Netflix - Enfeitiçados (Spellbound)

12/03/2024 12:29:00 AM |

Uma coisa que certamente veremos muito em breve são longas de animação cada vez mais bem trabalhados dentro da Netflix, afinal a Skydance Animation assinou um contrato de produção de vários filmes para serem exibidos no streaming, e quem ganha com isso é o público, pois a qualidade da produtora é daquelas que procura trabalhar bem texturas, e principalmente colocar temas bem mais envolventes dentro de suas histórias, não sendo apenas algo jogado para divertir, ou seja, é um longa completo que facilmente agrada toda a família. Dito isso, o longa "Enfeitiçados" até tem uma pegada interessante que ao final acaba sendo bem mais densa do que parecia, que talvez gere algumas controvérsias nas discussões familiares, mas que acaba sendo bacana de se pensar como foi introduzida para os pequenos. Só diria que o miolo é um pouco arrastado demais, e que dava para algumas das situações não serem tão cantadas, ou então encontrar ritmos diferenciados que não fossem apenas o orquestrado, pois ali muitos podem destoar e mudar de canal, afinal já disse isso outras vezes, que no cinema a opção é o cidadão ir embora bravo por ter pago o ingresso, já no streaming com tudo pago, é só trocar o filme ou ir dormir que já está pago mesmo pelo mês todo.

O longa acompanha as aventuras de Ellian, a tenaz princesa que precisa sair em uma ousada missão para salvar sua família e seu reino depois que um misterioso feitiço transforma seus pais, o rei e a rainha de Lumbria, em monstros.

Quase ninguém lembra da diretora e roteirista Vicky Jenson, mas ela foi a responsável por começar a saga "Shrek" lá no começo dos anos 2000, ou seja, ficou um pouco desaparecida do meio, mas voltou com um estilo próprio que pode ser que pegue bem, afinal trabalha um tema complexo que é a quebra familiar, que desenvolvido com muitas cores, músicas e texturas acaba fluindo bem na tela, sendo daquelas obras que talvez alguns estranhem ver de um modo simbólico, mas que acaba tendo um resultado interessante na tela, que só não é melhor pelo exagero musical, que até concordo de uma boa animação ter cantoria, mas a cada minuto como ocorre aqui é meio forçado, e talvez pelo ritmo dar uma desacelerada no miolo, que chega a cansar, mas no restante ela mostrou o motivo de ter feito tanto sucesso no passado com personagens carismáticos em segundo plano e que juntos conseguem passar a mensagem subliminar.

Como costumo fazer com animações, optei por ver a trama dublada, e claro que fizeram todas as canções nas versões nacionais, e assim transmitiram mais carisma para os personagens na tela, de forma que a protagonista Ellian é bem cheia de dinâmicas, tem uma personalidade forte, mas ainda assim é meiga, e seu tom funciona para toda a proposta da trama. Os pais transformados em monstros são divertidíssimos, com uma pegada bem maluca no melhor estilo de cães gigantes se atacando e brigando o tempo inteiro, mas também perseguindo os demais que não gostam, fora brincar com tudo. O pequeno bichinho roxo tem boas dinâmicas e quando encontra com seus demais fazem a bagunça ficar completa. E os demais trabalharam boas entregas, meio que só de correria, tendo destaque para os oráculos por serem meio diferentões, mas nada que chame muita atenção.

Visualmente a trama é belíssima, recheada de cores, de cenários, efeitos e personagens, tudo com muita textura, muitos elementos desabando no castelo pelos bichões saírem pulando para todos os lados, e que junto de um pouco de magia com o controle remoto dos oráculos deram um brilho a mais para tudo, o veículo cinco estrelas deles também foi bem sacado, entre outros elementos que funcionaram como símbolos na jornada de todos, tendo os obstáculos para desviar a atenção, o fator desapego e até mesmo o olhar somente para si que teve uma boa representatividade na tela.

Enfim, é uma animação bonitinha que tem uma pegada lúdica interessante, e que funciona para emocionar de certa forma ao passar boas lições para famílias que brigam demais e que por vezes até se separam, e como isso fica para a criança, e assim sendo vale a dica para conferir e refletir. Claro que tem seus defeitos, que já falei mais para cima, mas é agradável e divertida, então vale o play. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Alice: Subservience (Subservience)

12/02/2024 01:00:00 AM |

Se eu não soubesse que está praticamente finalizado para ser lançado "M3GAN 2.0" certamente falaria que o longa da Amazon Prime Video, "Alice: Subservience", era um derivado do longa de 2022, pois tem a mesma pegada tecnológica, só que ao invés de uma boneca futurística, aqui temos uma doméstica androide que obedece por completo o usuário primário, servindo ele das mais diferentes formas que desejar, limpando, cuidando das crianças, fazendo comida, e até outros serviços caso deseje, porém ao resetar a androide com um pedido inusitado, essa cria uma nova fonte de programação, e aí o proteger e servir passa a ser de acordo com a ideologia da androide, ou seja, ela cria sentimentos e vida própria com muita intensidade, até a mais do que deveria. Claro que no filme vemos um futuro digamos exagerado aonde praticamente tudo é usado androides, mas chega a dar um medinho de termos isso num futuro próximo, de modo que o pessoal da programação vai precisar estudar demais os códigos fontes para que não saia o legal pelo trágico.

O longa nos conta que o protagonista está enfrentando dificuldades para dar conta de cuidar das finanças da casa, da criação da filha criança enquanto sua esposa, Maggie (Madeline Zima), está acometida por uma doença séria e debilitante. Como último recurso, ele adquire uma inteligência artificial com uma semelhança humana impressionante chamada Alice. A tecnologia humanóide está disposta a fazer absolutamente tudo para satisfazer seu dono, desde arrumar a casa até matar em nome dele.

Diria que o diretor S.K. Dale segurou demais os atos intensos da produção para o final, de modo que até acreditei que ele não iria entregar quase nada nos momentos finais deixando tudo para uma continuação, porém ele quis colocar muitas dinâmicas para "humanizar" a robô e desenvolver mais sua memória para que os traquejos androides não fossem apenas jogados na tela, e assim sendo o resultado acaba sendo bacana de ver na tela. Ou seja, é daqueles filmes que tem tudo para dar errado, mas também pode dar muito certo, e o diretor soube usar com personalidade um estilo tranquilo para que seu filme funcionasse na tela sem precisar soar tecnológico demais, o que acabou sendo interessante, pois usando claro uma tecnologia futura, qualquer erro meio solto seria imensamente criticado, e ainda escolheu atores certeiros para que o papel ficasse dentro do esperado.

Quanto das atuações, posso dizer facilmente que o diretor de elenco foi um gênio, pois colocar Megan Fox que sempre reclamam de ter interpretações robóticas como Alice foi uma tremenda de uma sacada, pois a atriz caiu muito bem de uma robô sexy e ainda fazendo seus trejeitos sem grande expressividade para funcionar como o papel precisava, ou seja, um tremendo de um acerto. Michele Morrone até tentou fazer seu Nick interessante, mas é o famoso ator que não tem expressividade, sendo apenas galanteador pelos filmes que já fez, e que aqui tentou ser um pai bem colocado, mas só serviu mesmo para os atos mais pegados com a protagonista, pois no restante só fez caras e bocas e não foi muito além. E falando nos filhos, a garotinha Matilda Firth até apareceu bem em algumas cenas com sua Isla, mas praticamente fica em segundo plano o longa inteiro, o que não é bacana de ver em filmes desse estilo, mas foi opção do diretor. Madeline Zima até teve uma entrega razoável com sua Maggie nos atos finais, mas por estar adoentada (até achei que a personagem tivesse morrido pelo começo!), ficou no primeiro ato quase que inteiro sem aparecer, ou aparecer bem pouco, o que acabou não dando um grande destaque para ela. Quanto aos demais, vale um leve destaque para Andrew Whipp com seu Monty, mas mais pelo pau que toma da androide, e pelo jeitão falso amigo que foi do protagonista.

Visualmente o longa foi interessante pela proposta robótica, mostrando vários personagens androides como médicos, garçons, operários e tudo mais de forma bem realista e interessante, tivemos uma casa de classe média alta tradicional americana, com a famosa garagem aonde o cidadão passa anos mexendo no seu carro, um hospital simples e algumas cenas de luta bem intensas na frente da casa, mas sem grandes chamarizes que pudesse mostrar aonde do futuro foi posicionado o longa.

Enfim, é um filme interessante de proposta, que talvez pudesse ter ido mais além, mas que não incomoda e até serve como um passatempo razoável, sendo daqueles que talvez um dia chame mais atenção, ou então seja mais visto quando lançarem uma continuação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Perfect Love Story where nothing goes wrong or does it..?

12/01/2024 06:28:00 PM |

Se tem um estilo que procuro evitar, mas que acabo sempre caindo é o tal do experimental, pois tem que ter uma mente muito aberta para entrar no clima que os longas desse estilo propõem, e mais do que isso, tem que mergulhar na ideia para retirar algo proveitoso das situações jogadas na tela. Começando o texto assim, já até para imaginar o que achei do longa "A Perfect Love Story where nothing goes wrong or does it..?", pois é daqueles filmes que tentam misturar tudo na tela: um romance, um assalto, um plano mirabolante em meio ao caos, uma fuga estilo road-movie trocando de roupas e escondendo o dinheiro, várias paisagens da Bósnia-Herzegovina, amigos, parentes, conflitos em festas, sonhos e ideologias, e claro para completar um filme dentro de outro filme que está filmando um filme, ou seja, muita coisa e ao mesmo tempo nada, que talvez alguns até filosofem mais sobre a trama e consigam se envolver com o que é entregue, mas são apenas 80 minutos que parecem ser muito mais longos e repetidos, de tal forma que praticamente eu concordaria com o produtor no começo do filme que fala que a história do filme que a moça está querendo fazer não é comercial e não seria fácil dela vender para ninguém, e assim ele me representou.

A sinopse nos conta que na cinzenta cidade de Sarajevo, um jornalista francês exilado e uma jovem aspirante a artista dão seus primeiros passos em uma existência marginal. Eles deixam a cidade com os bolsos cheios de dinheiro de um assalto a banco e procuram no interior da Bósnia ou no mar da Croácia a chave para a independência e uma vida criativa, sem saber se terão sucesso, se perderão tudo, se ficarão juntos, se separarão...

Diria que a estreia da diretora e roteirista Emina Kujundžić foi interessante pela ideologia de trabalhar o abstrato de uma forma bem colocada na tela, porém precisaria desenvolver melhor sua trama para que ela tivesse conexões mais funcionais, que a metanarrativa se bem usada até causa sensações bacanas no público, mas para isso tem de fazer sentido a proposta, e não apenas algo bonito jogado. Claro que se focarmos só nos dois personagens principais, o longa até mostra uma perspectiva de um casal em fuga, tentando se encontrar, mas a fuga deles parece tão calma quanto alguém que sacou um dinheiro no banco e foi para o shopping tomar uma casquinha, e sabemos que não existe ninguém tão frio a esse ponto no meio dos roubos. Ou seja, talvez analisaria a história como sendo a diretora-personagem apenas imaginando e contando para o amigo/namorado como funciona sua ideia sem estar filmando, apenas citando ideias e ideais, e o rapaz imaginando tudo, mas pra imaginar bem toda essa estrutura diria que dava para ficar mais elucidativo e funcional.

Quanto das atuações, diria que Victor Bessière e Amina Dizdarevic até tiveram uma boa química nos seus atos, mas seus personagens são vagos assim como não possuem nomes, apenas uma paixão inicial avassaladora que vai se diluindo entre festas e encontros, que vai mudando as perspectivas e entregas, para que ao final entreguem como um amor vai perdendo o brilho, mas ainda assim tem de chegar ao fim, de modo que seus olhares mudam durante todo o longa, seus traquejos e assim apenas acabam entregando algo bem feito dentro do que o longa pedia, mas sem florescer algo chamativo para que o filme funcione melhor. Quanto aos demais personagens, todos foram bem jogados na tela, não tendo nem propostas de desenvolvimento, nem algo que chamasse atenção para eles, o que resulta em enigmáticas conexões de uma trama.

Visualmente a trama é bem bonita, tendo passagens por uma cidade toda esfumaçada, com um trânsito infernal, cenas numa montanha cheia de neve, cenas em um rio bem bonito, casas mais antigas, e muitas estradas por onde o casal passa, tendo algumas fronteiras cruzadas com personagens meio que aleatórios discutindo lei e analisando a beleza do carro dos protagonistas, em algo que até tem um bom floreio, mas que serve apenas para encher os olhos.

Enfim, é um longa simples aonde a diretora até teve muitas ideias, porém não soube como conectar bem elas, entregando algo solto demais para empolgar. Ou seja, recomendo ele apenas para aqueles que quiserem filosofar um pouco dentro do conceito, que talvez até cheguem em algum lugar mais além do que eu cheguei, mas do contrário muitos apenas verão algo mediano demais dentro de um conceito abstrato demais. E é isso meus amigos, fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria pela cabine de imprensa, e volto mais tarde após conferir mais um filme.


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Cabrini

12/01/2024 03:17:00 AM |

Sempre que vejo que algum filme religioso vai estrear fico com muito medo de qual o tipo de abordagem vão trabalhar, pois se focam demais na pregação a trama acaba virando um culto chato que esquecem de trabalhar a síntese do bom cinema, mas quando deixam isso de lado e vem encabeçado por um grande estúdio como é o caso de "Cabrini", aí você pode ir preparado para se envolver e conhecer tudo e mais um pouco da personagem trabalhada, vê muitas situações de fé e determinação, e claro também vê muitos desafios de ordem por vezes machistas e outras políticas. Ou seja, é um filme que como sempre gosto de falar que quando entregam uma biografia de alguém que não conhecemos nada, e que consegue passar sinceridade na tela, o resultado acaba sendo tão imponente e envolvente que nem vemos o tempo de tela que ficamos conferindo, e olha que nesse judiaram de nós colocando uma trama de 142 minutos numa última sessão, e nem sentimos cansaço.

O longa narra a extraordinária jornada de Francesca Cabrini, uma imigrante italiana que chega a Nova York em 1889. Enfrentando um cenário de doenças, crimes e crianças abandonadas, Cabrini não se deixa abater. Determinada a mudar a realidade dos mais vulneráveis, ela ousa desafiar o prefeito hostil em busca de moradia e assistência médica. Com seu inglês precário e saúde fragilizada, Cabrini utiliza sua mente empreendedora para construir um império de esperança e solidariedade. Acompanhe a ascensão dessa mulher audaciosa, que, enfrentando o sexismo e a aversão anti-italiana da época, se torna uma das grandes empreendedoras do século XIX, transformando vidas e deixando um legado de compaixão em meio à adversidade.

O diretor Alejandro Monteverde levou milhares de pessoas para os cinemas no ano passado com seu filme "Som da Liberdade", que até teve uma pegada interessante, mas forçou demais a barra para emocionar e comover, ao ponto que muitos amaram e outros simplesmente não conseguiram enquadrar a ideia como cinema realmente, porém agora é notável que ele aprendeu com seus próprios erros, pois não temos atos exagerados com emoção fora dos padrões que a trama pedia, não vemos a protagonista como uma heroína fora de série, mas sim uma mulher perseverante que não se deixou abalar pela doença quando pequena, e que com muitas sequelas não deixou que ninguém lhe falasse um não de forma fácil, e assim conseguiu ir bem longe com seus ideais e objetivos. Ou seja, o diretor fez um épico bem trabalhado na tela, que funciona como uma boa trama de cinema e ainda passa a mensagem espiritual religiosa, mas sem precisar transformar a sala do cinema em um culto.

Quanto das atuações, Cristiana Dell'Anna incorporou tão bem a presença cênica de sua Francesca Cabrini que você em momento algum tenta lembrar dela em outro personagem, e olha que ela está em muitos longas da Netflix, de tal forma que trabalhou uma entonação vocal forte, uma personalidade imponente e determinada, e principalmente soube segurar seus atos do começo ao fim, o que acaba soando marcante e mostrando que a atriz tem brilhantismo. Romana Maggiora Vergano também entregou cenas bem trabalhadas para que sua Victoria tivesse presença junto de um olhar cativante, ao ponto que mesmo nos atos que está mais escondida consegue chamar a câmera para si. Giancarlo Giannini fez bons trejeitos para que seu Papa Leão XIII tivesse dinâmicas simples, porém bem encaixadas junto da protagonista. E da mesma forma David Morse fez um arcebispo Corrigan bem direto e imponente. Ainda vale dar destaque para John Lithgow como um prefeito sem muitos escrúpulos, mas que soube negociar bem no ato final, e claro Patch Darragh com seu Dr. Murphy bem simples, porém objetivo em seus atos junto com a protagonista.

Visualmente a trama trabalhou muito bem o desenvolvimento artístico da época com bondes, charretes e até "carro" dos bombeiros movidos a cavalo, muitos homens de cartola nos altos cargos, senados e tudo mais, um clero bem montado e representativo, com uma Roma calma e sem tantos turistas (conseguiram fazer boas imagens sem tumultos), figurinos marcantes para todos os italianos bem sujos e jogados à margem numa Nova York quase sem grandes prédios e uma Estátua da Liberdade recém inaugurada, vemos as criações dos orfanatos mais simples e todas outras ousadas construções que a madre foi fazendo junto com suas ajudantes, fora bordeis e claro os túneis da cidade aonde muitos viviam e morriam, ou seja, um trabalho da equipe de arte primoroso de elementos que acabaram funcionando demais na tela.

Enfim, não tinha nem visto o trailer nem escutado nada sobre o filme, apenas lido a sinopse e que era uma trama religiosa, então fui sem muitas pedras para tacar nem expectativas criadas para o que veria, e o resultado foi bem satisfatório, emocionante e envolvente ao ponto de valer recomendar, só pesando um pouco a mão na duração e em alguns atos faltantes que talvez até tenham sido filmados, mas que alongaria ainda a trama, mas nada que desabone o resultado final dessa grandiosa produção, valendo recomendar com certeza. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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