqueles filmes catástrofe que temos prédios desabando, buracos abrindo no meio da estrada, tendo apenas uma cena mais forte aonde várias pessoas e carros ficam presos, mas isso também numa área afastada aonde apenas a equipe de maquiagem trabalhou bastante, além de claro desgastar a pintura dos carros e muita fumaça do contato da água ácida com metais, terra e tudo mais. Ou seja, fizeram o básico muito bem feito e acabou funcionando, tanto que concorreu ao Cesar de Melhor Efeitos Especiais, só perdendo para um filme inteiro diferente dos padrões.

Enfim, é daqueles filmes que não apenas passam lições ambientais, e trabalham destruições sem sentido algum, sendo algo que pode ser que algum dia ocorra, mas que também funciona bem como uma ficção bem encaixada, aonde alguns atos você até ri sabendo que é falho (por exemplo da garota se segurando no metal de um trator que passou dias na chuva ácida sem acontecer nada já de cara), mas que no resultado completo acaba sendo bem interessante de ver e se envolver. Então com toda certeza recomendo a conferida dele dentro do canal Adrenalina Pura, que pode ser acessado tanto pela Amazon Prime Video, quanto pela ClaroTV+ e a AppleTV+, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria que se empenhou para que eu conseguisse conferir o longa, muito obrigado mesmo pessoal, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Amazon Prime Video - Estação Espacial Internacional (I.S.S.)

10/10/2024 12:16:00 AM |

Uma coisa que sempre vemos nas guerras tanto reais quanto em filmes é que quem realmente manda e cria as mais diversas motivações para nações se enfrentarem está na sua casa quietinho, bebendo e comendo do melhor enquanto pessoas que nem se conhecem, ou até mesmo tem alguma afinidade, se digladiam até a morte de todos de um lado (ou de ambos), e nessa sacada sempre vemos que em terra firme (ou na água) alguns fogem desertando e não cumprindo seus deveres para com sua pátria de acabar com o outro lado, então qual ideia genial que tiveram, em um lugar aonde há anos países colaboram e convivem entre si fora do planeta se fosse dada a ordem de tomar tudo e acabar com seus próprios amigos de outro país lá, o que fariam? Pois bem, essa é a sacada do longa "Estação Espacial Internacional" que estreou na Amazon Prime Video com uma boa desenvoltura, cheio de nuances marcantes em um espaço bem restrito, que funciona bem, porém faltou um pouco mais de explosão e ação nos atos do miolo, demorando demais para ter um impacto forte realmente, mas que agrada pela ideia como um bom passatempo para quem curte tramas de suspense do estilo.

Na trama, uma Guerra Mundial está em andamento no planeta Terra e, secretamente, os Estados Unidos e a Rússia contatam seus astronautas a bordo de uma estação espacial e ordenam que dominem o local a qualquer custo.

Diria que a diretora Gabriela Cowperthwaithe usar bem o roteiro ao seu favor, pois se olharmos bem a fundo a trama é simples, o ambiente é simples, e o que foi muito mais difícil com certeza foram as gravações simulando o ambiente sem gravidade, pois no filme inteiro os personagens estão flutuando dentro da estação, e com isso o resultado entrega algo bem realista nesse sentido, de modo que se a diretora quisesse ir mais além, talvez tudo ficasse mais caro para as filmagens. Ou seja, como disse no começo a ideia mesmo é que ficou interessante de mostrar uma proposta dos famosos peões de guerra, daqueles que são soldados até o último minuto não se importando com amigos ou colegas de profissão, de modo que se os países estão em guerra vão para a última instância e quem sobreviver vira herói, e o resultado mostra essa ideologia de um modo funcional que poderia ter explorado um pouco mais, mas mudaria tudo na tela.

Quanto das atuações, o longa também foi bem enxuto de atores, e com Ariana DeBose trabalhando de um modo singelo com sua Kira conseguiu prender os olhares na novata da estação, de tal forma que poderia surtar mais, e entregar muito mais na tela, mas como a atriz vem de uma maratona de produções (deve estar com os mesmos problemas que Nicolas Cage, pois já teve 3 filmes esse ano e ainda estreará mais 2) já anda ficando um pouco artificial demais na tela. Outro que trabalhou bastante foi Pilou Asbæk com seu Alexey, usando bem traquejos expressivos fortes, e sendo bem imponente nos vários atos finais para que seu personagem fosse um misto de sensações na tela. Ainda tivemos Chris Messina e Masha Mashkova bem explosivos nos seus atos principais, de forma que tanto o seu Gordon quanto a sua Weronika deram dinâmica para o longa segurando a responsabilidade mesmo sem serem protagonistas na tela. E também tivemos John Gallagher Jr. com seu Christian e Costa Ronin meio que afastados demais sem grandes chamarizes, tendo claro um ou outro momento para despontar que não foram tão além.

Visualmente posso afirmar que a equipe de arte pesquisou bastante nas imagens verdadeiras para construir um bom ambiente fechado, com muitos elementos eletrônicos em um espaço bem pequeno, de forma que vemos as camas para dormir amarrados para não sair flutuando, vemos muitos elementos para serem usados como possíveis armas, e todo o envolvimento com os ratinhos, meio que dando uma perspectiva de se pensar nos testes, além disso tivemos claro muita computação do lado de fora da estação para mostrar a Terra bem bonita azul e depois vermelha em guerra, ficando até um pouco artificial demais, mas dentro da proposta funcional ao menos.

Enfim, é um filme simples de entrega, mas com uma ideia digamos inovadora e diferente do usual que vemos em tramas de guerra, com uma pegada talvez até realista demais que alguns vão achar estranho, mas que se refletirmos seria possível de acontecer tudo da forma que rola, tivemos alguns momentos mais descontraídos bem colocados, então acaba sendo um bom passatempo para conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Netflix - Prisioneiro do Caos (Strul) (Trouble)

10/08/2024 10:38:00 PM |

Desde o dia que a Netflix lançou "Prisioneiro do Caos" na semana passada fiquei intrigado que parecia ao mesmo tempo um filme que certamente eu iria gostar ou xingar até a última geração do diretor, e por incrível que pareça hoje era exatamente o estilo de filme que eu precisava ver: leve, divertido, cheio de boas sacadas e ainda tendo toda uma investigação bem trabalhada aonde o pobre protagonista não consegue ganhar uma contra o sistema. Ou seja, é um filme que entrega o necessário para entreter, com situações que talvez pudessem ser melhoradas (o lado da família do protagonista é bem fraquinho, com uma garotinha sem vontade alguma de atuar, e a ex-mulher apenas levando a garota, e o novo namorado/marido servindo para a conexão da foto, e nada mais), mas que não atrapalham, valendo pelo resultado completo na tela.

A sinopse praticamente conta a história completa do longa de um vendedor de eletrônicos divorciado que é injustamente acusado de homicídio. Era apenas uma demanda simples num dia de trabalho normal: entregar e instalar uma TV. O desastrado e azarado Conny, porém, acaba condenado a 18 anos de prisão por estar no lugar errado na hora errada. Longe da filha Julia, o vendedor precisa sobreviver ao cárcere dia após dia, até que conhece os criminosos Norinder e Musse, que o confundem com um piloto e colaboram com um plano de fuga para ele. Nessa comédia de erros, Conny precisa provar sua inocência, enfrentar conspirações mirabolantes, lidar com a saudade da filha e as obrigações de pai e, ainda, acidentalmente se apaixonar pela única policial que pode ajudá-lo a sair dessa enrascada.

Por incrível que pareça, o longa é uma refilmagem de outro filme sueco mesmo de 1988, ou seja, daquela época que nem sabíamos que a Suécia fazia filmes, porém o diretor e roteirista Jon Holmberg conseguiu trabalhar de forma tão dinâmica que sua trama acabou parecendo algo original e atual, trabalhando com drogas, tecnologias e claro com o que mais anda na moda de quem era o verdadeiro assassino que não vou dar spoiler (mas quem leu meus últimos textos saberá rapidamente). Ou seja, como não vi o longa original, aqui esse passará a ser a versão que conheço, e posso dizer que souberam brincar bem com toda a situação caótica do protagonista, sendo daqueles que quando acham que vão conseguir se livrar de algo, a coisa piora um pouco mais, mas ainda assim ficaria simples demais se não tivessem encontrado um ator carismático e bem disposto a se entregar por completo, e assim o resultado acabou ficando bem mais na mãos de Filip Berg do que do próprio diretor, e o acerto funcionou demais.

E já que comecei a falar do protagonista, no longa usaram muito dele ouvindo a canção "Hooked On a Felling" que ficamos acostumados a acompanhar com o filme dos "Guardiões da Galáxia", e facilmente daria para colocar Filip Berg no grupo de heróis, pois ele tem estilo, tem um jeitão meio bobo, mas que agrada na entrega que faz, e cheio de bons traquejos conseguiu pegar o longa e chamar de seu, afinal não se deixa abater fácil e se joga do começo ao fim, ou seja, foi tão bem que fará com que seu Conny seja lembrado mais vezes quando ver outro filme com ele. A jovem Amy Deasismont trabalhou muito bem também sua Diana, fazendo uma personagem atrapalhada demais, mas que mostrou boas dinâmicas e soube segurar bem seus atos na tela, mas pesquisando sobre ela fiquei bem mais interessado em um filme que fez em 2015 que tentarei arrumar aonde ver. Ainda tivemos bons atos com Eva Melander entregando uma Helena completamente desesperada, tentando a todo custo com as situações mais malucas possíveis para incriminar o protagonista, trabalhando bem sua entrega na tela, e ainda vale citar os outros presos com destaque para Joakim Sällquist com seu Musse bem malucão.

Visualmente a trama teve bons atos em uma loja de eletrônicos tanto na área de venda no começo como no depósito depois nos atos finais, tivemos o início do longa com uma operação de prisão com drogas gigantesca e bem intensa, a casa aonde acontece o homicídio que o jovem estava na hora errada, alguns momentos numa prisão até que bem requintada no país, alguns atos em um hospital e todo o desfecho bem trabalhado em um hotel passando desde os quartos, terraço e área de manutenção, aonde com boas sacadas conseguiram dimensionar todo o filme, mostrando que a equipe de arte trabalhou intensamente.

Enfim, hoje pensei em até não assistir nenhum filme por estar bastante cansado, mas a entrega do longa foi tão bem encaixada que era exatamente o que precisava conferir, funcionando bastante do começo ao fim com algo dinâmico e totalmente funcional dentro da proposta que com toda certeza vale a indicação, então deem o play para se divertir bastante com algo que até tem umas falhas, mas que não atrapalhou em nada o resultado na tela. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Força Bruta: Sem Saída (Beomjoidosi 3) (The Roundup: No Way Out)

10/06/2024 09:20:00 PM |

Enquanto no Brasil se popularizou bastem os doramas que são dramas provenientes do Japão, tem chegado muito por aqui os K-Action que são os filmes de luta sul-coreanos, e se o primeiro caso faz os fãs chorarem horrores e se envolverem com os personagens, no segundo caso o que o pessoal quer mesmo é que o protagonista soque o máximo de vilões possíveis, em algo que praticamente esquecemos de ter uma história realmente para envolver. Dito isso, eis que no próximo dia 10/10 chega aos cinemas a terceira parte da franquia "Força Bruta: Sem Saída", aliás para muitos o segundo filme, já que o primeiro nem chegou aos cinemas nacionais, mas que muitos conseguiram pelos caminhos alternativos, e traz exatamente o que os fãs gostam de ver, com o protagonista brucutu como um investigador da polícia que não pensa muito e se relarem a mão nele, já vão a nocaute com seu retorno, agora enfrentando claro vilões bem mais imponentes já que entra a Yacuza no meio, e claro como tem em todo o mundo, policiais corruptos que estão no meio das vendas de drogas. Ou seja, é o básico filme de ação que funciona nas telas, que vai conferir realmente quem gosta do estilo, e que entrega tudo dentro da proposta, sendo bem colocado e funcional, agradando pelas boas brigas muito bem coreografadas, senão o que teria de figurante morto não estaria nos boletins de ocorrência.

No longa acompanhamos Ma Seok-do enfrentar dois inimigos diferentes. A princípio, ele se junta a um novo esquadrão para investigar o que seria apenas um caso de assassinato. Porém, logo descobre que este caso envolve a apreensão de uma droga sintética. Enquanto isso, a mente por trás do tráfico dessa nova droga — Joo Sung-chul — não para de procurar problemas, fazendo com que os distribuidores de drogas e Ricky, primeiro vilão da franquia, vão à Coreia para resolver as situações que Joo Sung-chul causa.

Costumo dizer que uma saga não deve jamais mexer em diretores para continuações, senão acaba ocorrendo de virar uma bagunça, muita coisa acaba sendo jogada fora e tudo mais, e aqui felizmente (ou infelizmente para alguns) foi mantido o diretor do longa anterior, Lee Sang-yong, que nem se preocupou em fazer uma introdução novamente, já botando o protagonista para trabalhar, criando toda a densidade dos conflitos, e brigando bastante para chamar atenção, e principalmente tendo muito sangue para todos os lados, ou seja, o filme conseguiu fluir bem e agradar dentro da proposta completa. Claro que por ser um longa dinâmico, talvez valesse ter desenvolvido melhor os demais personagens, pois os vilões praticamente surgem do nada e ficam marcados em cena, mas isso é o costume da franquia, então não seria o diretor a querer mudar o jogo.

Quanto das atuações, Don Lee já virou Ma Seok-do, de forma que esse seu estilo brucutu funciona bem demais e não seria difícil imaginarmos ele aparecendo num futuro "Mercenários", afinal sua força descomunal funciona bem na tela, sendo com um só soco ou tapa põe muitos para dormir, e ainda traz um certo gracejo na tela com seu carisma, então domina o filme para ele ao ponto que praticamente esquecemos de olhar para qualquer outro personagem na tela. Quanto dos vilões, Lee Jun-hyuk trabalhou o famoso policial corrupto que quer mais do que o normal e não pensa duas vezes em lutar para conseguir isso, entregando boas facetas expressivas e um bom domínio ao lutar na tela, já Munetaka Aoki volta com seu Ricky que apareceu no primeiro filme, e um domínio da espada como poucos, lutando bastante e se desenvolvendo pouco, mas como era essa a proposta do longa, fez bem o que precisava fazer. Já os demais cada um da sua maneira tentou aparecer um pouco, mas sem grandes chamarizes, tendo o pessoal do lado do protagonista exagerando um pouco demais na comicidade, e do lado dos antagonistas lutando para evitar ser morto, e falando quase nada.

Visualmente a trama passeou por muitos ambientes, desde o cais do porto aonde escondiam drogas junto dos peixes e caranguejos, passando por boates frequentadas apenas pela alta sociedade, vários escritórios espalhados, e algumas cenas tanto na delegacia do protagonista quanto na delegacia do antagonista, mostrando bem a diferença de investimento de cada lugar, além disso muito sangue falso para os diversos cortes feitos com as facas e espadas, para claro agradar os fãs mais violentos.

Enfim, é um estilo de filme que quem gosta acaba vibrando com cada ato na tela, mas assim como falei no texto do segundo filme, as histórias são um pouco falsas demais, não convencendo tanto na argumentação, porém volto no que acabei de falar, que quem gosta desse estilo não está nem aí para as histórias, então o resultado acaba funcionando na tela, valendo a recomendação para os amigos da pancadaria. E é isso pessoal, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria que sempre consegue boas cabines, e também o pessoal da SATO Company que cada dia consegue mais longas orientais bons para representar em nosso país, e volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.


Leia Mais

Amazon Prime Video - O Diário (El Diario) (The Diary)

10/06/2024 01:49:00 AM |

Um estilo de filme que gosto bastante de conferir é o que envolve viagens ou distúrbios de tempo, pois sempre dá aquela famosa sacada de parecer que já aconteceu ou que vai acontecer, aonde os protagonistas tentam mudar algo de ruim que aconteceu ou que irá acontecer, pois dá para o roteirista florear aos montes toda a ideia, dá para brincar com possibilidades, e se o diretor for bem esperto ele deixa bem para o finalzinho para entregar por completo para o espectador qual era a ideia correta, ao invés de entregar de cara e ficar conflitando possíveis furos. E com o longa mexicano que estreou ontem na Amazon Prime Video, "O Diário", acabaram exagerando um pouco com as visões da protagonista, pois não precisaria desse efeito meio que paranormal, bastava apenas o lance do diário, de ir trabalhando as conexões e tudo mais para que ela e o psicólogo fossem associando tudo para que ao final toda a bomba acontecesse, mas ao menos a pegada toda foi bem desenvolvida, e o melhor, sem enrolações, pois dava facilmente para virar uma novelona mexicana como muitos conhecem bem.

A sinopse nos conta que quando Olga descobre em seu sótão o diário inacabado de um assassino, acaba ficando fascinada e apavorada pelos seus segredos obscuros. Conforme ela se aprofunda em seu conteúdo, ela descobre uma conexão misteriosa entre eles, colocando sua vida e a de outros em grave perigo.

O filme até poderia ter ido mais além como falei no começo do texto, porém para isso seria necessário diretores mais experientes, e aqui temos duas estreantes em longa metragens, de forma que Emma Bertrán e Alba Gil até tiveram uma ótima proposta e desenvolvimento na tela, mas faltou aquele algo a mais para derrubar o queixo do espectador, ou seja, se forem seguir essa linha de filmes, no próximo é bem capaz que acertem em cheio com um resultado mais preciso. Claro que dava para elas terem criado interações mais fortes entre os personagens, mas isso também dependeria de como o roteiro foi pensado, pois se precisaram fazer a brincadeira meio que de atividade paranormal para visualizar o futuro, isso é algo que sentiram durante as gravações que não ficaria muito claro para o espectador toda a ideia de apenas ser um diário lido, mas mostraram que tem futuro, então é aguardar o próximo trabalho para ver se melhoraram ou se é o estilo delas mesmo.

Quanto das atuações, Irene Azuela fez uma Olga inicialmente descrente do que estava acontecendo na casa, e meio perdida em relação a tudo, porém da metade para frente virou uma investigadora nata, sabendo detalhes, induzindo tudo, e tentando mudar o futuro com coisas do presente, mas sem ser muito efetiva, e principalmente fazendo tudo o que o diário propunha, ou seja, faltou dosar um pouco de cada coisa para que a personagem ao final desvendasse tudo e chamasse mais atenção, mas como já disse, isso vem do roteiro, e nenhum ator consegue fazer milagre. Mauricio Ochman até trabalhou bem o lado psicólogo de seu Carlos, sendo calmo e preciso nas decisões, e entendendo bem o que estava rolando ali, claro que levando também para alguém melhor analisar (embora a mulher que analisou caligrafia seja praticamente uma vidente de tudo e mais um pouco com todos os detalhes que deu apenas pelo que leu no diário). Já vi outros filmes com a jovem Isabella Arroyo, mas aqui sua Vera foi tão seca de olhares, que nenhum psicólogo daria muito jeito nela, ao ponto que se fosse um filme de terror, facilmente ficaria com medo de ver ela a noite. Ainda tivemos o ex-marido da protagonista e sua atual namorada vividos por Leonardo Ortizgris e Yoshira Escárrega, que soaram falsos demais em seus atos, então poderiam ter até menos cenas aparecendo.

Visualmente a casa da protagonista até foi bem escolhida pelos ambientes decorados de modo simples, porém bem detalhados, tendo o baú como parte principal de tudo, que a hora que aparece sua grande cena poderia ser a chave de tudo, se não tivesse acontecido antes a revelação, e claro os diários de torturas bem escritos e chamativos, além da casa do pai também bem arrumada, e a sala do psicólogo cheia de brinquedos, bem no estilo que funciona realmente. Ou seja, não gastaram muito com o visual do presente, mas colocaram alguns elementos em formatos fantasmas meio que chuviscados de TV que nem engrandeceram nada com a personificação do futuro, ao ponto que dava para ter economizado mais.

Enfim, é um filme simples, que mesmo cheio de pequenos erros, funciona na tela, então quem gosta desse estilo até vai relevar alguns momentos e irá curtir a pegada completa, porém como já falei muitas vezes, dava para ter melhorado demais com pouquíssimos ajustes, então acaba valendo a indicação de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais

Inverno em Paris (Le Lycéen) (Winter Boy)

10/05/2024 08:03:00 PM |

Ver um filme introspectivo é sempre algo que você precisa estar muito disposto a entender o personagem que vai ser trabalhado na tela, pois senão corre o risco de tudo acontecer de não associarmos bem toda a essência que o diretor desejava trabalhar, e com "Inverno em Paris" você ainda precisa se conectar muito com toda a perspectiva do protagonista, pois é um jovem que se declarou muito novo como homossexual para a família e quando perde o pai em um acidente tenta se reencontrar com sua opção indo morar um tempo com o irmão em Paris, tendo algumas vivências e conflitos, ao ponto de voltar para casa e surtar com tudo. Ou seja, é um filme que ficou totalmente dependente da atuação do protagonista, que até entregou bons momentos, mas que segurou demais a trama, fazendo com que a trama não ficasse mais fluida, e necessitasse quase que na totalidade de um estilo narrado, o que chamamos no meio técnico como muleta de atuação, que vez ou outra até faz com que o filme ganhe alguns prêmios, como foi o caso aqui de ator revelação no Festival de Veneza.

A sinopse nos conta que Lucas, de 17 anos, está no último ano de internato quando a morte súbita de seu pai destrói tudo o que ele tinha como garantido. Cheio de raiva e desespero, ele visita seu irmão mais velho em Paris para buscar consolo na nova cidade.

Diria que o diretor e roteirista Christophe Honoré teve uma sensibilidade bem trabalhada na tela com sua obra, de modo que o filme não chega a ser cansativo, e ainda consegue se desenvolver bem na tela. Claro que ele poderia ter usado um pouco mais do rapaz em outros ambientes, ter aumentado os passeios dele pela cidade, e criado mais complicações na tela ao invés de exagerar na narração do garoto dos seus dias, pois é legal você observar ele falando tudo, mas a trama ficou tão presa nesse estilo que perto do final você já está sem vontade de ver tudo acontecendo com a falação em off, mas como bem sabemos criar cenas é bem mais caro do que uma narração, e passa a ideia meio que de alguém contando algo para outra pessoa, o que dá um aconchego mais marcado, mas isso funciona melhor em filmes com dinâmicas mais abertas, e não tanto em longas introspectivos, o que acabou dando uma densidade meio que enrolada para o que foi mostrado na tela. Ou seja, não ficou ruim a direção, porém precisava de algo a mais para funcionar melhor.

Como falei no começo o longa foi premiado no ano passado pela atuação do jovem Paul Kircher com seu Lucas, e isso com toda certeza foi o mais correto, afinal o longa é do rapaz, da entrega cênica dele, dos seus olhares e desenvolturas, tanto que mesmo com outros grandes nomes franceses na produção você acaba quase nem reparando no que fazem em cena, ou seja, o rapaz soube dominar seus momentos e entregar muito na tela. Vincent Lacoste está tão diferente em cena com seu Quentin que fiquei pensando quem era o ator que estava fazendo o personagem, e olha que já fazem alguns anos que quase todos seus filmes tem aparecido aqui no país, porém tirando momentos mais explosivos do personagem, ele acabou não fluindo como poderia, ficando um irmão que tem momentos tenros, mas que também não entende tanto o mais jovem. É quase um crime termos um filme com Juliette Binoche no elenco, e ela ficar tão em segundo plano como aconteceu aqui com sua Isabelle, pois sendo um filme mais sobre o filho de sua personagem, ela como mãe apenas teve atos emocionais no desenrolar fúnebre, mas depois praticamente desaparece de cena, e dessa forma a atriz não pode entregar tanto como costumeiramente faz, o que é uma pena. Ainda tivemos alguns outros atores dando conexões ao protagonista, sem grandes chamarizes, tendo um leve destaque para Erwan Kepoa Falé com seu Lilio, mas sem ir muito além.

Visualmente a trama também foi bem contida de ambientes, de modo que vemos bem pouco realmente da Paris que tanto passa nos filmes, ficando mais dentro de um internato em outra cidade, a casa da família no interior, e o apartamento do irmão na cidade, de modo que até a mãe e o irmão falam de lugares para o jovem visitar nos diálogos, mas praticamente não quiseram fazer boas cenas externas, e assim acabou faltando mais dinâmica no resultado da equipe de arte.

Enfim, costumo dizer que gosto muito mais das comédias dramáticas francesas do que dos dramas que o país costuma entregar, justamente por segurarem demais tudo na tela ao invés de fluir e emocionar, e assim sendo o longa ficou exageradamente seco na tela, o que acaba não impactando como poderia. Claro que passa bem longe de ser algo ruim de ver, mas diria que o filme vai ser mais chamativo passando por festivais do que comercialmente nas salas do país, mas quem gosta do estilo mais preso até vale a conferida nos cinemas brasileiros a partir da próxima quinta 10/10. E é isso pessoal, fico por aqui agora, claro agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Pandora Filmes pela cabine de imprensa, e volto logo mais com outras dicas, então abraços e até breve.


Leia Mais

Netflix - O Poço 2 (El hoyo 2) (The Plataform 2)

10/05/2024 01:53:00 AM |

Costumo falar que filmes introspectivos e filosóficos jamais podem ter continuações, podem refilmar quantas vezes for, mas nunca continue, principalmente se fez sucesso, pois acaba virando uma bomba tão gigante que sequer conseguimos pensar aonde estavam com a cabeça quando escreveram o roteiro. E comecei o texto de "O Poço 2" dessa forma por dois simples motivos, o primeiro é que felizmente eu não esperava nada dele, então qualquer coisa me agradaria já que gostei muito do primeiro e nem queria uma continuação de algo que ficou quase perfeito, a segunda é o óbvio de se falar que o diretor imaginou muito mais coisas e levou nada a lugar algum, pois até temos todo o lance da barbárie, da culpa e de responder seus atos e pecados por uma lei/mandamento que alguém impôs como sendo correto, mas é uma verdadeira bagunça que não honra todos os prêmios que o primeiro filme levou, muito pelo contrário, quem não entendeu nada do primeiro sairá ainda mais confuso depois de ver esse, e a dona Netflix toda faceira ainda sugere que você reveja o primeiro ao acabar a exibição com o seguinte título: "se você não entendeu esse filme veja 'O Poço' agora", já induzindo ao play como se uma coisa fosse explicar a outra, mas já que sou bonzinho com vocês vou dar uma ajudinha: esse tem o 2 no título, porém é um prequel do original, ou seja, tudo acontece bem antes, e bem próximo ao final seremos apresentados ao tiozinho do "óbvio" e ao rapaz protagonista do primeiro filme, dito isso, todo o restante é puro spoiler, então não vou entrar em detalhes.

A narrativa mergulha novamente na angustiante prisão vertical onde a sobrevivência é uma luta diária e brutal. Com apenas duas pessoas por nível, cada uma lutando por sua porção de comida da única plataforma disponível, o filme explora os limites da solidariedade humana e a natureza desumana das estruturas sociais extremas. Uma figura misteriosa emerge para impor ordem neste caos, desafiando os residentes a questionar a noção de justiça em um ambiente tão cruel. À medida que as novas regras são impostas, surge a dúvida: quem garante que serão cumpridas?

O mais interessante é que realmente o diretor e roteirista Galder Gaztelo-Urrutia passou praticamente cinco anos desenvolvendo a continuação encomendada logo que saiu o longa original e tinha ideias tanto para frente quanto para trás da história que lhe fez famoso, mas claro que primeiro optou para apresentar como tudo virou o que já tínhamos visto lá e derrubado nossos queixos, porém ao mesmo tempo que vemos algo anterior, a trama também parece ser mais para frente, pois já tem grandiosos conflitos ali dentro, porém com mais regras que no original, e assim aqui tudo tem uma fluidez digamos que confusa na tela. Claro que esse estilo escolhido foi proposital para não entregar as coisas de mão beijada para o espectador, afinal se o primeiro já foi difícil, tivemos milhares de vídeos tentando explicar o final, agora então vai ter revisão da revisão com VAR para todo lado, e isso fez o longa explodir nas linhas do tempo do pessoal das redes sociais, e agora não será diferente, mas se tem algo que gostei muito aqui foi o estilo de definição dos bárbaros contra os leais, e a pancadaria comer solta sem dó, que aí sim deu um algo a mais para o filme, porém tirando isso, a questão filosófica foi quase nula.

Quanto das atuações, sendo um prequel o longa chega nos atos finais com Ivan Massagué com seu Goreng que nem ele lembrava de ter feito, já que conseguiu uma tonelada de papeis após ter feito o filme, e Zorion Eguileor fazendo seu Trimagasi bem menos destruído, mas já mostrando bem seu bordão "óbvio". Mas quem manda realmente no filme praticamente todo é Milena Smit com sua Perempuan bem cheia de traquejos expressivos, com uma história de base meio que conflitiva que não conseguimos chegar muito no que ela realmente queria estar fazendo ali, mas que faz atos fortes bem encaixados, e assim acaba agradando. Ainda tivemos Hovik Keuchkerian bem marcante com seu Zamiatin explosivo e intenso, mas que talvez tenha se segurado demais na personalidade segura da trama, já que poderia ter batido mais forte com toda a ideia inicial de sua entrevista. E claro entre os muitos outros personagens que aparecem o destaque ficou para o sempre bem expressivo Óscar Jaenada como o ungido Dagin Babi, que teve de se virar sem poder entregar olhares para as câmeras.

Visualmente não temos praticamente nada de novo, sendo bem a prisão vertical que vimos no primeiro longa, algumas crianças brincando num escorrega pouco iluminado, e claro o elevador de comidas que já tínhamos conhecido, com o pessoal usando bem as barras das camas como armas, e tendo muitas mutilações e sangue para todo lado, respingando até na câmera, ou seja, o gore completo que muitos amam.

Enfim, acabei fazendo um texto até que pequeno, afinal é o famoso filme que não temos muito o que falar, e sim ver, refletir e chegar nas próprias conclusões (por isso sempre falo, fujam dos vídeos do pessoal querendo explicar o que acharam, pois são ideias e ideais que nem sequer passaram pela cabeça do diretor), então não é algo que você vai adorar conferir, mas que poderá ter alguns sentimentos e achar interessante, e se você não viu o primeiro, faça o exercício de ver esse e na sequência engatar o de 2019, pois vai dar algumas nuances melhores e mais explicativas. E é isso meus amigos, na minha humilde opinião não necessitava de um prequel para o longa, mas como bem sei, produtores são gananciosos por dinheiro, então saiu algo mediano que alguns vão adorar e outros vão nem querer passar perto. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


Leia Mais