Regras do Amor Na Cidade Grande (Daedosiui Salangbeob) (Love in the Big City)

4/02/2025 12:49:00 AM |

Hoje está tão na moda os doramas e os k-dramas que por onde você vê tem o pessoal viciado nos múltiplos episódios do estilo, com vídeos comentados e tudo mais, mas sem ser as séries efetivas, o pessoal da Coréia do Sul tem feito bons filmes de variados estilos, e claro também as comédias dramáticas românticas, que tanto o pessoal ama. Pessoalmente não sou muito fã de comédias românticas, por serem exageradamente emocionais e ficcionais demais para acreditarmos no que vemos acontecendo, porém ao chegar o convite da cabine de "Regras do Amor Na Cidade Grande", que estreia no próximo dia 10/04 nos cinemas nacionais, já tendo algumas pré-estreias pagas nesse final de semana, me interessei pela proposta, só não tinha pegado ainda a ideia completa da amizade entre os protagonistas, achando que ali sairia um romance no desenrolar, mas muito mais do que isso, o filme trabalha o envolvimento do conhecimento de duas pessoas diferentes que se conectam bem e mesmo com muitas brigas conseguem se envolver sem ser um par realmente. Diria que o longa é bonito, é bem sacado, tem toda uma interação de quase irmandade real entre os protagonistas, e o resultado final agradará com certeza pessoas das várias sexualidades possíveis.

A sinopse nos conta que Jae-hee é uma jovem livre e de espírito ousado, que vive sem se importar com as opiniões dos outros, chamando atenção pelo estilo destemido. Mas sua vida dá uma reviravolta ao descobrir um segredo bem guardado de Heung-soo, alguém que captou seu olhar mas nunca despertou seu real interesse. Essa revelação inesperada aproxima os dois, que descobrem não ser o "par ideal" um do outro, mas compartilham momentos especiais que mais ninguém entenderia. Decididos a ignorar os rumores que os cercam, Jae-hee e Heung-soo optam por viver e amar em seus próprios termos, iniciando uma jornada de convivência intensa e autêntica. Uma história que revela que o amor verdadeiro não segue padrões e que só eles podem entender o que vivem juntos.

Diria que a estreia do diretor Eon-hee Lee foi bem direta ao adaptar o livro de Park Sang-young, pois mostra a velha controvérsia do mundo dos relacionamentos de que uma garota mais saidinha é vadia e está apta a se entregar para qualquer um, mesmo que sonhe com um romance/namoro por dentro, e ao mesmo tempo um homem bonito não pode ser homossexual e solitário em um país rigoroso como a Coréia do Sul. E usando esses dois motes, ainda fez a combinação bem colocada de amizade entre eles, com uma síntese de conhecimento tão gostosa e leve, que faz com que eles fiquem mais do que amigos, sendo quase irmãos, com brigas, defesas e claro conselhos e muita bebedeira, o que dá um tom bem colocado para temas polêmicos e complexos para serem desenvolvidos de forma bem descontraída na tela, e mostrando que o diretor tem potencial para ir bem longe na carreira.

Quanto das atuações, não conheço bem o cinema sul-coreano e muito menos o mundo dos k-dramas, mas ambos os protagonistas já participaram de muitos, e assim certamente o pessoal especializado e fanático pelo estilo irão reconhecer eles, e eles deram muita entrega na tela, fazendo com que a química deles fosse bem bacana de acompanhar. Dito isso, a jovem Kim Go-eun foi bem dinâmica na tela com sua Jae-hee, tendo uma personalidade forte, porém bem desenvolta, sabendo se posicionar e se entregar com um carisma bem simpático e ao mesmo tempo bem cheio de aventuras, aonde isso como bem sabemos pega meio que mal para garotas, parecendo ser atrevida demais e também disponível demais, de forma que a atriz segurou o filme e não desapontou em nenhum momento que precisasse ir mais além na tela. Da mesma forma o rapaz Steve Sanghyun Noh trabalhou seu Heung-soo com um ar mais fechado, aparentemente até tímido, mas que na noite se soltava por completo nas boates, demonstrando um emocional preciso e pronto para explodir a qualquer momento, mas que sabiamente conseguiu desenvolver a trama sem traquejos afeminados, e ainda dar um belo show no final do longa, além de cenas fortes e marcantes com todos.

Visualmente o longa ficou bastante no apartamento da garota, meio bagunçado e simples, aonde os dois vão viver algumas desventuras por lá, temos alguns bons momentos também em uma faculdade, muitos atos em boates e bares, alguns atos em feiras e protestos, e também nos últimos atos já os jovens trabalhando e fazendo entrevistas de empregos bem tradicionais, além claro de um casamento com direito a show do protagonista, ou seja, tudo bem montado sem virar uma novela grandemente produzida, mas que agrada bastante quem curte o estilo, sendo bem representativo na tela.

Enfim, é um filme sem grandes cenas explosivas, que façam cair o queixo, mas que soa bem representativo dentro da essência de amizade, amor, romance, namoro e suas devidas quebras de estilo, que consegue soar bem agradável e funcional na tela, divertindo bastante sem precisar forçar a barra, nem virar algo novelesco. Então fica a dica para a conferida nas telonas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da A2 Filmes pela cabine, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Câncer Com Ascendente Em Virgem

4/01/2025 12:26:00 AM |

Já comentei algumas vezes que morro de medo de ver dramas cômicos nacionais, pois tem dois riscos gigantes, o primeiro de virar uma novelona daquelas que ninguém aguenta, e o segundo é o de forçarem tanto a barra para você chorar que o filme acaba se perdendo. E felizmente, mesmo depois de me assustar com um trailer nem um pouco chamativo, "Câncer Com Ascendente Em Virgem", entregou uma trama gostosa, bem trabalhada, cheia de dinâmicas emocionais na medida, e principalmente falou de um tema bem difícil na vida da maioria das mulheres que é o câncer de mama, o tratamento, as complicações, dramas e tudo mais, tendo uma pegada cômica sem soar apelativa, aonde você acaba assistindo, refletindo e gostando do que vê. Claro, que dava para ter um ritmo um pouquinho mais acelerado, para que funcionasse mais rapidamente, e envolvesse melhor, mas não é nada que atrapalhe, principalmente pelas ótimas atuações, sendo mais um daqueles que caem na minha famosa regra de sala vazia vai ser bom de conferir, o que é uma pena, pois vale a indicação para todos.

O longa nos mostra que Clara é uma professora de matemática que mantêm um canal de sucesso na internet como influenciadora educacional. Clara é uma mulher divertida, sarcástica e pragmática que gosta sempre de ter tudo sob o mais absoluto controle. Porém, ao receber o diagnóstico de câncer de mama, ela deverá aceitar que a vida nem sempre sai conforme planejado. Durante sua jornada de cura e autodescoberta, Clara enfrentará dias bons e ruins enquanto passa pelos estágios do tratamento ao lado de sua filha adolescente Alice, sua mãe Leda e as amigas Paula e Dircinha. Diante dos desafios diários, Clara encontrará um novo sentido para a vida e, com coragem e resiliência, encarando as adversidades e as vulnerabilidades de sua condição.

O mais bacana do estilo de direção de Rosane Svartman é que mesmo ela sabe aonde desenvolver para que seu filme não fique novelesco, segurando no limite para que a quebra seja funcional, e aqui usando um roteiro baseado na história real de Clélia Bessa, que foi desenvolvido para as telonas inclusive pela protagonista Suzana Pires, conseguiram brincar com as facetas desse mundo complexo do câncer e seu tratamento fortíssimo que quebra ou junta mais ainda a maioria das famílias, e com essa pegada ao mesmo tempo mostrando todo o desgaste e sofrimento da protagonista, também ousou mostrar o carisma e carinho que teve dos alunos, de outras mulheres com o mesmo drama, e muito mais em uma obra leve (mesmo tratando um tema pesado), que funciona sem forçar a barra para que você chore, mas que instiga e coloca bem esse mundo ainda tão desconhecido dessa doença.

Uma coisa que gosto demais da Suzana Pires é que ela se joga nos papeis que vai fazer, não importando o que seja necessário fazer para que convença o público, e aqui para sentir e incorporar realmente o que sua Clara passa, a atriz raspou o cabelo por completo, usou perucas, teve maquiagens bem fortes e impactantes, e conseguiu passar realmente o cansaço e o estresse que é precisar fazer todo um tratamento duro, perder amigos que conhece nas sessões no meio do processo, e claro todo o envolvimento familiar e de conhecidos, contando com as famosas frases que mais irritam do que dão apoio, e sendo uma atriz que joga nas duas posições (drama e comédia) conseguiu fazer as devidas oscilações e agradar bastante. Falar de Marieta Severo é chover no molhado, pois é daquelas atrizes multifacetadas que brinca com seus papeis, e voltando a fazer um ar bem mais cômico com sua Leda, usou dos artifícios exotéricos e religiosos, raspou o cabelo da protagonista, e deu tons realmente de mãe mesmo para um adulto ouvir com grandes satisfações, literalmente brincando em cena para convencer com o famoso conflito de como poder ajudar algo que não está a seu alcance, e brilhou com olhares e momentos na tela. A jovem Nathália Costa também foi muito bem com o que sua Alice precisava, mostrando responsabilidade para que seus traquejos não ficassem infantis demais, mas sem perder a ternura do momento, pois não é bem colocado a idade da jovem na tela, mas consegue suprir isso com toda a virtude de apoio à mãe e desenvoltura para agradar com o que fez. Outra muito bem em cena, mesmo não se encaixando no trio principal foi Fabiana Karla com sua Dircinha, de modo que representou bem mulheres que brigam a batalha do câncer, mas já em fases mais agressivas, que sendo veterana na posição consegue explicar bem como é o tratamento para a amiga, fazendo de um modo sensível que o duro ato da quimioterapia ficasse mais leve.

Visualmente a trama ficou mais na casa da protagonista, com uma sala mais fechada aonde a personagem dá suas dicas em um canal de matemática, vemos vários atos na escola aonde leciona, uma festa bem trabalhada e claro o hospital aonde vemos as consultas e também o processo da quimioterapia em si acontecendo de forma bem tradicional, mas bem representativa. Tivemos claro os vários acessórios de lenços, perucas, a famosa queda de cabelo e a raspagem em si, a cirurgia de mastectomia, e por aí vai, com uma bela cena numa praia a noite e tudo mais, ou seja, a equipe de arte fez tudo bem feito sem precisar onerar o orçamento da trama.

Enfim, é um longa que me surpreendeu bastante, pois acreditava que seria algo mais sutil, novelesco e até mesmo bobinho de conferir, que claro tem seus defeitos, principalmente no ritmo um pouco lento, parecendo ser até mais longo do que realmente é (100 minutos que foram bem maiores), e alguns atos meio que repetitivos, mas nada que tirasse o mérito do tema, as boas canções e as ótimas interpretações, então fica a dica para que todos confiram, pois merece a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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